Pesquisar este portal

08 março, 2025

Embraer assume e divulga o A-29 Super Tucano como aeronave antidrones


*LRCA Defense Consulting - 08/03/2025

Em entrevista para o portal polonês Rynek Lotniczy, em 07/03/2025, Frederico Lemos, CCO da Embraer Defesa & Segurança, afirmou que "O A-29 Super Tucano evoluiu para se tornar uma verdadeira aeronave interoperável da OTAN, com capacidades e equipamentos específicos para a Aliança do Atlântico Norte. Uma de suas principais capacidades é a de combater veículos aéreos não tripulados (UAS) de maneira econômica". 

Anteriorme, em matéria da Shephard Media de 20/02/2025, Caetano Spuladro Neto, vice-presidente de vendas e desenvolvimento de negócios para o Oriente Médio e África na Embraer, disse que vê “fortes oportunidades” no Oriente Médio para seu C-390 e Super Tucano, identificando este último como uma plataforma importante na região para combater veículos aéreos não tripulados (VANTs), haja vista que a empresa estava “adicionando capacidades” para combater sistemas aéreos não tripulados ao Super Tucano como parte de seu roteiro de produtos mais amplo para a aeronave, visando países na região.

Além de suas capacidades em atividades de contra-insurgência, vigilância de fronteiras, patrulha e ataque leve, Spuladro Neto disse que a empresa viu uma “necessidade crescente de capacidades [antidrone]” impulsionada pelo uso de UAS (Unmanned Aircraft System - Sistema de Aeronaves Não Tripuladas).

A empresa brasileira se posicionou como uma alternativa de baixo custo para aeronaves de combate maiores que foram, e são, usadas para derrubar UAS. Ela já utiliza o míssil APKWS da BAE Systems, que é integrado à aeronave.

O caso da Ucrânia
Para a Ucrânia, o tema já havia sido levantado quando a Rússia começou a usar os drones kamikases iranianos Shahed: a possibilidade de usar uma aeronave simples e barata, que fosse eficaz para interceptar alvos aéreos de baixa velocidade, como esses ou outros drones similares.

Como se soube em abril de 2023, a Ucrânia apresentou por duas vezes um pedido de compra de aeronaves brasileiras Embraer A-29 Super Tucano, mas sem sucesso, assim como também foram negadas as vendas de 400 blindados ambulância Guarani, sistemas de defesa aérea Gepard, morteiros, armas automáticas, munições para tanques Leopard 1 etc.

Embraer A-29 Super Tucano: uma aerovave antidrone por excelência
Desde o início de 2024, esta Consultoria insistia no assunto, afirmando que nos meios militares de vários países já se comentava que um moderno avião a hélice de ataque leve, o Embraer A-29 Super Tucano, seria uma solução ideal para operações antidrones, pois é extremamente manobrável, rápido, versátil e muito bem equipado com aviônicos avançados, sensores eletro-ópticos e infravermelhos, sendo capaz de transportar uma grande variedade de armas, incluindo metralhadoras, foguetes e munições guiadas com precisão. Seu design é extremamente resistente, permitindo operar de qualquer lugar. Além disso, é reconhecidamente experimentado em combate, e com muito sucesso.

Dificilmente a aeronave da Embraer poderia ser exportada para países que estejam atualmente em conflito, haja vista as normas do governo brasileiro não permitirem. No entanto, a nova potencialidade do Super Tucano poderá torná-lo uma ferramenta preferencial para forças aéreas de países da OTAN (na versão A-29N) que acompanham com preocupação a evolução do conflito Rússia x Ucrânia e querem se preparar para um possível embate com os russos em qualquer situação. 

Na África, onde a aeronave já é utilizada por várias forças aéreas, tal potencialidade também deve chamar a atenção, especialmente em sua versão padrão, haja vista que, além das missões de ataque leve, reconhecimento e contra-insurgência, poderá ser a resposta adequada às recentes aquisições de drones médios e grandes efetuadas por muitos países. Aliás, esse continente já está sendo conhecido como "o novo playground para exportadores de drones", com destaque para os artefatos chineses, turcos e israelenses. Angola, Nigéria, Togo, Níger, Burkina Faso, Mali, Senegal, Etiópia, Líbia, República Democrática do Congo, Chade, Marrocos e Sudão são alguns exemplos.

Desempenho
Em termos de desempenho, o Super Tucano tem uma autonomia de 3,4 horas com combustível interno, estendendo-se para 5,2 horas com tanques externos e sensores EO/IR. Ele pode subir a uma velocidade de 3.240 pés por minuto, com teto de serviço de 35.000 pés. Sua capacidade de decolar e pousar em distâncias curtas (900 metros para decolagem e 860 metros para pouso) o torna um grande trunfo para operações a partir de bases avançadas. 

A aeronave possui velocidade máxima de 520 km/h, rápida o suficiente para oferecer uma pronta resposta a alvos aéreos detectados pelos radares terrestres, como helicópteros, pequenos aviões e drones médios e grandes. Sua velocidade de estol é de 148 km/h, permitindo-lhe manobrar e combater drones que naveguem próximo desta velocidade ou mais, mesmo em baixas altitudes.

A propósito, para se ter uma rápida noção do quesito "manobrabilidade", basta assistir a uma apresentação dos A-29 que integram o Esquadrão de Demonstração Aérea da FAB, a popular "Esquadrilha da Fumaça", uma das mais famosas unidades de acrobacia aérea do mundo.

Mercado mundial
Em boa hora a Embraer assumiu e passou a divulgar a nova potencialidade de emprego antidrones de médio e grande porte que tem o A-29 Super Tucano, nas versões NATO ou padrão, restando apenas esclarecer quais são as "capacidades" que a empresa estava adicionando na aeronave para torná-la ainda mais efetiva no combate a sistemas aéreos não tripulados.

Sem dúvida, essa característica é um trunfo extra para que o Super Tucano venha a ser adquirido por países da OTAN, da África e de outras regiões que queiram dispor da mais eficaz e estratégica ferramenta antidrone disponível atualmente, como Índia, Coreia do Sul, Oriente Médio etc., dadas às ameaças constantes em suas fronteiras.

Saiba mais:
- Especialista ucraniano recomenda o Embraer Super Tucano para combater os drones russos

- Antidrone: enquanto Ucrânia e Rússia improvisam o Yak-52, Super Tucano poderá ser a grande arma para a missão

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será submetido ao Administrador. Não serão publicados comentários ofensivos ou que visem desabonar a imagem das empresas (críticas destrutivas).

Postagem em destaque