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31 dezembro, 2024

Gana pode ser o país africano não revelado que adquiriu hoje quatro aeronaves Embraer A-29 Super Tucano

A-29 Super Tucano em demonstração na Base Aérea de Accra, Gana, em 19 de fevereiro de 2024

*LRCA Defense Consulting - 31/12/2024

A imprensa especializada sul-africana especula que o país não revelado que adquiriu quatro aeronaves Embraer A-29 Super Tucanos provavelmente seja Gana, que há muito tempo busca uma encomenda para o avião.

O país africano anunciou, no início de junho de 2015, uma encomenda para cinco Super Tucanos, mas o contrato nunca foi fechado. O valor total do contrato foi de US$ 88 milhões com um empréstimo do BNDES, que também incluía suporte logístico e treinamento para pilotos e mecânicos no país.

Mark Owen Woyongo, na época Ministro da Defesa, disse pela primeira vez, em março de 2014, que a aquisição de seis Super Tucanos estava sob consideração, para uso em uma escola de voo a ser construída em Tamale, a terceira cidade de Gana. O presidente John Dramani Mahama então confirmou em novembro de 2014 que o país compraria uma quantidade não especificada de Super Tucanos, junto com os helicópteros chineses Z-9, mais helicópteros russos M-17 e um transporte tático C-295 adicional. Posteriormente, veio a confirmação do presidente John Dramani Mahama, indicando que cinco Super Tucanos seriam adquiridos, juntamente com os Z-9s e outros equipamentos.

Em fevereiro de 2024, conforme noticiado por esta Consultoria, a Força Aérea de Gana sediou um evento para promover a aeronave de ataque A-29 Super Tucano para o ministro da defesa e outros altos funcionários e oficiais. A Embraer demonstrou o A-29 na Base Aérea de Accra, mas não houve desenvolvimentos conhecidos desde então.

Em seu discurso, o vice-marechal do ar Frederick Asare Kwasi Bekoe expressou entusiasmo com a exibição estática e de voo, enfatizando a importância da aquisição de aeronaves de ataque leve diante das crescentes ameaças terroristas e dizendo que a demonstração “forneceria uma plataforma para colaboração e negociações entre a Sierra Nevada Corp e a Embraer Defence & Security para futuras aquisições”.

Ele acrescentou que a Força Aérea de Gana considera o Super Tucano uma “plataforma adequada para melhorar nossa postura dissuasiva e ofensiva dentro da sub-região”. Observando que o Super Tucano é robusto, versátil e relativamente barato de operar, o militar afirmou que poderia ser usado para combater terroristas, insurgentes e piratas, bem como para segurança de fronteira. “Esperamos sinceramente que, ao final da demonstração, o Super Tucano seja considerado um destaque em nossa tomada de decisão de aquisição”, completou.

O Ministro da Defesa Dominic Nitiwul respondeu que “está claro pelo discurso do chefe do Estado-Maior da Aeronáutica que a nossa força aérea se apaixonou por esta aeronave, e tenho certeza de que as negociações para comprá-la começarão a sério”, sublinhando a importância de dar prioridade aos esforços antiterroristas e afirmando que o Super Tucano se apresenta como uma aeronave adequada para aumentar as capacidades da Força Aérea de Gana em contrainsurgência e contraterrorismo.

Na África, a aeronave já foi exportada para Angola (6), Burkina Faso (3), Mali (4), Mauritânia (4) e Nigéria (12).

Embraer vende mais quatro aeronaves A-29 Super Tucano, desta vez para um novo cliente não revelado na África


 

*LRCA Defense Consulting - 31/12/2024

A Embraer assinou hoje um novo contrato, desta feita para a venda de quatro aeronaves de ataque leve e treinamento avançado A-29 Super Tucano para um cliente não revelado na África. Essas aeronaves realizarão uma ampla gama de missões, como vigilância de fronteiras, inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR), apoio aéreo tático (CAS), contrainsurgência e treinamento de voo avançado. 

“O A-29 Super Tucano é uma aeronave extremamente versátil, capaz de realizar as missões mais exigentes nas condições mais desafiadoras. O A-29 é líder mundial em sua categoria, pois combina um histórico comprovado de combate com tecnologia avançada”, afirma Bosco da Costa Junior, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança. 

O A-29 Super Tucano é uma aeronave multimissão que oferece grande versatilidade para atuar em reconhecimento, apoio aéreo tático (CAS), ataque leve e treinamento avançado de pilotos, tudo isso em uma única plataforma, o que aumenta exponencialmente a disponibilidade e a flexibilidade operacional da aeronave. Sua fuselagem robusta é capaz de operar em pistas não pavimentadas e em ambientes austeros. O A-29 Super Tucano é o líder global em sua categoria, com mais de 290 encomendas, ultrapassando 570.000 horas de voo, sendo 60.000 delas em combate. Em 2024, a Embraer anunciou novas vendas do Super Tucano para a Força Aérea Portuguesa (A-29N), a Força Aérea Uruguaia e a Força Aérea Paraguaia. 

O A-29 Super Tucano é projetado para forças aéreas que buscam uma solução comprovada, abrangente, eficiente, confiável e econômica em uma única plataforma, aliada a uma grande flexibilidade operacional. A aeronave atua em uma ampla gama de missões, como apoio aéreo tático (CAS), patrulha aérea, operações especiais, interdição aérea, treinamento JTAC, controlador aéreo avançado (FAC), coordenador aéreo e tático (TAC), ISR armado, vigilância de fronteiras, reconhecimento, escolta aérea, treinamento básico, operacional e avançado de Pilotos, transição para caças de superioridade aérea, treinamento JTAC/LIFT e FAC. 

O A-29 Super Tucano é a aeronave multimissão mais eficaz em sua categoria, equipada com tecnologia de ponta para identificação precisa de alvos, sistemas de armas e um conjunto abrangente de comunicações. Sua capacidade é aprimorada por sistemas aviônicos com avançada interface homem-máquina (HMI) e sistema de aviônicos integrados a uma estrutura robusta, capaz de operar em pistas não pavimentadas, em ambientes austeros e com pouca infraestrutura. Além disso, a aeronave tem requisitos de manutenção reduzidos, oferece altos níveis de confiabilidade, disponibilidade e integridade estrutural, com baixos custos operacionais.

A-29 Super Tucano em configuração de patrulha marítima armada (MPA): a novidade trazida pela Embraer (atualização)


*LRCA Defense Consulting - 31/12/2024

A Embraer anunciou ontem (30) um pedido firme de um cliente não revelado para seis aeronaves de ataque leve e treinamento avançado A-29 Super Tucano, equipados com capacidades aprimoradas para realizar missões como interdição aérea, apoio aéreo tático, patrulha marítima, ataque marítimo e outras operações de defesa territorial. 

Além de não revelar o cliente, a gigante aeroespacial brasileira trouxe um ingrediente novo, ao citar "capacidades aprimoradas para patrulha marítima e ataque marítimo", haja vista que talvez seja o primeiro cliente a solicitar tal configuração. Por outro lado, supondo-se que se trata de uma configuração típica de patrulha marítima armada (MPA), não parece ser público que a empresa possuísse condições de implementá-la ordinariamente no Super Tucano.

A aeronave, embora seja extremamente versátil e amplamente utilizada em múltiplas missões nos diversos países que a possuem - como ataque leve, treinamento avançado, reconhecimento aéreo e outras - não é primariamente configurada para missões de patrulha marítima.

No entanto, as características normais da aeronave fazem com que possa ser adaptada para realizar algumas missões secundárias relacionadas a esse mister, como monitoramento do tráfego marítimo e detecção de atividades suspeitas em áreas costeiras, além do fornecimento de apoio aéreo aproximado a navios de guerra, realizando missões de reconhecimento e ataque a alvos marítimos de oportunidade.

Enquanto o Super Tucano é excelente para missões de curta a média duração sobre terra, sua autonomia e capacidade de carga útil são fatores limitantes para missões de patrulha marítima de maior duração, que geralmente exigem maior tempo de voo e sensores mais pesados.

Para tanto, seria necessária a adição de sensores específicos, como radar de superfície marítima, sonoboias e outros sistemas de detecção de submarinos, o que pode aumentar significativamente o custo e a complexidade da aeronave. A propósito, sonoboia (uma junção de sonar e boia ) é uma pequena boia de sonar descartável lançada de aeronaves ou navios para guerra antissubmarina ou pesquisa acústica subaquática. As sonoboias têm tipicamente cerca de 13 cm de diâmetro e 91 cm de comprimento. Quando flutuam na água, as sonoboias têm um transmissor de rádio acima da superfície e sensores de hidrofone subaquáticos.

