*LRCA Defense Consulting - 08/12/2022
Em apresentação na APIMEC realizada ontem (07), a Taurus Armas S.A. trouxe importantes informações ao mercado sobre sua atualidade e perspectivas.
Para tanto, em boa parte do evento a empresa procurou "excluir" os números de 2020 e de 2021, haja vista que foram anos completamente atípicos, já que, nesse período, a excepcional demanda havida no mercado dos EUA foi totalmente fora do normal devido à "tempestade perfeita" causada pela pandemia, pela conturbada eleição presidencial e pelos distúrbios civis que ocorreram. Como o seu Setor de Inteligência de Mercado anteviu o fato, a empresa pode surfar nessa demanda, obtendo seus melhores e históricos resultados.
No entanto, após cessados tais fatores, o mercado americano não retornou à sua normalidade pré-pandemia. A intenção de compras de armas medida pelo número NICS ajustado tem demonstrando que os consumidores continuam buscando o produto em níveis elevados e muito superiores às médias do período anterior. Com uma longa sequência de meses com o número NICS ajustado no patamar acima de 1 milhão, analistas americanos do setor acreditam que este tenha passado a se constituir no "novo normal" para o mercado de armas de fogo dos EUA. Corroborando essa tese, o NICS ajustado dos primeiros nove meses deste ano (9M22) é o terceiro maior da história, sendo 60,5% superior à média pré-pandemia.
A Taurus mostrou que suas vendas cresceram 50,6%, comparando os 9M18 com os 9M22, enquanto que o NICS cresceu 29,3% na mesma base de comparação, o que leva a concluir que a empresa teve um significativo aumento de market share no mercado americano.
Liderança nos EUA e referência mundial
Em outro slide, foi mostrado que o volume de produção da Taurus está bastante superior aos níveis pré-pandemia, a ponto de a empresa brasileira ter assumido a liderança em relação à Smith & Wesson e à Ruger no mercado mercado americano, que é o maior do mundo para armas curtas.
No comparativo 9M22 x 9M19, a Receita Líquida teve um salto de 167%; o Lucro Bruto cresceu 261,4%; o incremento no EBITDA foi 448,3% e o Lucro Líquido aumentou quase 19 vezes (1773%). Entre 2018 e 2022, a dívida caiu de R$ 881 milhões para apenas R$ 218 milhões. Com o crescimento exponencial do EBITDA e a drástica redução da dívida, a alavancagem financeira da empresa (Dívida líquida/Ebitda), despencou de 11,2 em 2018 para apenas 0,2 em 2022.
Com tais números, a Taurus passou a se constituir em referência mundial entre as empresas fabricantes de armas curtas.
Dever de casa está sendo feito com maestria
Os comparativos acima permitem concluir que a Taurus está fazendo com maestria o seu dever de casa, ou seja:
- completou seu turnaround, focando em qualidade, tecnologia e dinâmica de vendas/distribuição;
- aumentou significativamente seus números (produção, vendas, lucros, EBITDA), a ponto de se tornar referência mundial no mercado;
- diminuiu drasticamente seu endividamento e alavancagem para números totalmente confortáveis;
- surfou nos anos atípicos de 2020 e 2021, obtendo resultados históricos;
- aumentou seu market share no atual maior mercado mundo (EUA);
- em breve começará a produzir na Índia, país que, juntamente os demais (não comunistas) da Ásia, representa o maior e mais inexplorado mercado mundial para armas curtas modernas.
Investimentos e automação
A empresa investiu pesado nos últimos anos, tendo agora uma perspectiva de redução do ritmo de investimento para 2023. Os próximos passos são a 1ª célula de manufatura autônoma, com uma linha piloto de produção com robô 100% automatizada, e o STV - Sistema Tracionado de Valor, a serem implantados em 2023. Com isso, haverá um aumento de produção e a dinamização dos processos de fabricação de componentes estratégicos, o que levará a unidade de São Leopoldo a se transformar em um hub mundial para suprir de peças, kits e/ou produtos acabados as unidades dos EUA e da Índia.
Índia: ampliação da possibilidade de negócios
Com relação à Índia, a Taurus confirmou que a unidade fabril nesse país entrará em operação no início de 2023. Porém, as informações mais significativas dizem respeito à ampliação das possibilidades de negócios que já estão na mesa:
- Exército: licitação de 425 mil fuzis e compra emergencial de 5 mil submetralhadoras.
- Forças Policiais: aquisição emergencial de 5 mil fuzis e 5 mil pistolas, além de estar aguardando aprovação de mais 15 mil fuzis.
- Forças de Segurança: licitação de 4 mil pistolas (fase de testes).
- Guarda Nacional: possibilidade de aquisição de pistolas e fuzis (mais de 1 milhão de integrantes).
Crescimento por novas JVs e/ou aquisições
Uma outra informação relevante quer a Taurus trouxe ao mercado foi a possibilidade realizar novas joint ventures e/ou adquirir uma empresa estrangeira, possibilitando assim um crescimento sinérgico independente da ampliação de uma ou mais das três atuais unidades fabris.
Dividendos e recompra de ações
Voltando a enfatizar que seu foco é a remuneração dos acionistas, a empresa sinalizou a possibilidade de, como fez neste ano, pagar um dividendo extraordinário em 2023, haja vista que os grandes investimentos já foram realizados, está com um endividamento totalmente sustentável, sua alavancagem é baixíssima e tem uma forte geração de caixa.
A título de ilustração (ou não), foi divulgado um slide que mostra o lucro líquido ajustado (R$ 194 milhões) que foi totalmente distribuído como dividendos em 2022, e que mostra também o lucro líquido dos primeiros 9M22, no valor de R$ 399 milhões.
A Taurus informou ainda que passará a pagar dividendos mais frequentes a partir de 2023 (provavelmente trimestrais) e que fará um programa de recompra de ações, com a intenção de possibilitar que estas atinjam os patamares que considera justos para seus acionistas.
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