Acordo de colaboração industrial pode ir muito além da produção dos E190 e E195-E2 na Turquia, passando pela aquisição do C-390 pelo país e até pela produção conjunta de um caça de 5ª geração
*LRCA Defense Consulting - 07/04/2026
Em 02 de abril, durante a LAAD, o Ministro da Defesa brasileiro, José Mucio Monteiro, afirmou que o Brasil está em negociações com Polônia, Finlândia e Turquia para uma possível compra de aeronaves militares Embraer C-390. No mesmo dia, a Turkish Aerospace e a Embraer assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) para explorar uma potencial cooperação industrial entre as empresas. Uma das intenções manifestas seria a produção de E Jets E2 na Turquia.
A Embraer está buscando ativamente novos fornecedores e parceiros em todo o mundo para atender à crescente demanda pelos produtos da fabricante. A Turkish Aerospace pretende alavancar suas capacidades estratégicas na fabricação e montagem de estruturas metálicas e compostas, montagem final de fuselagens, componentes, voos de teste e de produção, e pintura.
“Este memorando é um marco significativo para a indústria de defesa e
aeroespacial da Turquia. Buscaremos aprimorar ainda mais as nossas
capacidades tecnológicas e moldar o futuro da aviação por meio da nossa
colaboração com a Embraer. Ao combinar os nossos pontos fortes, não
estamos apenas construindo para hoje, mas também lançando as bases para o
ecossistema de aviação de amanhã,” afirma Mehmet Demiroğlu, CEO da
Turkish Aerospace.
“A Embraer está entusiasmada com estas
oportunidades significativas com a Turkish Aerospace. A sua experiência
na fabricação e montagem aeroespacial alinha-se perfeitamente com os
nossos objetivos estratégicos. Este Memorando de Entendimento marca um
passo significativo para explorar soluções inovadoras e expandir a nossa
presença global,” afirma Francisco Gomes Neto, Presidente e CEO da
Embraer.
Aviação de Transporte Turca: oportunidade para o C-390
No que se refere à aviação de transporte, a Turquia está muito bem servida, dispondo de 10 modernos Airbus A400M para transporte estratégico, 17 antigos Lockheed Martin C-130 Hercules (nos modelos C-130B e C-130E) para transporte tático, e 41 CASA CN-235 utilizados para transporte leve.
Em 2022, a Turquia recebeu seu décimo e último A400M. A aeronave final chegou na Turquia sete anos após a primeira entrega à Força Aérea Turca. A Turquia tem uma importante participação no projeto do avião, sendo um dos seis países sócios do programa, ao lado da Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra e Espanha. Além disso, a Turkish Aerospace Industries, empresa do seguimento aeroespacial do país, integrou sistemas de contramedidas infravermelhas direcional (DIRCDM) para o A400M. A fabricação da fuselagem do cargueiro ainda conta com ampla participação da indústria turca.
Assim, as negociações entre Embraer e Turquia, divulgadas pelo ministro brasileiro, envolveriam a substituição dos 17 antigos C-130 Hercules, representando um excelente negócio para a empresa brasileira.
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Caça turco de 5ª geração TAI TF KAAN |
Caças de 5ª geração
Não é novidade o fato de que a FAB almeja dispor de um caça de 5ª geração para poder estabelecer superioridade aérea indiscutível no continente.
O moderno caça brasileiro Saab F-39 Gripen E é classificado como um caça de 4,5ª geração, haja vista que incorpora muitas tecnologias avançadas típicas da 5ª geração (como sensores modernos, data fusion, radar AESA, capacidade de guerra centrada em rede, entre outros), mas não possui algumas características-chave dos caças de 5ª geração, como furtividade total (stealth) em nível semelhante ao F-22 ou F-35, supercruise (capacidade de voar em velocidade supersônica, acima de Mach 1, sem usar pós-combustores) sustentado em alta velocidade e alta integração com inteligência artificial e sensores de espectro completo.