Embora o Super Tucano não seja a escolha ideal para missões de patrulha marítima de forma geral, é possível assim empregá-la, embora com limitações, especialmente se não houver a opção de uma aeronave especializada em MPA ou se estas forem em quantidade insuficiente. 

No entanto, a Embraer é uma empresa que se caracteriza por trazer surpresas positivas ao mercado mundial. Assim, como ela afirmou que o cliente deseja "capacidades aprimoradas para patrulha marítima e ataque marítimo", não será de se estranhar que esteja nascendo um novo modelo do Super Tucano próprio para este emprego, com ênfase em países insulares ou que possuam um extenso litoral e recursos financeiros limitados.

Por outro lado, há também a possibilidade de a Embraer fazer uso das capacidades de uma empresa internacional parceira capaz de realizar a transformação da aeronave para emprego em patrulha marítima armada (MPA), como será visto no tópico abaixo referente à Indonésia.


Filipinas e Indonésia: dois potenciais clientes

Filipinas

Os constantes incidentes com a presença chinesa no Mar da China Meridional levaram as Filipinas a prosseguir com medidas formais de patrulhamento, ao mesmo tempo que desafia as atividades chinesas ao longo da cadeia de ilhas disputada pelos dois países.

Em resposta aos desafios estratégicos regionais e às fraquezas internas percebidas com a ameaça chinesa, a Força Aérea Filipina (PAF) embarcou em um processo de transformação para aprimorar suas capacidades. O chamado Plano de Voo 2028 prevê uma reorientação da Força, saindo de uma função primariamente de segurança interna e passando a atuar como uma força de defesa territorial. Isso está exigindo uma transformação substancial organizacional, doutrinária, de treinamento, estratégica e de equipamentos.

O Plano de Voo 2028 tem como objetivos:
1. Desenvolver a capacidade da PAF para detectar, identificar, interceptar e neutralizar intrusões na Zona de Identificação de Defesa Aérea das Filipinas e no Mar da China Meridional (ao norte e oeste do arquipélago).

2. Desenvolver a capacidade da PAF para detectar, identificar, interceptar e neutralizar intrusões em todo o território filipino.

Os principais ativos aéreos adquiridos sob esta nova iteração do programa de modernização foram 12 caças leves sul-coreanos FA-50, enquanto os programados para aquisições futuras são caças multifuncionais e aeronaves de patrulha marítima, entre outros equipamentos.

Atualmente, a PAF emprega algumas das seis aeronaves Super Tucano da sua frota para realizar missões de patrulha marítima no Mar da China Meridional, mas não é público que tais aeronaves tenham recebido uma configuração específica. 

Em 2021, as Filipinas manifestaram a intenção de adquirir 18 aeronaves adicionais aos seis Super Tucanos já adquiridos e entregues, totalizando 24 aeronaves.

Em agosto de 2024, em visita oficial às Filipinas, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que “Estou muito satisfeito com o estado da cooperação entre a Embraer e a Força Aérea das Filipinas, que inclui o fornecimento de provavelmente seis aeronaves Super Tucano e, possivelmente, de futuras operações".

As necessidades das Filipinas em mais meios aéreos de patrulhamento marítimo armado, combinadas com as palavras recentes do ministro brasileiro, são um forte indicativo de que as Filipinas possam ser o "cliente não revelado" dos seis Super Tucanos.

ATUALIZAÇÃO (31 Dez, às 15h11): o portal Inquirer.net confirmou que as Filipinas é o país que adquiriu seis unidades do A-29 Super Tucano.

Indonésia
Por ser um país também insular, além de possuir um extenso arquipélago, a Indonésia utiliza parte de sua frota de 16 A-29 Super Tucanos em missões de vigilância marítima e patrulha costeira, de forma similar às Filipinas. O país possui três Airbus DS CN235 de patrulha marítima que estão sendo atualizados, mas que ainda são insuficientes para a dimensão de seu território.

Em 18 de novembro de 2024, a Embraer e a PT Dirgantara Indonesia (PTDI), principal empresa aeroespacial da Indonésia, assinaram um Memorando de Entendimento com o objetivo de expandir a colaboração na aviação comercial, realizando estudos conjuntos para avaliar oportunidades de parceria na aviação comercial, em áreas como engenharia e fornecimento de aeroestruturas. Ambas as empresas estão comprometidas em explorar oportunidades que criem valor mútuo, mantendo os mais altos padrões de qualidade e desempenho na fabricação aeroespacial.

A PT Dirgantara Indonesia (PTDI) é uma das principais empresas aeroespaciais nativas da Ásia. Com vasta experiência em design de aeronaves, a PTDI se especializou no desenvolvimento de novas aeronaves, modificação de configurações de sistemas e fabricação de estruturas para missões específicas, como patrulha marítima, vigilância e operações de guarda costeira. A PTDI também oferece serviços de aeronaves para clientes civis e militares, com foco em aeronaves leves e médias. 

Assim, a Indonésia, além de também ser um possível cliente para os seis Super Tucanos em tela,  possui boas relações com as Filipinas, com quem realiza exercícios conjuntos de patrulha marítima, além de ter uma grande empresa aeroespacial com total capacidade para transformar os Super Tucanos padrão em aeronaves MPA.

30 dezembro, 2024

Embraer anuncia pedido firme de seis A-29 Super Tucanos para um cliente não revelado (atualização)


*LRCA Defense Consulting - 30/12/2024

A Embraer anunciou um pedido firme de um cliente não revelado para seis aeronaves de ataque leve e treinamento avançado A-29 Super Tucano. Esse pedido será incluído na carteira de encomendas do 4T24 e as entregas devem ocorrer em 2026. 

As aeronaves serão equipadas com capacidades aprimoradas para realizar missões como interdição aérea, apoio aéreo tático, patrulha marítima, ataque marítimo e outras operações de defesa territorial.

“É com grande satisfação que anunciamos novas vendas do A-29 Super Tucano, pois consideramos que essa aeronave é ideal para muitos países no mundo todo”, disse Bosco da Costa Junior, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança. “O A-29 é líder mundial em sua categoria porque é uma aeronave extremamente avançada, confiável e com experiência comprovada”. 

A aeronave multimissão A-29 Super Tucano oferece às forças aéreas versatilidade para missões como reconhecimento armado, apoio aéreo tático, ataque leve e missões de treinamento avançado em uma única plataforma, o que aumenta exponencialmente a disponibilidade e a flexibilidade operacional da aeronave. Sua robusta estrutura permite que a aeronave opere em pistas não pavimentadas em ambientes austeros. 

O A-29 Super Tucano é líder global em sua categoria, com mais de 290 unidades encomendadas, acumulando mais de 570.000 horas de voo, sendo 60.000 delas em combate. Em 2024, a Embraer anunciou novas vendas do Super Tucano para a Força Aérea Portuguesa (A-29N), Força Aérea Uruguaia e Força Aérea Paraguaia.

Cliente não revelado
As capacidades de patrulha marítima e ataque marítimo indicam que o cliente seja um país costeiro. Por outro lado, a pouca diferença de datas entre a aquisição de dois C-390 e dos seis A-29, ambas para clientes não revelados, pode sugerir que o cliente seja o mesmo. Por fim, é bastante provável que o cliente seja não NATO, haja vista que as aeronaves, conforme a Embraer, não serão nessa configuração (A-29N).

ATUALIZAÇÃO (31 Dez, às 15h11): o portal Inquirer.net confirmou que as Filipinas é o país que adquiriu seis unidades do A-29 Super Tucano.

29 dezembro, 2024

Sobre a venda de dois Embraer C-390 para um cliente não revelado: motivos para o sigilo e razões para a aquisição


*LRCA Defense Consulting - 29/12/2024

Em 27 de dezembro de 2024, a Embraer anunciou a venda de duas aeronaves C-390 Millennium para um cliente não revelado, elevando para dez o número de países que selecionaram este modelo, conforme foi noticiado por esta Consultoria..

Os países que já haviam escolhido o C-390 são: Áustria, Brasil, Coreia do Sul, Eslováquia, Hungria, Países Baixos, Portugal, República Tcheca e Suécia.

Até o momento, a Embraer, intencionalmente, não divulgou a identidade do comprador, mas por quê?

Dados conhecidos
Essa prática é comum em diversas negociações na área de defesa, onde informações sensíveis sobre capacidades militares e relações diplomáticas podem estar em jogo.

O que se sabe sobre o comprador é apenas que solicitou uma configuração personalizada, ou seja, as aeronaves serão configuradas para atender a necessidades específicas, incluindo transporte tático de tropas e veículos, ajuda humanitária, gestão de desastres e evacuação aeromédica. 

