*LRCA Defense Consulting - 25/03/2025
No decorrer de 2024, a Taurus atingiu as metas para o ano, reduziu os estoques de produtos nos distribuidores, o Centro Integrado de Tecnologia e Engenharia Brasil/Estados Unidos – CITE segue como uma força essencial na Companhia, continua investindo fortemente em pesquisa & desenvolvimento, inclusive mantendo as parcerias com universidades, colocou no mercado 16 novos produtos nos EUA e 14 no Brasil, incluindo modelos com o calibre exclusivo .38 TPC, além de realizar o importante lançamento da pistola GX2, vendida para os distribuidores em dezembro de modo a estar disponível simultaneamente para os consumidores brasileiros e norte-americanos a partir do dia 2 de janeiro de 2025.
Entre as realizações de 2024, destaque para o início da operação da JV na Índia, contribuindo de forma positiva para os números da Companhia. Foi também em 2024 que a unidade da JD Taurus iniciou suas vendas no mercado civil e por meio de participação em licitações locais. O mercado civil indiano tem grande potencial, considerando que o país é o mais populoso do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes, conta com uma classe média crescente e o mercado consumidor que mais cresce em termos internacionais.
Para 2025, de acordo com o cronograma estabelecido para a operação da Índia, estão previstos os lançamentos de modelos de armas voltados para o mercado civil, onde já é líder no mercado. Está também participando de licitações no país, que devem ser concluídas no decorrer de 2025 e representam potencial de venda de 18 mil pistolas e 11 mil fuzis/armas longas, além da megalicitação de 425 mil fuzis em andamento. No longo processo dessa que é a maior licitação de fuzis já realizada no mundo, passou em dezembro com sucesso na última etapa dos testes de performance realizada em condições adversas de extremo frio na região de montanhas ao norte da Índia. O relatório final dos testes elaborado pelo comitê da licitação está previsto para ser divulgado no final do 2º trimestre de 2025, quando terá início a fase comercial do processo.
Por outro lado, no Brasil, evoluiu no projeto da Taurus Shooting Academy em 2024. A obra do complexo está em estágio avançado, representado por uma estrutura moderna que incluirá quatro linhas de tiro de 100 metros e oito linhas de tiro de 50 metros, todas cobertas, sala de treinamento e espaço para reuniões.
 |
Taurus Shooting Academy |
Avançou também em termos de otimização de processos de gestão com a implantação do SAP na Taurus USA. Foram 11 meses de trabalho, com o empenho de mais de 60 colaboradores no Brasil e nos EUA, que exigiu a parada programada nas atividades de produção naquele país durante os primeiros 15 dias do ano de 2025, e teve seu “go-live” ainda em janeiro de 2025.
Mais uma realização do ano foi a divulgação do 2º Relatório de Sustentabilidade (disponível em https://ri.taurusarmas.com.br/), destacando importantes conquistas, como a implantação do sistema de reuso de água, o envio de 98,5% dos resíduos para reaproveitamento ou tratamento e os avanços tecnológicos no uso de materiais, como o grafeno e pesquisas com o nióbio. Também foram apresentados os compromissos da Taurus com a sociedade em termos ambientais, sociais e de governança.
Com relação às condições do mercado, a Taurus seguiu buscando oportunidades, lançando produtos, participando de eventos do setor e promovendo ações de marketing. O lançamento dos modelos com o calibre exclusivo .38 TPC foi muito bem recebido pelo consumidor. As pistolas com esse calibre já atingiu 56% do total de pistolas registradas no Sistema Nacional de Armas (SINARM). No Brasil, além do mercado civil, a Taurus atende as forças policiais e militares, como na licitação internacional da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) para 37 mil pistolas TS9. Em novembro, a Taurus apresentou o certificado dos testes da Norma Senasp da licitação, o qual foi homologado em dezembro de 2024. Atualmente, está na fase de assinatura da Ata de Registro de Preço.
A Taurus continua firme com os planos para reforçar, cada vez mais, a posição como empresa de destaque mundial no setor. As obras do novo prédio do Centro Integrado de Tecnologia e Engenharia Brasil/Estados Unidos – CITE estão em andamento. Como tem o P&D como alicerce de sua estratégia, de modo a proporcionar eficiência e a oferta de produtos com inovação, tecnologia e qualidade a preços competitivos, está criando instalações com estrutura completa e moderna para a realização de pesquisas, testes e desenvolvimento de processos e produtos. O investimento está sendo financiado, em sua maior parte, pela linha de crédito com a Finep.
Adicionalmente, está trabalhando em novas vias de crescimento, como o projeto estratégico de ampliação do portfólio de produtos voltados para o segmento militar, com submetralhadoras e metralhadoras até o calibre .50mm. Para tal, considera a criação de uma nova unidade de negócios que pode ter estrutura interna na fábrica do Brasil e/ou envolver a realização de M&A. A companhia está avançando nos estudos de uma possível operação com uma empresa na Turquia, fruto da visita feita pelo CEO da Taurus ao país no 2º semestre de 2024, acompanhado dos diretores de Engenharia e Novos Negócios. A pretensão é concluir esses estudos em breve.
