*Money Times, por Pedro Pligher - 27/10/2023 (extrato)
Uma
das grandes disputas da Taurus no momento, em relação a licitações, é
com o governo indiano, que há alguns anos abriu processo para uma compra
bilionária de 420 mil fuzis. A fabricante gaúcha é uma das
concorrentes.
São 5 anos para fornecer todo o volume de armas,
que devem ter ao menos 60% das partes produzidas na Índia. A empresa já
tem uma fábrica no país, em parceria com Jindal Group, está pronta e
montada para operação no país. “Só falta o documento”, diz. Ele cita que
uma das vantagens do Brasil nessa tramitação é justamente o
conhecimento de mecanismos burocráticos, presentes em nosso país. “Um
país que não sabe conviver com a burocracia não consegue competir com a
Índia”, afirma.
Segundo Salesio, a vitória na disputa pode ser um
divisor de águas para a Taurus, mais pelo desafio superado do que pelo
resultado financeiro. “Numa licitação você não tem margens grandes, pois
você ‘briga’ com outros concorrentes pelo melhor preço”, diz Salesio.
“Mas
é um divisor no que diz respeito a essa questão de transferência de
tecnologia. Montarmos uma fábrica num país ‘hiper-burocrático’ e
complicado como a Índia, que tem um conceito de agilidade muito
diferente do Brasil, é um divisor de águas”, afirma.
A fabricante
gaúcha está praticamente na parte final do processo, com um teste
físico dos fuzis da empresa. A data dos testes, que seriam realizados
neste mês, foi alterada para dezembro. Segundo Salesio, o adiamento foi
feito para que a temperatura ficasse ainda mais baixa para os testes,
que serão realizados nas montanhas do Himalaia. Depois dele, são feitos
os relatórios sobre as armas, e então divulgado o resultado do vencedor.
Fábrica na Arábia Saudita em avaliação
O
CEO diz também que tudo que está sendo feita na Índia pavimenta um
caminho para outro país que a Taurus está de olho: “É importante demais
para o processo que estamos fazendo para a Arábia Saudita, pois é uma
‘escola’ para nós”, afirma Salesio.
“Estamos
mapeando o tamanho do mercado do Oriente Médio junto a nosso parceiro
local”, diz Salesio. A parceria, no caso, é com a Scopa Defense Trading,
empresa saudita com que a Taurus assinou um Mou (memorando de
entendimento) para a constituição de uma joint-venture local.
O
acordo faz vêm no âmbito do Saudi Vision 2030, estratégia política dos
sauditas para diminuir a dependência em petróleo, com investimentos em
várias áreas, incluindo defesa. O público alvo das empresas é o setor
militar e policial de toda a região, mas o civil também é “uma
possibilidade”, segundo Salesio.
“Em Riad (capital saudita) tem
um clube de tiro. Lá, 90% das armas do clube são da Taurus”, afirma.
“Estamos considerando montar a primeira franquia AMTT [loja conceito da
Taurus, com unidades em Brasília e em São Paulo] fora do país em Riad,
se esse projeto da joint-venture for encaminhado”, diz.
Salesio
diz que um dos grandes problemas encontrados é em relação aos
funcionários que a fábrica terá de encontrar. “O grande problema da
Arábia Saudita é a mão de obra qualificada”, afirma Salesio. “Isso será
um grande desafio”, diz. Segundo ele, será necessária ter grande volume
na demanda para que o investimento local valha a pena.
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