*Aviation Week, por Tony Osborne - 10/07/2023
A Embraer está tentando abocanhar uma fatia do bolo de modernização de defesa da Europa com as vendas do avião de transporte aéreo C-390 e do A-29 Super Tucano.
Anteriormente, a presença da montadora brasileira no mercado europeu se limitava às vendas de seu treinador básico Tucano, seu transporte leve Xingu e o avião de combate leve AMX que foi desenvolvido com a Itália durante a década de 1980.
Hoje, porém, a empresa está fazendo novas incursões na região.
Portugal receberá em breve a entrega formal do primeiro dos cinco aviões C-390 Millenium, enquanto a Holanda deverá assinar contratos para uma frota planejada de cinco aeronaves até o final do ano.
O C-390 também está sendo comprado pela Hungria com a primeira aeronave de Budapeste em montagem final e o interesse crescente de outras nações européias, incluindo Áustria, República Tcheca e Suécia.
A maioria dessas nações quer usar o C-390 para substituir o antigo Lockheed Martin C-130 Hercules que domina o cenário de transporte aéreo da Europa.
Ao mesmo tempo, a Embraer também está desenvolvendo o que chama de configuração NATO do A-29 Super Tucano especificamente voltada para clientes europeus, com trabalhos de desenvolvimento a serem conduzidos em Portugal.
“Tenho uma estratégia clara para internacionalizar a Embraer Defesa e Segurança e tornar a empresa ainda mais internacional”, disse Bosco da Costa Junior, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança, ao Aviation Week's Show News no recente Paris Air Show.
C-390 é o único avião de transporte desenvolvido no século 21
As nações foram atraídas pelo C-390 porque é o único avião de transporte desenvolvido no século 21, observa ele, acrescentando que a Força Aérea Brasileira está vendo números de disponibilidade e confiabilidade de despacho mais semelhantes aos do mundo comercial.
“Estamos confiantes de que o C-390 e o A-29 podem desempenhar um papel importante, especialmente aqui na Europa”, diz ele.
Portugal forneceu um caso de teste útil para a introdução do C-390 na Europa, com a Embraer instalando o que chama de pacote de operações da OTAN, que inclui um link de dados Link 16, sistema militar de navegação por satélite, novos transponders e rádios criptografados.
Equipamentos semelhantes serão instalados nas duas aeronaves da Hungria e previstos para as cinco da Holanda. Portugal também voou recentemente seu primeiro KC-390 equipado com um pod de guerra eletrônica desenvolvido pela Elbit nos pilones das asas externas.
A Embraer está prevendo um mercado de cerca de 690 aviões de transporte em todo o mundo.
Dupla vantagem do Super Tucano: treinamento e ataque leve
Os funcionários da empresa não esperam grandes encomendas do Super Tucano na Europa, mas acreditam que a plataforma pode oferecer uma capacidade útil para forças aéreas menores, pois a aeronave pode ser usada tanto para treinamento quanto para ataque leve. Atualmente, o Pilatus da Suíça domina o mercado europeu de turboélices, mas tipos como o PC-21 não podem ser usados para a missão de ataque leve, limitando-os ao papel de treinamento. O Super Tucano, portanto, pode ser atraente como uma plataforma multifuncional.
É provável que Portugal seja um dos primeiros clientes do Super Tucano, tendo identificado a necessidade de uma plataforma de apoio aéreo aproximado em sua nova lei de programação militar aprovada em março.
Outras missões potenciais identificadas para o Super Tucano na Europa incluem o treinamento Joint Terminal Attack Controller, fornecendo uma plataforma de custo mais baixo em comparação com jatos rápidos.
Gripen
A Embraer também está apoiando as negociações entre a Força Aérea Brasileira e a Saab sobre um futuro lote de caças Gripen E, além de seu pedido existente de 36.
O Brasil montará 15 dos 36 caças F-39E/F Gripen encomendados por sua força aérea até agora, mas está propondo garantir mais compartilhamento de trabalho na aeronave para ajudar a reduzir o custo unitário, potencialmente com a produção nacional de componentes como arreios ou trem de pouso. “Aumentar o conteúdo da Embraer Defesa e Segurança no Gripen para o Brasil pode ajudar a levar a Saab a entregar uma proposta melhor”, sugere da Costa Júnior.
*Tony Osborne
Baseado em Londres, Tony cobre programas de defesa europeus. Antes de ingressar na Aviation Week em novembro de 2012, Tony estava no Shephard Media Group, onde foi vice-editor das revistas Rotorhub e Defense Helicopter.
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