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30 janeiro, 2023

Taurus Armas: os motivos de ser uma empresa antifrágil


*LRCA Defense Consulting - 29/01/2023

Como o erro e o imponderável são fatores sempre presentes na vida, não há como evitá-los, por melhor, mais detalhado e mais ponderado que o planejamento seja feito. No entanto, o caos, o imprevisto e o indesejado gerados por tais situações podem ser positivos, desde que sejam bem aproveitados, e é nisso que se baseia o conceito de antifragilidade.

Antifrágil é um adjetivo utilizado para descrever organizações ou pessoas que se fortalecem e florescem com o caos. A antifragilidade é uma característica diferente da robustez e da solidez, porque além de serem fortes o suficiente para aguentar um choque, tais organizações e pessoas se desenvolvem devido aos choques e crises.

O conceito foi desenvolvido por Nassim Nicholas Taleb, professor, trader e gerente de um hedge fund, em seu livro "Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos", lançado em 2012.

A antifragilidade consiste em uma característica pela qual as adversidades, especialmente as imprevistas, não são superadas por uma reação, que pode ser impensada e não planejada, mas pela aceitação estratégica. Nesse caso, aceitar não significa permanecer resignado perante um problema, mas entender o contexto em torno de um imprevisto no menor prazo possível, aprender com isso e tomar as melhores decisões consequentes.

A questão aqui é entender que certas coisas, depois que acontecem, provocam mudanças tão profundas que não há remédio que não seja se ajustar rapidamente, encarando o indesejável não como um problema, mas sim como uma oportunidade.

Ser antifrágil, portanto, significa se colocar em posição proativa e consciente, aceitando que a vida, o trabalho e os negócios sempre apresentam fatos novos e inesperados.

A antifragilidade, então, é a resposta mais indicada para lidar com situações que fogem à previsibilidade, à compreensão ou ainda são complexas demais para ser entendidas, pelo menos no curtíssimo ou curto prazo. Trata-se de um novo parâmetro comportamental e estratégico, uma vez que sua premissa é: "não rejeite o imprevisto, mas o abrace quando ele aparecer".

Assim, ser antifrágil significa aceitar a realidade tal como ela se apresenta e não como gostaríamos que fosse, lidando com as situações imprevistas, na vida e nos negócios, de maneira a aprender com elas, assimilando os impactos, extraindo lições valiosas, melhorando as habilidades e aptidões pessoais e/ou da equipe e se mantendo fiel aos seus objetivos.

Quanto mais houver exposição às incertezas, mais utilidade será encontrada no conceito antifrágil. E se as coisas vão bem, ele também serve como um poderoso antídoto contra a acomodação, evitando consequências às vezes irreversíveis.


O caso da Taurus Armas
Na primeira década deste século, a Taurus Armas (então Forjas Taurus) era uma empresa pujante com unidades fabris no Brasil e nos EUA, para onde exportava cerca de 85% de seus produtos. Nos Estados Unidos, seus revólveres e pistolas já eram um sucesso, especialmente os disruptivos revólveres das séries Judge e Taurus Bull, e a pistola PT92.

Em 2007, as ações da empresa bateram recordes de valorização, embaladas pelo melhor  desempenho  comercial  de  sua  história até então, chegando ao pico de R$ 58,88 ou cerca de US$ 30,00 em valores da época.

No entanto, em 2008, a Taurus começou o seu "inferno astral", que se estenderia até 2014/2015, quando, em meio a escândalos administrativos, com uma dívida elevada e em vias de pedir recuperação judicial, foi vendida para a CBC.

É relevante lembrar que em 2008 aconteceu uma das maiores crises financeiras internacionais desde o crash da bolsa em 1929, atingindo em cheio os Estados Unidos e impactando duramente as vendas da Taurus naquele país, seu maior cliente, causando também grandes perdas nas principais ações brasileiras.

Junto com um cenário internacional totalmente adverso e com uma grande retração nas vendas nos EUA, a empresa passou a sofrer também graves problemas administrativos diversos que causaram repercussões na imprensa e fizeram com que as ações fossem desvalorizadas. Além disso, a partir de abril de 2010, as ações sofreram com alguns mal planejados desdobramentos e grupamentos. Com outros graves problemas administrativos vindo à tona, entre altas e baixas, as ações atingiram um valor mínimo de apenas R$ 1,00 no final de 2015, permanecendo na faixa de R$1,xx a R$ 2,xx por quase três anos.

Em 2015, a CBC – Companhia Brasileira de Cartuchos passou a exercer seus direitos como controladora da Taurus, resultado de um movimento que teve início em 2014 com a compra de ações da companhia e, posteriormente, com um processo de aumento de capital.

Quando a CBC adquiriu o controle da Taurus, Salesio Nuhs era o Vice-presidente Comercial e de Relações Institucionais da CBC e passou a ocupar também o cargo de Vice-presidente de Vendas e Marketing da empresa gaúcha, sendo promovido ao cargo de CEO Global em janeiro de 2018.