No entanto, não foi divulgado se o cliente solicitou outras configurações personalizadas, como reabastecimento aéreo e/ou combate a incêndios, por exemplo.

O conhecimento de tais configurações, após um estudo detalhado dos possíveis clientes, pode produzir alguns indícios importantes. Por exemplo, um país de clima predominante desértico, em tese, não teria grande necessidade do módulo de combate a incêndios, ocorrendo o contrário com outro que disponha de extensas áreas de florestas. Em outro exemplo, caso o país já possua aeronaves de reabastecimento aéreo ou sua frota de caças seja incompatível com o sistema de reabastecimento do C-390 (tipo "sonda e cesto"), não haveria necessidade do módulo de reabastecimento.

Motivos básicos
Assim, um ou mais dos seguintes motivos básicos podem estar fazendo com que a Embraer não revele o comprador, a saber:

1. Razões estratégicas: o país comprador pode ter motivos específicos para manter a compra em sigilo, como evitar possíveis reações de outros países ou fortalecer sua posição em negociações internacionais.

2. Proteção de informações confidenciais: a Embraer pode estar protegendo informações estratégicas sobre as capacidades da aeronave e as configurações específicas solicitadas pelo cliente.

3. Negociações em andamento: em alguns casos, a não divulgação pode estar relacionada a negociações em curso para a compra de mais aeronaves ou outros equipamentos militares, sendo esta apenas uma compra inicial.

4. Transferência de Tecnologia: dependendo do contrato, o comprador pode estar negociando acordos de transferência de tecnologia e produção local, embora esta hipótese se aplique, via de regra, para aquisições de maior porte, como as pretendidas pela Índia e Arábia Saudita.

Possíveis razões para a aquisição
A versatilidade, capacidade multimissão, reconfiguração rápida, sistema avançado de manuseio de carga, alta disponibilidade, bom alcance e velocidade, operação em pistas não pavimentadas, grande capacidade de carga, tecnologia de ponta, confiabilidade e baixos custos operacionais, aliados ao desempenho excepcional do C-390 Millennium, torna-o atrativo para diversos países. Algumas possíveis razões gerais para a aquisição incluem:

1. Modernização da frota: o país pode estar buscando modernizar sua frota de transporte aéreo militar, substituindo aeronaves mais antigas.

2. Ampliação das capacidades: a compra pode ser parte de um plano para expandir as capacidades de transporte aéreo militar do país, permitindo a realização de um maior número de missões.

3. Cooperação internacional: a aquisição pode fortalecer laços de cooperação militar com o Brasil e outros países que operam o C-390.

4. Desenvolvimento da indústria nacional: em alguns casos, a aquisição do C-390 pode estimular o desenvolvimento da indústria aeronáutica nacional, gerando empregos e know-how.

5. Razões estratégicas locais: caso o comprador possua um contencioso com um país vizinho, pode não querer divulgar a compra até receber as aeronaves, registrando assim uma vantagem estratégica e evitando que esse possa tomar uma medida semelhante com oportunidade.

Pelo que se tem conhecimento, diversos países estão ou estiveram interessados na aeronave, sendo desconhecidas as respectivas situações atuais das eventuais negociações. Neste caso se encontram: África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Chile, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Irlanda, Marrocos, México, Nigéria, Polônia, Uzbequistão e Vietnã.

Evidentemente, tais considerações não esgotam os motivos para a Embraer manter o sigilo e nem as possíveis razões de aquisição, assim como também não limitam os clientes aos países citados, haja vista que podem ocorrer surpresas.

Em síntese, apesar da expectativa por mais informações, a identidade do comprador das duas aeronaves Embraer C-390 permanece um mistério. A decisão da empresa de manter o sigilo sobre essa informação reflete a complexidade das negociações internacionais de defesa e a importância de proteger informações estratégicas.

As mulheres estão liderando o aumento da posse de armas nos EUA — eis o porquê


*The Hill, por Beth Alcazar - 27/12/2024

Há uma revolução silenciosa acontecendo no mundo da posse de armas nos Estados Unidos — e ela está sendo liderada por mulheres.  

Durante anos, a posse de armas de fogo foi vista como uma atividade predominantemente masculina, mas tendências recentes mostram que as mulheres estão impulsionando o aumento de novos compradores de armas . Uma pesquisa recente da Gallup destaca essa mudança crescente, mostrando que as mulheres não estão apenas comprando armas de fogo em taxas mais altas, elas estão repensando o que significa proteger a si mesmas e suas famílias no mundo de hoje.  

Esta não é uma tendência passageira; é uma mudança cultural. E está mudando a face da posse de armas em todo o país.

De acordo com a Gallup, a posse de armas aumentou dramaticamente entre as mulheres, particularmente entre as mulheres republicanas, onde a posse saltou de 19 por cento em 2007-2012 para 33 por cento em 2019-2024. Isso reflete uma tendência mais ampla: as mulheres não estão apenas comprando armas para fins recreativos, elas estão cada vez mais se voltando para armas de fogo como uma forma de se proteger em tempos incertos.  

E a mudança não se limita a nenhum grupo político. Os democratas também estão comprando armas de fogo a taxas mais altas, motivados em grande parte por preocupações com a segurança pessoal. Na verdade, o desejo de autodefesa é agora uma preocupação bipartidária, transcendendo linhas políticas, raça e origens e refletindo um espectro mais amplo de valores e crenças.  

Como mãe de três filhos, sei em primeira mão o que motiva milhões de mulheres em todo o país a tomar seu direito à proteção em suas próprias mãos. É sobre proteger o que mais importa — nossos entes queridos. Em face do aumento da criminalidade, agitação civil e ameaças imprevisíveis, muitas mulheres estão escolhendo ter uma arma para ser a primeira linha de defesa de sua família.

Mas também é sobre liberdade, escolha e empoderamento pessoal. As mulheres não estão mais dependendo apenas de meios tradicionais de proteção ou esperando que outros garantam sua segurança. A posse de armas de fogo dá às mulheres o poder de se defender de uma forma que se alinhe com seu próprio senso de segurança. Essa mudança é parte de uma mudança cultural maior, que valoriza a responsabilidade pessoal, a autoconfiança e o direito de se proteger. As mulheres estão assumindo o controle de suas próprias narrativas e moldando o futuro da posse de armas no processo.

Não é nenhuma surpresa que muitas mulheres que compram armas de fogo também estejam buscando treinamento. À medida que essa tendência continua, continua sendo essencial garantir que as mulheres, especialmente as que compram armas pela primeira vez, tenham acesso à educação, treinamento e suporte que salvam vidas, de que precisam para serem donas de armas confiantes e responsáveis. A US Concealed Carry Association, onde atuo como editora geral, viu essa tendência refletida em seminários por todo o país. E como instrutora certificada em armas de fogo, tenho visto isso frequentemente em minhas próprias aulas.   

Esse aumento de mulheres donas de armas é mais do que apenas uma tendência passageira; é parte de um movimento maior em direção à autodefesa que está remodelando a forma como os americanos veem seu direito da Segunda Emenda. À medida que mais mulheres se armam, elas também estão se tornando mais educadas sobre os aspectos legais, éticos e práticos da posse de armas de fogo. Essa mudança está influenciando a conversa nacional sobre direitos de armas e provavelmente terá um impacto duradouro nas decisões políticas nos próximos anos.

Uma dessas questões que está no topo da mente das mulheres donas de armas é a reciprocidade nacional de porte velado. É uma mudança crítica de política que permitiria que os portadores de licença de porte velado portassem suas armas de fogo legalmente através das fronteiras estaduais. A reciprocidade de porte velado fortalece as liberdades individuais, ao mesmo tempo em que melhora a segurança pessoal e traz clareza muito necessária ao cenário legal em torno da autodefesa na América hoje. Ela garante que as mulheres tenham o direito legal e a capacidade de se proteger, não importa onde vivam ou para onde viajem. Até que o Congresso finalmente aja, e esperamos que o façam no ano que vem, milhões de portadores de porte velado correm o risco de serem presos se cruzarem a fronteira estadual errada.   

Ao olharmos para o futuro, fica claro que as mulheres são uma força motriz no movimento de posse de armas. Seu envolvimento crescente na posse de armas de fogo está ajudando a superar divisões históricas e a remodelar a forma como pensamos sobre autodefesa. As vozes das mulheres estão se tornando uma parte central do debate em torno da Segunda Emenda, e suas contribuições ajudarão a garantir que as discussões futuras sobre direitos de armas e segurança pública sejam inclusivas e representativas.

Quando as mulheres são empoderadas para proteger a si mesmas e suas famílias, a nação inteira se beneficia. E à medida que mais mulheres abraçam seu direito de portar armas, elas não estão apenas transformando a cultura da posse de armas, elas estão garantindo um futuro mais seguro para todos os americanos. E isso é algo que todos nós devemos apoiar.

