*LRCA Defense Consulting - 13/06/2022
Uma das muitas maneiras de analisar o desempenho e, principalmente, as perspectivas de uma empresa de capital aberto com ações em bolsa de valores é verificar quem são os seus maiores investidores.
Grandes investidores, sejam eles pessoas físicas ou instituições, tendem a ter experiência, profundos conhecimentos e um staff de assessoramento que os orientam na alocação de seus investimentos.
Assim, no rol das empresas brasileiras do Setor de Defesa com ações em bolsa de valores, chama a atenção o fato de o megainvestidor Luiz Barsi Filho e de sua filha Louise possuírem uma grande posição em ações da Taurus Armas S.A., a multinacional brasileira que, após quase ir à recuperação judicial, foi comprada pela CBC no final de 2014, realizou um turnaround (volta por cima) a partir de 2017, trocou seu staff diretivo em 2018 e se tornou, recentemente, a maior vendedora mundial de armas leves.
Na Internet, há inúmeros vídeos onde Barsi e/ou Louise explicam os motivos de seu investimento em Taurus. Porém, esta editoria resolveu mostrar apenas os postados abaixo, já que são os mais recentes.
No último vídeo, ao elencar um dos motivos pelos quais investe na Taurus, Barsi assim se referiu ao CEO Salesio Nuhs, que comanda os destinos da empresa desde 2018:
- "É administrada por um super competente administrador, o Salesio".
- "Acredito que ele tenha uma concepção mais ou menos parecida com a minha".
- "Está reprogramando os conceitos e produzindo resultados extraordinariamente positivos".
Barsi e Louise - como é a tônica do seu modo de operar - conhecem muito bem a Taurus e seus atuais dirigentes, que já visitaram em diversas oportunidades, podendo testemunhar in loco a impressionante transformação pela qual passou a empresa nos últimos quatro anos e meio.
Vale ressaltar ainda que Luciano Luiz Barsi, um dos filhos de Luiz Barsi, é membro do Conselho de Administração da Taurus.
A nova realidade mundial de conceitos e critérios de investimentos
Enquanto apenas 2,4% da população brasileira investe em bolsa de valores (cerca de 5 milhões de pessoas, em Jan 22), nos Estados Unidos (onde a população chega a 328,2 milhões), a porcentagem de pessoas que investe em ações é de cerca de 55%, sendo este o país onde é mais profunda a cultura de o cidadão e as famílias formarem uma poupança por meio de uma rentável carteira de ações que proporcionem bons dividendos.
No Brasil, há empresas que ainda não tem tanta demanda por parte dos investidores, principalmente por sofrerem preconceito de parte do mercado pelo fato de produzir armas, como é o caso da Taurus e da Embraer. Para esses casos, falta ao investidor brasileiro a maturidade e o conhecimento que o mercado americano tem, onde só são excluídos, normalmente, investimentos em empresas que fabricam, desenvolvem ou vendem armas que violem convenções internacionais ou que estejam envolvidas no desenvolvimento de armas nucleares.
Como escreveu o analista Caio Cauti em Exame, até pouco tempo atrás os fundos e gestores ESG ficavam bem longe de ações de fabricantes de armas, mesmo que essas empresas tenham um papel importante em termos de crescimento econômico, tecnológico e, especialmente, de segurança nacional. Porém, a invasão russa na Ucrânia mudou o jogo no caso das abordagens dos investidores em relação às suas estratégias ambientais, sociais e de governança (ESG).
Segundo analistas do Citi, “a partir de agora, o setor da Defesa será considerado cada vez mais como uma necessidade que facilita a adoção de critérios ESG para os negócios, pois mantém a paz, a estabilidade e outras coisas socialmente justas”. Traduzindo para o bom português: está liberado comprar papéis de produtores de armas que não firam os critérios ESG. E o mercado não vai julgar os fundos que operarem nesse sentido. Muito menos puni-los.
Se no início do ano, alguns gigantes da gestão de ativos tinham posições vendidas em ações de empresas da Defesa, agora tiveram que mudar rapidamente de rumo. É o caso da BlackRock que estava apostando contra a empresa britânica BAE ou contra a italiana Leonardo. Agora a ordem é: recomprar. Afinal, como explicou recentemente o primeiro-ministro da Letônia, o que é mais ESG do que a segurança nacional?
Nessa nova realidade de investimentos, o conceito ESG está umbilicalmente vinculado ao de segurança. Por extensão - e a guerra atual está demonstrando isso - não haverá segurança ambiental, social e de governança corporativa se os cidadãos, as empresas, as comunidades e os países não puderem garantir a segurança individual, familiar, empresarial e nacional.
Voltando ao caso em pauta, o maior investidor pessoa física da bolsa de valores brasileira iniciou seus investimentos em Taurus Armas já há vários anos, quando percebeu as possibilidades de recuperação da empresa e, mediante um profundo estudo do caso, concluiu que seus gestores e suas perspectivas futuras estavam em linha com a estratégia que sempre o caracterizou no mercado.
Além disso - e mais uma vez - Luiz Barsi Filho parece ter exercitado o caráter visionário que norteia a maioria de seus investimentos, ao se tornar sócio de uma empresa que, até pouco tempo atrás, era relegada pela maioria dos investidores pelo fato de ser uma produtora de armas e que hoje, coerente com os novos conceitos e critérios, já passa a ser vista pelo mercado como fundamental à segurança nacional e, em consequência, como uma das guardiãs do verdadeiro conceito ESG no Brasil.
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