Ao mesmo tempo, e em linha com o planejamento de crescimento dos negócios e maior internacionalização, o processo iniciado no 2º semestre de 2023, a partir do “MoU” e “Term sheet” assinados com a Scopa Military Industries na Arábia Saudita, visando a possível instalação de uma operação industrial nesse país, está evoluindo. É um processo mais lento do que costuma ocorrer com empresas de outros setores, já que no setor de armamentos envolve negociações também com órgãos do governo. Nesse sentido, o projeto da criação da joint venture foi apresentado às autoridades sauditas. A Taurus continua trabalhando para que mais essa expansão internacional venha a se concretizar.
 |
Taurus GX2 |
Perspectivas
A perspectiva para 2025 é de um ano com leve crescimento frente ao verificado em 2024. No mercado norte-americano, a expectativa é que a demanda apresente tendência moderada de alta, inclusive considerando o governo que tomou posse em janeiro, com posição a favor do direito de o cidadão possuir e adquirir armas de uso pessoal e que tem como base de sua proposta de governo a adoção de política desenvolvimentista, visando o crescimento do nível de atividade econômica.
A Taurus tem uma estrutura completa e realinhada na área comercial nos EUA, contando atualmente, além dos distribuidores, também com a venda direta para as grandes redes de lojas do setor, para os “condomínios de compra”, formados por grupos de lojas menores que se juntam para comprar diretamente da Taurus, e pelos representantes comerciais. O ano começou com o nível de estoques baixo na cadeia de vendas, o que deve impulsionar os pedidos por parte dos principais clientes. Além disso, os lançamentos, como a GX2, GX4 e o 22TUC, continuam a gerar entusiasmo do consumidor em relação à marca Taurus nos EUA.
No Brasil, não há indicações de significativa mudança de cenário no mercado, que deve apresentar ligeira alta da demanda em 2025, levando em conta, inclusive, o alto patamar das taxas de juros e a inflação prevista para o ano, acima da registrada em 2024. Uma possibilidade que se abre é a retomada da demanda de armas de uso restrito por parte das pessoas autorizadas, conforme regulamentado pela portaria publicada em 29/11/2024.
Desempenho operacional
O ano de 2024 foi desafiador até o seu final para a Taurus, com destaque para o 4º trimestre, que foi o seu melhor resultado do ano, com forte desempenho operacional, resultado do acerto de sua estratégia de atuação frente às condições mais retraídas do mercado de armas.
A resposta a esse cenário foi a adoção de uma política de austeridade em termos de custos e despesas, além de detalhada gestão tributária, sem abrir mão do compromisso com a inovação e o desenvolvimento de novos produtos, que responderam por 20% da receita do ano, e a contínua busca por oportunidades de mercado. Avaliando o desempenho dos últimos cinco trimestres, a partir do 4º trimestre de 2023, alcançou no 4º trimestre de 2024 a maior receita, o maior lucro e margem bruta, a menor despesa operacional e, consequentemente, o maior Ebitda ajustado e sua margem.
Esse resultado operacional do 4º trimestre de 2024, com margem bruta de 36,2% e margem Ebitda ajustado de 19,7%, manteve a Taurus na liderança em termos de rentabilidade operacional frente às empresas do setor que divulgam seus resultados por serem, também, empresas de capital aberto. No mesmo período, a Ruger teve margem bruta de 22,8% e margem Ebitda de 11,7%, enquanto a S&W apresentou no último trimestre divulgado, de novembro/2024 a janeiro/2025, margem bruta de 24,1% e margem Ebitda de 11,5%. Isso vem se repetindo e tende a se manter no futuro, devido a uma estrutura operacional moderna e eficiente, com custos diferenciados.
No acumulado do ano, a Taurus reduziu o custo e as despesas operacionais, o que proporcionou maior diluição das despesas em relação à receita, mesmo com a inflação e a alta do dólar frente ao real em 2024, que impacta os custos e despesas na unidade norte-americana. Também no comparativo do acumulado de 12 meses, segue com a maior rentabilidade operacional em relação a seus pares estrangeiros, apresentando margem bruta de 34,8% (Ruger com 21,4% e S&W com 21,4%) e margem Ebitda ajustado de 15,0% (Ruger com 10,3% e S&W com 11,5%).
Ao mesmo tempo, encerrou o ano com reservas de lucros da ordem de R$ 536,7 milhões e retornou aos acionistas em 2024 R$ 42,7 milhões representados pelo pagamento de R$ 38,3 milhões de dividendos e R$ 4,4 milhões utilizados na recompra de 319 mil ações preferenciais.
“Estamos atentos para as oportunidades e os desafios em 2025. Contamos com a solidez operacional e financeira da Taurus e com nossa estratégia, que nos permite avançar com consistência, eficiência e resiliência”, afirma Salesio Nuhs, CEO Global da Taurus.