*Beth Alcazar, autora premiada e instrutora certificada de armas de fogo, é editora-chefe da US Concealed Carry Association. Ela testemunhou perante o House Judiciary Subcommittee on Crime and Federal Government Surveillance em uma audiência intitulada "Second Amendment Rights Empower Women's Rights". 

28 dezembro, 2024

Uma tripulação de heróis e uma aeronave robusta emergiram da tragédia do voo J28243 da Azerbaijan Airlines


*LRCA Defense Consulting - 28/12/2024 (atualizado em 29 de dezembro, às 14h16)

As investigações preliminares do governo do Azerbaijão e as manifestações de especialistas citados pelas agências internacionais Reuters, Euronews e outras indicam fortemente que a aeronave Embraer E190 pertencente à AZAL - Azerbaijan Airlines, que fazia o voo J28243 com 62 passageiros e cinco tripulantes a bordo, foi atingida por fogo antiaéreo russo quando se aproximava do seu destino final. 

O avião estava voando da capital do Azerbaijão, Baku, para Grozny, a capital regional da república russa da Chechênia, na quarta-feira (25), quando virou em direção ao Cazaquistão, vindo a cair ao tentar pousar em um terreno plano próximo ao aeroporto alternativo para onde rumava. De acordo com o centro de resposta emergencial no local, a tripulação tentou realizar um pouso de emergência manualmente após a falha dos sistemas automáticos, mas estas foram catastróficas, fazendo com que a aeronave se inclinasse para a direita e batesse com uma asa no solo a três quilômetros do aeroporto de Aktau, partindo-se e pegando fogo na cabine e no centro. O acidente matou 38 pessoas e deixou todos os 29 sobreviventes feridos.

O voo partiu de Baku às 03:55 UTC a caminho de Grozny, sofrendo um bloqueio de GPS que interrompeu os sinais ADS-B às 04:40 UTC, brevemente retomado às 06:07 UTC, pouco antes do acidente às 06:28 UTC (infográfico abaixo).

Trajeto rastreado do voo em vermelho, com a origem (Aeroporto Internacional Heydar Aliyev, Azerbaijão) em azul; o destino pretendido (Aeroporto Internacional Kadyrov Grozny, República Chechena) em cinza; e o local do acidente (próximo ao Aeroporto Internacional Aktau, Cazaquistão) em vermelho. Nenhum dado de rastreamento é mostrado onde os dados de localização não foram transmitidos.

Os pilotos tentaram pousar em Grozny (GRV) duas vezes, mas recuaram, devido à densa neblina. Mais tarde, durante a terceira tentativa, houve uma ou mais explosões externas e alguns estilhaços penetraram na fuselagem, ferindo pessoas. Os estilhaços também danificaram uma das carenagens do flap esquerdo, juntamente com a empenagem da aeronave e os estabilizadores horizontais e verticais.

Em uma atualização, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, disse hoje (29) que o avião azerbaijano que caiu na semana passada foi abatido pela Rússia, embora não intencionalmente, e criticou Moscou por tentar "abafar" a questão por dias. "Podemos dizer com total clareza que o avião foi abatido pela Rússia. (...) Não estamos dizendo que isso foi feito intencionalmente, mas foi feito", disse ele à televisão estatal do Azerbaijão. Aliyev disse que o avião foi atingido por fogo vindo do solo sobre a Rússia e "tornou-se incontrolável pela guerra eletrônica". Aliyev acusou a Rússia de tentar "abafar" a questão por vários dias, dizendo que estava "chateado e surpreso" com as versões dos eventos apresentadas por autoridades russas.

Uma das hipóteses mais prováveis é que a aeronave tenha sido alvo do sistema de artilharia antiaérea Pantsir-S1, haja vista que as explosões de proximidade são típicas dele e compatíveis com os padrões de estilhaços observados na aeronave.

Relatos do Azerbaijão, que só poderão ser confirmados após a degravação das caixas pretas, sugerem que a aeronave teve permissão negada para pousar em três aeroportos russos próximos, apesar de ter efetuado um pedido de emergência. Em vez disso teria recebido ordem de voar através do Mar Cáspio e se dirigir ao aeroporto de Aktau, no Cazaquistão.

A aeronave não caiu devido às explosões externas, que poderiam ser proveniente de fogo antiaéreo, mas sobrevoou o Mar Cáspio e os pilotos fizeram o possível para controlar sua atitude. Durante os últimos 74 minutos do voo, a velocidade vertical oscilou entre valores positivos e negativos mais de 105 vezes (os valores variam de -8300 a +8300 pés por minuto), o que indicava problemas graves de controle e a perícia dos pilotos em tentar controlá-la.

Após a queda, assim como nos vídeos produzidos por passageiros, verificou-se que aeronave apresentava danos severos, incluindo muitas marcas de estilhaços nos estabilizadores e nas asas, sugerindo uma explosão próxima. Relatos de testemunhas indicaram ferimentos, incluindo uma mulher atingida na perna e um comissário de bordo ferido no braço, bem como uma outra pessoa que teve o colete salva-vidas perfurado por estilhaços. “Houve uma explosão, mas não de dentro do avião”, disse um sobrevivente à mídia estatal russa, descrevendo danos à fuselagem e seu próprio colete salva-vidas perfurado por fragmentos.

Zulfugar Azadov, tripulante da equipe de cabine que sobreviveu, afirmou que três mísseis atingiram a aeronave. “Quando estávamos para pousar em Grozny, havia muita neblina e não conseguimos ver a área. Então, o piloto fez três círculos sobre a cidade e virou em outra direção. Foi nesse momento que ouvimos o som do primeiro baque. Aidan Khanum (outro comissário) e eu saímos para a cabine para acalmar os passageiros. Então eu senti que estava gravemente ferido no braço. Neste momento sentimos o segundo e o terceiro baque”, descreveu.

O comissário Asadov contou que depois das avarias, “o capitão decidiu que iríamos pousar na água. Demos as devidas instruções aos passageiros. Mandamos que colocassem coletes. Em seguida, o capitão nos informou que o avião pousaria no solo”. Segundo o tripulante, houve um milagre. “Eu não tinha esperança de sobreviver. Sobrevivemos graças ao heroísmo dos pilotos, isso é um milagre”.

Em se confirmando que os extensos danos à aeronave tiveram causa anterior ao impacto no solo, seja por fogo antiaéreo ou não, é necessário que se destaque a perícia dos pilotos e coragem e calma da tripulação, bem como a robustez do jato comercial Embraer E190, principais fatores responsáveis por salvar a vida de 29 pessoas.

Sendo assim, esta Consultoria reuniu algumas declarações, com o objetivo de destacar tais fatores.

Tripulação do voo J28243
Comandante: Igor Kshnyakin (falecido)
Primeiro Oficial: Aleksandr Kalyaninov (falecido)
Tripulação de cabine: Hokuma Aliyeva (falecida), Zulfugar Asadov e Aydan Rahimli.

Perícia dos pilotos; coragem e calma da tripulação
A tripulação do voo 8243 da Azerbaijan Airways realizou um esforço heroico por quase uma hora e meia para salvar seu avião depois de supostamente ter sido atingido por um míssil antiaéreo russo sobre Grozny, pois os pilotos conseguiram cruzar o Mar Cáspio e levar o avião para Aqtau, mas ele caiu ao tentar pousar um pouco antes, devido à falha total do sistema hidráulico. A hidráulica é a espinha dorsal dos sistemas de controle de uma aeronave — lemes, elevadores, trem de pouso e flaps — todos vitais para sua operação.

Com o título "Tripulação da Azerbaijan Airlines - Heróis no Céu", o especialista russo em aviação Kirill Klyuykov, residente em Dubai, assim se pronunciou:
Na recente tragédia do acidente do Embraer E190 da AZAL - Azerbaijan Airlines, destaca-se a bravura da tripulação. Como visto em várias filmagens do acidente, a cabine foi o primeiro e principal ponto de impacto com o solo, sofrendo o impacto da colisão. A cabine foi completamente destruída, acabando tragicamente com a vida do capitão Kshnyakin e do primeiro oficial Kalyaninov, que lutaram heroicamente para manter a aeronave no ar por mais de uma hora após sérios danos aos controles de voo e salvar a vida de 29 das 67 almas a bordo.

A tripulação de cabine mostrou incrível profissionalismo e bravura, mantendo os passageiros calmos durante todo esse tempo e prestando assistência em condições inimagináveis. Seus esforços, juntamente com o sacrifício dos pilotos, salvaram dezenas de vidas.

