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21 abril, 2025

Índia faz incursões estratégicas no Brasil com míssil Akash, instalação do Exim Bank e impulso de coprodução


*Bharat Shakti, por Huma Siddiqui - 21/04/2025

A Índia está emergindo como uma forte concorrente no ambicioso plano do Brasil de modernizar seus sistemas de defesa aérea. O míssil terra-ar Akash, de fabricação indiana, desenvolvido pela Organização de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa (DRDO), está atualmente sob avaliação pelo Brasil para seu projeto de Sistema de Artilharia de Defesa Aérea de Média/Alta Altitude — lançado pela Portaria EME/C Ex. nº 1.338/2024 em junho do ano passado.

O sistema Akash é um dos dois únicos concorrentes sob consideração do Brasil — o outro é o Sky Dragon 50 da China — o que torna esta uma competição de alto risco no mercado estratégico da América do Sul.

Em um passo significativo para expandir sua presença global na defesa, "o sistema está sob avaliação", confirmaram fontes diplomáticas de alto escalão à BharatShakti , destacando o acompanhamento ativo da Índia desde o recebimento da Solicitação de Informações (RFI) do Brasil. Autoridades de defesa indianas supostamente mantêm um alto nível de engajamento, ressaltando a seriedade do interesse do Brasil.

Para o Brasil, a aquisição do Akash representaria um significativo aumento de capacidade. Os atuais meios de defesa aérea do país limitam-se a interceptar ameaças aéreas a até 3.000 metros, muito abaixo do teto operacional do Akash. Com o Brasil buscando proteger instalações militares e civis importantes em um vasto território nacional, acredita-se que altos funcionários do Exército Brasileiro tenham recomendado um acordo entre governos com a Índia para acelerar a aquisição.

Exim Bank para ancorar a expansão do comércio de defesa
Em um grande impulso institucional para esse crescente relacionamento de defesa, o Banco de Exportação e Importação da Índia (Exim Bank) estabelecerá seu primeiro escritório no Brasil até junho de 2025. A medida visa facilitar o financiamento de baixo custo e longo prazo para exportações de defesa e permitir joint ventures em setores-chave.

“Isso se alinha perfeitamente com a meta da Índia de aumentar as exportações de defesa para US$ 6 bilhões até 2029”, disse um alto funcionário ao BharatShakti . Com uma carteira de empréstimos de US$ 18,32 bilhões em 2023-24, a expansão da presença do Exim Bank deverá catalisar as iniciativas do Make in Brazil, aprimorando a capacidade da Índia de oferecer pacotes de exportação abrangentes que incluem financiamento, treinamento e coprodução.

'Make in Brazil': Coprodução Naval e de Armas de Pequeno Porte em pauta
Além da defesa aérea, o diálogo de defesa entre Índia e Brasil está se diversificando rapidamente. O Brasil está explorando ativamente oportunidades de produção conjunta nas áreas de construção naval e fabricação de armas leves.

Embora atualmente não haja discussões formais sobre a aquisição de fragatas construídas na Índia, autoridades brasileiras demonstraram forte interesse em desenvolver navios de guerra em conjunto e compartilhar as melhores práticas de construção naval.

“A construção naval é uma das áreas em que o Brasil busca colaboração — particularmente na construção conjunta de plataformas navais”, disseram as fontes. Ambos os países também utilizam fóruns como o Scorpène Club — uma coalizão de nações que operam submarinos Scorpène de projeto francês — para compartilhamento de experiências e práticas de manutenção de frotas submarinas.

Imagem inserida pela LRCA

A fabricação de armas de pequeno porte é outra área que vem apresentando rápido crescimento. As gigantes brasileiras de armas Taurus Armas SA e Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) já estabeleceram operações na Índia. A SSS Defence, com sede em Bengaluru, firmou uma joint venture com a CBC Global Ammunition, enquanto a Jindal Defence firmou parceria com a Taurus Armas para fabricar armas de fogo na Índia.

Ambas as joint ventures garantiram pedidos de testes iniciais do Exército Indiano e de clientes de exportação regionais, demonstrando sucesso inicial no esforço de localização da Índia.

“Mais empreendimentos como esse podem surgir em um futuro próximo, em qualquer um dos países”, indicaram autoridades, apontando para um compromisso compartilhado com a fabricação local e o compartilhamento de tecnologia.

Vídeo inserido pela LRCA

Laços aeroespaciais decolam com a parceria Embraer-Mahindra
O envolvimento com a defesa também se estende ao setor aeroespacial. A Embraer Defesa & Segurança, gigante aeroespacial brasileira, uniu-se à Mahindra Defence Systems para oferecer o avião de transporte tático C-390 Millennium ao programa de Aeronaves de Transporte Médio (MTA) da Índia.

Espera-se que o memorando de entendimento assinado em fevereiro de 2024 abra caminho para o desenvolvimento conjunto, transferência de tecnologia e montagem da aeronave na Índia, reforçando os objetivos duplos de Nova Déli: aumento da capacidade operacional e autossuficiência industrial.

À medida que a Índia fortalece sua presença estratégica na América Latina, o relacionamento de defesa entre Índia e Brasil está pronto para evoluir para um modelo robusto de cooperação Sul-Sul, definido pela confiança mútua, coprodução e alinhamento institucional de longo prazo.

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