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13 setembro, 2021

Grafeno, MIM, impressão 3D, robotização... Taurus esbanja tecnologias de ponta


*LRCA Defense Consulting - 12/09/2021

A Taurus Armas surpreendeu o mundo ao anunciar, recentemente, um convênio com a Universidade de Caxias do Sul visando à produção de armas com grafeno, e divulgar que, até o final deste ano, fabricará um modelo de sua pistola microcompacta GX4 contendo componentes injetados e tratamento superficial das peças metálicas com esse revolucionário material. 

Não satisfeita, a empresa anunciou ainda que, a partir de meados de 2022, no bojo de uma parceria com a Universidade do Vale do Sinos firmada no mês passado, a montagem das pistolas da plataforma GX4 será completamente robotizada, em mais um passo em direção à Indústria 4.0.

Esses fatos mostram a importância que a empresa dá ao emprego da alta tecnologia em seus processos fabris, mas eles não começaram agora e tampouco se resumem a essas iniciativas, como poderá ser visto a seguir.

Somente duas fabricantes de armas têm tecnologia MIM no mundo
Somente duas fábricas de armas tem a tecnologia Metal Injection Molding (MIM) no mundo e a Taurus é a única abaixo do Equador. Numa arma, são cerca de 14 peças de MIM e a empresa, hoje, fabrica mais de 80 mil dessas peças por dia.

A tecnologia MIM permitiu a produção de peças de geometria complexa, com baixo custo e alto volume, dispensando a necessidade de fornecedores externos, utilizados pela maioria dos fabricantes de armas, com grande vantagem sobre processos tradicionais, como microfusão e usinagem. Esta tecnologia de alta performance une a resistência mecânica dos metais com a versatilidade de forma dos polímeros, a partir da injeção dos componentes, com posterior processo térmico de remoção dos polímeros e sinterização.

Em julho deste ano,  a Taurus iniciou a operação de seu terceiro forno contínuo na unidade MIM na planta de São Leopoldo (RS). O novo equipamento aumentará em cerca de 40% a capacidade de produção de peças com a tecnologia MIM pela companhia, das atuais 80 mil peças/dia para 110 mil peças/dia. A implementação do projeto do novo forno - da proposta à instalação - durou cerca de um ano, com investimentos da ordem de R$ 5 milhões. Com a aquisição, a Taurus se consolida no ranking mundial das 10 maiores empresas com a tecnologia MIM e se torna a maior no Hemisfério Sul.

O objetivo é que o equipamento opere 24 horas nos 365 dias do ano, aumentando a flexibilidade e capacidade de produção de armas e componentes pela Taurus. A sede da empresa, em São Leopoldo, será responsável pela distribuição de peças MIM para todas as unidades produtivas (Brasil, EUA e Índia).

Terceiro forno contínuo MIM da Taurus

Manufatura Aditiva gera precisão e economia de tempo e recursos
Manufatura Aditiva é o processo pelo qual é possível fabricar objetos sólidos a partir de um modelo do sólido, adicionando camadas de materiais - plástico, metais e outros - para formar objetos. Ela é conhecida também como impressão 3D.

Em abril de 2020, a Taurus recebeu a impressora suíça 3D DMP (Direct Metal Priting) Flex 350, da 3D Systems, em sua fábrica de São Leopoldo (RS). Essa foi a primeira impressora da fabricante suíça a ser entregue em todo o Hemisfério Sul.

O sistema de fabricação Direct Metal Priting de alto desempenho é uma alternativa robusta aos processos tradicionais de produção de metal. Com um volume de construção de 275 x 275 x 380 mm, a máquina oferece redução do desperdício, maiores velocidades de impressão, tempo de configuração curto e peças de metal com propriedades mecânicas excelentes. O novo equipamento chegou para reforçar a estratégia da companhia de investir no processo de pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Imprimindo em metal, a impressora 3D faz o prototipo inteiro de uma arma em apenas um dia ininterrupto de trabalho, enquanto o processo anterior utilizava trabalho de terceiros e demorava muitos dias para ser realizado. Além de uma precisão muito maior, por ser totalmente robotizado, o processo gera um considerável ganho de tempo e economia de recursos.

Impressora suíça 3D DMP (Direct Metal Priting) Flex 350, da 3D Systems

Centros de usinagem horizontais
Em abril de 2020, a Taurus recebeu os dois novos centros de usinagem horizontais para fabricar as armações, componente fundamental de uma arma.

Os centros de usinagem horizontais proporcionam economia de tempo e aumento de produtividade, quando comparados aos centros de usinagem verticais. Características como a troca de ferramentas de corte em menos de 2 segundos e rotações de até 20.000 rpm garantem qualidade e precisão das peças usinadas.

Segundo o presidente da companhia, Salesio Nuhs, com os novos maquinários, a Taurus iniciou a produção de revólveres em um novo conceito de produção, muito mais moderno, com alta qualidade e eficiência, proporcionando maior valor agregado ao consumidor final e excelente custo-benefício.

