Luciano Macaferri — Foto: Silvia Zamboni/Valor |
*Valor Buisiness Internacional, por Stella Fontes - 11/04/2022
A Thales, um peso pesado da indústria aeroespacial global, uniu forças com a Eve para ajudá-la a desenvolver veículos elétricos verticais de decolagem e aterrissagem (eVTOLs). Inicialmente, a multinacional francesa e a empresa controlada pela Embraer realizarão estudos conjuntos por 12 meses a partir de janeiro, com foco nos sistemas da aeronave. Mas a parceria pode ser estendida aos demais componentes do ecossistema de mobilidade aérea urbana.
“Este é um mercado muito promissor, mas também muito novo. Atuaremos em cocriação”, disse Luciano Macaferri, CEO da Thales para o Brasil. A empresa, gigante em defesa e segurança digital, já realizava pesquisas sobre eVTOLs, mas não havia aderido a um projeto específico até agora.
A parceria também tem uma abordagem financeira. O “carro voador” de Eve ou “táxi aéreo elétrico”, como são chamados os eVTOLs, deve entrar em serviço em 2026 e já garantiu US$ 549 milhões em financiamento, o suficiente para avançar para a etapa de certificação. A Thales está entre os investidores que contribuíram para o projeto, mas o valor exato está protegido por um acordo de confidencialidade.
De acordo com o co-CEO da Eve, Andre Stein, a Thales pode contribuir por meio de ampla experiência em peças de aeronaves – aviação, elétrica, controle de voo, navegação, comunicação e sistemas de conectividade – e na criação conjunta de soluções para eVTOL. “Trazer outra empresa, como a Thales, torna o projeto mais robusto”, disse ele.
A multinacional já era uma importante fornecedora de sistemas eletrônicos para a Embraer, utilizados em jatos comerciais e executivos e no KC-390 Millennium. Os futuros fornecedores da Eve ainda serão selecionados, mas o fato de a Thales estar participando do projeto de desenvolvimento do eVTOL coloca a empresa em uma posição vantajosa.
Segundo os executivos, a cooperação não se limita aos recursos da Thales no Brasil. No país, o Centro de Tecnologia Espacial da multinacional, em São José dos Campos (SP), e seu Centro de Aeronaves, em São Bernardo do Campo (no mesmo estado), servirão de base para os estudos. Mas engenheiros na França, Canadá e Estados Unidos participarão do esforço.
A parceria Thales-Eve também é útil do ponto de vista da certificação, observam os executivos. A Eve formalizou em fevereiro seu pedido de Certificado de Tipo (TC) na Agência Nacional de Aviação Civil e buscará certificações nos Estados Unidos (FAA) e Europa (EASA). A interação da multinacional com esses reguladores e a possibilidade de troca de informações contribuirão para o processo.
Com 1.785 unidades na carteira de pedidos, Eve estima que o preço de seu eVTOL será de US$ 3 milhões. A aeronave elétrica visa oferecer transporte confortável, de baixo ruído e zero carbono. Inicialmente, será tripulado, com capacidade para quatro passageiros, e ainda não há uma decisão formal sobre onde a aeronave será produzida – o que é certo é que o parceiro, nesta fase, será a Embraer.
A listagem da Eve na Bolsa de Valores de Nova York, após a fusão com a Zanite Acquisition, está prevista para ocorrer neste trimestre. Inicialmente, a empresa controlada pela Embraer foi avaliada em US$ 2,4 bilhões.
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