Após consultar os dados da Taurus Armas publicados em seu último balanço anual, é possível verificar que a empresa produziu 1,556 milhão de armas nos 12 meses de 2020.
No mesmo documento, a companhia divulgou que o número de pedidos firmes (backorder) que possuía era de 2,3 milhões de armas.
Embora o cálculo projetivo real seja muito difícil de realizar, haja vista conter algumas variáveis que são imponderáveis, o emprego de uma regra de três simples pode ser utilizado com precisão razoável, permitindo concluir que esse backorder corresponderia a 17,7 meses de produção nos níveis de 2020.
Como a empresa também divulgou que a unidade americana está em um ramp-up acelerado e que a brasileira também está tendo um aumento de produção via racionalização e otimização de processos (por enquanto), a soma desses incrementos poderá diminuir a quantidade de meses estimada. No entanto, é relevante considerar também que os recordes de NICS em março e no 1T21 permitem supor que a quantidade de pedidos também esteja aumentando. Assim, "somando e diminuindo", o número de 17,7 meses continuaria sendo uma estimativa bastante realística.
Um detalhe importante nesse caso é que todos esses pedidos já foram autorizados pelo FBI, haja vista que tal autorização é necessária para que um pedido seja formalizado junto à empresa. Isto significa que não serão afetados por qualquer eventual restrição que possa ser implementada pelo governo americano, pois a lei não retroage para prejudicar o cidadão.
Por outro lado, mesmo que atinja a pretendida meta de produzir 2 milhões de armas em 2021, a multinacional brasileira não conseguirá atender a excepcional demanda que tem e que, mantendo-se a tendência atual, continuará a crescer.
Em 2022, a entrada em operação da expansão de 50% prevista na planta de São Leopoldo (RS) deverá levar sua capacidade produtiva para um total de 9.000 armas/dia, o que, somando-se à produção plena prevista da unidade americana (até 4.000 armas/dia), elevaria a produção total da empresa a um nível em torno de 3 milhões de armas/ano.
Supondo-se que a demanda americana continue se mostrando firme, mesmo que sem os recordes atuais, ainda assim a Taurus terá dificuldades para atender, em 2022, todos os pedidos já existentes e os que estão por vir.
A persistir tal cenário, a empresa terá que decidir como poderá atender seu backorder. Para tanto, no entender desta Consultoria, sobressaem-se algumas opções: novas expansões no Brasil e nos EUA, produção na Índia ou a aquisição de uma outra empresa que, após as necessárias adaptações, possa colaborar para atender a demanda ainda não suprida.
Ao fundo, a pistola Taurus GX4 |
No início de maio, um novo fato irá se somar ao cenário de hoje: o lançamento simultâneo EUA/BR da pistola microcompacta Taurus GX4, que competirá em um novo nicho de mercado no qual a empresa hoje não está presente e
que representa cerca de 40% do mercado de pistolas nos EUA. As revolucionárias características tecnológicas dessa arma, aliadas ao preço imbatível com que estreiará no mercado, permitem supor que o lançamento será um grande sucesso, igual ou maior aos evidenciados pelas pistolas G3 e G3c.
Evidentemente, o caso do backorder existente é um problema a resolver, mas de natureza muito positiva, pois quantas empresas no mundo podem se dar ao luxo de ter, especialmente em tempos de pandemia, quase 1,5 ano de produção já comprometida?
Ao fim e ao cabo, isso significa, para a Taurus, a manutenção de um ritmo forte de vendas e de lucros em 2021 e em boa parte de 2022, pelo menos.
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