Este é, por exemplo, o propósito do projeto “Excelência Revólver”, criado pela Taurus para produzir revólveres de baixo custo, com elevado volume de produção e alta qualidade. A empresa está redesenhando sua operação e investindo no aumento da automação do processo de fabricação, visando manter e ampliar a liderança mundial na produção de revólveres.

Os dois novos centros de usinagem horizontais


Armas com grafeno

Recentemente, o CEO Global da empresa, Salesio Nuhs, divulgou que, ainda em 2021, será lançada uma versão da pistola GX4 com grafeno, material que estará presente nos componentes injetados e no tratamento superficial das peças metálicas.

Essa será a primeira arma no mundo a ser feita com a adição desse material, e a Taurus não ficará só nela. 


Para tanto, estão adiantadas as pesquisas realizadas pelo CITE - Centro Integrado de Tecnologia e Engenharia BR/EUA da Taurus juntamente com a UCSGraphene, no bojo do convênio oficializado no dia 30 de junho com a Universidade de Caxias do Sul (UCS) para realizar pesquisa e desenvolvimento de armamentos com grafeno. 

Por ser uma tecnologia disruptiva, o grafeno tende a competir com tecnologias existentes e substituir materiais com décadas de uso. Suas aplicações permitem desenvolver produtos mais leves e com alta resistência mecânica. O uso do grafeno proporcionará um melhor desempenho contra oxidação, para evitar a corrosão, bem como potencializará as propriedades mecânicas, como resistência ao impacto, além de reduzir o peso da arma.

GX4 terá montagem robotizada
A união de diversas tecnologias de ponta, somadas ao grande esforço que está sendo feito pelos engenheiros do CITE com o concurso da Unisinos - Universidade do Vale do Rio do Sinos, possibilitará que, a partir de meados de 2022, a montagem das pistolas da plataforma GX4 seja completamente robotizada, em mais um passo em direção à Indústria 4.0.

Montagem dos modelos da pistola GX4 será robotizada


"Produzindo" engenheiros

O seguinte trecho de uma matéria da CNN Brasil é bastante oportuno para se poder entender o que acontece na Taurus: “Antes de produzirmos aeronaves, precisamos produzir engenheiros”. A frase, atribuída ao Marechal-do-Ar Casimiro Montenegro Filho, que liderou a criação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 1950, é lembrada até hoje como um mantra pelos corredores da Embraer, que, além de fabricar aviões, também investe pesado na formação e especialização de engenheiros. Trocando-se a empresa e a finalidade, seria possível afirmar agora que “Antes de produzirmos armas, precisamos produzir engenheiros”.

Sob o título "Um exército de inovadores", a revista Amanhã discorreu sobre o fato de a Taurus ter sido um dos destaques da edição que revelou quem são as empresas mais inovadoras do Sul em 2021.

Quando a atual gestão assumiu a Taurus, em 2018, por questões estratégicas decidiu adotar o processo de pesquisa, desenvolvimento e inovação como o seu principal pilar estratégico. No entanto, a direção se deparou com uma grande falta de mão de obra qualificada no que se refere a engenheiros especializados em armas. Com isso, a companhia decidiu investir mais ainda na formação de seus funcionários. Hoje, a empresa tem mais de 70 engenheiros formados e outros 105 estudando. “Acreditamos que toda empresa comprometida com inovação tem de ter um quadro amplo de engenharia de produtos e processos. Isso é importante para criar uma cultura de tecnologia e de inovação”, reflete Salesio Nuhs, CEO Global da Taurus, fazendo questão de ressaltar que todo esse processo de desenvolvimento de pessoas tem sido fundamental para criar na Taurus um ambiente favorável para a criatividade.

“Mais de R$ 6 milhões foram investidos no ano passado em infraestrutura e maquinário de prototipagem do Centro Integrado de Tecnologia e Engenharia Brasil/Estados Unidos (CITE)”, exemplifica. Porém, o aporte foi ainda maior: no total, o valor foi superior a R$ 35 milhões, sendo que 20% foi destinado para o projeto Excelência Revólver, cujo objetivo é ampliar a tradição da companhia como maior fabricante desses equipamentos no mundo e ofertar no mercado o modelo mais acessível aos clientes. E dinheiro não faltará. Para este ano, estão previstos mais de R$ 45 milhões para inovação, valor 30% maior do que o aportado em 2020.

Indo além, a Taurus firmou parceria com a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) para realizar o projeto de Excelência Operacional, a fim de elevar seus resultados a outro patamar no que se refere a velocidade no atendimento ao cliente, capacidade operacional e avanço tecnológico, junto com outros projetos estratégicos e estruturantes em andamento na empresa.

Unisinos, São Leopoldo

De acordo com Salesio Nuhs, a ideia é ampliar a parceria com os melhores centros de pesquisa e desenvolvimento para avançar em todos os tipos de tecnologias voltadas a produtos e processos, passo fundamental para o avanço da Taurus em direção à Indústria 4.0.