Por outro lado, o novo parceiro da Embraer está desenvolvendo, com assistência da BAE Systems, um caça de quinta geração: o TAI TF KAAN, um bimotor de superioridade aérea, com características stealth e uma arquitetura de informações que reúne dados de todos os sistemas. A aeronave tem capacidade de supercruzeiro e de voar a quase Mach 2. Sua versão naval será adaptada para operar em porta-aviões. O KAAN entrará em serviço na Força Aérea da Turquia até o final de 2028, onde substituirá os caças F-16.
Segundo informações do mercado, a Arábia Saudita estaria interessada na compra de 100 unidades do KAAN, enquanto a Força Aérea Turca já teria encomendado 20 unidades da aeronave.
Sendo assim, caso a parceria entre a Embraer e a Turkish Aerospace avance de forma positiva, é possível esperar que a cooperação possa se estender, futuramente, rumo ao desenvolvimento conjunto de um caça brasileiro de 5ª geração com base no KAAN, ou mesmo que a Embraer possa participar de forma decisiva com sua indiscutível expertise visando melhorar o caça ou abreviar fases de sua produção. Nesse quesito, devem ser somados também os cerca de 60 fornecedores específicos da empresa brasileira, muitos dos quais dispondo de alta e reconhecida tecnologia de nível mundial.
É preciso deixar claro que este é apenas um cenário prospectivo, haja vista que nenhuma das duas empresas se manifestou a respeito.
Seja como for, a parceria entre as duas gigantes do setor aeroespacial é histórica, disruptiva e muito relevante, com força e consequências suficientes para catapultar ambas a um outro e mais elevado patamar, especialmente no que se refere a aeronaves militares.
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Turkish Aerospace e Embraer do Brasil assinam memorando de entendimento para produção de aeronaves na Turquia
A Turkish Aerospace (TUSAŞ) e a brasileira Embraer assinaram um memorando de entendimento (MoU) na terça-feira durante a exposição LAAD Defence & Security no Rio de Janeiro, de acordo com reportagens da indústria.
O acordo visa explorar a colaboração industrial, incluindo a potencial produção dos jatos comerciais E2 da Embraer — especificamente o E190-E2 e o E195-E2 — na Turquia.
Ele destaca as capacidades da TUSAŞ em estruturas compostas e metálicas, montagem de combustível, testes de voo e pintura. O MoU também inclui disposições para pesquisa e desenvolvimento, transferência de tecnologia e cooperação em engenharia.
Mustafa Gürsoy, vice-presidente executivo da TUSAŞ, e o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, assinaram o MoU. O vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin e o vice-ministro da Indústria e Tecnologia da Turquia, Muhammet Kasım Gönüllü, compareceram à cerimônia.
O CEO da TUSAŞ, Mehmet Demiroğlu, chamou o acordo de um marco para a indústria aeroespacial da Turquia, enquanto Gomes Neto disse que ele está alinhado com as metas de expansão global da Embraer.
O ministro da Defesa do Brasil, José Mucio, disse à Reuters na quarta-feira que a Embraer está negociando a venda da aeronave de transporte militar KC-390 para a Turquia, Polônia e Finlândia.
As discussões ocorreram durante a LAAD 2025, no Rio de Janeiro.
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C-390 (imagem colocada pela LRCA) |
O KC-390, que compete com o C-130 Hercules da Lockheed Martin, pode substituir ou complementar aeronaves antigas nas Forças Armadas Turcas com suas capacidades para transporte de tropas, transporte aéreo de carga, reabastecimento aéreo e missões de evacuação médica.
Embora o Memorando de Entendimento entre a Turkish Aerospace e a Embraer se concentre na aviação civil, analistas dizem que ele pode facilitar as discussões sobre o KC-390.
O MoU foca principalmente na aviação civil por meio da potencial produção do jato E2 na Turquia. No entanto, analistas sugerem que ele pode abrir caminho para colaborações de defesa mais amplas entre a TUSAŞ e a Embraer. As discussões sobre o KC-390 destacam os esforços do Brasil para expandir suas exportações de defesa globalmente, com a Suécia recentemente confirmando um pedido de quatro unidades KC-390 no início da mesma semana.
Oito países já operam o KC-390, incluindo Brasil, Portugal e Hungria. Nenhuma ligação oficial entre o MoU e as negociações do KC-390 foi confirmada.
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