As investigações preliminares do governo do Azerbaijão e as manifestações de especialistas citados pelas agências internacionais Reuters, Euronews e outras indicam fortemente que a aeronave Embraer E190 pertencente à AZAL - Azerbaijan Airlines, que fazia o voo J28243 com 62 passageiros e cinco tripulantes a bordo, foi atingida por fogo antiaéreo russo quando se aproximava do seu destino final.
O avião estava voando da capital do Azerbaijão, Baku, para Grozny, a capital regional da república russa da Chechênia, na quarta-feira (25), quando virou em direção ao Cazaquistão, vindo a cair ao tentar pousar em um terreno plano próximo ao aeroporto alternativo para onde rumava. De acordo com o centro de resposta emergencial no local, a tripulação tentou realizar um pouso de emergência manualmente após a falha dos sistemas automáticos, mas estas foram catastróficas, fazendo com que a aeronave se inclinasse para a direita e batesse com uma asa no solo a três quilômetros do aeroporto de Aktau, partindo-se e pegando fogo na cabine e no centro. O acidente matou 38 pessoas e deixou todos os 29 sobreviventes feridos.
O voo partiu de Baku às 03:55 UTC a caminho de Grozny, sofrendo um bloqueio de GPS que interrompeu os sinais ADS-B às 04:40 UTC, brevemente retomado às 06:07 UTC, pouco antes do acidente às 06:28 UTC (infográfico abaixo).
Os pilotos tentaram pousar em Grozny (GRV) duas vezes, mas recuaram, devido à densa neblina. Mais tarde, durante a terceira tentativa, houve uma ou mais explosões externas e alguns estilhaços penetraram na fuselagem, ferindo pessoas. Os estilhaços também danificaram uma das carenagens do flap esquerdo, juntamente com a empenagem da aeronave e os estabilizadores horizontais e verticais.
Em uma atualização, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, disse hoje (29) que o avião azerbaijano que caiu na semana passada foi abatido pela Rússia, embora não intencionalmente, e criticou Moscou por tentar "abafar" a questão por dias. "Podemos dizer com total clareza que o avião foi abatido pela Rússia. (...) Não estamos dizendo que isso foi feito intencionalmente, mas foi feito", disse ele à televisão estatal do Azerbaijão. Aliyev disse que o avião foi atingido por fogo vindo do solo sobre a Rússia e "tornou-se incontrolável pela guerra eletrônica". Aliyev acusou a Rússia de tentar "abafar" a questão por vários dias, dizendo que estava "chateado e surpreso" com as versões dos eventos apresentadas por autoridades russas.
Uma das hipóteses mais prováveis é que a aeronave tenha sido alvo do sistema de artilharia antiaérea Pantsir-S1, haja vista que as explosões de proximidade são típicas dele e compatíveis com os padrões de estilhaços observados na aeronave.
Relatos do Azerbaijão, que só poderão ser confirmados após a degravação das caixas pretas, sugerem que a aeronave teve permissão negada para pousar em três aeroportos russos próximos, apesar de ter efetuado um pedido de emergência. Em vez disso teria recebido ordem de voar através do Mar Cáspio e se dirigir ao aeroporto de Aktau, no Cazaquistão.
A aeronave não caiu devido às explosões externas, que poderiam ser proveniente de fogo antiaéreo, mas sobrevoou o Mar Cáspio e os pilotos fizeram o possível para controlar sua atitude. Durante os últimos 74 minutos do voo, a velocidade vertical oscilou entre valores positivos e negativos mais de 105 vezes (os valores variam de -8300 a +8300 pés por minuto), o que indicava problemas graves de controle e a perícia dos pilotos em tentar controlá-la.
Após a queda, assim como nos vídeos produzidos por passageiros, verificou-se que aeronave apresentava danos severos, incluindo muitas marcas de estilhaços nos estabilizadores e nas asas, sugerindo uma explosão próxima. Relatos de testemunhas indicaram ferimentos, incluindo uma mulher atingida na perna e um comissário de bordo ferido no braço, bem como uma outra pessoa que teve o colete salva-vidas perfurado por estilhaços. “Houve uma explosão, mas não de dentro do avião”, disse um sobrevivente à
mídia estatal russa, descrevendo danos à fuselagem e seu próprio colete
salva-vidas perfurado por fragmentos.
Zulfugar Azadov, tripulante da equipe de cabine que sobreviveu, afirmou que três mísseis atingiram a aeronave. “Quando estávamos para pousar em Grozny, havia muita neblina e não conseguimos ver a área. Então, o piloto fez três círculos sobre a cidade e virou em outra direção. Foi nesse momento que ouvimos o som do primeiro baque. Aidan Khanum (outro comissário) e eu saímos para a cabine para acalmar os passageiros. Então eu senti que estava gravemente ferido no braço. Neste momento sentimos o segundo e o terceiro baque”, descreveu.