Experiente, dinâmico, proativo e um grande estrategista, o executivo atua há 32 anos no segmento de armas e munições e é uma das mais importantes referências nesse mercado, possuindo um amplo e profundo conhecimento de sua operação e dos mercados brasileiro e internacional. Nuhs é também Presidente Taurus Holdings, Inc. (Taurus USA), da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições – ANIAM desde 2012 e membro do Conselho Consultivo do Sistema de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército Brasileiro.

Em 2005, quando o governo pretendia acabar com o comércio e o uso de armas no Brasil através de um referendo, Salesio Nuhs - como é do seu feitio arrojado - assumiu a liderança nacional do movimento contrário, resultando em uma esmagadora vitória do "Não" com a maior votação que um pleito já teve no País.


Após fazer um diagnóstico inicial da Taurus e retirá-la das antigas instalações em Porto Alegre no ano de 2015, centralizando a produção em São Leopoldo, a CBC, tendo Salesio como ponta de lança, passou a promover uma robusta reengenharia na filosofia empresarial e nos processos tecnológicos, operacionais e administrativos que acabaram por transformar radicalmente a “velha Taurus".

A "nova Taurus" atuou de forma decisiva na redução de custos e desperdícios, realizando análises dos giros de estoques de matérias primas e maior frequência de inspeção para redução de perdas, bem como constantes auditorias e identificação de oportunidades com fornecedores e outros parceiros.

O moderno mix de armas, especialmente as desenvolvidas a partir de 2017, passou a ter foco no tripé Inovação, Tecnologia e Qualidade. Neste último quesito, a empresa estabeleceu padrões superiores às normas técnicas exigidas pelo mercado internacional.

Em termos operacionais, as diversas mudanças focaram em oferecer produtos de qualidade, com tecnologia incorporada, competitivos no mercado mundial e que proporcionassem maior rentabilidade para a operação. Foram adotados e desenvolvidos processos operacionais eficientes e robustos, proporcionando estabilidade na produção. Foi também retirada a interferência de colaboradores no ajuste de peças na montagem das armas, de modo que o processo de produção garantisse a máxima qualidade.

Assumindo como CEO Global da empresa em 2018, Salesio Nuhs montou uma competente equipe de executivos e impulsionou decisivamente as transformações, realizando o mais icônico turnaround empresarial deste século no Brasil, tanto na unidade brasileira como na americana, onde mudou a sede para a Georgia em 2019 (com muitas vantagens), trocou o CEO local por um executivo dinâmico e experiente, e dinamizou os processos de produção, vendas, marketing e inteligência de mercado, passando a responder prontamente às necessidades e desejos dos consumidores.

Com relação à dívida, desde que a nova equipe assumiu, estabeleceu um rígido controle de despesas e do custo final, que começa já no Departamento de Engenharia, quando novos produtos são planejados e desenvolvidos. Aliando este fato a toda uma reengenharia financeira, o que se vê hoje é que a alavancagem da companhia, medido pela relação do EBITDA dos últimos 12 meses sobre a dívida líquida em 30/09/22, caiu de um índice de 11,2 (em 2014) para apenas 0,23 ao final do 3T22, mostrando que 23% da geração de caixa anual medida pelo EBITDA seria suficiente para quitar a totalidade da dívida bancária registrada em 30/09/2022.


Salesio também criou o CITE - Centro Integrado de Tecnologia e Engenharia Brasil/EUA, centralizando no Brasil todo o desenvolvimento de novas armas e tecnologias disruptivas, como grafeno, nióbio, DLC e polímero de fibras longas. O CITE é alimentado pelo Setor de Inteligência de Mercado da empresa, que procura antecipar tendências e necessidades dos consumidores.

Em 2020, a empresa firmou uma joint venture com o poderoso Grupo Jindal para produzir armas leves na Índia. A fábrica, que deverá entrar em operação em breve, já está participando de vultuosas licitações para fornecer armas às enormes forças armadas, policiais e paramilitares desse país, bem como a seu inexplorado e gigantesco mercado civil.

O executivo e sua equipe criaram um projeto estratégico de expansão 2020/2025, com o objetivo de tornar a Taurus a maior e melhor fabricante mundial de armas leves, o que já foi alcançado com três anos de antecedência. Nesse bojo, foi estabelecido um Condomínio de Fornecedores junto à empresa e estão para entrar em operação as moderníssimas Células de Manufatura Autônomas, baseadas em robotização e inteligência artificial, que trabalharão por meio de Processos Tracionados de Valor.

Juntamente com o processo de Trem Logístico que está sendo estabelecido e a construção de novas instalações (CITE, Estande de Tiro, Centro de Logística, laboratórios e administração), a síntese culminará na transformação da Taurus em uma Indústria 4.0, possibilitando que a empresa passe a ser também um hub de fornecimento de produtos acabados, kits e peças para as unidades dos EUA e da Índia.


