*LRCA Defense Consulting - 11/03/2025
Francisco Gomes Neto, Presidente do Conselho de Administração da Embraer, Arjan Meijer, CEO da Embraer Aviação Comercial e Frederico Lemos, CCO
da Embraer Defesa & Segurança representam parte do alto escalão da Embraer e todos os três estão na Polônia.
Hoje, em coletiva de imprensa, Gomes Neto apresentou planos para fortalecer a cooperação com a Polônia visando estimular a LOT Polish Airlines a escolher sua oferta de 84 aeronaves E195-E2 para a frota regional. Como compete apenas com a Airbus, a Embraer esgrimiu suas armas para o governo polonês e para a indústria de aviação do país, as quais, é forçoso reconhecer, são muito fortes.
A decisão polonesa deverá ser tomada até o final do mês, conforme afirmou uma fonte do governo desse país.
No entanto, as negociações não se restringem è encomenda de 84 aeronaves da LOT. Representantes da Embraer devem se reunir com representantes da indústria de aviação polonesa amanhã (12) no Vale da Aviação, na região de Podkarpacie.
Ontem (10), o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, se encontrou com o vice-ministro da Defesa Nacional da Polônia, Paweł Bejda. Segundo o governo polonês, o encontro foi para que a empresa brasileira apresentasse propostas “para novas plataformas aéreas que poderão equipar as Forças Armadas polonesas no futuro”. Paweł Bejda enfatizou que a Polônia está buscando parceiros tecnológicos capazes de apoiar o processo de modernização das forças armadas.
“Com o forte crescimento global da companhia, estamos comprometidos
em expandir nosso engajamento industrial em conjunto com parceiros
poloneses, incluindo atividades de produção, montagem final, manutenção e
reparo. Para possibilitar esse crescimento, a Embraer planeja apoiar o
desenvolvimento das capacidades e competências que impulsionarão o setor
aeroespacial polonês para o seu próximo estágio de sucesso,” afirma
Francisco Gomes Neto, Presidente e CEO da Embraer.
"Essas
iniciativas em produção, manutenção e treinamento poderão deixar a
economia da Polônia bem-posicionada para aproveitar oportunidades
valiosas no cenário aeroespacial global, com possibilidades de geração
de até US$ 3 bilhões para o país ao longo de 10 anos, com potencial
criação de 5 mil empregos", continua Gomes Neto.
O acordo assinado ontem com o Łukasiewicz – Institute of Aviation (Łukasiewicz – ILOT), instituto de pesquisa altamente conceituado da Polônia, visa trabalhar juntos em novas tecnologias e materiais para aeronaves. Łukasiewicz – ILOT é uma das instalações de pesquisa de aviação mais significativas da Europa. Estabelecido em 1926, o Instituto fornece pesquisa e serviços para tecnologias de aviação, não tripuladas e espaciais. Juntos, Łukasiewicz – ILOT e Embraer iniciarão a cooperação concentrando esforços em atividades de pesquisa e desenvolvimento nas áreas de materiais, tecnologias de voo futuras, design aeronáutico e processos de manutenção futuros.
Resumindo o tamanho total da cooperação entre a Embraer e a Polônia, Gomes Neto afirmou que "Queremos ir além da venda de aeronaves, para promover e acelerar o ecossistema de aviação do país".
Vejamos, então, quais são as grandes vantagens que a Embraer tem e que possibilitam que esta Consultoria a coloque como favorita na disputa com a Airbus, tanto na Aviação Comercial como na Aviação Militar.
Aviação Comercial
A Embraer tem profundos laços com a Europa, incluindo a Polônia. Em 2004, a LOT foi seu primeiro cliente de jatos regionais de passageiros. A empresa brasileira estima que cria 1.350 empregos na Polônia direta e indiretamente e coopera com 18 fornecedores, dispendendo cerca de US$ 30 milhões, direcionados para aquisição de bens e serviços somente em 2024. Além disso, cerca de 30% das peças para aeronaves da família E2 são fabricadas na Europa.
A Embraer está aumentando a produção e buscando ativamente
incrementar sua cadeia de suprimentos voltada para a aviação comercial
no país. Recentemente, a companhia concluiu um road show para contatar
novos fornecedores na Polônia.
Arjan Meijer, CEO da Divisão Comercial, disse hoje que os componentes do motor Pratt&Whitney GTF são fabricados na fábrica em Kalisz, enquanto a unidade de energia auxiliar (APU) é fabricada na fábrica da P&W em Rzeszów, bem como o fornecedor dos novos assentos R2 é a Recaro de Świebodzin, tudo na Polônia.
Outros projetos em discussão incluem uma instalação de revisão de trens
de pouso para os E-Jets E2 e a conversão de aeronaves E190 em
cargueiros. Os projetos envolvendo a Embraer Aviação Comercial podem
somar mais de US$ 2 bilhões em investimentos e mais de 4.400 empregos ao
longo dos próximos dez anos.
