*LRCA Defense Consulting - 15/05/2023
A Taurus Armas S. A. divulgou hoje seus números referentes ao 1T23, trazendo resultados em linha com os esperados por analistas, haja vista a indefinição do mercado doméstico no período e a estabilização no mercado americano, mesmo que em patamares superiores à época pré-pandemia.
Vendas superiores ao 4T22 e ao período pré-pandemia
Em suas duas unidades industriais, no Brasil e nos EUA, a empresa produziu o total de 331 mil armas no trimestre, volume 42,4% inferior ao verificado no mesmo trimestre de 2022, mas superior em 0,9% ao volume registrado no 4T22.
Como reflexo dessas condições, o volume de vendas da Taurus no 1T23, de 352 mil unidades de armas, diminuiu 31,9% em relação a igual período do ano anterior e 17,1% ante o 4T22, principalmente em razão das vendas no mercado doméstico, que foram impactadas pela indefinição com relação à regulamentação sobre armas no País nesse trimestre.
No mercado norte-americano, o volume de vendas de armas diminuiu em 23,8% quando comparado ao 1T22, mas se manteve basicamente estável (redução de -0,3%) ante o trimestre imediatamente anterior.
No entanto, quando consideramos o volume de vendas do mesmo período de 2019, antes do início do “boom” da demanda nos EUA (pandemia, eleições e distúrbios civis), as vendas do 1T23 apresentam alta de 2,3%.
Redução no lucro causada pelas condições do mercado
Em armas & acessórios, a receita operacional líquida teve evolução negativa de 34,4% no 1T23 ante igual trimestre do ano anterior, e é resultado do menor volume de vendas. A receita de capacetes foi R$ 21,1 milhões, inferior em 4,1% à registrada no 1T22, enquanto que a receita proveniente da venda de M.I.M. foi de R$ 4,3 milhões, o que indica alta de 59,3%, no mesmo período de comparação. No trimestre, o preço médio de vendas foi de R$ 1.215,00.
A menor receita líquida registrada no 1T23 ante o 1T22 se refletiu na redução de 47,3% do lucro bruto, que totalizou R$ 176,4 milhões no 1T23. Mesmo assim, a margem bruta foi de 38,9%, mantendo bom nível de rentabilidade.
O lucro líquido foi de R$ 35,4 milhões no trimestre, ante R$ 195,0 milhões em igual trimestre de 2022 e de R$ 121,0 milhões no 4T22. O resultado do 1T23 foi impactado pelas condições de mercado, com
consequente redução das vendas, principalmente no mercado nacional, e
da receita operacional, com menor diluição de custos e despesas.
Forte geração de caixa e Ebitda superior ao período pré-pandemia
A eficiência operacional da Taurus se confirma ao verificar que a rentabilidade bruta da Companhia, com margem de 38,9%, continua se mantendo à frente da obtida por empresas norte-americanas do setor que divulgam seus resultados, já que também têm suas ações listadas em bolsa de valores. No 1T23, a margem bruta da Ruger foi de 25,8% e Smith & Wesson, considerando o trimestre de novembro/22 a janeiro/23, de 32,4%.
A geração de caixa medida pelo Ebitda ajustado no 1T23 foi de R$ 65,3 milhões, resultado 73,0% inferior ao apurado no mesmo trimestre de 2022. Ainda assim, a Companhia mantém sua característica de forte geradora de caixa.
Considerando o primeiro trimestre dos últimos anos, o Ebitda ajustado do 1T23 foi inferior apenas aos registrados nos anos de 2020 e 2021, período no qual o mercado, especialmente nos EUA, maior mercado mundial de armas, estava com demanda atípica e extremamente aquecida.
Menor endividamento e alavancagem inexpressiva de apenas 0,15x
No 1T23, a dívida bruta bancária da Taurus foi reduzida em R$ 59,2 milhões, totalizando R$ 429,0 milhões ao final de março. Ao mesmo tempo, a Companhia seguiu ampliando sua posição de caixa e aplicações financeiras, que era de R$ 334,8 milhões em 31/03/2023, superior em 1,9% ante o saldo registrado no encerramento do exercício de 2022. Assim, o endividamento bancário líquido em 31/03/2023 era de R$ 94,2 milhões, tendo sido reduzido em 40,9% (R$ 65,4 milhões) ao longo do 1T23.
A forte geração de caixa dos últimos anos permitiu a contínua redução do saldo da dívida, ao mesmo tempo que financiava a operação e os investimentos voltados para modernização e crescimento dos negócios. Com isso, atualmente a Taurus apresenta perfil financeiro bastante confortável, com baixo endividamento. Tomando por base o Ebitda dos últimos 12 meses encerrados em 31/03/23, o grau de alavancagem financeira era de 0,15x ao final do 1T23.
