*LRCA Defense Consulting - 04/02/2023
A AeroRiver, uma startup do Incubada no ITA, está desenvolvendo o projeto de um ecranoplano, um verdadeiro 'barco voador' com condições para operar no território amazônico, revolucionando o transporte na região.
Ecranoplano é uma classe de aeródinos com características peculiares, diferente dos hidroaviões, aerobarcos e hovercrafts. O termo deriva da denominação que recebe em russo o efeito solo: ecranniy effect.
Diferentemente dos aviões convencionais, que voam em razão da baixa pressão produzida sobre as asas, os ecranoplanos utilizam o efeito solo, que causa uma sobrepressão sob as asas de formato especial, criando um colchão de ar que dá sustentação à aeronave em voo rasante.
O Volitan, nome dado à aeronave, é o primeiro veículo de efeito solo do país adaptado para a Amazônia e, durante a operação, deve sobrevoar de 5 a 10 metros acima da superfície da água, com decolagem e pouso feitos nos rios, inclusive em períodos de seca. Sua velocidade de cruzeiro situa-se em torno de 150 km/h, o que se torna 300% mais rápido que as embarcações mais rápidas utilizadas para transporte atualmente na região.
Com envergadura de 18 metros, o Volitan é um veículo preparado para o transporte de 10 passageiros ou 1 tonelada de carga.
“Para se ter ideia, no trajeto Manaus a São Gabriel da Cachoeira, um trajeto fluvial de 852 km, uma lancha leva 24 horas de viagem, enquanto o Volitan levará 6 horas”, afirma Felipe Bortolete, um dos idealizadores do projeto.
Na história do empreendimento, o decisivo apoio do Sebrae
Os empreendedores Lucas Guimarães e Felipe Bortolete se conheceram na equipe que representou o curso de Engenharia Mecânica da Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (EST/UEA) no Aerodesign, um desafio volta do a estudantes de engenharia de todo o Brasil. Além de criar laços de amizade, a competição fez com que a dupla entendesse melhor a aeronáutica e desenvolvesse interesse e paixão por essa ciência.
Ao fim da graduação, Guimarães e Bortolete decidiram realizar um mestrado em Engenharia Aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Após a defesa da dissertação e obtenção do título, um amigo de longa data de Lucas e ex-chefe de Felipe os convidou para iniciar um projeto. “Eu recebi uma ligação do Túlio e ele disse que era hora de tentarmos desenvolver uma solução para resolver o problema de logística da nossa região”, explica Lucas.
Juntos e com um novo sócio, Túlio Silva, eles começaram a traçar planos e estratégias em busca de uma solução. “Pensamos em seguir um projeto de carro voador, mas a região amazônica é muito extensa e esse tipo de veículo tem uma autonomia muito pequena e não seria aplicável. Verificando outras possibilidades, chegamos à conclusão de que um veículo de efeito solo teria o melhor custo-benefício, como os ecranoplanos da antiga União Soviética”, conta Lucas. Aí, em outubro de 2020, eles deram início a um projeto inovador: a startup AeroRiver e a criação do Volitan, o barco voador.
Em 2021, após a fase de planejamento estrutural, os empreendedores chegaram ao objetivo: o Volitan era capaz de carregar dez passageiros ou uma tonelada de carga, sendo sustentável e econômico. “Com as nossas pesquisas, entendemos que, mesmo utilizando combustíveis fósseis, o barco voador emitia duas vezes menos CO2 e conseguia ser 300% mais rápido que os barcos mais velozes utilizados para transporte na região”, informa o empresário.
Mas, para dar início à startup e à comercialização do Volitan, foi necessário aprender sobre negócios. Assim eles decidiram se inscrever em um programa do Sebrae, o Inova Amazônia. “Recebemos a informação de uma amiga que o Inova Amazônia estava com o edital aberto. Nos inscrevemos e o nosso projeto foi aprovado. Por meio do programa, tivemos a oportunidade de ter mentorias com consultores do Sebrae e ali adquirimos conhecimento sobre como empreender. Foi um divisor de águas para nós, já que em pouco tempo conseguimos um plano de negócios que, se tivesse de ser feito por nós, provavelmente demoraria meses”, comenta Felipe.
Atualmente, a AeroRiver conta com seis funcionários e tem um protótipo do Volitan com cerca de 20% do tamanho original do barco voador que está em teste para validação do sistema operacional. Em breve, a equipe produzirá um modelo em tamanho original para que, em 2025, o projeto entre em operação. “Esse é o primeiro projeto que temos na nossa empresa. Para o futuro, pensamos em desenvolver um modelo de Volitan que utilize energias renováveis, com um motor elétrico, por exemplo, e que seja autônomo. A ideia é que seja um modelo de sustentabilidade no transporte dentro da Amazônia”, finaliza Lucas.
Vídeo do último ensaio
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