*Agência Força Aérea - 20/12/2024
As Forças Armadas brasileiras alcançaram um marco inédito ao integrar, pela primeira vez, sistemas estratégicos de Comunicação, Comando e Controle (C4I) em uma simulação de conflito na Base Aérea de Canoas (BACO), no Rio Grande do Sul.
O exercício multidomínio, realizado nesta sexta-feira (20/12), uniu a Marinha do Brasil (MB), o Exército Brasileiro (EB) e a Força Aérea Brasileira (FAB) em uma operação conjunta, a Operação Íris, conectando plataformas aéreas, terrestres e navais por meio do compartilhamento de dados e comunicação em tempo real.
O treinamento foi comandado pela FAB e faz parte do desenvolvimento final do sistema Link-BR2, um moderno sistema de comunicação segura que irá começar a equipar, em 2025, a frota brasileira, a começar pelos novos caças do país, os F-39 Gripen.
O Comandante da BACO, Tenente-Coronel Aviador Thiago Romanelli Rodrigues, recebeu o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, juntamente com outros Oficiais-Generais do Alto-Comando da Aeronáutica, o Comandante da Sexta Divisão de Exército, General de Divisão Jayro Rocha Junior; o Chefe do Estado-Maior do 5º Distrito Naval, Capitão de Mar e Guerra Guilherme Conti Padão; o Presidente da AEL Sistemas, Gal Lazar, entre outros convidados militares e civis.
Durante o treinamento, sistemas como o Link-BR2, liderado pela Força Aérea, o RDS Defesa e o Gerador de Campo de Batalha (GCB), do Exército, e o Multi Data Link Processor (MDLP), da Marinha, foram postos à prova. A integração foi coordenada por uma estação multidomínio de Comando e Controle, que permitiu a transmissão de mensagens, ordens e comunicação de voz entre diferentes plataformas militares.
O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Damasceno, comentou sobre o exercício, destacando, em especial, a importância de estar na Base Aérea de Canoas.
“Hoje tem um significado muito importante por estarmos aqui, em Canoas, onde, neste ano, dedicamos grande parte de nossos esforços em apoio à sociedade gaúcha, com a atuação conjunta das nossas três Forças, na Operação Taquari. Falando em três Forças, outro ponto que considero essencial é justamente a interoperabilidade. Estamos colocando em prática a integração das Forças Armadas em uma operação conjunta. O exercício de hoje reflete isso: aeronaves F-5 voando em conjunto com o helicóptero, a aeronave E-99 compondo o cenário, o veículo Marruá na operação terrestre e o navio da Marinha contribuindo com a criação do cenário naval, tudo interligado com o cenário aéreo e o terrestre, que vimos aqui nas imediações da Base, durante esta operação simulada”, destacou o Oficial-General.
Demonstração tecnológica
O exercício simulou cenários de combate fictícios para avaliar a interoperabilidade das tecnologias. Entre as simulações, helicópteros realizaram ataques para recuperar pontes ocupadas, caças interceptaram aeronaves invasoras e blindados do Exército receberam imagens ao vivo de binóculos termais, revelando tropas inimigas. Todas essas ações foram monitoradas em tempo real pelo Comando Conjunto, que enviou ordens de neutralização diretamente às forças operacionais.
No episódio final, uma aeronave E-99M detectou a decolagem de um helicóptero inimigo, levando à interceptação por um caça A-29 da FAB. Esses testes não só comprovaram a eficácia dos sistemas, mas também reforçaram a capacidade de resposta integrada das Forças Armadas em cenários complexos.
Sistemas em destaque
O Link-BR2, desenvolvido pela AEL Sistemas em parceria com a Kryptus e a Atech (da Embraer), é um sistema nacional de C4I projetado para operar em ambientes de alta complexidade. Ele oferece comunicação segura e criptografada, além de suportar voz e dados em condições adversas. A tecnologia está sendo integrada às aeronaves F-39 Gripen e E-99 da FAB, expandindo seu uso para missões como monitoramento de fronteiras e combate ao tráfico.
“O projeto Link-BR2 foi concebido pela Força Aérea como um projeto estratégico de comunicação, comando e controle. Ele tem como objetivo dotar a FAB de um sistema que permita uma troca de dados eficaz e em tempo real entre diversas plataformas, incluindo meios aéreos e terrestres, para consolidar o entendimento do cenário operacional. Com isso, a FAB contará com uma ferramenta extremamente importante para compreender o cenário operacional de forma mais ampla e tomar as melhores decisões para o emprego dos recursos, garantindo que os resultados das ações sejam muito mais efetivos”, afirmou o Gerente Operacional do Link-BR2 na AEL Sistemas, Fernando Mauro.
Avanços para a defesa nacional
Segundo Presidente da AEL Sistemas, Gal Lazar, o exercício demonstra a evolução da integração tecnológica promovida pelo Ministério da Defesa. “Ver todas as Forças operando juntas em um mesmo cenário mostra o avanço das nossas capacidades de comunicação e comando, além da sinergia em cenários que refletem os desafios dos campos de batalha modernos”, declarou.
Projeções para o futuro
A tecnologia testada durante o exercício tem potencial para ampliar a eficiência das operações militares em missões reais, como resgates em áreas remotas, patrulhamento marítimo e defesa de fronteiras. Com os resultados obtidos, o Brasil se posiciona como um dos líderes regionais na aplicação de soluções integradas de C4I, fortalecendo sua soberania e capacidade de dissuasão.
O Diretor-Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Tenente-Brigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros, falou sobre a importância do projeto.
“O projeto Link-BR2 foi concebido pela Força Aérea Brasileira com o objetivo de aumentar a interoperabilidade entre as três Forças Armadas, aprimorar a consciência situacional de nossos pilotos e melhorar o controle dos voos. Com esse projeto, conseguimos elevar as capacidades de comando e controle das três Forças a um patamar significativamente superior, alinhado às exigências de um cenário de conflito moderno. Com a demonstração realizada hoje, concluímos o desenvolvimento de um trabalho iniciado há 12 anos. Trata-se de uma grande conquista para a Força Aérea, para a indústria nacional e para a base industrial de defesa, que contou com a participação da AEL e de várias outras empresas. Acima de tudo, é uma vitória para o Brasil, que, agora, possui essa capacidade. O Link-BR2 une as três Forças e possibilita a comunicação em tempo real sobre tudo o que ocorre no teatro de operações”, disse o Diretor.
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