Aeronave Embraer KC-390 e UAV XMobots Nauru 1000C |
*LRCA Defense Consulting - 24/09/2022 (atualizada em 25/09, às 09h40)
Com o sucesso que sua aeronave militar multitarefa C-390 Millennium está obtendo no mundo, com vendas para Portugal, Hungria e Holanda, além do interesse de diversos países, a gigante brasileira Embraer está se preparando para dar o seu maior salto na área de Defesa e Segurança.
No dia 19, a empresa anunciou que, em parceria com a americana L3Harris, será desenvolvido um “Agile Tanker” (solução de tanque aerotransportado que é otimizada para Agile Combat Employment e Joint All-Domain Command and Control) baseado no KC-390, uma opção de reabastecimento aéreo tático ágil para atender às
diretrizes operacionais da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) e aos
requisitos da Força Conjunta, especialmente para ambientes sob disputa.
O KC-390 Millennium é veloz, versátil e pode ser rapidamente
reconfigurado para executar uma série de missões com alto índice de
confiabilidade. Ao combinar a experiência da L3Harris em integrar
sistemas de missão com a avançada plataforma Embraer KC-390 Millennium,
ambas as empresas estão preparadas para fornecer a próxima geração de
aeronaves de reabastecimento ao Departamento de Defesa dos EUA e à USAF, bem como às forças aéreas de países aliados.
Para atender aos requisitos da legislação dos Estados Unidos (“Buy
American Act”), as duas empresas estão estudando a produção do programa “Agile
Tanker” com montagem final nos Estados Unidos, seguida de modernização e
preparação para a missão no centro de modificação da L3Harris em Waco,
no Texas.
Assim, com essa associação, o objetivo explícito da Embraer fica bastante claro, sendo - nada mais, nada menos - do que disputar o maior mercado militar do mundo para esse tipo de aeronave: o dos Estados Unidos e de seus aliados.
Drones de reconhecimento, observação e combate
Os recentes conflitos bélicos no Oriente Médio, no Azerbaijão/Armênia e, principalmente, na invasão russa à Ucrânia, estão mudando radicalmente a doutrina militar no que se refere à utilização de drones (RPAS, ARP, VANT, UAV) para missões de reconhecimento, observação e combate, bem como às contramedidas para lhes fazer frente.
Em 2013, a Embraer anunciou a assinatura de uma joint venture com a Avibras para a produção de drones. Por ele, a Avibras entraria no capital social da Harpia Sistemas, uma empresa criada pela Embraer em 2011 em conjunto com a AEL Sistemas (uma subsidiária da israelense Elbit Systems, na qual tem uma participação de 25%), com o objetivo de desenvolver aeronaves não tripuladas no Brasil.
No entanto, em 2016, a Embraer decidiu encerrar as atividades dessa joint venture, afirmando que a decisão ocorreu tendo em vista o cenário de restrição orçamentária da época no Brasil e que a parceria foi dissolvida amigavelmente, ressalvando que “Devido ao fator estratégico do projeto para concepção de um SARP nacional, as empresas continuarão a desenvolver as tecnologias para atendimento futuro das demandas das Forças Armadas brasileiras e do mercado civil em um novo formato, podendo inclusive atuar em conjunto no futuro”.
Em 2020, a Embraer lançou a Eve Urban Air Mobility Solutions, Inc. (hoje Eve Holding) como uma empresa nova e independente dedicada a desenvolver o ecossistema da Mobilidade Aérea Urbana. O estrondoso sucesso da empresa após seu lançamento fez também com que a Embraer firmasse um Memorando de Entendimento (MoU) com a poderosa BAE Systems visando criar uma joint venture que reunirá as reconhecidas competências de ambas para o potencial desenvolvimento de uma variante de defesa, que terá a Eve como fornecedora da plataforma.
Além da BAE Systems, a Embraer e a Eve estão associadas a diversos e importantes grupos ligados às indústrias de defesa e de aviação, como o Thales Group, um líder global em soluções tecnológicas, serviços e produtos nas áreas de defesa, aeronáutica, aeroespacial, transporte, identidade digital e mercados de segurança.
A expertise adquirida pela Embraer desde então fez com com que a empresa se voltasse novamente para o mercado de drones militares, visando uma solução mais leve e totalmente nacional, haja vista que o drone da Harpia Sistemas era um similar melhorado do Hermes 450, UAV israelense da Elbit Systems operado pela FAB desde 2011.
Assim, no dia 20 deste mês, a Embraer anunciou a assinatura de acordo de investimento para
participação minoritária na XMobots, empresa localizada em São Carlos (SP), classificada como a maior companhia de drones da
América Latina e fabricante do Nauru 1000C, o RPAS CAT 2 (Remotely Piloted Aircraft System) selecionado pelo Exército Brasileiro para missões ISTAR
(Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos e Reconhecimento), pesando
150kg.
O negócio tem, como objetivos, acelerar o futuro do mercado de drones autônomos de médio e grande porte, explorar conjuntamente novos nichos de mercado e ampliar a rede de colaboração em pesquisa de novas tecnologias que tenham sinergias com as áreas de desenvolvimento tecnológico, unidades de negócio e inovação da Embraer, bem como da Embraer-X.
Iniciativas estratégicas
No entender desta Consultoria, as duas iniciativas estratégicas da Embraer visam reposicioná-la para um lugar de destaque no cenário mundial de aeronaves de Defesa, conquistando também uma fatia dos cobiçados mercados militares de aeronaves de reabastecimento e de drones de reconhecimento, observação e combate.
Caso tenha sucesso, a gigante brasileira de aviação poderá experimentar o seu maior salto na área de Defesa desde sua criação em 1969.
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