Os pilotos e a tripulação demonstraram uma coragem e profissionalismo irreais, vidas indispensáveis heroicamente sacrificadas no processo enquanto salvavam outras.

Aynel Gaziyeva, uma profissional de Gestão da Cadeia de Suprimentos (SCM) na Aztelekom, Azerbaijão, afirmou:
Embora seja importante aguardar a investigação oficial e os resultados da caixa preta antes de tirar conclusões sobre a causa do acidente, sinto-me compelida a reconhecer o excepcional profissionalismo e heroísmo demonstrados pelos pilotos e tripulantes Os pilotos Igor Kshnyakin e Alexander Kalyaninov fizeram o sacrifício final, afastando a aeronave de áreas povoadas e salvando 29 vidas no processo.

Um dos registros mais comoventes da cabine mostra uma jovem membro da tripulação, Hokuma Aliyeva. Apesar das terríveis circunstâncias, ela permaneceu calma e tranquilizou os passageiros com palavras de conforto, dizendo: "Tudo ficará bem". Sua postura exemplificou os mais altos padrões de profissionalismo e humanidade.

Esta tragédia destaca a dedicação e o heroísmo dos 
funcionários da AZAL - Azerbaijan Airlines, que mantêm a segurança e o profissionalismo mesmo nas situações mais desafiadoras. É esse compromisso que reforça minha confiança na AZAL como uma das companhias aéreas mais seguras, e continuarei a escolhê-la com confiança.

Frederico Fernandes, Diretor do Arab Aviation Summit e residente nos Emirados Árabes Unidos, também ressaltou a tripulação:
As aeronaves são maravilhas da engenharia, onde as redundâncias de tecnologia e segurança estão perfeitamente interligadas. Tanto que às vezes esquecemos que a barreira de segurança final é humana.

Quando tudo mais falha, há alguém treinado, capaz e disposto a lutar pela segurança de todos a bordo.

A tripulação deste trágico voo demonstrou extraordinária bravura e profissionalismo. Depois que sua aeronave foi atingida, eles lutaram para pilotar e pousar uma aeronave condenada, fazendo todo o possível para salvar vidas.

Minhas humildes honras e kudus
(Kudos é uma ferramenta de reconhecimento profissional e significa "elogio")  à memória do Capitão da Azerbaijan Airlines Igor Kshnyakin, do Primeiro Oficial Aleksandr Kalyaninov e da Comissária Hokuma Aliyeva, entre as 39 vidas perdidas. Seu heroísmo garantiu que 29 passageiros sobrevivessem.

Jato Embraer E190 - uma aeronave robusta há mais de 20 anos
O triste e lamentável acontecimento que ceifou tantas vidas inocentes, também acabou se tornando uma prova inconteste da robustez do jato Embraer E190 construído em 2013 que, mesmo duramente danificado, foi mantido no ar por seus pilotos durante o tempo necessário para cruzar o Mar Cáspio e tentar aterrissar no aeroporto de Aktau, no Cazaquistão, só não conseguindo devido aos graves danos sofridos no sistema hidráulico. Mesmo assim, sua forte estrutura ainda resistiu parcialmente a um choque no solo durante a tentativa de aterrissagem de emergência realizada mesmo com perda dos controles.

É relevante ressaltar que o Embraer E190 teve apenas outros dois acidentes fatais desde 2004, quando entrou em operação. Uma das quedas foi causadas por erro humano e a outra por um ato intencional, ambos atribuídos ao respectivo piloto.

Focando-se na questão da aeronave e de sua fabricante, a engenheira aeronáutica brasileira Mirelly Silveira, expressou sua opinião no texto abaixo editado:

Embraer orgulho nacional e, mais uma vez, um ícone de segurança global.

O jato que resistiu muito a um ataque de mísseis é uma prova viva da excelência de uma empresa que preza pela qualidade em cada mínimo detalhe. A chance de sobrevivência nesses casos é quase nula, mas não quando se trata da melhor e mais segura fabricante de aeronaves do mundo.

Claro, fatores humanos contam, e muito. Em memória do piloto, do copiloto e da comissária, que deram tudo de si para salvar o máximo de vidas, nossos mais profundos respeitos. Mas é inegável que nossa tecnologia nacional se destacou... blindada pela maestria e dedicação de milhares de engenheiros brasileiros.

Quando a notícia da queda foi divulgada, muitos já apontavam a empresa como "vilã". Mas, como desconfiar da Embraer? Qualidade nunca foi e nunca será um problema.

Recentemente, viajei pela Azerbaijan Airlines em um avião do mesmo modelo vindo de Baku. Durante o voo, após uma tempestade de gelo, realizamos um pouso de emergência na cidade de Ankara, e o avião estava lá, intacto.

Tive a honra de visitar as divisões de materiais da Embraer e da Embraer ELEB, onde os ensaios de materiais são realizados com uma precisão e inovação como nunca visto em nenhum outro lugar do mundo.

A visão da empresa: "Ser líder global em soluções aeroespaciais e de defesa, reconhecida pela excelência em tecnologia, qualidade e sustentabilidade".

O brasileiro é detalhista. A Embraer? Vai além dos detalhes!

Uma tripulação de heróis e uma aeronave robusta
O fato de 29 pessoas terem sobrevivido, bem como o relato dos sobreviventes, são claros indicativos de que os pilotos e comissários de bordo tiveram um procedimento profissional exemplar, adotando medidas oportunas e corretas para minimizar o impacto e proteger os ocupantes. A sobrevivência de parte significativa destes está, indubitavelmente, relacionada a tais medidas e à habilidade dos pilotos em tentar controlar a aeronave em circunstâncias gravemente adversas.

No tocante à aeronave, especialistas em aviação frequentemente destacam o jato Embraer 190 como sendo projetado com altos padrões de segurança e confiabilidade. A capacidade de sua estrutura suportar forças extremas, ainda que parcialmente, reflete esses padrões. No caso em tela, a robustez da aeronave foi integralmente demonstrada, considerando-se o cenário extremo enfrentado. Embora essa tenha sofrido danos severos, o fato de 29 pessoas terem se salvado indica que a estrutura do avião conseguiu preservar áreas críticas da fuselagem, proporcionando uma chance de sobrevivência para parte dos ocupantes.

Portanto, parece legítimo concluir que uma tripulação de heróis e uma aeronave robusta emergiram da tragédia do voo J28243 da Azerbaijan Airlines.

Registrado o primeiro uso conhecido de drones FPV como interceptadores armados para derrubar outros drones

Drone Turco Songar, da Asisguard, equipado com uma metralhadora, pode atingir alvos a até 200 metros de distância. (Imagem meramente ilustrativa)

 

*Defence Blog, por Dylan Malyasov - 28/12/2024

As forças ucranianas equiparam com sucesso drones FPV (visão em primeira pessoa) com canhões em miniatura, permitindo-lhes interceptar e destruir veículos aéreos não tripulados (VANTs) russos em pleno voo.

Os primeiros casos registrados dessas “espingardas drone” em ação mostram drones ucranianos atacando e abatendo UAVs russos Mavic armados com granadas.

Isto marca o primeiro uso conhecido de drones FPV como interceptadores equipados com armamento a bordo. O design inovador permite que drones ucranianos engajem diretamente ameaças aéreas, uma tática que pode redefinir estratégias de campo de batalha envolvendo UAVs.

Os vídeos, compartilhados por militares ucranianos, mostram os drones disparando com precisão em seus alvos, neutralizando-os com sucesso antes que pudessem representar uma ameaça às forças terrestres ou à infraestrutura. A filmagem destaca tanto a engenhosidade quanto a adaptabilidade das forças ucranianas em alavancar a tecnologia de drones para combater as operações russas.


O conceito de “drone-shotgun” envolve montar um canhão compacto e leve em um drone FPV. Esses drones já são conhecidos por sua agilidade e velocidade, tornando-os ideais para combates aéreos de curta distância. Ao adicionar um sistema de armas, os engenheiros ucranianos efetivamente os transformaram em plataformas multifuncionais capazes de reconhecimento e interceptação.

O uso dessa tecnologia reflete uma tendência crescente na guerra moderna, onde UAVs pequenos e baratos são adaptados para uma variedade de missões. Essa abordagem oferece uma solução econômica para combater drones inimigos, que se tornaram uma ameaça generalizada no conflito.

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Desenvolvimento do "Soldado-voador" pela Taurus Armas
No Brasil, a Taurus Armas S.A. está projetando desenvolver um drone semelhante em colaboração com uma empresa italiana, que foi chamado de "Soldado-voador".

A ideia básica é equipar um drone com uma das armas produzidas pela empresa e empregá-lo para o combate aéreo contra outros drones ou para atingir alvos na superfície terrestre ou marítima.