"Neste sentido, celebramos o início de um novo relacionamento junto à Unisinos, universidade em que tive o prazer de estudar durante os anos de 1983 e 1984. Esta parceria tem três principais frentes de atuação: o projeto Taurus Excelência Operacional, o Centro Integrado de Tecnologia e Engenharia e o desenvolvimento do Programa de Capacitação em Pesquisa e Inovação Taurus para a formação de todos nossos colaboradores que irão, nos próximos anos, passar por todas as transformações e oportunidades que a quarta revolução industrial apresenta", explica Nuhs.

O projeto Taurus Excelência Operacional será desenvolvido com o apoio do GMAP da Unisinos, grupo de pesquisa em Modelagem para Aprendizagem que trabalha com o desenvolvimento de pesquisa aplicada. Por meio da parceria, será desenvolvido o Sistema Taurus de Produção, que integrará todo o sistema de manufatura a um sistema produtivo mais amplo, potencializando o foco no cliente por meio de conexões entre os diferentes players da cadeia de valor. Além dos clientes, os fornecedores, principalmente os integrantes do novo condomínio industrial da Taurus que está em construção, também serão beneficiados pelo projeto.

Taurus 4.0
Toda essa integração, utilizando novas tecnologias e convênios com renomados centros de pesquisas universitários, projetarão a empresa para uma Taurus 4.0. O conceito de Indústria 4.0 será a base deste projeto, que visa, ao final de dois anos, construir um centro de Data Science e Smart Factory voltado à inovação de processos por meio de simulação e pesquisa operacional.

Em paralelo ao projeto de Excelência Operacional, a Unisinos irá mapear e planejar o Programa de Capacitação Taurus, onde todos os colaboradores da empresa, desde o montador até a diretoria, de alguma forma, serão contemplados com uma etapa de capacitação. Assim se formará uma base conceitual sólida para que a Taurus consiga, colocando as pessoas no centro do processo, aproveitar todos os avanços tecnológicos da Indústria 4.0 e tornar isso parte integrante da agregação de valor para o cliente, com uma operação mais sustentável em todos os aspectos, desde os fornecedores até a chegada do produto ao seu destino final, com o máximo de segurança e rastreabilidade.

Nesse sentido, a Unisinos criou, na área de Engenharia de Produção, a cadeira Sistema Taurus de Produção, objetivando que seus futuros engenheiros possam adquirir o know-how tecnológico da Taurus na produção de armas e, assim, poderem melhor se posicionar no mercado de trabalho, inclusive na própria empresa. Neste mês, a Unisinos deverá lançar uma turma de pós-graduação em Engenharia e Sistemas de Produção Taurus.

Segundo Salesio Nuhs, "A Taurus está levando adiante um tripé extremamente importante, focando na pesquisa e desenvolvimento. Nosso mercado vive de novidade. E nos EUA, sem novidades a empresa morre. Isso tudo está até desenhado dentro da fábrica. Transformamos a Taurus em uma empresa que pensa no futuro e está focada em projeto e processo".


 

Na mira: ser a maior e mais rentável fabricante de armas do mundo
As profundas transformações efetuadas na empresa a partir de 2017, o ramp-up da nova fábrica nos Estados Unidos, a ampliação e modernização da unidade brasileira, o estabelecimento de uma nova fábrica em joint venture na Índia, a agressiva conquista de alguns dos mais importantes e promissores mercados internacionais e o fato de a empresa ter revertido sete anos de prejuízos, passando a ser lucrativa a partir de 2019, são fatores que evidenciam o excepcional turnaround realizado pela Taurus Armas.

O investimento de 500 milhões de reais na ampliação de sua planta em São Leopoldo e o uso de tecnologias de ponta levarão a empresa a aumentar em 50% sua produção, passando a fabricar até 9.000 armas/dia. Possibilitarão também produzir kits para mais 1.500 armas/dia, a serem fornecidos às unidades fabris dos EUA e da Índia, passando a ser um hub mundial de fabricação/distribuição de peças. Isso permitirá, por exemplo, que a fábrica americana dobre sua produção. 

A concretização dos passos do novo Plano Diretor, criteriosamente estabelecido pela empresa, levará a Taurus 4.0 (conceito este que já estará presente no novo Centro de Distribuição Logístico) a otimizar ainda mais seus processos administrativos, operacionais e logísticos, o que se traduzirá em uma redução drástica de custos e de tempos internos, bem como em um significativo aumento da qualidade dos produtos, das margens de lucro e, por fim, da rentabilidade da empresa para seus acionistas.

Assim, após se reinventar, dar a volta por cima e se tornar lucrativa e saudável, a Taurus cresceu e continua crescendo a uma velocidade impressionante, projetando-se agora para o futuro como uma empresa que apresenta um potencial que impressiona, capaz de catapultá-la  para voos mais altos e de torná-la a maior e mais rentável fabricante de armamento leve do mundo, tal como objetiva a equipe que a lidera: "Ser a maior fabricante de armas leves do mundo, gerando riqueza e criando valor para seus acionistas".

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