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01 janeiro, 2024

Pronta para iniciar sua operação na Índia, JD Taurus ativa seu site e informa as armas a serem produzidas

Fuzil JD Taurus T4 5,56mm sobre tecido camuflado no padrão do Exército Indiano

*LRCA Defense Consulting - 01/01/2024

Com a proximidade do início de sua produção na Índia, a JD Taurus - joint venture entre a Taurus Armas e a Jindal Defence (Jindal Group) - ativou seu site na Internet.

Por ali, é possível verificar que as armas a serem produzidas pela nova empresa são pistolas JD Taurus TS9 e TS9c, pistolas JD Taurus 57 SC 7.65mm, revólveres JD Taurus 073 .32 S&WL, carabinas JD Taurus T9 e fuzis JD Taurus T4 5.56x45mm.


De forma institucional em seu site, a JD Taurus afirma que "A Jindal Defense Systems Private Limited e a Taurus Armas trazem armas de fogo tecnologicamente avançadas desenvolvidas no Brasil, agora fabricadas de forma indígena (local) na Índia, para a segurança dos cidadãos e para capacitar os bravos soldados a nunca errar o alvo. Com mais de 80 anos de experiência, a Taurus é líder global na fabricação de armas de fogo e é conhecida por sua excepcional qualidade, confiabilidade e alcance."

A empresa prossegue sua divulgação enfatizando que "Agora, com esta joint venture, a JD Taurus está trazendo sua abrangente linha de produtos, que serão produzidos na fábrica de última geração situada no estado de Haryana, incluindo seu próprio campo de tiro para fins de testes rigorosos, a fim de garantir o bom funcionamento da Taurus dentro de padrões de segurança internacionais conhecidos. A tecnologia de ponta da Taurus e as rigorosas medidas de controle de qualidade garantem que cada arma de fogo seja da mais alta qualidade e atenda aos padrões internacionais de segurança".

Acessórios e customização
O site também deixa antever que, em breve, a JD Taurus passará a oferecer acessórios e a customização de armas.


Início da produção
Segundo afirmou Salesio Nuhs, CEO Global da Taurus, na última reunião da Apimec em 06 de dezembro, a JD Taurus pretende iniciar sua produção neste mês, com pistolas e revóveres, ainda que  a inauguração formal vá ocorrer posteriormente, em data a ser definida considerando algumas imposições indianas de cunho cultural e religioso.

No entanto, mesmo sem começar suas operações, a empresa já tem uma pequena carteira de pedidos e está trabalhando para ampliá-la. Para isso, conta com um setor de marketing & vendas já ativo, com uma rede estabelecida de distribuidores e lojistas e, principalmente, com o prestígio e a penetração do Jindal Group, um dos maiores e mais poderosos grupos privados da Índia.


Unidade fabril da JD Taurus
A Taurus tem 49% da joint venture, mas sua participação se dá com a transferência de tecnologia (ToT), cabendo à Jindal Defence (51%) todos os investimentos necessários ao estabelecimento e ao funcionamento da empresa.

A JD Taurus tem capacidade de produção total de 1.500 armas por dia e poderá iniciar fabricando em torno de 1.150 armas civis por dia, conforme a demanda. Caso vença a megalicitação de fuzis em curso, poderá ser rapidamente expandida, haja vista que a instalação está situada dentro de um terreno total bem maior. Além disso, visando o prestígio a empresas locais, uma parte da produção está sendo terceirizada, pelo menos inicialmente, fazendo com que a necessidade de espaço interno fabril seja menor.

Esta Consultoria julga relevante ressaltar que o Brasil, que tem uma característica de exportar majoritariamente bens do setor primário, começa a exportar tecnologia para um dos países mais importantes do mundo, o maior em termos populacionais, e em setor extremamente estratégico, que é o setor de defesa, onde a Índia já se destaca no concerto das nações por desenvolver armas estratégicas e equipamentos com tecnologia de ponta.

Visão parcial da unidade fabril da JD Taurus

Oportunidade maior que o ano de 2021
Em dezembro de 2022, o CEO Global da Taurus afirmou, durante um evento com investidores na fábrica de São Leopoldo, que a Índia representa uma oportunidade ainda muito maior e mais perene do que aquela que a empresa que teve no ano de 2021, quando a Taurus percebeu e se preparou a tempo para a impressionante e inédita demanda que viria nos EUA, aproveitando-a ao máximo e fazendo de 2021 o melhor ano da história da companhia.

Salto no EBITDA
Um outro motivo para o entusiasmo do CEO Global da Taurus é a geração de caixa que a operação na Índia deverá gerar, haja vista que, enquanto sua empresa contribui com a transferência de tecnologia, cabe ao Grupo Jindal quase todos os investimentos, da produção à distribuição, passando pelo marketing e demais custos necessários. Com isso, os 49% dos frutos a que a Taurus terá direito serão recebidos praticamente "limpos", possibilitando um enorme salto no EBITDA da empresa.

Para se ter uma dimensão da importância do negócio na Índia, esta Consultoria relembra abaixo detalhes sobre o país, suas dimensões em todos os campos e seus mercados civil, militar e de segurança pública.