A informação foi divulgada pelo CEO Global da empresa, Salesio Nuhs, durante a reunião da APIMEC em 11 de dezembro deste ano.

27 dezembro, 2024

Embraer assina contrato de venda de duas aeronaves C-390 Millennium com cliente não revelado


*LRCA Defense Consulting - 27/12/2024

A Embraer assinou hoje um contrato com um cliente não revelado, para a venda de duas aeronaves multimissão C-390 Millennium. O contrato também inclui um abrangente pacote de treinamento e suporte, assim como o fornecimento de peças de reposição. 

As aeronaves serão especialmente configuradas para atender aos requisitos do cliente, que incluem transporte tático de tropas e veículos, ajuda humanitária, gestão de desastres e evacuação aeromédica. 

“Estamos honrados com a escolha deste novo cliente pelo C-390 Millennium. Essa aeronave está redefinindo os conceitos de aviação de transporte militar com uma combinação imbatível de tecnologia de ponta, confiabilidade e baixos custos operacionais, aliados a um desempenho excepcional”, diz Bosco da Costa Junior, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança. 

O novo cliente é a décima nação a selecionar o C-390, depois de Brasil, Portugal, Hungria, Coreia do Sul, Holanda, Áustria, República Tcheca, Suécia e Eslováquia. O C-390 representa o que há de mais moderno no transporte aéreo militar com capacidade multimissão e interoperabilidade incorporadas de fábrica. 

Desde que entrou em operação na Força Aérea Brasileira, em 2019, na Força Aérea Portuguesa, em 2023 e, mais recentemente, na Força Aérea Húngara, em 2024, o C-390 comprovou sua capacidade, confiabilidade e desempenho. A frota atual de aeronaves em operação acumulou mais de 15.500 horas de voo, com uma taxa de capacidade de missão de 93% e taxas de conclusão de missão acima de 99%, demonstrando produtividade excepcional na categoria. 

O C-390 pode transportar mais carga útil (26 toneladas) em comparação com outras aeronaves de transporte militar de médio porte e voa mais rápido (470 nós) e mais longe, sendo capaz de realizar uma ampla gama de missões, como transporte e lançamento de carga e tropas, evacuação aeromédica, busca e salvamento, combate a incêndios e missões humanitárias, operando em pistas temporárias ou não pavimentadas, como terra batida, solo e cascalho. A aeronave configurada com equipamento de reabastecimento em voo, com a designação KC-390, já comprovou sua capacidade de reabastecimento aéreo tanto como reabastecedor quanto como receptor, neste caso, recebendo combustível de outro KC-390 utilizando pods instalados sob as asas.

 

24 dezembro, 2024

2024: o ano da decolagem da Embraer Defesa & Segurança


 

*LRCA Defense Consulting - 24/12/2024

O ano de 2024, já quase em seu final, está se caracterizando como o ano da decolagem da divisão de Defesa & Segurança da Embraer.

C-390 Millennium
Afinal, o seu transporte tático multimissão C-390 Millennium está ou estará presente no Brasil, na Coreia do Sul e em sete países da OTAN - Organização do Atlântico Norte: Portugal, Áustria, Holanda, Hungria, República Tcheca, Eslováquia e Suécia.

Ao escolher o C-390, as nações europeias estão formando uma rede de operadores que se beneficiarão de infraestrutura compartilhada e logística simplificada — um desenvolvimento que coloca as aeronaves da Embraer em competição direta com plataformas antigas e/ou menos flexíveis.

Atenta às necessidades do mercado mundial, a Embraer já está trabalhando em variantes modulares do C-390 Millennium, como a de Patrulha Marítima Armada (MPA), enriquecendo ainda mais as potencialidades multimissão da aeronave.

E o futuro próximo é bastante risonho para a divisão de Defesa e Segurança da gigante aeroespacial brasileira, pois aí estão as megalicitações da Índia (40 a 80 aviões) e da Arábia Saudita (33 aviões), além de prováveis aquisições de outros países como Vietnã (até 30 aviões), Marrocos, Colômbia, Chile, Emirados Árabes Unidos, Polônia, África do Sul e outros.

Super Tucano
O A-29 Super Tucano - aeronave de ataque leve, contrainsurgência, apoio aéreo aproximado (CAS), inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR) e treinamento avançado - é o líder global em sua categoria, ostentando mais de 260 pedidos, ultrapassando 570.000 horas de voo, com 60.000 delas em combate. O número de forças aéreas operando o A-29 Super Tucano está se expandindo constantemente devido à sua combinação incomparável de capacidades, tornando-o a opção mais econômica do mercado.

Em 2024, mais três países decidiram incorporar o Super Tucano em suas respectivas forças aéreas: Uruguai, Paraguai e Portugal. A aquisição portuguesa, já no padrão OTAN, caracteriza o país como o primeiro operador europeu do A-29N, marcando também o ingresso da aeronave no seleto e exigente grupo de nações que integram a OTAN e abrindo caminho para que outras forças aéreas da organização o adquiram, especialmente aqueles que já contam com o C-390, como a holandesa, por exemplo, que já teria manifestado interesse. Para além da Europa, o Líbano, o Vietnã e alguns países da África estariam interessados na aeronave, especialmente após ter sido conhecida sua potencialidade como uma "caçadora de drones".

Embraer Defense Europe
O sucesso é tão estrondoso que a Embraer anunciou com orgulho seu novo escritório (Embraer Defense Europe) focado em atividades de defesa e segurança em Lisboa, Portugal, que será vinculado à subsidiária portuguesa do grupo Embraer.

Com a abertura do escritório, a empresa estabelece um marco estratégico para sua expansão na Europa, reforçando o seu compromisso em fortalecer sua presença na região, com foco em soluções inovadoras de defesa e segurança para os países membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a União Europeia (UE).

A Embraer Defense Europe atenderá a todos os requisitos necessários da OTAN e da UE. Ela servirá como ponta de lança das iniciativas de defesa da Embraer na Europa, com uma equipe dedicada de profissionais altamente qualificados, especializados em gerenciamento de programas, suporte e engenharia, para fornecer soluções de última geração adaptadas às necessidades das forças armadas europeias e parceiros da OTAN.

Família de radares SABER M200
Durante a Mostra BID Brasil - Feira Nacional de Defesa e Segurança. a Embraer e o Exército Brasileiro assinaram um contrato no valor de R$ 102 milhões, para a entrega de uma unidade do radar SABER M200 Vigilante já na configuração de série. O processo prevê ainda a continuidade da avaliação técnica e operacional do equipamento e seu futuro emprego nas unidades de Artilharia Antiaérea do Exército Brasileiro. 

O radar SABER M200 Vigilante utiliza tecnologia avançada de processamento de sinais para identificar e rastrear posições e trajetórias de aeronaves, classificando com precisão os alvos aéreos. Este sistema oferece autonomia estratégica às forças terrestres brasileiras, otimizando seus sistemas de defesa aérea de baixa e média altitude.

Entre suas características notáveis ​​está um gerador de energia integrado que permite operação autônoma por até 48 horas, facilitando o transporte, tanto terrestre quanto aéreo. Este design modular e portátil amplia as possibilidades de implantação operacional, tornando o radar uma solução versátil para diferentes cenários táticos.

O Exército Brasileiro será o primeiro operador do SABER M200 Vigilante, o que reforça sua capacidade de defesa antiaérea e o posiciona como referência na implementação desta tecnologia dentro das Forças Armadas Brasileiras. O uso bem-sucedido desse sistema poderá abrir oportunidades tanto para sua adoção pela Marinha e Força Aérea brasileira, quanto para sua exportação para mercados internacionais, sendo que República Tcheca, Áustria e Arábia Saudita estão entre os países que já demonstraram interesse.

No mesmo evento em Brasília, a Embraer assinou um contrato com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no valor de R$ 147 milhões, para a conclusão das novas tecnologias que serão utilizadas no radar SABER M200 Multimissão, uma versão maior, mais robusta e com mais finalidades, que será um instrumento fundamental para o Brasil dispor de um Sistema de Defesa Antiaérea de Média Altura, essencial para fortalecer a capacidade de dissuasão do País.

Trata-se de um radar AESA multimissão Banda S, tridimensional, tipo phased array com varredura 100% eletrônica em azimute e elevação, de médio alcance, instalado em um contêiner de 20 pés. Diferente do seu irmão menor Vigilante, o Multimissão é capaz de guiar sistemas de defesa antiaérea de média altura em um raio de 400 km~500 km. Pode ser transportado ou operado em caminhões 8x8 ou somente transportado em aeronaves C-390 ou C-130.



