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01 novembro, 2021

Taurus voltará a pagar dividendos, mas quando?


*LRCA Defense Consulting - 01/11/2021

Desde o ano de 2020, quando a empresa consolidou em números e desempenho o turnaround completo que realizava desde 2018 com a atual gestão, Salesio Nuhs, CEO Global, e Sérgio Sgrillo, CFO e DRI, têm comentado, nas diversas lives e entrevistas de que participam, sobre a firme intenção da empresa de voltar a remunerar seus acionistas por meio de dividendos.

Sendo assim, esta Consultoria resolveu buscar algumas declarações dos dois executivos a fim de tentar determinar quando a empresa iniciará o pagamento de dividendos, uma vez que não pairam mais dúvidas de que esta é a intenção da Taurus.

Em 24/11/2020, Sérgio Sgrillo revelou que o pagamento de dividendos será "a cereja do bolo do turnaround". Afirmou que a companhia tem uma política agressiva de dividendos, de 35% do lucro líquido, superior à maioria das demais empresas. Segundo ele, antes previsto apenas para médio prazo, a reversão rápida do patrimônio negativo poderá levar a que, no próximo trimestre (1T21), talvez já se esteja discutindo o assunto na Taurus.

No dia 04 de dezembro de 2020, o CFO confirmou que, dadas às boas perspectivas, o assunto já será discutido em meados de 2021. 

Em 19 de março deste ano, ao divulgar o balanço referente ao 4T20 e ao ano de 2020, quando a Taurus definitivamente surpreendeu analistas e acionistas ao apresentar Patrimônio Líquido positivo (a previsão era para o 4T21) e registrar um excepcional lucro de 263,6 milhões de reais no ano passado, Salesio Nuhs assim se pronunciou: 

- "Finalmente, patrimônio líquido positivo! A cada trimestre de 2020 os recordes em todos os indicadores operacionais se sucederam. A produção industrial se manteve em ritmo crescente, de modo que chegamos no último trimestre do ano com a média de produção, considerando as fábricas do Brasil e dos EUA, de 8.200 armas/dia e o total de 1,6 milhão de armas produzidas em 2020. Com a demanda aquecida em nossos principais mercados, Brasil e EUA, atingimos a marca de 1,8 milhão de armas vendidas, o que proporcionou receita de R$ 1.773,2 milhões. Isso representa aumento de 77,4% em relação a 2019, que já tinha sido um ano de resultados fortes para a Taurus. O crescimento da receita foi acompanhado de ganho de rentabilidade, a partir da firme gestão de custos e despesas, levando ao recorde também no lucro bruto, na margem bruta, no Ebitda e em sua margem. Encerramos o ano com lucro líquido de R$ 263,6 milhões, o que permitiu reverter a posição de patrimônio líquido negativo que se mantinha na Taurus desde 2015. É um primeiro passo na direção de voltar a remunerar os acionistas com o pagamento de dividendos. E isso em apenas três anos a partir do choque de gestão que demos na Companhia, prazo bem mais curto do que o que se podia esperar".

Em 12/08/2021, Salesio afirmou ao portal InfoMoney que: "o segundo semestre teria tudo para ser 'o melhor dos mundos' para a companhia. No dia seguinte (13), falando ao jornal Zero Hora sobre o investimento de R$ 500 milhões que a empresa fará no RS nos próximos cinco anos, o CEO disse:  "E estamos já pensando no pagamento de dividendos em busca de um investidor com perfil de mais longo prazo. A empresa já tem caixa. Falta um ajuste contábil. Contratamos a consultoria EY [Ernst & Young] para isso".

A contratação da conceituada consultoria Ernst & Young, realizada provavelmente entre julho e agosto, visou encontrar a melhor e mais rápida solução para resolver a questão dos prejuízos acumulados em exercícios anteriores no valor de R$ 442,7 milhões, que impedem que a empresa pague dividendos enquanto não for equacionada.

