*LRCA Defense Consulting - 04/06/2024
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, cumpriu agenda intensa em missão oficial que liderou ao Reino da Arábia Saudita nesta segunda-feira (3). Alckmin manteve encontro reservado com o vice-presidente e ministro de Investimentos da Arábia Saudita, Khalid Alfalih, com quem também abriu uma mesa redonda entre representantes dos governos dos dois países e investidores brasileiros e sauditas.
Um dos destaques da agenda do vice-presidente foi a assinatura do Acordo de Cooperação em Defesa com o ministro saudita, Khalid bin Salman. O documento prevê o aprofundamento das relações entre Brasil e Arábia Saudita em diversas áreas, com destaque para indústria, logística e tecnologia.
Citando o presidente brasileiro, Alckmin afirmou que “a Arábia Saudita é, no Oriente Médio, o principal parceiro comercial do Brasil”. A corrente de comércio bilateral está em cerca de U$ 7 bilhões e os investimentos recíprocos têm aumentado. A visita do vice-presidente à Arábia Saudita segue-se à viagem realizada pelo presidente ao país no final do ano passado e demonstra a importância que o governo dá à parceria com os sauditas.
Segundo informou a Agência de Notícias Saudita, durante a reunião foram revistas as relações bilaterais entre os dois países e foi discutido o fortalecimento da cooperação no domínio das indústrias de defesa, investigação e desenvolvimento, e a transferência (ToT) e localização de tecnologia (produção na Arábia Saudita), de acordo com o programa Visão Saudita 2030 (Saudi Vision 2030). (os grifos entre parênteses são desta Consultoria)
Embraer, Taurus e CBC
Embora os termos do acordo não tenham sido divulgados, esta Consultoria acredita que a afirmação "transferência (ToT) e localização de tecnologia (produção na Arábia Saudita), de acordo com o programa Visão Saudita 2030 (Saudi Vision 2030)" possa dizer respeito à parceria entre a Embraer e a Arábia Saudita no tocante ao fornecimento de jatos E2 para mobiliar a nova companhia aérea do país, bem como ao estabelecimento de uma planta de fabricação de aeronaves no Reino e seus respectivos serviços de MRO, que poderia também contemplar a produção da aeronave militar multimissão C-390 Millennium, caso os sauditas optem por ela.
Poderia também dizer respeito às iniciativas da CBC e da Taurus Armas de firmar joint ventures para produzir munições e armamento leve no Reino, haja vista que essas três empresas brasileiras estão negociando transferência de tecnologia e produção local nesse país.
Principais empresas brasileiras de Defesa com interesses na Arábia Saudita
A Akaer, na LAAD 2023, além de uma parceria com o Grupo Edge, promoveu uma outra com a empresa saudita Intra Defense Technologies para o desenvolvimento de drones naquele país. As duas companhias estabeleceram um contrato para o desenvolvimento de veículos aéreos não tripulados (UAVs, na sigla em inglês) de grande porte para, inicialmente, atender as necessidades da Arábia Saudita. O projeto, no entanto, poderá se estender para outros países e regiões. Atualmente, a Intra opera UAVs na Arábia Saudita com grande sucesso, acumulando mais de 4 mil horas de voo em diferentes missões. A empresa parceira desenvolveu dois UAVs VTOL (que realizam pouso e decolagem /verticais), um dos quais foi exposto na LAAD Defense & Security.
A Avionics Services
e a Arab Organization for Industrialization (AOI), durante a IDEX 2023 em Abu Dhabi, firmaram um MoU
(Memorando de Entendimento). "O MoU que assinamos com a
Organização Árabe para a Industrialização prevê o fechamento de contrato
para prover serviços de manutenção especializada em helicópteros, bem
como integração de sistemas embarcados, entre outros”, explicou João
Vernini, Diretor Presidente da Avionics Services. Atuando pelo
desenvolvimento da indústria de defesa árabe no Egito, Arábia Saudita,
Emirados Árabes Unidos e Qatar, a AOI busca intensificar a cooperação e
ampliar as parcerias com instituições e empresas internacionais na área
de defesa.
A CBC está próxima de firmar uma joint venture para estabelecer produção local de munições.
A Embraer, após vencer a licitação da Coreia do Sul para fornecer
aeronaves de transporte, está em vias de fornecer 33 aeronaves C-390
Millennium para a Arábia Saudita, podendo estabelecer uma joint venture para produção local, tendo firmado também diversos acordos relativos à aviação
comercial e militar com órgãos governamentais e grupos privados. Além disso, seus jatos E2 poderão mobiliar a nova companhia aérea saudita que está sendo montada.
A Mac Jee é uma grande exportadora de bombas, foguetes e munição de artilharia para o Oriente Médio, possuindo ainda uma grande unidade fabril de explosivos militares na Arábia Saudita em vias de conclusão.
A Ocellott assinou, em outubro de 2022, um MoU com a MISA (Ministério do Investimento da Arábia
Saudita). O objetivo do acordo é a aplicação de investimentos no
desenvolvimento de baterias de propulsão para aeronaves elétricas, os
eVTOLs (Electric vertical take-off and landing). Essa iniciativa está
alinhada com o foco de investimentos da Arábia Saudita em aviação e
eletrificação, assim como no desenvolvimento de uma cadeia de
suprimentos de altíssimo padrão para o país. Sobre a assinatura
do acordo, o CEO Ocellott, Henrique Lemos, comentou: “A assinatura desse
acordo é um passo importante na relação entre Ocellott e a Arábia
Saudita, mas também um estreitamento da relação entre a Arábia Saudita e
o Brasil, principal país da América Latina. Oferecemos uma colaboração
tecnológica robusta e tecnologia aeroespacial de ponta que está alinhada
a visão da Invest Saudi em desenvolver uma cadeia de suprimentos de
altíssimo padrão no Reino da Arábia Saudita.”
A Taurus Armas está em vias de firmar uma importante joint venture para a produção local de armas leves (pistolas, submetralhadoras e fuzis) para equipar as Forças Armadas Sauditas e de outros países do Oriente Médio. A decisão deverá ocorrer ainda neste mês.
A WEG inaugurou, em março de 2022, na Arábia Saudita, a maior planta de dessalinização de água marinha do mundo, a Rabigh 3, da qual a empresa participou como fornecedora de motores e inversores de frequência. O êxito do projeto foi homenageado e reconhecido pelo Guinness World Records como “maior instalação de dessalinização por osmose reversa do mundo”. Tida como um dos subsegmentos em crescimento dentro da plataforma de Alimentos e Bebidas, a aquicultura dá à WEG a possibilidade de utilizar seus produtos nas mais diversas aplicações. Prova disso é o fornecimento feito pela Operação Comercial da WEG no Equador, em parceria com a fabricante equatoriana de bombas Delta Delfini, para um projeto de fazenda de camarão na Arábia Saudita.
*Com informações do Governo Brasileiro e da Agência de Notícias Saudita.
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