Francisco Gomes Neto, presidente e CEO da Embraer |
*Mint, por Anu Sharma - 01/06/2023
A brasileira Embraer está em negociações com os grupos indianos Tata e Mahindra, entre outros, para uma parceria na fabricação de aeronaves, disseram altos executivos da empresa, enquanto a terceira maior fabricante de jatos de passageiros do mundo trabalha para expandir sua presença na Índia.
“A Tata nos disse que eles começariam com foco em grandes aeronaves, e isso envolve Airbus e Boeing. Depois disso, eles olhariam mais aeronaves regionais, e aí está o mercado em que estamos”, disse o presidente e diretor executivo (CEO) Francisco Gomes Neto em entrevista.
A Embraer é líder na aviação regional e segue a Airbus e a Boeing no mercado de jatos comerciais maiores. A empresa espera finalizar seu parceiro indiano para a fabricação de aeronaves de defesa até o final de 2023.
“Estamos em contato com vários parceiros em potencial, como Tata, Mahindra e outras empresas também. Não vamos demorar tanto. Acredito que em algum momento do final deste ano decidiremos com que tipo de parceiro seremos", disse o presidente e CEO de defesa e segurança da empresa, Bosco Costa Junior.
Índia quer adquirir até 80 aeronaves de transporte médio
A Força Aérea Indiana (IAF) está procurando aeronaves de transporte médio que possam levantar 18 a 30 toneladas, um processo que espera concluir até 2025-26. A Embraer, que apresentou o produto na Aero India 2023 em Bengaluru em fevereiro, lançou seu mais recente produto de defesa – a aeronave de transporte aéreo tático multimissão C-390 Millennium – para o pedido.
“A Índia tem um processo de aquisição para até 80 unidades de aviões táticos de carga; então, estamos vendo esse mercado como um mercado muito importante para nós, e temos a intenção de ser muito agressivos nesse tipo de iniciativa até para ter uma linha de montagem final lá”, acrescentou Costa Junior.
A Embraer vê “uma boa oportunidade” na Índia, disse o CEO Neto. “A IAF já viu nossas aeronaves; eles gostam. Tivemos boas experiências de países como a Holanda com relação ao C-390 Millennium. Para informação (RFI), achamos que o C-390 Millennium é a melhor solução para esse tamanho de aeronave", acrescentou.
Embraer é bastante conhecida na Força Aérea da Índia
A Embraer não é novidade na aviação de defesa indiana. A empresa já havia colaborado com a Organização de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa (DRDO) para fabricar três aeronaves Netra de alerta aéreo antecipado e controle (AEW&C) baseadas na plataforma ERJ145 da Embraer, que são operadas pela IAF. Os jatos Legacy 600 da Embraer também são operados pela IAF e pela Força de Segurança de Fronteiras (BSF) para o transporte de autoridades governamentais e VIPs.
A empresa já havia conversado com a IndiGo para a próxima geração de aeronaves turboélice, disse Neto, acrescentando que a maior companhia aérea da Índia estava “muito interessada”.
Os problemas globais da cadeia de suprimentos continuam a impactar a fabricação aeroespacial, mas a entrega de peças e motores de aeronaves deve melhorar em 2023 em comparação com 2022, embora em um ritmo gradual. A Embraer pretende entregar 65-70 jatos comerciais e 125-130 jatos executivos em 2023, contra 57 jatos comerciais e 102 jatos executivos entregues em 2022.
“Podíamos fazer mais, mas tínhamos algumas limitações em relação aos motores; por isso demos essa orientação. Este ano ainda será desafiador para nós por questões de cadeia de suprimentos”, acrescentou Neto.
(O repórter esteve em Lisboa a convite da Embraer)
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