"Máquina de dividendos"

Nesses quatro anos, a Taurus Armas resolveu de forma brilhante seu endividamento e voltou a ter patrimônio líquido positivo. Com desempenho consolidado e em tendência de alta, a companhia seguiu no caminho para eliminar os saldos negativos nas contas de reservas de capital e prejuízos acumulados em exercícios anteriores, visando - primeira e primordialmente - alcançar o objetivo de voltar a remunerar seus acionistas com pagamento de dividendos.

Ressalta-se que o fato de a Taurus ter, em seus estatutos, a obrigação de pagar um dividendo mínimo de 35% sobre o lucro líquido ajustado (LLA) anual a seus acionistas (10% acima do mínimo de lei), torna-se um atrativo a mais não só aos investidores nacionais, mas também aos americanos, já que os EUA é o país onde é mais arraigada a cultura de o cidadão formar uma poupança por esse instrumento. Estima-se que cerca de 60% dos americanos possuam ações, boa parte como formação de poupança.

Certamente, não é sem motivo que o megainvestidor Luiz Barsi Filho, conhecido por sua devoção aos dividendos como estratégia de investimento em ações, tem a maior posição nas ações preferenciais da empresa e a segunda maior nas ordinárias.

A propósito, no programa BM&C News, da Sara Invest, edição de 26/03/21, o estrategista e gestor de clube de investimentos Fábio Bacha, quando comentava sobre o momento da Taurus Armas, mostrando-se bastante entusiasmado com a empresa, afirmou que ela poderá ser uma "máquina de distribuir dividendos em 2022".

Mas quando?
Para tentar determinar um período provável para o início do processo de pagamento de dividendos, esta Consultoria considerou que:

  • a Ernst & Young foi contratada entre os meses de julho e início de agosto; assim, é lícito supor que ela tenha demorado até o final de setembro para entregar seus resultados;
  • pelos posicionamentos de seu CEO e de seu CFO, a Taurus evidencia uma relativa pressa em resolver logo a questão dos prejuízos anteriores e se liberar para galgar objetivos situados em um novo e mais elevado patamar;
  • a empresa tem lucros e caixa suficientes para equacionar agora esse problema;
  • o Estatuto Social da empresa possibilita que os dividendos possam ser pagos trimestralmente, semestralmente, anualmente (praxe) ou, até mesmo, extraordinariamente.

Tais considerações levam a crer que, com os excelentes resultados esperados para o 3T21, a empresa já tenha adquirido condições de fazer uma "soma de resultado zero", ou seja, uma operação meramente contábil (não há desembolso financeiro) onde, sem deixar de ter lucros, utiliza-os na zeragem dos prejuízos acumulados anteriores. 

A consequência direta é que a Taurus, caso opte por pagar dividendos trimestrais, já estará liberada para fazê-lo sobre o lucro do 4T21 ou, se forem anuais, sobre o mesmo lucro do 4T21 eventualmente acrescido de parcela não apreciada contabilmente para zerar os prejuízos anteriores acumulados.

Com relação à divulgação do fato pela empresa, é possível que esta se dê conjuntamente com os resultados do 3T21, ou até antes, caso queira capitalizar melhor o fato junto ao mercado.

Outros patamares
No entanto, o retorno da empresa à situação de Patrimônio Líquido positivo e o fato de zerar (contabilmente apenas) os prejuízos acumulados de anos anteriores, têm importantes e consequentes implicações que vão além do pagamento de dividendos e poderão fazer uma grande diferença para o futuro da companhia:

  • possibilidade de investimento em suas ações por grandes fundos e gestoras de capital nacionais e internacionais, até então impedidos de fazê-lo;
  • acesso a financiamentos nacionais e internacionais em condições vantajosas;
  • eventuais aquisições e/ou novas joint ventures estratégicas;
  • recompra estratégica de ações para mantê-las em tesouraria, valorizando-as;
  • e, por que não, listagem de seus títulos em uma bolsa de valores norte-americana, seja por meio de ADR, seja por IPO da unidade americana (Taurus USA), ou seja ainda pela migração de suas ações para uma bolsa de valores dos EUA.

Por fim, esta Consultoria deixa claro que esta é uma análise de cunho prospectivo baseada nos fatos conhecidos, podendo ser ratificada ou retificada por fatos supervenientes.

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