Na Ucrânia, Rússia utiliza drones guiados por fibra óptica para driblar interferência eletrônica


*Army Recognition - 13/11/2024

Imagens divulgadas recentemente mostram um drone russo FPV guiado por fibra óptica mirando um tanque ucraniano M1A1SA Abrams na região de fronteira de Kursk. Esse tipo de drone, utilizado pelos militares russos, foi observado dando um golpe crítico na torre do tanque, sugerindo danos potencialmente irreparáveis ​​ao equipamento e consequências severas para a tripulação, de acordo com fontes russas.

Drones guiados por fibra óptica, ou drones FPV (First Person View) com transmissão de fibra, são dispositivos operados remotamente cujos dados de controle e alimentação de vídeo são transmitidos diretamente por um cabo de fibra óptica, permitindo qualidade de imagem superior em comparação a drones mais convencionais. Ao contrário dos drones controlados por rádio, os drones de fibra óptica são quase imunes à interferência de guerra eletrônica, fornecendo controle contínuo e confiável em ambientes com forte interferência. Essa tecnologia também permite transmissão de imagem em tempo real e de alta resolução sem degradação da qualidade, oferecendo ao operador uma visão precisa do alvo até o momento do impacto.

No entanto, drones de fibra óptica têm certas limitações, apesar de suas vantagens em resistência a interferências. Seu alcance é restrito pelo comprimento do cabo de fibra óptica, limitando sua distância operacional em comparação com drones controlados por rádio. Além disso, sua manobrabilidade pode ser afetada pelo arrasto do cabo, tornando esses drones menos adequados para missões que exigem alta mobilidade ou mudanças rápidas de trajetória. Embora altamente eficazes para ataques de precisão dentro de um raio limitado, essas restrições técnicas os tornam menos versáteis do que drones de radiofrequência em operações de grande escala.

As forças russas inicialmente introduziram esses drones nas regiões de fronteira perto de Kursk. Desde então, seu uso se expandiu para outros setores da linha de frente, marcando uma adaptação tecnológica dentro do arsenal russo.

Apesar de sua eficácia, alguns especialistas acreditam que drones de fibra óptica podem representar um beco sem saída tecnológico para o desenvolvimento futuro de drones de combate, principalmente devido às limitações de alcance e manobrabilidade em comparação com drones controlados por rádio. No entanto, os militares russos aumentaram o uso de drones em suas operações, empregando-os para reconhecimento, ataques de precisão e objetivos estratégicos mais profundos, como demonstrado aqui ao mirar em um tanque Abrams.

O M1A1SA Abrams é uma versão atualizada do tanque de batalha principal M1A1 dos EUA, apresentando tecnologias avançadas para melhorar seu desempenho no campo de batalha. Seu armamento primário inclui um canhão de alma lisa M256 de 120 mm, uma metralhadora coaxial MAG58 de 7,62 mm, uma metralhadora de 7,62 mm montada na escotilha do carregador e uma metralhadora de 12,7 mm.

Este tanque é equipado com um sistema de proteção NBC (nuclear, biológico, químico), visão noturna infravermelha e um sistema de gerenciamento de batalha computadorizado, aprimorando a consciência situacional da tripulação. A proteção é fornecida pela blindagem composta Chobham, reforçada com componentes de urânio empobrecido de terceira geração, oferecendo maior resiliência contra ameaças balísticas. Com uma tripulação de quatro pessoas (comandante, artilheiro, carregador e motorista), o M1A1SA pesa cerca de 63,5 toneladas, atinge uma velocidade máxima de 67 km/h e tem um alcance operacional de 426 km. Suas dimensões são 9,83 m de comprimento, 3,65 m de largura e 2,43 m de altura.

Em relação à sua implantação na Ucrânia, os Estados Unidos entregaram 31 tanques M1A1SA Abrams às Forças Armadas Ucranianas em setembro de 2023 como parte da ajuda militar para fortalecer as capacidades defensivas da Ucrânia contra a agressão russa. Esses tanques foram engajados na frente, particularmente na região de Kursk, onde encontraram ataques de drones FPV de fibra óptica russos. Apesar de sua construção robusta e capacidades avançadas, alguns desses tanques sofreram danos significativos durante esses engajamentos.

Esses desenvolvimentos destacam a rápida adaptação da tecnologia de drones dentro das forças russas, ressaltando uma dependência crescente de drones no campo de batalha tanto para vigilância quanto para ataques direcionados.

23 dezembro, 2024

MCTI lança edital de R$ 500 milhões para apoiar projetos em cinco áreas prioritárias, entre elas a Defesa


*LRCA Defense Consulting - 23/12/2024

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, anunciou dois editais do Pró-Infra no valor total de R$ 1,2 bilhão para reforçar o apoio à infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica no Brasil.  O lançamento foi feito no dia 12 de dezembro em Brasília, com o auditório lotado por reitores e representantes das Instituições de Ensino Superior.

Um dos editais, o Pró-Infra Centros Temáticos, vai destinar R$ 500 milhões para apoiar projetos em cinco áreas prioritárias para o desenvolvimento nacional: Saúde, Defesa, Transição Energética, Transição Ecológica e Transformação Digital.

De acordo com a ministra Luciana Santos, esses centros temáticos têm sido fundamentais para a pesquisa aplicada e para impulsionar setores estratégicos da nossa economia.

Ela explicou que, no caso do Pró-Infra Centros Temáticos, o edital inicial para 2024 era de R$ 500 milhões. “A demanda qualificada foi ainda mais expressiva, alcançando R$ 1,6 bilhão. Graças à decisão do Conselho Diretor do FNDCT, conseguimos dobrar os recursos iniciais e investir R$ 1 bilhão, possibilitando avanços concretos nas áreas prioritárias”, acrescentou.  

Veja aqui a matéria completa, incluindo o edital Pró-Infra Expansão e Desenvolvimento, que aloca R$ 700 milhões para modernizar parques laboratoriais de entidades como universidades e centros de pesquisa. 

22 dezembro, 2024

Forças Armadas integram sistemas em simulação de conflito no RS, alcançando um marco inédito


*Agência Força Aérea - 20/12/2024

As Forças Armadas brasileiras alcançaram um marco inédito ao integrar, pela primeira vez, sistemas estratégicos de Comunicação, Comando e Controle (C4I) em uma simulação de conflito na Base Aérea de Canoas (BACO), no Rio Grande do Sul.

O exercício multidomínio, realizado nesta sexta-feira (20/12), uniu a Marinha do Brasil (MB), o Exército Brasileiro (EB) e a Força Aérea Brasileira (FAB) em uma operação conjunta, a Operação Íris, conectando plataformas aéreas, terrestres e navais por meio do compartilhamento de dados e comunicação em tempo real.

O treinamento foi comandado pela FAB e faz parte do desenvolvimento final do sistema Link-BR2, um moderno sistema de comunicação segura que irá começar a equipar, em 2025, a frota brasileira, a começar pelos novos caças do país, os F-39 Gripen.

O Comandante da BACO, Tenente-Coronel Aviador Thiago Romanelli Rodrigues, recebeu o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, juntamente com outros Oficiais-Generais do Alto-Comando da Aeronáutica, o Comandante da Sexta Divisão de Exército, General de Divisão Jayro Rocha Junior; o Chefe do Estado-Maior do 5º Distrito Naval, Capitão de Mar e Guerra Guilherme Conti Padão; o Presidente da AEL Sistemas, Gal Lazar, entre outros convidados militares e civis.

Durante o treinamento, sistemas como o Link-BR2, liderado pela Força Aérea, o RDS Defesa e o Gerador de Campo de Batalha (GCB), do Exército, e o Multi Data Link Processor (MDLP), da Marinha, foram postos à prova. A integração foi coordenada por uma estação multidomínio de Comando e Controle, que permitiu a transmissão de mensagens, ordens e comunicação de voz entre diferentes plataformas militares.

O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Damasceno, comentou sobre o exercício, destacando, em especial, a importância de estar na Base Aérea de Canoas.

“Hoje tem um significado muito importante por estarmos aqui, em Canoas, onde, neste ano, dedicamos grande parte de nossos esforços em apoio à sociedade gaúcha, com a atuação conjunta das nossas três Forças, na Operação Taquari. Falando em três Forças, outro ponto que considero essencial é justamente a interoperabilidade. Estamos colocando em prática a integração das Forças Armadas em uma operação conjunta. O exercício de hoje reflete isso: aeronaves F-5 voando em conjunto com o helicóptero, a aeronave E-99 compondo o cenário, o veículo Marruá na operação terrestre e o navio da Marinha contribuindo com a criação do cenário naval, tudo interligado com o cenário aéreo e o terrestre, que vimos aqui nas imediações da Base, durante esta operação simulada”, destacou o Oficial-General.

