Pistola Taurus PT57: a primeira arma civil a ser fabricada na Índia |
*LRCA Defense Consulting - 09/07/2023
Segundo estimativas internacionais e da própria Índia, este país ultrapassou a China em abril deste ano, tornando-se o mais populoso do mundo, superando a marca de 1,4 bilhão de pessoas.
Apesar disso, fontes internacionais afirmam que a Índia possui apenas cerca de 74 milhões
de armas leves civis, principalmente antigos e obsoletos revólveres e pistolas. Segundo os executivos da Taurus, em 2022 foram fornecidas 42 mil novas licenças e há cerca de 11 milhões de licenças ativas. Isso acontece em virtude de uma legislação bastante rígida e de costumes culturais milenares que levam, por exemplo, a uma parte da polícia ostensiva ser armada apenas com porretes.
O que dá sustentação e perenidade a uma fabricante de armamento leve é o mercado civil. Assim, é importante ressaltar que o foco da Taurus, nos EUA, na Índia e no resto do mundo, é o mercado de armas civis, pois é neste que obtém as melhores margens, sendo o motivo primordial de a fábrica indiana começar sua fase operacional produzindo esse tipo de armas. As licitações, como toda a venda por atacado, causam uma diminuição das margens, que é compensada, no entanto, pelos altos volumes envolvidos.
Não parece haver dúvidas de que um mercado com apenas 74 milhões de armas antigas para uma população de 1,4 bilhão de pessoas é um nicho atraente, perene e
promissor, sob qualquer ângulo que seja visto, e este é um dos motivos que levou o gigante Jindal Group a procurar a Taurus e com ela firmar uma joint venture em 2020 para produção de armas leves civis e militares na Índia.
Conforme os executivos da Taurus Armas declararam em uma live recente,
só há um fabricante indiano de pistolas .32 ACP (7,65mm), maior calibre
permitido para uso civil: o Ordnance Factory Board (OFB), uma grande
organização estatal sob a tutela do Departamento de Produção de Defesa
do Ministério da Defesa indiano. A importação de armas para uso civil não é permitida.
Ashani pistol MK-II .32 ACP, produzida pelo OFB |
A pistola Ashani MK-II no calibre .32 ACP (7,65mm) é uma das armas mais recentes produzidas pelo OFB para uso civil. Lançada oficialmente no final de 2017, essa antiquada pistola de oito tiros e ação única foi desenvolvida internamente pelo OFB com base na pistola Colt 1903, embora externamente se assemelhe à FN 1903 e à Remington modelo 51. Seu custo final ao consumidor é de cerca de 1.200 dólares americanos.
A JHind India Taurus Private Limited, cuja fábrica deve começar a operar em breve, irá produzir para esse mercado a Taurus PT57, também no calibre 7,65mm. Trata-se de uma moderna semiautomática de 12 tiros que é incomparavelmente superior aos modelos produzidos pelo OFB e que será fabricada já com 100% de componentes produzidos no próprio país.
Propaganda da Taurus PT57 na página da Jindal Defence |
Para se ter uma ideia do potencial de mercado em relação a valores de ticket médio, enquanto a indiana Ashani custa cerca de US$ 1.200,00, a Taurus PT57 custa, nos Estados Unidos, cerca de US$ 300,00, com um custo de fabricação similar ao que terá também na Índia. Com isso, a Taurus poderá oferecer ao mercado uma arma muito superior a um custo similar ou mais baixo para o consumidor, gerando uma excelente margem de lucro.
Em virtude deste fato e das licitações em curso para os gigantescos mercados militar e policial, Salesio Nuhs, CEO Global da Taurus, declarou na live citada acima que "a Índia é a 1ª prioridade em termos de novos negócios e novos investimentos da empresa". A afirmação adquire total sentido, pois não é difícil concluir que o mercado indiano poderá superar muitas vezes o brasileiro, como também afirmou o executivo.
Detalhe da fábrica da Taurus na Índia |
Fábrica na Índia
A fábrica indiana, com uma capacidade de produção inicial de 1.500 armas por dia, está situada dentro de um terreno total bem maior, possibilitando a expansão que for necessária no futuro. Além disso, visando o prestígio a empresas locais, uma parte da produção está sendo terceirizada, pelo menos inicialmente, fazendo com que a necessidade de espaço interno fabril seja menor.
A infraestrutura está concluída e inclui, além das máquinas e equipamentos importados do Brasil e outros adquiridos
localmente, uma linha de tiro de
classe mundial com instalações para testes e homologação, além da infraestrutura de apoio, como laboratórios de
metrologia e metalurgia. A
inauguração está prevista para ser realizada em grande
estilo, com a presença de altas autoridades políticas, militares,
policiais e empresariais do país, mas sem uma data definida até o
momento, já que o início da operação ainda necessita de alguns
documentos exigidos pela intrincada burocracia indiana.
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