*InvestNews - Cafeína - 10/09/2021
Exportando para ao menos 100 países, a Taurus (TASA4), a maior fabricante de armas do país, está expandindo o seu território. Com uma fábrica no Rio Grande do Sul e outra na Geórgia, nos EUA, a companha prevê agora expandir para a Índia. Recentemente, a companhia assinou uma joint venture junto a uma empresa indiana para instalar uma fábrica no país asiático – o que vai expor a fabricante à região.
Atualmente, a companhia divide suas vendas de armas em três blocos regionais: mercado brasileiro, norte-americano e exportação para outros países. O destaque das vendas está nos Estados Unidos, o maior mercado mundial de armas e, portanto, também maior consumidor dos produtos da Taurus. Só no segundo trimestre deste ano, a Taurus atingiu o volume de 507 mil armas vendidas nos Estados Unidos, uma alta de 33% na comparação anual.
Já no Brasil foram vendidas 87 mil unidades nesse período, uma alta de 75% quando comparado a um ano antes. Quando analisado o primeiro semestre de 2021, foi a primeira vez que a empresa alcançou a marca de um milhão de armas vendidas.
Já as vendas para outros países, excluindo os Estados Unidos, são realizadas para o mercado civil e para forças de segurança estrangeiras, a partir de licitações internacionais ganhas pela Taurus. No total, foram vendidas 24 mil unidades no segundo tri, uma alta de 380% em comparação a igual período de 2020. Já no primeiro semestre, a alta foi de 320%. Os destaques foram as exportações realizadas para o Paquistão, Filipinas e África do Sul, que representaram quase 63% do total das vendas no trimestre.
Mas vale ressaltar que já foram fabricados ao menos 12,4 mil fuzis Taurus T4 que serão faturados apenas no terceiro trimestre de 2021. Esse modelo foi vendido para o Exército das Filipinas, a partir de uma licitação que a companhia venceu em 2020, após ter a arma aprovada em testes de resistência. Essa é a segunda grande venda da Taurus para as Filipinas nos últimos anos.
Em seu último balanço, a empresa divulgou que as vendas no mercado interno responderam por 21% da receita do primeiro semestre. No entanto, considerando a atual carteira de pedidos, as vendas locais representam entre 8% e 12% do total.
Em junho, mesmo com o dólar mais baixo, perto dos cinco reais em média, a Taurus disse não ter sido afetada negativamente em seu resultado. Segundo a empresa, isso comprova que o desempenho da marca não está atrelado apenas aos ganhos cambiais das vendas externas. Porém, na comparação da evolução semestral, a sua receita foi sim beneficiada pelo ganho cambial sobre as vendas realizadas no exterior, uma vez que são realizadas em dólares e contabilizadas em moeda nacional.
Outro ponto que a empresa também destacou na divulgação dos últimos resultados é que, ela não é afetada pelas condições políticas no Brasil. Aliás, há uma correlação de aumento nas vendas aqui no país dado a política de armamento adotada pelo atual governo. No entanto, pela maior parte das suas vendas ser para o mercado americano, a empresa não está tão preocupada com o cenário político doméstico e afirma que isso não vai afetar os resultados futuros.
Já de olho no balanço do próximo trimestre, a expectativa é para um resultado ainda maior dado o aumento dos preços dos seus produtos que passaram a valer no segundo semestre. A alta para o mercado americano foi de 10% em dólares. Já no mercado brasileiro, a alta foi de aproximadamente 17%, já que correspondente ao IGP-M acumulado de dezembro de 2020 a julho de 2021. Se for analisar a carteira de pedidos após os novos preços, as vendas não foram afetadas pela alta dos preços.
Vale ressaltar que a empresa brasileira já é uma das quatro maiores no mercado de armas leves americano e a maior fornecedora de munições de baixo calibre para a Otan (aliança militar ocidental).
Analisando os resultados como um todo referente ao segundo trimestre, a fabricante registrou um lucro líquido 395% maior. A sua receita líquida cresceu quase 50% e o Ebitda registrou alta de 106% na comparação anual. Este é o quinto trimestre consecutivo de resultados positivos.
Entre os motivos apontados pela fabricante está uma maior estabilidade operacional, eficiência na produção e distribuição, novos investimentos, mix de vendas com modelos de maior valor agregado, além da redução da dívida e do seu custo financeiro.
Dívidas
Os empréstimos e financiamentos de curto e longo prazo da fabricante diminuíram de forma expressiva. A cifra passou de R$ 910 milhões no ano passado para uma dívida bruta de R$ 588 milhões.
Segundo analista, Victor Bueno, da TOP GAIN, a companhia vem passando por uma reestruturação, com mudança de CEO, de estrutura de capital, e até começo deste ano, vinha carregando prejuízos líquidos acumulados de um bom tempo. Fruto de uma má gestão, segundo o analista. A Taurus conseguiu fazer um controle de dívidas forte além de uma reestruturação total na sua administração.
E com a melhora nos fundamentos da empresa, ela fica cada vez mais atrativa com potencial de continuar valorizando, segundo o analista.
“Apesar de muitos terem receio ou preconceito, seja pela área de atuação como pelos anos de dívida e de prejuízo, a empresa vem se mostrando muito resiliente nos últimos anos”.
Atualmente, o seu patrimônio líquido saiu do campo negativo e está hoje em R$ 361 milhões positivos.
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