Demonstração tecnológica
O exercício simulou cenários de combate fictícios para avaliar a interoperabilidade das tecnologias. Entre as simulações, helicópteros realizaram ataques para recuperar pontes ocupadas, caças interceptaram aeronaves invasoras e blindados do Exército receberam imagens ao vivo de binóculos termais, revelando tropas inimigas. Todas essas ações foram monitoradas em tempo real pelo Comando Conjunto, que enviou ordens de neutralização diretamente às forças operacionais.

No episódio final, uma aeronave E-99M detectou a decolagem de um helicóptero inimigo, levando à interceptação por um caça A-29 da FAB. Esses testes não só comprovaram a eficácia dos sistemas, mas também reforçaram a capacidade de resposta integrada das Forças Armadas em cenários complexos.

Sistemas em destaque
O Link-BR2, desenvolvido pela AEL Sistemas em parceria com a Kryptus e a Atech (da Embraer), é um sistema nacional de C4I projetado para operar em ambientes de alta complexidade. Ele oferece comunicação segura e criptografada, além de suportar voz e dados em condições adversas. A tecnologia está sendo integrada às aeronaves F-39 Gripen e E-99 da FAB, expandindo seu uso para missões como monitoramento de fronteiras e combate ao tráfico.

“O projeto Link-BR2 foi concebido pela Força Aérea como um projeto estratégico de comunicação, comando e controle. Ele tem como objetivo dotar a FAB de um sistema que permita uma troca de dados eficaz e em tempo real entre diversas plataformas, incluindo meios aéreos e terrestres, para consolidar o entendimento do cenário operacional. Com isso, a FAB contará com uma ferramenta extremamente importante para compreender o cenário operacional de forma mais ampla e tomar as melhores decisões para o emprego dos recursos, garantindo que os resultados das ações sejam muito mais efetivos”, afirmou o Gerente Operacional do Link-BR2 na AEL Sistemas, Fernando Mauro.




Avanços para a defesa nacional

Segundo Presidente da AEL Sistemas, Gal Lazar, o exercício demonstra a evolução da integração tecnológica promovida pelo Ministério da Defesa. “Ver todas as Forças operando juntas em um mesmo cenário mostra o avanço das nossas capacidades de comunicação e comando, além da sinergia em cenários que refletem os desafios dos campos de batalha modernos”, declarou.

Projeções para o futuro

A tecnologia testada durante o exercício tem potencial para ampliar a eficiência das operações militares em missões reais, como resgates em áreas remotas, patrulhamento marítimo e defesa de fronteiras. Com os resultados obtidos, o Brasil se posiciona como um dos líderes regionais na aplicação de soluções integradas de C4I, fortalecendo sua soberania e capacidade de dissuasão.

O Diretor-Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Tenente-Brigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros, falou sobre a importância do projeto.

“O projeto Link-BR2 foi concebido pela Força Aérea Brasileira com o objetivo de aumentar a interoperabilidade entre as três Forças Armadas, aprimorar a consciência situacional de nossos pilotos e melhorar o controle dos voos. Com esse projeto, conseguimos elevar as capacidades de comando e controle das três Forças a um patamar significativamente superior, alinhado às exigências de um cenário de conflito moderno. Com a demonstração realizada hoje, concluímos o desenvolvimento de um trabalho iniciado há 12 anos. Trata-se de uma grande conquista para a Força Aérea, para a indústria nacional e para a base industrial de defesa, que contou com a participação da AEL e de várias outras empresas. Acima de tudo, é uma vitória para o Brasil, que, agora, possui essa capacidade. O Link-BR2 une as três Forças e possibilita a comunicação em tempo real sobre tudo o que ocorre no teatro de operações”, disse o Diretor.

Na guerra Rússia x Ucrânia, é realizado o primeiro ataque coordenado da história empregando apenas drones terrestres e aéreos

Soldados ucranianos implantam drones FPV para ataques de precisão e vigilância em tempo real durante uma operação totalmente automatizada contra forças russas, demonstrando a integração de tecnologia avançada não tripulada no campo de batalha. (Fonte: Forças Armadas da Ucrânia)

*Army Recognition - 21/12/2024

Em uma demonstração histórica de avanço tecnológico na Guerra Russo-Ucraniana, a Ucrânia teria conduzido seu primeiro ataque (coordenado) confiando inteiramente em Veículos Terrestres Não Tripulados (UGVs) e drones aéreos First-Person View (FPV).

Esta operação sem precedentes foi revelada em 21 de dezembro de 2024 por Laurent Le Mentec, Diretor da consultoria de segurança francesa Vision Sûreté Française. De acordo com fontes próximas às Forças Armadas Ucranianas, o ataque ressalta a dedicação da Ucrânia em incorporar inovações de ponta em sua estratégia militar em meio à guerra em andamento com a Rússia.

Desde o início da invasão russa em 2022, a Ucrânia se destacou por sua adaptabilidade e uso inovador de tecnologia no campo de batalha. Este último ataque representa um marco importante, marcando a primeira vez que uma operação foi conduzida sem intervenção humana direta na linha de frente.

Sistemas autônomos realizaram tarefas críticas, sinalizando uma nova era para a guerra moderna. Durante a operação, UGVs (Veículos Terrestres Não Tripulados) foram encarregados de transportar explosivos, neutralizar obstáculos e conduzir o reconhecimento de posições inimigas, enquanto drones FPV forneceram vigilância em tempo real e executaram ataques de precisão com o auxílio de sistemas de pilotagem remota imersivos. O uso combinado dessas tecnologias maximizou a eficiência operacional, ao mesmo tempo que reduziu significativamente os riscos para o pessoal.

Exemplo de um UGV - Veículo Terrestre Não Tripulado (LRCA/Wikipedia)

O uso de drones aéreos FPV (First-Person View) forneceu aos operadores ucranianos uma visão quase instantânea de “primeira pessoa” através das câmeras dos drones, permitindo manobras precisas e engajamento de alvos mesmo em ambientes complexos e hostis. Esta abordagem inovadora não apenas demonstra a capacidade da Ucrânia de aproveitar tecnologias avançadas, mas também sua determinação em redefinir estratégias de combate convencionais.

Esta operação ressalta a rápida evolução das doutrinas militares no contexto da guerra híbrida. Confrontada por um adversário numericamente superior, a Ucrânia capitalizou soluções tecnológicas acessíveis e adaptáveis ​​para nivelar o campo de jogo. A combinação de drones FPV e UGVs permitiu ataques contra posições inimigas que, de outra forma, seriam difíceis de alcançar ou muito arriscadas para intervenção humana. Sua implantação também proporciona um impacto psicológico significativo, ressaltando a capacidade da Ucrânia de manter a resiliência e a inovação, apesar do conflito em andamento.

Automação do campo de batalha e preocupações éticas e regulatórias
Além do sucesso tático da operação, este ataque reflete uma tendência mais ampla na guerra moderna: a crescente automação do campo de batalha. A capacidade da Ucrânia de produzir localmente ou modificar tecnologia de nível comercial para fins militares tem sido uma marca registrada de sua estratégia de defesa. Esses avanços estabelecem a Ucrânia como um campo de testes vivo para tecnologias militares inovadoras, atraindo a atenção global pelo potencial de remodelar conflitos futuros.

No entanto, embora tais avanços reduzam as baixas humanas, eles também levantam preocupações éticas e regulatórias. A proliferação de sistemas não tripulados pode levar a uma escalada em conflitos assimétricos e maior automação de processos letais de tomada de decisão. Esses desafios ressaltam a necessidade de diálogo internacional sobre a regulamentação e o uso de tais tecnologias.

Para a Ucrânia, integrar UGVs e drones FPV representa uma vantagem estratégica significativa. Espera-se que essas ferramentas desempenhem um papel fundamental na minimização de perdas humanas, ao mesmo tempo em que aumentam a eficácia operacional, à medida que Kiev continua a refinar seu uso de sistemas autônomos. O sucesso dessa operação histórica também envia uma mensagem clara à comunidade de defesa global: a era da guerra automatizada chegou, exigindo novas considerações para o futuro do conflito e da segurança global.

Ponto de virada na história militar
Concluindo, o primeiro ataque totalmente automatizado da Ucrânia usando UGVs e drones FPV representa um ponto de virada na história militar. Ao abraçar a inovação tecnológica, Kiev não está apenas redefinindo as regras do combate terrestre, mas também demonstrando o potencial transformador dos sistemas não tripulados para moldar o campo de batalha do futuro. Este desenvolvimento reflete a resiliência da Ucrânia e destaca as implicações de longo alcance da automação na guerra moderna.

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