A Embraer, terceira maior fornecedora de aeronaves do mundo, planeja expandir sua presença no mercado de jatos de passageiros de fuselagem estreita na Ásia, onde a demanda deve decolar.
Até 2025, a fabricante brasileira pretende entregar 100 jatos por ano com até cerca de 150 assentos. Os mercados asiáticos, como China e Índia, estarão à frente e no centro dessa estratégia, disse o CEO Francisco Gomes Neto em entrevista em São Paulo.
A Embraer é líder em aviões comerciais com menos de 150 assentos. A entrega de 100 aeronaves em todo o mundo em um ano representaria um aumento de 75% em relação ao total do ano passado.
China
A empresa lançou as bases para entregar aviões para a China. Em novembro, um dos mais recentes jatos comerciais da série E2 da Embraer, o E190-E2, recebeu a certificação de tipo – aprovação do projeto de aeronave para aeronavegabilidade e outros padrões – das autoridades chinesas. Espera-se que o E195-E2 receba a certificação de tipo em breve.
Os jatos da Embraer competirão na China com o ARJ21, fabricado pela estatal Commercial Aircraft Corporation of China (COMAC). Mas Gomes Neto defende que a família E2 é superior, destacando que é “muito eficiente, muito silenciosa e muito confortável”.
Novos pedidos da China podem ser anunciados neste mês, quando o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva deve visitar a China a partir de 12 de abril.
Índia
Enquanto isso, a empresa está em negociações com companhias aéreas da Índia sobre jatos de passageiros, e um contrato pode ser assinado "em 2024", disse Gomes Neto. A Embraer ainda não fez nenhuma entrega para a Índia.
A Embraer está em negociações com companhias aéreas da Índia sobre jatos de passageiros, de acordo com o CEO Francisco Gomes Neto. (Foto de Hidetake Miyamoto) |
Índia e Embraer também estão negociando entregas de aviões de guerra. A Embraer está considerando abrir uma unidade de produção na Índia com uma contraparte local se os pedidos forem garantidos.
O mercado global de jatos de 61 a 170 assentos é de 15.425 unidades entre os anos de 2022 e 2041, segundo o pesquisador da indústria Japan Aircraft Development Corp. (JADC), com um valor de US$ 1,38 trilhão.
A pandemia prejudicou severamente a demanda em 2020, mas os pedidos aumentaram novamente em 2021.
A Embraer entregou 41 aeronaves, incluindo aviões de carga, naquele ano, segundo dados do JADC, assumindo a liderança sobre a rival canadense Bombardier, que entregou três aviões.
Na China, a Boeing e a Airbus possuem fortes participações em todas as aeronaves, de acordo com a empresa britânica de inteligência de mercado Cirium. A COMAC ficou com uma fatia de 2,2%, superando a participação de 2% da Embraer.
A Embraer estima que a demanda global por aviões de 150 assentos e menores será de cerca de 8.500 unidades. A região Ásia-Pacífico, incluindo China e Índia, será responsável por 2.200 unidades.
Na América do Norte, principal mercado da Embraer, “vemos uma espécie de estagnação” até 2025 por falta de pilotos, disse Gomes Neto. Mas na Ásia-Pacífico, "vemos muitos movimentos ou vendas - oportunidades muito boas para a Embraer", acrescentou.
A presença da Embraer na Ásia tem sido limitada. Das quase 570 aeronaves E-190 entregues, apenas 20% foram para a Ásia-Pacífico. A proporção cai para 10% para a série E2 mais recente.
O governo chinês está se esforçando para desenvolver a indústria doméstica de aviões de passageiros. As companhias aéreas chinesas, que seriam potenciais compradores, estão lidando com dificuldades financeiras depois de resistir às políticas de COVID-zero do país.
A aparente tendência de conter o investimento em novos aviões está causando ventos contrários. Enquanto isso, os pedidos de aeronaves costumam ser usados como moeda de troca diplomática. Para a Embraer, as empresas chinesas se tornarão rivais poderosas.
A série E2, que tem entre 97 e 146 assentos, posiciona-se entre o COMAC ARJ21 (78-90 assentos) e o próximo lançamento C919 (158-192 assentos). A Embraer terá como alvo as companhias aéreas que buscam diminuir os assentos vazios para conexões regionais e, ao mesmo tempo, maximizar os ganhos nessas rotas.
A China Southern Airlines, a maior companhia aérea do país, já adicionou aeronaves da Embraer à sua frota no passado.
No Japão, onde a Mitsubishi Heavy Industries recentemente decidiu sair do negócio de jatos regionais, as companhias aéreas domésticas estão considerando modelos alternativos.
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