Obuseiro israelense ATMOS 2000 - vencedor da licitação do Exército Brasileiro |
*Bulgarian Military, por Boyko Nikolov - 10/09/2024 (atualizado às 14h45)
Fontes relatam que, quatro meses após o prazo, o Brasil ainda precisa informar a Elbit Systems de Israel se prosseguirá com a compra de 36 obuseiros autopropulsados ATMOS 2000. Vamos nos aprofundar no contexto e na situação atual.
Em maio, o Exército Brasileiro, conhecido como Exército Brasileiro, revelou seu plano de comprar trinta e seis obuseiros autopropulsados ATMOS 2000 da Elbit Systems, sediada em Israel. Esta decisão veio sob o programa VBCOAP [Viatura Blindada de Combate Obus Autopropulsada] após um processo de licitação. Competindo pelo contrato estavam a KNDS France com o CAESAr, a eslovaca Konštrukta Defense, a tcheca Excalibur's Zuzana 2 8×8 e a chinesa NORINCO com o SH15 6×6.
A Elbit Systems foi inicialmente encarregada de entregar dois ATMOS 2000s em doze meses para facilitar as avaliações técnicas e operacionais pelo Exército Brasileiro. Após avaliações bem-sucedidas, um “contrato mestre” seria emitido para trinta e quatro unidades adicionais. O valor total do contrato foi estimado em 180 milhões de euros, equivalente a 1 bilhão de reais.
Apesar das relações diplomáticas aparentemente complexas entre Brasil e Israel, o Exército Brasileiro garantiu que a opção pelo ATMOS 2000 não prejudicaria a execução do contrato.
Logo após o anúncio, no entanto, o Ministério da Defesa do Brasil optou por interromper a aquisição, adiando a assinatura do contrato por no máximo sessenta dias para conduzir uma revisão legal necessária das recentes mudanças no processo de licitação.
No entanto, quatro meses se passaram sem um contrato. Conforme relatado pela Defensa , o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva pode se opor à compra do ATMOS 2000. Seguindo o conselho de Celso Amorim, seu conselheiro diplomático e ex-ministro das Relações Exteriores, o presidente Lula está considerando conceder o contrato à Excalibur/Konštrukta Defense.
Obuseiro eslovaco Zuzana 2 8X8, um dos 4 finalistas do projeto VBCOAP 155mm SR do EB |
As razões por trás do atraso do Brasil em assinar o acordo com Israel ainda não estão claras, mas vale destacar a recente desaceleração nas relações diplomáticas.
As relações entre o Brasil e Israel azedaram recentemente, motivadas por desacordos políticos e diplomáticos sobre o conflito palestino-israelense. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que tem uma postura de esquerda, tem sido vocal em suas críticas às ações israelenses em Gaza. Ele condenou ataques militares de Israel durante as escaladas com o Hamas e demonstrou apoio à autodeterminação palestina.
Em resposta, Israel percebe a retórica do Brasil como tendenciosa e excessivamente favorável ao lado palestino, levando a interações diplomáticas tensas. Além disso, a administração de Lula se alinhou com outras nações na exigência de um cessar-fogo e a cessação dos assentamentos israelenses, tensionando ainda mais as relações com Israel.
As tensões aumentaram em 2023 quando o Brasil chamou de volta seu embaixador em Israel, reagindo à intensificação do conflito em Gaza. Israel interpretou esse movimento como uma grande ofensa diplomática. Do lado israelense, as políticas de linha dura do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em relação a Gaza e à Cisjordânia contrastam fortemente com a postura mais equilibrada e frequentemente pró-palestina do Brasil.
Essas tensões diplomáticas refletem fissuras ideológicas mais profundas. A liderança do Brasil se concentra em direitos humanos e diplomacia multilateral, enquanto Israel prioriza a segurança nacional e a defesa contra o terrorismo. Essa divergência inevitavelmente causa atrito entre as duas nações.
No entanto, o Ministro da Defesa do Brasil, José Múcio, destacou que não há “nenhuma razão técnica” para reconsiderar a seleção pelo Exército Brasileiro. Além disso, ele alertou que abandonar a decisão em favor de outra opção estabeleceria um “precedente perigoso”, potencialmente minando a integridade dos processos de seleção e aquisição.
Se o Brasil decidir cancelar sua compra de 36 obuseiros autopropulsados ATMOS 2000 da Elbit Systems de Israel, o impacto em sua indústria de defesa doméstica seria profundo. O setor de defesa brasileiro depende de parcerias internacionais para obter a mais recente tecnologia militar, e o ATMOS 2000 está entre os sistemas de artilharia mais avançados disponíveis.
Tal cancelamento significaria perder transferências tecnológicas vitais que poderiam reforçar as capacidades de fabricação de defesa do Brasil. Empresas como a Elbit Systems frequentemente fornecem oportunidades para compartilhamento de tecnologia e produção colaborativa, o que beneficia significativamente fornecedores e fabricantes locais.
Sem essa aquisição, os militares do Brasil podem perder uma chance crítica de aprimorar suas forças de artilharia com sistemas móveis de última geração, essenciais para a guerra moderna. Esse déficit pode fazer com que o setor de defesa do Brasil fique para trás de seus equivalentes globais.
Em segundo lugar, uma lacuna nas capacidades de artilharia prejudicaria os esforços mais amplos de modernização da defesa do Brasil. O ATMOS 2000, com sua mobilidade e poder de fogo superiores, visa substituir sistemas desatualizados e menos eficazes atualmente no arsenal do Brasil. Desistir dessa compra pode impedir a modernização do Exército Brasileiro, tornando-o menos capaz de lidar com ameaças emergentes ou participar efetivamente de missões internacionais de manutenção da paz. Sem armamento atualizado, a prontidão do Brasil para a cooperação regional de defesa — uma parte fundamental de seu planejamento estratégico de defesa — também sofreria.
Por fim, a indústria de defesa local pode perder a criação de empregos, contratos e oportunidades de crescimento econômico. O Brasil frequentemente garante acordos de produção ou montagem local com grandes compras de defesa, integrando empresas nacionais na produção ou manutenção desses sistemas.
Cancelar esse acordo pode significar contratos perdidos para empresas locais que estavam programadas para colaborar com a Elbit Systems na fabricação de peças, manutenção e atualizações futuras. Isso também tornaria o Brasil menos atraente para outros contratantes estrangeiros de defesa, que poderiam então ver o país como um mercado menos confiável. Consequentemente, oportunidades futuras de crescimento dentro da indústria de defesa do Brasil podem ser severamente limitadas.
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Salvamento da Avibras estaria por trás do bloqueio aos obuseiros israelenses?
*LRCA Defense Consulting - 10/09/2024
Sobre o "bloqueio ideológico" aos obuseiros israelenses ATMOS 2000, há a possibilidade de o governo estar considerando correr o grave risco de corromper uma licitação internacional já terminada e redirecionar o contrato para a empresa tcheca Excalibur International, que representou o sistema de artilharia eslovaco Zuzana 2, um dos quatro finalistas do certame.
O motivo seria o salvamento da Avibras, haja vista que a empresa tcheca e a brasileira trabalhariam em conjunto para produzir o obuseiro no Brasil.
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