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19 março, 2022

Minifoguetes de 40 milímetros lançados por pequenos drones: uma nova preocupação para a segurança militar e civil

 


*LRCA Defense Consulting - 19/03/2022

A indústria turca de defesa é, atualmente, uma das que mais cresce no mundo, tanto no segmento de armas para o combate em terra e no mar, como no de soluções aéreas, como drones, helicópteros e aviões.

Além de prever o lançamento de um caça multitarefa para 2023, os turcos estão se notabilizando pela produção de drones de combate eficazes e de custo relativamente baixo.

O conflito bélico que envolveu o Azerbaijão e a Armênia foi uma das mais recentes demonstrações de sua tecnologia aérea, onde os drones turcos Bayraktar TB2 do primeiro, juntamente com mísseis israelenses antiradiação com uso de Inteligência Artificial, simplesmente colocaram fora de combate boa parte dos blindados, da artilharia e da defesa antiaérea armênia.

Bayraktar TB2

Este veículo não tripulado, de acordo com o site da empresa, tem uma envergadura de asa de 12 metros, capacidade para 700 kg ao descolar, sendo que pode levar 150 kg de armas. A altitude operacional é de 18.000 pés (5.500 metros). É utilizado, desde 2014, pelas Forças Armadas da Turquia e pela Polícia Nacional Turca. Atualmente, mais de 250 Bayraktar estão a serviço da Turquia, Qatar, Azerbaijão e Ucrânia.

E é nesse último país que os cerca de 50 drones Bayraktar TB2 adquiridos pela Ucrânia estão se notabilizando por sua atuação contra os blindados, artilharia e comboios de tropas russas que invadiram o país. Este fato, além de consagrar a aeronave, mostra que há sérias falhas na defesa aérea russa, o que é uma surpresa para muitos observadores, já que os russos afirmavam que os seus sistemas mais avançados de guerra eletrônica, detecção por radar e de defesa aérea conseguiriam detectar e neutralizar este drone, de forma a não ser uma ameaça para as forças no terreno.

Drone armado turco Songar dispara minifoguetes de 40mm
Apesar de os drones de combate maiores já estarem em uso por diversos exércitos do mundo, com muitos já estando integrados às forças de ataque e/ou defesa, o uso de pequenos drones não-suicidas de ataque - ou seja, que podem atacar, retornar, serem rearmados e voltar ao combate - ainda é uma novidade em desenvolvimento.

O drone armado turco SONGAR, por exemplo, desenvolvido com um  Módulo de Mira Eletrônica e Cálculo Balístico, pode operar simultaneamente como um sistema de drone único ou múltiplo, sendo integrado a uma metralhadora automática de 5,56mm ou, agora, a um lançador de minifoguetes de 40mm.

Ele pode executar muitas tarefas críticas, como detecção da área-alvo, neutralização de ameaças, detecção de danos pós-operações e transmissão de imagens em tempo real.

O drone tem um teto de serviço de 3.000 metros MSL (acima do nível do mar) e 300 metros AGL (acima do nível do solo). O sistema pode transmitir vídeo em tempo real e operar em um raio de missão de até 5 km. 


O portal turco AA, em matéria desta data assinada por Goksel Yildirim, revela que, de acordo com as informações recebidas pelo correspondente da AA, a cooperação da Asisguard (que desenvolveu o drone armado Songar) e da Troy Teknoloji Defense (que produz explosivos de nível militar, ogivas que podem fornecer alta eficiência com esses explosivos e minifoguetes) resultou em testes de campo concluídos com sucesso.

Diferentes sistemas de armas e munições foram integrados ao Songar, que apareceu pela primeira vez com uma metralhadora automática e depois se juntou ao inventário das forças de segurança. Por fim, foram adicionados estes minifoguetes desenvolvidos pela indústria nacional turca.

Como resultado dos estudos de integração que a Asisguard e a Troy Teknoloji Defense vêm realizando há algum tempo, o teste de fogo foi realizado pela primeira vez. Oito tiros bem sucedidos foram feitos com minifoguetes montados nos tubos de tiro colocados no Songar.

Foguetes com diâmetro de 40 milímetros foram desenvolvidos como uma solução que pode ser utilizada em mini e microveículos aéreos não tripulados (VANT) e veículos terrestres não tripulados, sem dependência de fontes externas.

O minifoguete - que está dentro dos limites de carga de asa rotativa ou fixa, baixa altitude, mini ou micro UAV - possui infraestrutura adequada para multiuso. Avalia-se que o sistema, que é produzido localmente e pode ser desenvolvido de acordo com as necessidades, será útil para uso em operações de segurança interna e transfronteiriças, bem como para operações em áreas urbanas, além de operações militares específicas.

Seis minifoguetes de uma só vez contra ameaças
O minifoguete, com 170 milímetros de comprimento, é lançado de um tubo de disparo de 550 milímetros. O peso do foguete corresponde a 500 gramas com um tubo lançador descartável. Até 6 foguetes podem ser integrados em um mini UAV.

O minifoguete atinge um alcance máximo de 2 quilômetros e opera com um alcance efetivo de 100 a 500 metros. A ogiva antipessoal com espoleta de aprendizado inteligente opera em um raio de 12 metros. A capacidade de penetração da ogiva perfurante de blindagem corresponde ao STANAG 4569 Nível 2 (blindagem leve, resistente à munição 7,62 x 39mm API BZ a 30 metros com 695 m/s)

O principal objetivo do sistema é determinar os elementos de ameaça de uma certa distância de forma controlada ou neutralizar os alvos detectados anteriormente sem enviar pessoal para a área perigosa.

Este sistema apresenta vantagens por ser nacional (turco), de baixo custo, pode ser desenvolvido de acordo com as necessidades, fácil de usar, leve e pode ser transportado por pessoal em várias unidades, destinando-se a atingir e destruir alvos fixos, como veículos não blindados e levemente blindados, edifícios e pequenas estruturas.

Minifoguete de 40mm

Segundo afirmou um executivo da Asisguard, o drone armado Songar, além de estar em uso por quatro forças turcas, já está sendo exportado para alguns países. A mesma fonte também declarou que o drone poderá ser equipado com bombas militares e antidistúrbios e, futuramente, com mísseis.

Drone Songar equipado com bomba militar

Dor de cabeça para a segurança militar e também para a civil
A adição de minifoguetes a pequenos drones tem tudo para se transformar em uma grande dor de cabeça para a segurança militar e também para a civil, haja vista que tais UAV podem ser facilmente  transportados por forças militares e por insurgentes de qualquer natureza, inclusive de maneira dissimulada.

Os fatos de poderem voar em altitudes muito baixas, terem um pequeno nível de ruído e um raio de missão de até 5 km, além de um alcance efetivo de até 500 metros, tornam tais drones um grande risco para tropas e instalações militares, bem como para alvos civis compensadores, caso estes não disponham de uma defesa antidrone adequada.

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