*LRCA Defense Consulting - 17/05/2023
Em lives com a Sara Invest, com a Eleven Financial Research e com a BM&C News (hoje, vídeo abaixo), o CEO Global da Taurus tranquilizou os investidores, os lojistas e os colaboradores da empresa, explicando a conjuntura que levou o 1T23 a ser, nas suas palavras, "um trimestre fora da curva" e afirmando que os próximos trimestres retornarão à normalidade muito positiva que é característica da empresa.
Primeiro trimestre de 2023
Houve parada total de 18 dias em janeiro, devida às primeiras férias coletivas de 30 dias que a empresa concedeu, motivada pela implantação de um novo SAP e pela necessidade de diminuição dos estoques nos EUA. Assim, a produção foi menor, mas ainda igual ao 4T22. Obviamente, isso resultou, por consequência, em uma menor margem bruta.
Não aconteceu um aumento real de despesas operacionais, mas injunções conjunturais com relação ao 1T22 que impossibilitam uma comparação direta entre os trimestres. Além de a variação cambial ter pesado, a partir de agora não deverá se repetir a variação com despesas financeiras. Foi um trimestre totalmente atípico, com injunções extraordinárias de mercado que não devem acontecer nos próximos, afirmou o principal executivo da empresa.
Salesio comentou que em virtude das inovações em maquinários, digitalização e racionalização de processos, a Taurus praticamente acabou com o oneroso 3º turno, possibilitando também diminuir a mão de obra e ainda manter uma produção similar a do quarto trimestre de 2022.
Apesar de o resultado do 1T23 ter decepcionado os investidores, o CEO afirmou que a empresa está sólida, continua gerando caixa, diminuiu seu endividamento e levou a alavancagem para meros 0,15x, tendo estratégias bem definidas para os próximos trimestres.
Expectativas para os demais trimestres
Salesio informou que a cadeia de lojistas no Brasil está sem estoques, que foram sobrecomprados (antecipação de compras) no final do ano com receio do novo governo que entraria. Na última semana de maio, deverá ser publicado um decreto definitivo sobre armas e
munições, o que trará maior segurança ao mercado. Após isso, novas compras voltarão a ser efetivadas buscando fechar o hiato ocorrido e seguir em uma nova normalidade, haja vista que as autorizações já concedidas estão pendentes e o calibre 9mm está e deverá ser mantido, fato este que é muito significativo.
Em virtude da nova conjuntura nacional, o mercado americano - maior do mundo para armas leves - será prioritário, voltando a ser alvo de vendas próximas a 80% da produção brasileira.
A equipe de inteligência de mercado da Taurus prevê que, nos EUA, a demanda de 2023 será muito parecida com a de 2020. No entanto, hoje a empresa se encontra em outro patamar, já que tem preço médio de US$ 250,00 (US$ 150,00 em 2020), maior portfólio, armas com maior valor
agregado e maior participação no mercado (market share).
A estratégia da companhia com relação ao aumento na produção de revólveres está se mostrando muito acertada, haja vista que os consumidores dos EUA estão comprando muito esse tipo de arma. Com isso, a Taurus dobrou a produção de revólveres no ano, passando de 700 para quase 1400 armas por dia.
Segundo Salesio, está previsto um reajuste de preços para o mercado nacional em meados deste ano, a fim de adequá-los à variação do IGPM.
O CEO da Taurus revelou que o programa de recompra de ações e o pagamento de novos dividendos serão aprovados na próxima reunião do Conselho de Administração. Esta Consultoria acredita que se esta for ordinária (Art. 25 do Estatuto), provavelmente será em meados de junho; se for extraordinária, poderá ocorrer a qualquer momento.
Índia
Com relação à Índia, os executivos informaram que a joint venture já foi oficialmente efetivada pelo governo do país, ou seja, a burocracia societária está finalizada e a Taurus já é oficialmente sócia do Grupo Jindal, faltando agora somente as duas últimas licenças necessárias. Assim que forem liberadas, a empresa já começará a produzir.
A megalicitação de fuzis está em pleno andamento, com a entrega de uma completa documentação em 02 de maio, apresentada em quase 900 páginas. Entre agosto e setembro, haverá demonstração com uma arma já contendo 40% de componentes fabricados no país. Salesio acredita que várias das 14 outras empresas deverão ser desclassificadas na fase de análise documental (até o início de junho), por não terem a infraestrutura e/ou as condições técnicas necessárias. O certame deverá ser finalizado no último trimestre do ano.
A empresa também já prospectou licitações para o mercado policial que totalizam quase 200 mil armas, entre fuzis, submetralhadoras e pistolas. Estas são também muito importantes, pois há condições de obter melhores margens.
Arábia Saudita
No que diz respeito ao novo negócio na Arábia Saudita, Salesio explicou que o processo deverá ser semelhante à parceria realizada na Índia, ou seja, por meio de transferência de tecnologia. Informou também que, recentemente, uma delegação saudita veio a
São Leopoldo conhecer e testar alguns produtos Taurus e que tudo foi muito bem
sucedido, não podendo tecer maiores comentários sobre o assunto por uma questão de sigilo comercial.
Law Enforcement (agências de aplicação da lei americanas)
O CEO afirmou que 2023 é ano em que a Taurus entrará no mercado de Law Enforcement nos EUA, possivelmente pela aquisição ou parceria com uma empresa do país que já tenha tradição nesse mercado. A empresa pretende disputar as licitações com armas longas (T4 e T10) e curtas (plataforma TS9 e plataforma GX4). Observou também que as agências costumam trocar suas armas a cada 7,5 anos, o que proporciona ótimas oportunidades em licitações frequentes, pois existem muitas agências no país.
Novos lançamentos
Com visível entusiasmo, Salesio anunciou que a Submetralhadora SMG - uma inovadora e disruptiva arma com grafeno, nióbio, polímero de fibras longas, Cerakote Graphene, sem parafusos e de peso diminuto - será lançada no 2º semestre, com possibilidade de revolucionar o mercado mundial desse tipo de arma.
MIM, terrenos e capacetes
Até o final de 2023, a empresa produzirá 50% do composto MIM que necessita para injetar suas armas (hoje já é 20% nacional e 80% europeu). Além de uma grande economia de custos, isso representa o domínio da tecnologia de produção e a total independência em relação aos dois únicos produtores mundiais do produto.
Dos dois grandes terrenos em Porto Alegre que estão à venda (fábrica antiga), um deles já teve concluída a descontaminação do solo/água, o que deverá facilitar sua alienação.
A fábrica de capacetes continua em stand by para venda por uma boa proposta. No entanto, como é lucrativa, foi reincorporada à contabilidade da empresa e assim ficará até ser alienada.
Finalizando, o CEO Global da Taurus afirmou que 2023 será um ano desafiador, mas pleno de novas oportunidades, que o 1T23 foi realmente "fora da curva" e que os próximos trimestres retornarão à normalidade muito positiva que é característica da empresa.
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