*LRCA Defense Consulting - 24/08/2024
A mídia russa afirma que o Escritório de Projetos Aviastroitel do país está trabalhando em uma versão atualizada do Yak-52 que permitirá que uma das aeronaves esportivas mais populares da região seja usada não apenas para voos de treinamento ou acrobáticos, mas também para lutar contra veículos aéreos não tripulados (VANT) ucranianos.
De acordo com o chefe do projeto de modernização do Aviastroitel, Dmitry Motin, a aeronave de treinamento Yak-52 modernizada será atualizada para combater VANTs de ataque e reconhecimento.
"Hoje, um dos projetos prioritários do nosso departamento é a modernização da aeronave de treinamento Yak-52 para o Yak-52B2, capaz de combater VANTs. Atualmente, ele está aguardando um certificado de aeronavegabilidade da Rosaviatsiya [Agência Federal dos Transportes Aéreos da Rússia]", disse.
Segundo Motin, o conceito de modernização da aeronave inclui a instalação de novos equipamentos, incluindo um display multifuncional na cabine traseira. "Equipamentos de navegação e controle, sistema de guerra eletrônica para bloquear canais de comunicação e radar serão modernizados", complementou.
A Rússia decidiu prestar atenção ao Yak-52 como uma ferramenta antidrone depois que a Ucrânia começou a usar essas aeronaves como "caçadores de drones". A partir do final de junho deste ano, um dos Yak-52 ucraniano derrubou oito drones de reconhecimento russos, sendo seis "Orlan" e dois Zala.
Yak-52 |
O Yak-52 é um avião esportivo que não possui armas e nem mesmo uma mira. Claro, pode-se supor que ele foi transformado em uma aeronave de combate especificamente para tarefas de defesa aérea, apesar das complicadas questões da colocação de armas na forma de metralhadoras, munições para elas, etc. Pode-se supor também que o segundo tripulante tenha disparado contra os drones com armas ligeiras de pequeno calibre, como no início da Primeira Guerra Mundial, há mais de um século.
Por muito tempo, um componente desconhecido nesta história foi que tipo de arma foi usada para destruir os drones a partir desta aeronave, embora fosse bastante provável que o segundo tripulante abatesse os drones com suas próprias armas pequenas. Esta tese foi confirmada pelo aparecimento de uma imagem de outra aeronave que também participa na caça de drones - o ultraleve A-22 de fabricação ucraniana.
Este fato tornou-se o motivo para pensar se é possível armar totalmente o Yak-52 para transformá-lo em uma "aeronave antidrone" completa, e a resposta a esta pergunta está no projeto que foi tentado implementar nos tempos soviéticos, uma tentativa, com base no Yak-52, de criar uma aeronave de ataque leve Yak-52B, que mais tarde teria a designação Yak-54.
O projeto foi encerrado em 1983 devido a um problema bastante banal - peso de decolagem insuficiente de pouco mais de 1.400 kg. Por exemplo, durante o disparo do NURS dos blocos UB-32, devido ao forte recuo, o avião ficou suspenso no ar e foi fortemente balançado. A mesma história aconteceu com as unidades GUV-8700 com metralhadoras GSHG de 7,62 mm e YakB de 12,7 mm - a precisão do tiro era praticamente zero. Portanto, é difícil imaginar como, nesse caso, a aeronave poderia mostrar alguma eficácia contra drones.
Como a Rússia afirma que está supostamente retornando a este projeto, ainda não está claro como sua indústria de defesa resolverá o problema com as armas ou com meios eletrônicos guerra.
Super Tucano: um super caçador de drones para a Europa, África etc.
Para a Ucrânia, antes de improvisar com o Iak-52, o tema já havia sido levantado quando a Rússia começou a usar os drones kamikases iranianos Shahed: a possibilidade de usar uma aeronave simples e barata, que será eficaz para interceptar alvos aéreos de baixa velocidade, como drones.
Para tanto, como se soube em abril de 2023, a Ucrânia apresentou por duas vezes um pedido de compra de aeronaves brasileiras Embraer A-29 Super Tucano, mas sem sucesso, assim como também foram negadas as vendas de 400 blindados ambulância Guarani, sistemas de defesa aérea Gepard, morteiros, armas automáticas, munições para tanques Leopard 1 etc.