O comissário Asadov contou que depois das avarias, “o capitão decidiu que iríamos pousar na água. Demos as devidas instruções aos passageiros. Mandamos que colocassem coletes. Em seguida, o capitão nos informou que o avião pousaria no solo”. Segundo o tripulante, houve um milagre. “Eu não tinha esperança de sobreviver. Sobrevivemos graças ao heroísmo dos pilotos, isso é um milagre”.
Em se confirmando que os extensos danos à aeronave tiveram causa anterior ao impacto no solo, seja por fogo antiaéreo ou não, é necessário que se destaque a perícia dos pilotos e coragem e calma da tripulação, bem como a robustez do jato comercial Embraer E190, principais fatores responsáveis por salvar a vida de 29 pessoas.
Sendo assim, esta Consultoria reuniu algumas declarações, com o objetivo de destacar tais fatores.
Tripulação do voo J28243
Comandante: Igor Kshnyakin (falecido)
Primeiro Oficial: Aleksandr Kalyaninov (falecido)
Tripulação de cabine: Hokuma Aliyeva (falecida), Zulfugar Asadov e Aydan Rahimli.
Perícia dos pilotos; coragem e calma da tripulação
A tripulação do voo 8243 da Azerbaijan Airways realizou um esforço heroico por quase uma hora e meia para salvar seu avião depois de supostamente ter sido atingido por um míssil antiaéreo russo sobre Grozny, pois os pilotos conseguiram cruzar o Mar Cáspio e levar o avião para Aqtau, mas ele caiu ao tentar pousar um pouco antes, devido à falha total do sistema hidráulico. A hidráulica é a espinha dorsal dos sistemas de controle de uma aeronave
— lemes, elevadores, trem de pouso e flaps — todos vitais para sua operação.
Com o título "Tripulação da Azerbaijan Airlines - Heróis no Céu", o especialista russo em aviação Kirill Klyuykov, residente em Dubai, assim se pronunciou:
Na recente tragédia do acidente do Embraer E190 da AZAL - Azerbaijan Airlines, destaca-se a bravura da tripulação. Como visto em várias filmagens do acidente, a cabine foi o primeiro e principal ponto de impacto com o solo, sofrendo o impacto da colisão. A cabine foi completamente destruída, acabando tragicamente com a vida do capitão Kshnyakin e do primeiro oficial Kalyaninov, que lutaram heroicamente para manter a aeronave no ar por mais de uma hora após sérios danos aos controles de voo e salvar a vida de 29 das 67 almas a bordo.
A tripulação de cabine mostrou incrível profissionalismo e bravura, mantendo os passageiros calmos durante todo esse tempo e prestando assistência em condições inimagináveis. Seus esforços, juntamente com o sacrifício dos pilotos, salvaram dezenas de vidas.
Os pilotos e a tripulação demonstraram uma coragem e profissionalismo irreais, vidas indispensáveis heroicamente sacrificadas no processo enquanto salvavam outras.
Aynel Gaziyeva, uma profissional de Gestão da Cadeia de Suprimentos (SCM) na Aztelekom, Azerbaijão, afirmou:
Embora seja importante aguardar a investigação oficial e os resultados da caixa preta antes de tirar conclusões sobre a causa do acidente, sinto-me compelida a reconhecer o excepcional profissionalismo e heroísmo demonstrados pelos pilotos e tripulantes Os pilotos Igor Kshnyakin e Alexander Kalyaninov fizeram o sacrifício final, afastando a aeronave de áreas povoadas e salvando 29 vidas no processo.
Um dos registros mais comoventes da cabine mostra uma jovem membro da tripulação, Hokuma Aliyeva. Apesar das terríveis circunstâncias, ela permaneceu calma e tranquilizou os passageiros com palavras de conforto, dizendo: "Tudo ficará bem". Sua postura exemplificou os mais altos padrões de profissionalismo e humanidade.
Esta tragédia destaca a dedicação e o heroísmo dos funcionários da AZAL - Azerbaijan Airlines, que mantêm a segurança e o profissionalismo mesmo nas situações mais desafiadoras. É esse compromisso que reforça minha confiança na AZAL como uma das companhias aéreas mais seguras, e continuarei a escolhê-la com confiança.
Frederico Fernandes, Diretor do Arab Aviation Summit e residente nos Emirados Árabes Unidos, também ressaltou a tripulação:
As aeronaves são maravilhas da engenharia, onde as redundâncias de tecnologia e segurança estão perfeitamente interligadas. Tanto que às vezes esquecemos que a barreira de segurança final é humana.