O elevado padrão de qualidade, tecnologia e inovação que passou a caracterizar a Taurus, especialmente a partir de 2018, já recebeu diversas premiações nacionais e 38 prêmios internacionais, entre eles os mais importantes da indústria de armas dos Estados Unidos. A marca é detentora de sete prêmios concedidos pela National Rifle Association, uma das premiações de maior prestígio na indústria de armas de fogo nos Estados Unidos, e seus produtos foram eleitos 14 vezes como a arma do ano. Desde 2018, a Taurus vem conquistando aproximadamente três grandes prêmios americanos a cada dois anos.

Recentemente, em face da inequívoca intenção do governo de desarmar o cidadão de bem e de desarticular a indústria e o comércio de armas leves, Salesio Nuhs - fazendo jus ao seu passado de lutas em prol do mercado brasileiro de armamento leve e do direito inalienável de os cidadãos poderem exercer com liberdade a legítima defesa pessoal, de sua família e de seus bens - chamou para si a difícil missão de tentar salvar o mais importante, ou seja, procurar preservar e defender o setor, lutando pela manutenção de dezenas de milhares de empregos e pelo direito de milhões de brasileiros que não estão no meio dessa discussão, mas agindo com oportunidade, racionalidade, coragem e responsabilidade para fazer o certo e conquistar o que é possível dentro do atual cenário.

Em síntese, sob a proativa liderança de seu CEO Global e de seus executivos, a Taurus está fazendo com maestria o seu dever de casa, ou seja:
- completou seu turnaround, focando em qualidade, tecnologia e dinâmica de vendas/distribuição;
- aumentou significativamente seus números (produção, vendas, lucros, EBITDA), a ponto de se tornar referência mundial no mercado e a maior vendedora de armas leves do mundo;
- diminuiu drasticamente seu endividamento e alavancagem para números totalmente confortáveis;
- surfou nos anos atípicos de 2020 e 2021, obtendo resultados históricos;
- aumentou seu market share no atual maior mercado mundo (EUA);
- em breve começará a produzir na Índia, país que representa o maior e mais inexplorado mercado mundial militar e civil para armas leves modernas;
- recomeçou a pagar dividendos significativos a seus acionistas em 2022 e tornou isso um objetivo estratégico daqui para a frente, inclusive com pagamentos trimestrais;
- pretende realizar eventuais recompras de ações para valorizar o capital de seus acionistas;
- está se organizando para ingressar no cobiçado mercado de Law Enforcement (agências de aplicação da lei) nos EUA.

Antifragilidade
Uma empresa com mais de 3.000 funcionários que, em 2014, estava em estado pré-falimentar, enfrentando um caos de dívidas e problemas administrativos de toda a ordem, só sai dessa situação e se torna a maior vendedora de armas leves do mundo (com alavancagem inexpressiva, com múltiplos prêmios de qualidade no mais exigente mercado mundial e com tecnologias disruptivas) se tiver uma característica decisiva: a antifragilidade.

É por ser antifrágil que a Taurus não somente enfrentou e sobreviveu à grave crise que a assolava, como cresceu e floresceu com ela. Entendendo o que se passou e aceitando essa condição, a empresa, com uma atitude proativa, oportuna e consciente, aprendeu com seus erros e evoluiu a partir disso.

Um dos mais recentes exemplos de sua antifragilidade aconteceu quando o mundo enfrentava a maior das pandemias e, concomitantemente, os EUA tiveram uma conturbada eleição presidencial, gerando algo como uma "tempestade perfeita" que levou os norte-americanos a adquirir armas em volumes muitos superiores à antiga normalidade. Nesse caso, em uma perspectiva antifrágil, a Taurus percebeu a crise e, rapidamente, respondeu com as medidas logísticas e operacionais necessárias, surfando nessa demanda e obtendo seus melhores e históricos resultados. Graças a isso, aumentou decisivamente seu market share nos EUA e se tornou a maior vendedora de armas leves do mundo.

No entanto, como afirmava Oliver Wigh, mesmo com a transformação digital (e todos os demais processos ultramodernos), nos dias de hoje são as pessoas que continuam tomando decisões e fazendo a diferença nas empresas.

No caso da Taurus, não há dúvidas de que um nome se destaca. Além de sua competência, proatividade, senso de estratégia, capacidade de enfrentar as crises e de aprender com os erros, Salesio Nuhs se enquadra perfeitamente no conceito de uma pessoa e de um administrador antifrágil, capaz de tomar decisões acertadas no meio do caos, de modo a torná-lo uma oportunidade, como fez com a Taurus.

Além disso, Salesio também se caracteriza por saber escolher, liderar e motivar os principais colaboradores da empresa, haja vista ter montado uma invejável equipe de competentes e dinâmicos executivos que colaboram decisivamente para que os objetivos da Taurus sejam atingidos. Os permanentes exemplos de trabalho, de dedicação e de seriedade de Salesio Nuhs e de seus executivos são os faróis que estimulam e  conduzem os mais de 3.500 colaboradores da empresa, engajando-os e os tornando partícipes decisivos nas inegáveis conquistas da empresa.

*Esta matéria contou com a colaboração do engenheiro e investidor Christian Lima.

*Os conceitos sobre antifragilidade foram recolhidos, compilados e adaptados de publicações existentes na Internet.

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