Nos
meios militares de vários países já se comenta que um moderno e
versátil avião a hélice de
ataque leve, o Embraer A-29 Super Tucano, seria uma solução ideal para
operações antidrones, pois é extremamente manobrável, rápido, versátil e
muito bem equipado com aviônicos avançados, sensores eletro-ópticos e
infravermelhos, sendo capaz de transportar uma grande variedade de
armas, incluindo metralhadoras, foguetes e munições guiadas com
precisão. Seu design é extremamente resistente, permitindo operar de
qualquer lugar. Além disso, é reconhecidamente experimentado em combate,
e com muito sucesso.
Dificilmente a aeronave da Embraer poderia ser exportada para países que estejam atualmente em conflito. No entanto, a nova potencialidade do Super Tucano poderá torná-lo uma ferramenta preferencial para forças aéreas de países da OTAN (na versão A-29N) que acompanham com preocupação a evolução do conflito Rússia x Ucrânia e querem se preparar para um possível embate com os russos em qualquer situação.
Na
África, onde a aeronave já é utilizada por várias forças aéreas, tal
potencialidade também deve chamar a atenção, especialmente em sua versão
padrão, haja vista que, além das missões de ataque leve, reconhecimento
e contrainsurgência, poderá ser a resposta adequada às recentes
aquisições de drones efetuadas por muitos países. Aliás, esse continente
já está sendo conhecido como "o novo playground para exportadores de
drones", com destaque para os artefatos chineses, turcos e israelenses.
Angola, Nigéria, Togo, Níger, Burkina Faso, Mali, Senegal, Etiópia,
Líbia, República Democrática do Congo, Chade, Marrocos e Sudão são
alguns exemplos.
Super Tucano versão
A-29N
A versão
A-29N do Super Tucano está especialmente configurada para atender às
exigências dos países da NATO (OTAN), tornando-o particularmente
adequado às
necessidades da Força Aérea Portuguesa (FAP), por exemplo. A versão NATO
inclui equipamentos e funcionalidades, tais como um novo datalink, single-pilot operation,
entre outras modificações. Tais funcionalidades aumentam ainda mais as
possibilidades de emprego da aeronave, permitindo, por exemplo, sua
utilização em missões de treinamento JTAC (Joint Terminal Attack Controller).
Os dispositivos de treinamento foram igualmente atualizados para os
padrões mundiais mais exigentes, incluindo realidade virtual, aumentada e
mista, oferecendo uma plataforma versátil para treinamento de pilotos
de caça.
O Super Tucano é uma
aeronave projetada para realizar diversas missões, incluindo
ataque leve, reconhecimento armado e treinamento tático. Destaca-se pelo
seu design robusto, capaz de resistir aos ambientes mais hostis e, ao
mesmo tempo, minimizar as necessidades de manutenção. Graças a uma
plataforma extremamente durável, ele pode operar em pistas despreparadas
e oferece alta capacidade de sobrevivência com recursos de proteção
ativa e passiva.
A cabine do A-29N foi projetada para reduzir a
carga de trabalho do piloto e maximizar a consciência situacional, com
uma interface homem-máquina avançada, ergonomia superior e
acessibilidade ideal. Os controles intuitivos permitem que o piloto se
concentre nos resultados da missão enquanto se beneficia de proteção
aprimorada com blindagem na cabine e no compartimento do motor (opcional). Os sistemas a
bordo incluem sensores eletro-ópticos/infravermelhos de última geração,
um designador de laser integrado para ataques precisos e sistemas
seguros de comunicação tática e navegação.
Em termos de
desempenho, o Super Tucano A-29N tem uma autonomia de 3,4 horas com combustível interno, estendendo-se para
5,2 horas com tanques externos e sensores EO/IR. Ele pode subir a uma
velocidade de 3.240 pés por minuto, com teto de serviço de 35.000 pés.
Sua capacidade de decolar e pousar em distâncias curtas (900 metros para
decolagem e 860 metros para pouso) o torna um grande trunfo para
operações a partir de bases avançadas.