Quando tudo mais falha, há alguém treinado, capaz e disposto a lutar pela segurança de todos a bordo.
A tripulação deste trágico voo demonstrou extraordinária bravura e profissionalismo. Depois que sua aeronave foi atingida, eles lutaram para pilotar e pousar uma aeronave condenada, fazendo todo o possível para salvar vidas.
Minhas humildes honras e kudus (Kudos é uma ferramenta de reconhecimento profissional e significa "elogio") à memória do Capitão da Azerbaijan Airlines Igor Kshnyakin, do Primeiro Oficial Aleksandr Kalyaninov e da Comissária Hokuma Aliyeva, entre as 39 vidas perdidas. Seu heroísmo garantiu que 29 passageiros sobrevivessem.
Jato Embraer E190 - uma aeronave robusta há mais de 20 anos
O triste e lamentável acontecimento que ceifou tantas vidas inocentes, também acabou se tornando uma prova inconteste da robustez do jato Embraer E190 construído em 2013 que, mesmo duramente danificado, foi mantido no ar por seus pilotos durante o tempo necessário para cruzar o Mar Cáspio e tentar aterrissar no aeroporto de Aktau, no Cazaquistão, só não conseguindo devido aos graves danos sofridos no sistema hidráulico. Mesmo assim, sua forte estrutura ainda resistiu parcialmente a um choque no solo durante a tentativa de aterrissagem de emergência realizada mesmo com perda dos controles.
É relevante ressaltar que o Embraer E190 teve apenas outros dois acidentes fatais desde 2004, quando entrou em operação. Uma das quedas foi causadas por erro humano e a outra por um ato intencional, ambos atribuídos ao respectivo piloto.
Focando-se na questão da aeronave e de sua fabricante, a engenheira aeronáutica brasileira Mirelly Silveira, expressou sua opinião no texto abaixo editado:
Embraer orgulho nacional e, mais uma vez, um ícone de segurança global.
O jato que resistiu muito a um ataque de mísseis é uma prova viva da excelência de uma empresa que preza pela qualidade em cada mínimo detalhe. A chance de sobrevivência nesses casos é quase nula, mas não quando se trata da melhor e mais segura fabricante de aeronaves do mundo.
Claro, fatores humanos contam, e muito. Em memória do piloto, do copiloto e da comissária, que deram tudo de si para salvar o máximo de vidas, nossos mais profundos respeitos. Mas é inegável que nossa tecnologia nacional se destacou... blindada pela maestria e dedicação de milhares de engenheiros brasileiros.
Quando a notícia da queda foi divulgada, muitos já apontavam a empresa como "vilã". Mas, como desconfiar da Embraer? Qualidade nunca foi e nunca será um problema.
Recentemente, viajei pela Azerbaijan Airlines em um avião do mesmo modelo vindo de Baku. Durante o voo, após uma tempestade de gelo, realizamos um pouso de emergência na cidade de Ankara, e o avião estava lá, intacto.
Tive a honra de visitar as divisões de materiais da Embraer e da Embraer ELEB, onde os ensaios de materiais são realizados com uma precisão e inovação como nunca visto em nenhum outro lugar do mundo.
A visão da empresa: "Ser líder global em soluções aeroespaciais e de defesa, reconhecida pela excelência em tecnologia, qualidade e sustentabilidade".
O brasileiro é detalhista. A Embraer? Vai além dos detalhes!
Uma tripulação de heróis e uma aeronave robusta
O fato de 29 pessoas terem sobrevivido, bem como o relato dos sobreviventes, são claros indicativos de que os pilotos e comissários de bordo tiveram um procedimento profissional exemplar, adotando medidas oportunas e corretas para minimizar o impacto e proteger os ocupantes. A sobrevivência de parte significativa destes está, indubitavelmente, relacionada a tais medidas e à habilidade dos pilotos em tentar controlar a aeronave em circunstâncias gravemente adversas.
No tocante à aeronave, especialistas em aviação frequentemente destacam o jato Embraer 190 como sendo projetado com altos padrões de segurança e confiabilidade. A capacidade de sua estrutura suportar forças extremas, ainda que parcialmente, reflete esses padrões. No caso em tela, a robustez da aeronave foi integralmente demonstrada, considerando-se o cenário extremo enfrentado. Embora essa tenha sofrido danos severos, o fato de 29 pessoas terem se salvado indica que a estrutura do avião conseguiu preservar áreas críticas da fuselagem, proporcionando uma chance de sobrevivência para parte dos ocupantes.
Portanto, parece legítimo concluir que uma tripulação de heróis e uma aeronave robusta emergiram da tragédia do voo J28243 da Azerbaijan Airlines.
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