Novas instalações da Taurus USA, Bainbridge, Georgia, USA |
*LRCA Defense Consulting - 23/08/2021
Recentemente, na matéria "Taurus pode estar preparando o seu segundo turnaround", esta Consultoria divulgou que a Taurus Armas S.A., após os excepcionais balanços que vem apresentando trimestre após trimestre, contratou a conceituada consultoria
Ernst & Young visando encontrar a melhor e mais rápida solução para
resolver a questão dos prejuízos acumulados em exercícios anteriores. Tais prejuízos impedem que a empresa possa pagar dividendos
a seus acionistas enquanto a dívida não for devidamente equacionada.
Em nosso entender (ainda conforme a publicação citada), tal equacionamento poderá representar muito mais que o pagamento de dividendos, abrindo e/ou facilitando as portas para a emissão de ADR, para a recompra de ações e para a captação de grandes investidores nacionais e internacionais.
No entanto, analisando novamente o vídeo já postado (acima), que é um trecho da mais recente live com a Necton, é possível inferir que mais uma opção possa estar sendo estudada pela multinacional gaúcha: a abertura de capital da Taurus USA - subsidiária integral da empresa com sede nos Estados Unidos, onde atua há 40 anos - por meio de um IPO em bolsa de valores americana.
A iniciativa não seria inédita, pois outras empresas brasileiras já
trilharam o mesmo caminho, quer abrindo o capital de uma subsidiária
americana, quer realizando seu IPO somente nesse país, quer ainda listando seus papéis no Brasil e nos EUA. São exemplos: Vasta, XP Investimentos, PagSeguro, Stone, Azul, Arco, Afya Educacional, Vinci Partners, Pátria Investimentos, Vtex e Zenvia, além de outras com esse processo em planejamento e/ou preparação, como Nubank, JBS, Omie, Picpay, Oatly, Ebanx, CI&T, Hotmart, Elo, Binance e Conductor.
As vantagens de estar listada em "Wall Street"
No Brasil, há empresas que ainda não tem tanta demanda por parte dos investidores, seja por serem
desconhecidas, seja por serem pequenas, seja ainda, como também é o caso da Taurus, por sofrerem
preconceito de parte do mercado pelo fato de produzir armas. Para esses casos, falta ao investidor brasileiro a
maturidade e o conhecimento que o mercado americano tem.
Em Nova Iorque estão sediadas as maiores e mais conhecidas bolsas de valores do mundo (NYSE e NASDAQ, embora esta não tenha endereço físico), e lá se encontram os grandes investidores e empresas do planeta. Por isso, é muito interessante (e importante) para qualquer empresa estar presente em "Wall Street", haja vista este fato trazer grande visibilidade e reconhecimento internacional.
Além disso, as bolsas americanas são muito maiores que a brasileira. Assim sendo, o grande número de empresas e de investidores aumenta a liquidez do mercado, facilitando as operações e proporcionando mais segurança e estabilidade a todos os envolvidos.
Enquanto apenas 1,8% da população brasileira investe em bolsa de valores (cerca de 3,5 milhões de pessoas), nos Estados Unidos (onde a população chega a 328,2 milhões), a porcentagem de pessoas que investe em ações é de cerca de 55%. A dimensão desses números permite às empresas fazerem IPOs mais robustos, com um número de ações mais expressivo e com valores maiores. Afinal, quanto maior a demanda, maior o preço. E investidor é o que não está faltando no mercado dos EUA.
Como o mercado americano é mais maduro, há mais casas de análise e bancos (americanos e estrangeiros) cobrindo os papéis negociados nas bolsas de valores e, obviamente, ter um valuation quantificado em dólar pode contribuir para que a empresa seja considerada mais sólida e menos arriscada pelo mercado.
As bolsas americanas também oferecem dispositivos avançados de governança corporativa, até porque os requisitos exigidos pela SEC (órgão regulador de valores mobiliários dos Estados Unidos) são muito rigorosos. Mesmo assim, diferentemente do Brasil, a listagem em bolsas americanas permite a emissão de ações preferenciais (aqui, o Novo Mercado - instância máxima da governança - só permite ações ordinárias).
Além de tais inequívocas vantagens, o mercado americano ainda está inundado de dólares, devido à política de estímulos do FED, sendo que boa parte deste fluxo tem sido dirigido às bolsas de valores.
DNA, números e tecnologias da Taurus poderiam ser os grandes diferenciais
A Taurus Armas é hoje uma multinacional brasileira com presença marcante nos EUA e, em breve, também o será na Índia, sendo conhecida e reconhecida como uma empresa sólida que entrega produtos de alta qualidade nos mais de 100 países para os quais exporta.
Nos Estados Unidos, muitos americanos enxergam a Taurus como
uma legítima empresa americana, já que tem fábrica no país há
40 anos, é
a quarta marca de armas mais vendida e a primeira mais importada lá,
além de esse país absorver mais de 80% das vendas atuais da unidade
brasileira. Frente a isso, o CEO da empresa costuma afirmar que "parte do DNA da Taurus é americano".
Como também é uma empresa focada em tecnologia (vide as armas com grafeno e os demais processos altamente tecnológicos que possui), a listagem em mercados internacionais poderia atrair ainda uma grande leva de investidores especializados nesse segmento.
Uma outra vantagem significativa seria o fato de "Wall Street" ter apenas duas empresas americanas fabricantes de armas leves, Smith & Wesson Brands, Inc. (SWBI - NASDAQ) e Sturm, Ruger & Company, Inc (RGR - NYSE), sendo que os números, indicadores e perspectivas da Taurus são superiores em relação a ambas, além de estar sendo negociada a múltiplos muito inferiores. Com a Taurus USA passando a ser listada, seria possível também ao mercado internacional fazer um comparativo direto entre as três.
Apenas como exemplo da possibilidade de aportes de grandes grupos financeiros mundiais, a casa de análises internacional Simply Wall Street lista as mesmas três empresas de investimentos como os maiores acionistas da Ruger e da Smith & Wesson (com os respectivos percentuais de ações), além de mais de 20 outros grandes investidores em cada uma:
Ruger
15.99% - BlackRock, Inc.
10.67% - The Vanguard Group, Inc.
6.32% - Renaissance Technologies Corp.
Smith & Wesson
8.73% - Renaissance Technologies Corp.
8.65% - BlackRock, Inc.
7.84% - The Vanguard Group, Inc.
A
se confirmar tal hipótese, acredita-se que a iniciativa poderia gerar a injeção de um robusto capital na Taurus Armas, suficiente para possibilitar, em tempo recorde, um crescimento orgânico mais acelerado e uma redução adicional do
endividamento do grupo, o que, em tese, poderia levar a uma reprecificação bastante significativa no
valor de suas ações.
Saiba mais:
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*Nota: várias ideias presentes na matéria foram pinçadas e adaptadas de reportagens divulgadas na Internet, versando sobre IPO de empresas brasileiras nos EUA.
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