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24 novembro, 2024

Delegação privada de defesa da Índia visitará o Brasil com foco no desenvolvimento conjunto de sistemas avançados de armas aeroespaciais e de defesa

A-29 Super Tucano: uma opção para a Índia?

*LRCA Defense Consulting - 24/11/2024

Conforme o portal Indian Defence Research Wing divulgou hoje, uma delegação do setor de defesa privado indiano está programada para visitar o Brasil com a finalidade de explorar caminhos para o desenvolvimento conjunto de sistemas avançados de armas aeroespaciais e de defesa. Este passo significativo visa aprofundar a cooperação entre os dois países no setor de defesa, alavancando suas capacidades complementares e interesses compartilhados.

Embraer em destaque
A delegação indiana visitará várias instalações de defesa brasileiras importantes, incluindo a sede da Embraer, uma empresa aeroespacial líder conhecida por sua fabricação de aeronaves e expertise tecnológica. As discussões devem se concentrar no desenvolvimento conjunto de sistemas de armas para benefício mútuo. Em tela, as oportunidades de cofabricação na indústria aeroespacial, incluindo jatos de combate e aeronaves de transporte.

O Brasil teria proposto um sistema de troca como base para alguns dos acordos de defesa. Os principais elementos desta proposta incluem a venda do C-390 Millennium, o avançado avião de transporte tático do Brasil, que poderia ser oferecido à Índia em troca do LCA-Tejas Mk1A, a aeronave de combate leve desenvolvida internamente pela Índia.

As negociações incluiriam ainda o desenvolvimento de aeronaves avançadas e UAVs, combinando a expertise da Embraer com as crescentes capacidades de fabricação de aviação da Índia, bem como o desenvolvimento conjunto de mísseis, munições guiadas e sistemas avançados de guerra eletrônica.

Submarinos
Seriam também exploradas soluções de manutenção para plataformas compartilhadas, como os submarinos da classe Scorpène, que ambos os países operam. Tais acordos de manutenção cooperativa visariam uma melhor relação custo-efetividade e de eficiência operacional para ambas as nações.

Foco em aeronaves, submarinos, mísseis, munições guiadas e guerra eletrônica
Uma análise da reportagem permite concluir que o foco da visita seriam aeronaves, submarinos, mísseis, munições guiadas e guerra eletrônica.

No entanto, o grande foco parece ser a Embraer, com sua aeronave multimissão C-390 Millennium e, considerando a inserção da única fotografia na matéria, também o A-29 Super Tucano.

O C-390 fala por si só em suas conhecidas capacidades multimissão, mas ficam na mesa as possibilidades de estudo de sua versão de patrulha marítima armada e, por que não, também da versão AEW&C, já aventada pelo mesmo portal.

C-390 em uma versão AEW&C (Arte: IDRW)

C-390 na versão patrulha marítima armada (MPA) em arte da Embraer

Chamou a atenção a fotografia do A-29 Super Tucano ter sido colocada para ilustrar a matéria, haja vista que o normal seria o imponente C-390, que estampa tantas manchetes na mídia mundial nos dias atuais.

Um possível interesse indiano nessa aeronave de ataque leve poderia se prender às necessidades de contrainsurgência de suas forças armadas, especialmente na fronteira com o Paquistão, onde a Índia tem sérios, permanentes e mortais problemas com grupos guerrilheiros armados.

Outra possibilidade seria o emprego do Super Tucano em atividades antidrone, visando o eterno contencioso com a China e com o Paquistão, países que possuem uma grande e variada frota de drones que representam uma constante ameaça à Índia. Atualmente, além de mísseis de alto valor, suas forças armadas só possuem helicópteros que poderiam também ser utilizados para tal fim, evidenciando a falta de uma arma aérea que seja realmente eficaz e apresente um custo-benefício claramente favorável.

Em termos de drones de reconhecimento, vigilância, inteligência e ataque, a Índia parece estar muito bem servida por sua própria indústria de defesa. No Brasil, a opção de um drone de ataque é o Nauru 1000C, fabricado pela XMobots, empresa que possui uma significativa participação da Embraer. Para as demais missões, há também outros fornecedores, como a Akaer, com o seu Albatross, e a Stella Tecnologia, com os drones Atobá, Albatroz e Condor. Para drones navais, há o da EMGEPRON/TideWise.

No tocante a mísseis de todos os tipos, área em que a Índia está bastante desenvolvida, os grandes destaques brasileiros são a SIATT e a Avibras, enquanto que nas munições guiadas despontam a Mac Jee, com o kit de orientação de munição aérea Dagger e com o drone kamikase ANSHAR, e a Stella Tecnologia,  com a munição vagante Siopi. É bastante possível esperar que os indianos façam esforços para oferecer ao Brasil seus sistemas de mísseis mais destacados, como o antiaéreo Akash e o antinavio Brahmos.

Na área dos submarinos Scorpène, os contatos certamente englobarão a EMGEPRON, além de outras empresas ligadas ao projeto.

Com relação à guerra eletrônica (EW), a Índia certamente teria muito a colaborar com o Brasil, haja vista que há uma grande carência de fabricantes nacionais para esse tipo de equipamento.

Oportunidades em inovação e compartilhamento de tecnologia
A parceria entre a Índia e o Brasil em defesa não apenas melhora as relações bilaterais, mas também fortalece suas posições nos mercados globais de defesa. Ambos os países são exportadores emergentes de defesa com capacidades significativas de P&D, e tais colaborações podem desbloquear novas oportunidades em inovação e compartilhamento de tecnologia.

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