A
aeronave possui velocidade máxima de 520 km/h,
rápida o suficiente para oferecer uma pronta resposta a alvos aéreos
detectados pelos radares terrestres, como helicópteros, pequenos aviões e
drones. Sua velocidade de estol é de 148 km/h, permitindo-lhe manobrar e
combater drones que naveguem próximo desta velocidade, mesmo em baixas
altitudes, como a maioria dos citados nesta matéria.
O sistema de gerenciamento
de segurança (SMS) do A-29N é totalmente integrado, gerenciando cinco
estações padrão da OTAN e duas metralhadoras internas calibre .50. Esta
configuração permite grande flexibilidade no armamento, oferecendo mais
de 160 possibilidades de configuração para atender às necessidades
específicas da missão. O Super Tucano também é equipado com um
sofisticado sistema de proteção eletrônica, incluindo contramedidas
automatizadas e sistemas de alerta de radar e mísseis, além de assentos
ejetáveis zero-zero para segurança da tripulação em emergências.
O
A-29N também é reconhecido por sua solução logística integrada,
proporcionando amplo suporte da Embraer. Isto inclui serviços de
manutenção, gestão de peças sobressalentes e um centro de contacto com o
cliente 24 horas por dia, 7 dias por semana, para garantir a máxima
disponibilidade operacional da frota. A Embraer também oferece uma linha
completa de dispositivos e estações de treinamento em solo, reduzindo
as horas de voo necessárias para treinamento de pilotos, acelerando o
processo de aprendizagem e otimizando custos operacionais.
A-29N |
Portugal
será o cliente lançador da versão A-29N do Super Tucano
Portugal
será o cliente lançador da versão A-29N do Super Tucano, modelo que a Embraer
lançou em 2023 como uma versão em
conformidade com a OTAN. Este fato foi revelado pelo Ministro da Defesa Nacional
português, João Nuno Lacerda Teixeira de Melo.
A Força Aérea Portuguesa está
de olho em uma aeronave com capacidade para realizar missões de apoio
aéreo aproximado (CAS) e de inteligência, vigilância e reconhecimento
(ISR) em teatros de operações com infraestrutura limitada, bem como
treinamento avançado de pilotos. Portugal
procura entre oito e 12 aeronaves, disse o Diretor da Direção de
Engenharia e Programas da Força Aérea Portuguesa, Brigadeiro-General
João Rui Ramos Nogueira, a Janes em novembro de 2023.
A
aquisição destas aeronaves não só fortalecerá as capacidades de defesa
de Portugal, mas também apoiará as suas missões de manutenção da paz,
particularmente na África, onde o país está ativamente envolvido. Além disso, a FAP
já planejava implantar os Super Tucanos no 103º Esquadrão “Caracóis”,
retomando assim as operações de treinamento de pilotos que haviam sido
suspensas após a retirada do Alpha Jet em 2018.
Mercado mundial: A-29 como aeronave antidrone
A
nova potencialidade de emprego antidrones de médio e grande porte dá
ao A-29 Super Tucano, nas versões OTAN ou padrão, um trunfo extra para ser adquirido por países da OTAN e do continente africano, bem como de outras regiões que queiram dispor da mais eficaz e estratégica ferramenta antidrone disponível atualmente, como Índia, Coreia do Sul e Oriente Médio, dadas às ameaças constantes em suas fronteiras.
É fundamental que a Embraer agilize seu staff de vendas para oferecer uma aeronave totalmente testada e aprovada em combate para países que procuram uma solução antidrone, antes que outros fabricantes desenvolvam uma ferramenta similar, como o AT-802, da fabricante americana de aeronaves agrícolas Air Tractor, pois na versão AT-802U Sky Warden, esta máquina se transforma em uma aeronave de ataque blindada leve.
AT-802U Sky Warden |
*Por "drones" entenda-se qualquer UAV ou VANT (veículo aéreo não tripulado), incluindo munições vagantes (loitering munition).
*Fontes de consulta sobre as atividades na Ucrânia e Rússia:
- Sputink Brasil: Aeronave russa modernizada Yak-52 será atualizada para combater drones
- Defense Express: Україна двічі подавала запит на закупівлю зброї до цієї країни, але безрезультатно: в списку були навіть літаки
- Defense Express: В Одесі "Орлан-10" збили з Як-52: чому цe про "літаючий трактор", якщо з Super Tucano не вийшло
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