Perspectivas para 2023
Apesar de os números do trimestre não serem muito empolgantes, dadas às condições do mercado, a Taurus tem excelentes perspectivas para o ano em curso.
Índia
Em 2 de maio, foi entregue a proposta para a licitação do Ministério da Defesa da Índia de 425 mil fuzis, maior licitação de fuzis já realizada no mundo. Segundo informações desse Ministério, além da Taurus, outras 14 empresas se candidataram e as documentações serão avaliadas no prazo de 30 dias.
Ainda na Índia, além dos 425
mil fuzis que estão sendo licitados com a participação da Taurus, a
empresa informou anteriormente que foi prospectada a possibilidade de mais de 44 mil
armas táticas e 90 mil
pistolas, existindo ainda outras oportunidades de mais de 55 mil
armas.
Arábia Saudita
Juntamente com a CBC, a Taurus poderá fechar em breve um grande negócio na Arábia Saudita, passando a fornecer seus produtos para um dos maiores compradores de armas do mundo e utilizando esse país como base de exportação para mercados hoje inacessíveis para ambas.
Law Enforcement nos EUA
A Taurus hoje se apresenta como uma empresa sólida com modelo de gestão
consolidada e focada no futuro, perseguindo sempre se manter como a
maior fábrica de armas leves do mundo, seja por crescimento da demanda,
pela sua competência de rapidamente se adaptar às tendências, ou por
meio de aquisições e parcerias, principalmente focando o mercado de
“law enforcement”, uma estratégia para acessar novo nicho
de mercado nos EUA e a entrada em outros mercados policiais no resto do
mundo.
Em março, em live realizada com a SaraInvest,
o CEO Global da empresa, Salesio Nuhs, e seu CFO, Sérgio Sgrillo Filho,
foram quase enfáticos ao afirmar que, neste ano, a Taurus buscará uma
parceria, joint venture ou gestão de operação com uma empresa americana que já tenha tradição em Law Enforcement, a fim de facilitar o ingresso nesse enorme mercado, tanto nos EUA como no resto do mundo. Acessoriamente
e em termos de novidade, os executivos comentaram que isso também será
uma opção premium para o consumidor civil que busca
utilizar as armas de uso policial, o que representa outro mercado
totalmente novo.
Em outra live da mesma época, desta feita com a equipe da Eleven Financial Research, Salesio Nuhs, com bastante entusiasmo, explicou o posicionamento da companhia com relação ao enorme e promissor mercado americano de Law Enforcement, onde ela ainda não atua. No final de sua explanação sobre o assunto, Salesio afirmou que "já, já a gente vai ter novidades nesse segmento".
Primeira empresa estratégica de defesa ESG
Em prestigiada live ocorrida no dia 02 de maio e transmitida ao vivo no YouTube, a Taurus Armas S.A. apresentou o seu 1º Relatório de Sustentabilidade e promoveu um painel abordando o tema ESG. Na oportunidade, a empresa comunicou seus esforços e conquistas em relação à gestão social, ambiental e de governança, ou seja, na consolidação de suas ações quanto à pauta ESG.
A divulgação do relatório ESG celebra uma nova etapa na história da companhia, em que a Taurus se consolida como a primeira empresa estratégica de defesa ESG.
Na visão do CEO Global da Taurus, Salesio Nuhs, a pauta ESG é uma ação estratégica, que traz impactos positivos para a sociedade, para o ambiente e para os negócios, e irá agregar nos resultados da companhia, com ganhos como: reduções nos resíduos e nos consumos de energia e de água, redução dos custos e aumento da produtividade por meio da capacitação dos profissionais e de ambientes revitalizados.
Além da imensa gama de benefícios proporcionados pelo comprometimento da Taurus com a pauta ESG, o fato poderá destravar o investimento de grandes fundos internacionais que tenham como objetivo investir em empresas com tal qualificação.
Dividendos complementares e recompra de ações
Na AGO realizada em 28/04/2023 foi aprovada a criação de reserva estatutária no valor de R$ 304.701.727,29, com várias finalidades, entre as quais a de possibilitar um programa de recompra de ações no âmbito do Plano de Outorga de Ações e a distribuição de dividendos a qualquer momento. A AGO também deu plenos poderes para o Conselho de Administração deliberar, quando julgar interessante, sobre recompra de ações e pagamentos mais frequentes de dividendos.
Como é bastante provável que, dos R$ 304 milhões, uma parcela seja destinada ao Programa de Recompra de Ações, esta Consultoria estima que o valor dos dividendos complementares, a serem pagos ainda neste ano, possa se situar entre R$ 1,50 e R$ 1,80.
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