A Embraer calcula que sua frota seja responsável por 50% todos os voos de Varsóvia e cerca de 1/3 da conectividade da Polônia, ou seja, há possibilidade de conexões com outras cidades. As aeronaves da fabricante brasileira já transportaram 60 milhões de passageiros no mercado polonês.
A empresa brasileira ressalta que a LOT tem mais de 20 anos de experiência na operação e treinamento de pilotos e mecânicos de aeronaves da Embraer. Desde o verão de 2024, também está utilizando as três primeiras aeronaves E195-E2 de sua frota, que são justamente as que estão sendo consideradas na licitação em andamento.
Quanto à importante questão do conograma de entrgas, Arjan Meijer acrescentou que as primeiras entregas da aeronave E195-E2 sob o pedido potencial da LOT seriam possíveis já em 2026, o que não seria possível para a concorrência.
O E2 é uma escolha de baixo risco e de alta recompensa, oferecendo uma
transição perfeita e de baixo custo para a nova aeronave. O E2 é a
aeronave mais eficiente, confiável e confortável para a LOT, oferecendo
cerca de US$ 900 milhões em benefícios econômicos em comparação com a
concorrência. Segundo Gomes Neto, "Se a Polônia selecionar o E195-E2, poderia render à LOT quase US$ 1 bilhão, de acordo com nossos cálculos em economia ao longo de 15 anos, em comparação com aeronaves concorrentes (excluindo custos de aquisição). E isso é mais do que o preço de compra."
A Embraer apoiará os planos para o novo hub do Aeroporto Central (CPK), que terá o apoio
dos jatos Embraer como já ocorre em outros hubs globais como Paris,
Chicago, Amsterdã e, claro, Varsóvia.
Com relação à Europa, dada à proximidade geográfica, a empresa brasileira possui forte presença no continente, haja vista que cerca de 30% do E2 é
fabricado na União Europeia (UE). As asas são fabricadas em Portugal e
outros componentes-chave são produzidos na França, Alemanha, Áustria,
Espanha e Bélgica.
Aviação Militar
A Força Aérea Polonesa está procurando uma aeronave multifuncional, que possa ser uma aeronave de transporte e, algumas horas depois, possa também servir como aeronave de reabastecimento em voo. Nesse quesito, o C-390 Millennium - com sua característica flexível e modular - é imbativel, pois poderá cumprir ainda outras missões além dessas duas.
A Embraer está buscando
parceiros para a fabricação de peças e para uma potencial linha de
produção final para o C-390,
avaliando que a Polônia é o parceiro
estratégico ideal para unir forças e construir equipamentos militares de
última geração, criando empregos de alta qualificação no país. A
produção da aeronave e o ecossistema de pós-venda associado (incluindo
manutenção e treinamento) poderão resultar na criação de valor de cerca
de US$ 1 bilhão e 600 empregos.
Além disso, o C-390 está atualmente conquistando pedidos internacionais, incluindo de
diversos países da Europa e da OTAN, o que gera um verdadeiro ecossistema no continente, facilitando as questões relativas à logística de suprimentos e de manutenção, e o treinamento conjunto das forças aéreas que operam a aeronave. A propósito, a Embraer afirma que, para o KC-390, 42% da cadeia de suprimentos tem origem na UE.
A empresa confirmou que, dependendo do tamanho de uma possível encomenda do C-390, poderá abrir um centro de treinamento tático ou mesmo uma fábrica com linha de montagem na Polônia.
"A Polônia é uma nação líder da OTAN e, ao oferecermos o KC-390 Millennium, temos a oportunidade de nos engajarmos com a bem estabelecida e especializada comunidade industrial e de defesa do país. Esta é uma oportunidade para a Polônia se tornar uma participante central do ecossistema europeu do KC-390, com acesso a um excelente pacote industrial, de treinamento e suporte. A Polônia é mais que uma cliente potencial para nós: é uma sólida parceira operacional e industrial de longo prazo, com a localização perfeita para a linha de produção que queremos desenvolver na Europa", diz Frederico Lemos, CCO da Embraer Defesa & Segurança.
Embora tenha sido pouco comentado, esta Consultoria acredita que a Embraer esteja oferecendo também à Polônia duas outras aeronaves militares: o A-29N Super Tucano e o jato Praetor 600 AEW&C.
Esta convicção se baseia na existência de fronteiras físicas da Polônia com a Rússia e com Belarus (Bielorússia), que já estão sendo bastante fortificadas prevendo uma eventual invasão, bem como na manifesta urgência do país em dispor de meios aéreos e terrestres suficientes para se contrapor a este cenário.
Nesse contexto, os A-29 Super Tucano seriam essenciais como uma eficaz e econômica ferramenta contra os drones russos do tipo Shahed e similares, enquanto os jatos Praetor 600 AEW&C seriam uma solução inteligente para o país incrementar rapidamente seus meios de Alerta Aéreo Antecipado e Controle de forma econômica e abrangente.
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Leia mais no excelente artigo publicado por Defesanet:
- Embraer e Polônia: uma análise da nova fronteira aeroespacial da empresa brasileira na Europa
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