Índia - um país com números impressionantes
Sob qualquer aspecto em que sejam analisados, os números da Índia são impressionantes. Afinal:
- tem mais de 1,4 bilhão de habitantes, tendo se tornado o país mais populoso do mundo neste ano;
- é considerada a quarta potência militar do planeta, atrás apenas dos EUA, Rússia e China;
- suas forças armadas têm mais de 1,3 milhão de integrantes;
- suas forças de segurança possuem um efetivo de mais de 1,4 milhão de policiais;
- a segurança privada do país conta com mais de 7 milhões de homens e mulheres;
- nos últimos cinco anos, a Índia foi o segundo maior importador mundial de armamentos;
- está entre os cinco principais países do mundo com maiores gastos no setor de defesa;
- tem o 8º PIB do mundo, à frente de países como Itália, Coreia do Sul, Canadá e Rússia.

Maior e mais inexplorado mercado do mundo para armas leves
Em termos militares e de maneira geral, suas forças armadas possuem armamentos atômicos, bem como aviões, navios, artilharia, tanques e mísseis modernos. Anteriormente, a maior parte era importada dos Estados Unidos, Rússia e França, mas a indústria nacional começou a desenvolver e a produzir tais itens e está avançando a passos impressionantes, graças às iniciativas "Make in India" e "Atmanirbhar Bharat" (Índia Autossuficiente), implementadas pelo Primeiro-ministro Narendra Modi.

Com relação ao armamento leve, com exceção de algumas unidades especiais, a maior parte das forças regulares e a quase totalidade das forças de segurança ainda usa metralhadoras de mão, pistolas e fuzis antiquados produzidos pelas fábricas estatais. Há pouco tempo, houve uma grande importação de fuzis de assalto americanos (que estão apresentando falhas) e foi firmada uma joint venture com a Rússia para a produção local do fuzil de assalto AK-203. A partir daí, diversas iniciativas semelhantes estão sendo costuradas com empresas de outros países, sempre com transferência de tecnologia.

Mercados civil e governamental
Segundo estimativas internacionais e da própria Índia, este país ultrapassou a China em abril de 2023, tornando-se o mais populoso do mundo, superando a marca de 1,4 bilhão de pessoas.

Apesar disso, fontes internacionais afirmam que a Índia possui apenas cerca de 74 milhões de armas leves civis, principalmente antigos e obsoletos revólveres e pistolas. Segundo as últimas informações prestadas por executivos da Taurus, o país fornece anualmente cerca de 45 mil novas licenças para aquisição de armas e há cerca de 12 milhões de licenças ativas. Isso acontece em virtude de uma legislação bastante rígida e de costumes culturais milenares que levam, por exemplo, a uma parte da polícia ostensiva ser armada apenas com porretes.

Salesio Nuhs afirmou, na reunião Apimec em dezembro, que a questão do armamento para civis começou a ser discutida com mais ênfase na Índia há três anos, coicidentemente ou não na mesma época em que o Grupo Jindal o procurou para propor uma joint venture.

Aqui, é importante observar que o que dá sustentação e perenidade a uma fabricante de armamento leve é o mercado civil. Assim, é preciso ressaltar que o foco da Taurus, nos EUA, na Índia e no resto do mundo, é o mercado de armas civis, pois é neste que obtém as melhores margens, sendo o motivo primordial de a fábrica indiana começar sua fase operacional produzindo esse tipo de arma. As licitações, como toda a venda por atacado, causam uma diminuição das margens, que é compensada, no entanto, pelos altos volumes envolvidos.

Não parece haver dúvidas de que um mercado civil com apenas 74 milhões de armas antigas para uma população de 1,4 bilhão de pessoas é um nicho atraente, perene e promissor, sob qualquer ângulo que seja visto, e este é um dos motivos que levou o gigante Jindal Group a procurar a Taurus e com ela firmar uma joint venture em 2020 para produção de armas leves civis e militares na Índia.

No entanto, além do mercado civil, a JD Taurus já está participando de importantes e significativas licitações no imenso mercado militar e de segurança indiano.

Além da megalicitação de 425.000 fuzis para as Forças Armadas indianas que a empresa está disputando e que se definirá no início deste ano, as licitações futuras para órgãos policiais e paramilitares do país já somam cerca de 260 mil armas de diversos tipos (fuzis, submetralhadoras e pistolas). Ou seja, ainda sem ter inaugurado sua fábrica na Índia, a JD Taurus já tem a perspectiva de concorrer a licitações que montam, por enquanto, em cerca de 685 mil armas, além de um imenso e quase inexplorado mercado civil.

Fuzil JD Taurus T4 é um forte concorrente na megalicitação para as Forças Armadas indianas

No que se refere às licitações em todos os níveis governamentais, a multinacional brasileira tem preços muito competitivos, alta tecnologia/qualidade e volume de produção (algo que poucos fabricantes têm), além de ter sido a primeira joint venture de armas leves na Índia e de ter uma fábrica agora pronta para entrar em operação. Os três primeiros fatores fizeram com que vencesse a concorrência para fornecer o Fuzil T4 ao Exército das Filipinas no ano passado, também competindo com grandes fabricantes internacionais de armas. Segundo o CEO da Taurus declarou recentemente, existem dois grandes fabricantes que são favoritos na megalicitação de fuzis indiana, sendo a Taurus um deles, e é bastante provável que cada um fique com 50% do total.

Índia: novo divisor de águas para a Taurus
Em síntese, esta Consultoria está convicta de que a Índia poderá se constituir em um novo divisor de águas para a multinacional brasileira, assim como já o foram a sua venda para a CBC, a assunção da equipe dirigente liderada por Salesio Nuhs e o turnaround "de livro" que esta implementou na empresa.

 

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