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29 janeiro, 2024

Mercado interno para armas e munições tende a retornar com força em 2024


*LRCA Defense Consulting - 29/01/2024

No final de dezembro do ano passado, esta Consultoria publicou a matéria Taurus prepara "turnaround mercadológico" para 2024, onde analisou brevemente os mercados externos da Taurus: Estados Unidos, Índia e Arábia Saudita, trazendo matérias linkadas para cada um destes países, nas quais a respectiva situação é ampliada.

No entanto, por não ser o seu foco à época, a análise não contemplou a questão das eleições americanas e o significativo aumento de demanda por armas leves que sempre há nesse período nos EUA. Além disso, também não abordou a elevada e perigosa tensão que está acontecendo entre republicanos e democratas, que poderá desaguar em violência e distúrbios civis, levando a população a uma nova corrida às armas e munições. Assim, este fato foi, posteriormente, abordado em duas matérias: Taurus: o ano de 2024 poderá repetir a explosão de vendas de 2021 nos EUA? e Tensão nos EUA: metade dos governadores fica do lado do Texas na disputa de fronteira com Biden.

Além de tais fatores, a Câmara dos Deputados aprovou a abertura de processo de impeachment contra o presidente Joe Biden. A simples possibilidade de o impeachment ser aprovado, com Kamala Harris assumindo a presidência, já deve ser mais um motivo de estresse nesse conturbado ano eleitoral americano, haja vista que a vice-presidente é conhecida por representar uma esquerda mais radical e combativa que Joe Biden, além de ser uma oponente com muito mais peso, caso concorra contra Donald Trump nas eleições de novembro.

Mercado interno: o retorno
Em 2021, a Taurus vendeu 372 mil armas no mercado interno e, no ano seguinte, o total foi de 366 mil armas, volumes que contribuíram para que tivesse os seus melhores resultados históricos.

Em 2023, com a total ausência de legislação imposta pelo governo, a Taurus teve um ano praticamente perdido em termos de vendas internas ao mercado civil, restringindo-se apenas ao mercado institucional. Em consequência, a projeção anual de vendas para 2023 é de menos de 90 mil unidades.

Porém, a partir de novembro de 2023, a situação começou a mudar de forma positiva. Primeiro, foi liberada a lista de calibres permitidos, fato que foi seguido pela normatização da caça ao javali e por três portarias do Exército que regulamentaram a aquisição de armas por militares das Forças Armadas, por CACs e por integrantes das Polícias Militares, Corpos de Bombeiros Militares e GSI (a entrada em vigor desta última está suspensa para a realização de novos ajustes).

Ainda faltam as portarias que regulamentarão a aquisição de armas por policiais civis e policiais penais (estaduais e federais), bem como por outras polícias e pelos integrantes das Guardas Civis Municipais.

Somando-se todos os universos citados acima (exceto as GCM), chega-se um total de cerca de 1,5 milhão de consumidores que novamente poderão passar a adquirir as armas que desejarem, desde que estejam amparados pela legislação. Leve-se em conta ainda que há uma imensa demanda reprimida representada pelo "ano perdido" de 2023, que deverá ser satisfeita em 2024.

Perspectivas para a Taurus
Para as indústrias do setor de armamento leve e munição, tais portarias significam simplesmente a saída de um sufoco pelo qual passaram em 2023, especialmente aquelas que pouco ou nada exportam e/ou que só produzem armas de calibre restrito.

No entanto, como a quase totalidade de tais empresas é de capital fechado, não há como analisar os impactos do ano de 2023 e das legislações recentes em seus resultados, haja vista que não divulgam seus dados ao mercado.

A Taurus é a única empresa de capital aberto desse setor. Exportando mais de 80% de sua produção e possuindo um portfólio completo de armas de todos os calibres, o ano de 2024 significará o retorno das vendas ao mercado interno para a companhia. 

Estima-se que, dada à demanda reprimida em 2023 e à estratégia de desenvolver junto com a CBC o novo calibre Taurus TPC (mais potente que o .38 e quase similar ao 9mm), o ano de 2024 possa ter resultados semelhantes aos de 2021 e 2022, com vendas no mercado interno situadas em um patamar superior a 300 mil armas.

Caso se configure este cenário positivo, com os excelentes resultados esperados no mercado interno, nos Estados Unidos e na Índia, bem como com as boas perspectivas previstas para a joint venture na Arábia Saudita, a multinacional brasileira que se tornou a maior vendedora mundial de armas leves poderá ter um 2024 quase tão marcante quanto o ano histórico de 2021.

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