*LRCA Defense Consulting - 07/01/2023
Tancredo Neves, em sua imensa sabedoria política, costumava dizer: "Só examine a espuma depois que as ondas pararem de bater". Ao não seguir esse conselho e preferir "raciocinar com o fígado", o governo que ora se inicia no Brasil pode estar dando um grande "tiro no pé", já que poderá não conseguir maioria no Congresso no ano legislativo de 2023.
Sua manifesta intenção de realizar grandes e apressados "revogaços" nas medidas do governo anterior - capitaneados por 37 ministros cujos matizes ideológicos vão do jurássico comunismo soviético ao socialismo fabiano, entremeados por alguns mais interessados em seus próprios cargos - está causando uma sucessão inicial de enganos, erros e desmentidos que, além de denotar uma grande falta de sintonia no comando do Executivo, está servindo para unir e fortalecer a oposição que ainda nem assumiu no Congresso.
Projeto de decreto legislativo (PDL)
Em uma das primeiras ações do seu governo, dando início aos "revogaços" pretendidos, o novo presidente assinou, no dia 02 de janeiro, um decreto que muda as regras para a aquisição e o registro de armas de fogo (Decreto 11.366, de 2023).
Em resposta imediata, senadores e deputados de oposição anteciparam a intenção de derrubar o decreto através de projetos de decretos legislativos (PDLs), um quase desconhecido (para o grande público) instrumento legislativo que pode revogar normas do Poder Executivo, mas que precisa ser aprovado pelas duas Casas do Congresso Nacional.
Segundo consta no Regimento Interno da Câmara dos Deputados (RICD), "Os Projetos de Decretos Legislativos (PDLs) são utilizados para regular as matérias de competência exclusiva do Poder Legislativo (previstas no Art. 49 da CF), sem a sanção do Presidente da República. Os PDLs aprovados pelo Congresso Nacional (deliberação bicameral - Câmara e Senado) se transformam em Decretos Legislativos".
A "descoberta" da possibilidade de uso de PDLs abre caminho para que outros decretos do Executivo que "exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa" sejam também passíveis de revogação, bastando que a oposição consolide maioria nas duas Casas Legislativas.
“O decreto de Lula possui uma série de inconsistências legais e fere vários artigos da Constituição. A decisão também restringe o acesso ao esporte e ignora o Estatuto do Desarmamento ao atribuir competências que são do Exército à Polícia Federal”, ressalta Heinze. O político citou um referendo de 2005 em que 63% da população da população votou a favor do comércio de armas.
“A proibição da venda de armamentos, munições e insumos para recarga vai inviabilizar milhares de empresas com impacto direto na geração de empregos. A decisão do governo petista também prejudica, de forma acentuada, atletas que buscam vagas para as próximas Olimpíadas. De acordo com a Confederação Brasileira de Tiro Esportivo, o universo federado nessa modalidade gira em torno de 900 atletas”, diz.
Heinze ainda cobrou uma fiscalização mais forte para evitar o contrabando de armas. Segundo ele, verdadeiros arsenais estão nas mãos de quadrilhas que não respeitam normas e impõem medo e insegurança à população.
“Com o decreto inconstitucional, Lula retira as armas, mas não oferece uma única solução para proteger o cidadão. Enquanto isso, o crime organizado, que não se submete a nenhuma norma, continua atuando livremente em nossas fronteiras com armamento pesado. Essa sim, deveria ser a prioridade, não desarmar o cidadão de bem, órfão de qualquer segurança.”
Senador Marcos do Val
Marcos do Val reclamou também que o governo recém-empossado está excluindo os parlamentares do debate pela regulamentação.
Nova lei das armas
Além das iniciativas que estão sendo ou serão tomadas, já há no Senado o Projeto de Lei n° 2424, de 2022, de autoria do senador Lasier Martins, apelidado de "nova lei das armas", que visa "alterar os arts. 3º, 4º, 5º, 8º, 23 e 27 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 [Estatuto do Desarmamento], para regulamentar o direito de propriedade de arma de fogo, prever requisitos de idoneidade para aquisição de arma de fogo, definir a quantidade e espécies de armas permitidas à posse e porte, regulamentar o uso de arma para defesa e dar interpretação a artigos da Lei 10.826".
É um projeto já pronto e que só precisa ser colocado em votação pela presidência do Senado, o que será decisivamente facilitado se o novo presidente, a ser eleito no início do mês que vem, for o senador Rogério Marinho (PL), que já lançou sua candidatura em oposição à reeleição de Rodrigo Pacheco.
*Com informações da Agência Senado, Metrópoles, Agora RN, O Tempo
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