*LRCA Defense Consulting - 16/02/2021
No dia 13 de fevereiro, a imprensa indiana informou que o exército desse país emitiu um novo pedido de informações (RFI) para uma aquisição rápida de 93.895 carabinas CQB (a carabina Close Quarter Battle é uma arma mais curta que o fuzil de assalto, própria para o combate aproximado). Isso ocorre cinco meses depois que o Ministério da Defesa revogou a licitação para adquirir um número semelhante de carabinas sob o Procedimento Fast-Track (FTP).
Os RFIs foram emitidos em 10 de fevereiro para vários fabricantes globais, incluindo Caracal, Colt, SiG Sauer, Beretta e Kalashnikov. Segundo a imprensa indiana, a mudança significativa no FTP desta vez foi a remessa do RFI também para várias empresas indianas, como a Jindal Defense/Taurus Armas, Ordinance Factory Board, Reliance Defense, SSS Defense, Bharat Forge/Thales e Adani-PLR Systems/IWI, entre outras.
Como antes, o exército quer a nova carabina com câmara para o cartucho de 5,56x45 mm. A arma deve ter alcance efetivo não inferior a 200 metros; precisão menor que igual ao MoA; Picatinny Rails: compatível com MIL Standard1913; peso não deve ser superior a 3,3 kg sem o carregador e outros acessórios; confiabilidade durante o preenchimento de 2.000 rodadas, não deve sofrer mais do que três interrupções de `Classe 1 'ou` Classe II' e nenhuma Classe III. Mais importante ainda, deve ser capaz de operar entre -20ºC e +45ºC.
Com apenas uma página, o novo RFI do exército indiano é muito mais simples em comparação com seu RFI de três páginas em 2018. A licitação visa adquirir as armas um ano após a assinatura do contrato.
A iniciativa se enquadra na diretriz Atmanirbhar Bharat (Índia Autossuficiente) na área de Defesa e, como tal, poderá priorizar propostas que atendam ao programa Make in India, ou seja, que incluam a fabricação desse lote ou de lotes futuros em uma joint venture formada com uma empresa local.
Em 2018, a carabina CAR 816, do fabricante de armas dos Emirados Árabes
Unidos Caracal, surgiu como o lance mais baixo no FTP iniciado pelo
Exército Indiano para uma nova arma compacta para substituir sua
carabina "Sterling" de 9 mm 1A1 vintage da 2ª Guerra Mundial.
O secretário de Defesa Ajay Kumar, que chefia o Conselho de Aquisições de Defesa (DPB), finalmente cancelou a aquisição em setembro passado. O acordo anterior foi questionado por altos funcionários do Ministério da Defesa por dois motivos:
- as carabinas eram mais caras do que os fuzis de assalto SiG 716 feitos nos Estados Unidos, também importados pelo FTP no ano passado por mais de $ 96 milhões; e
- os funcionários do ministério da defesa observaram que nenhuma parte das armas estava sendo fabricada internamente.
Em setembro passado, a Caracal se ofereceu para fabricar todos as carabinas no país, como parte da iniciativa do governo Make in India. O fabricante de armas estatal dos Emirados Árabes Unidos disse que também supervisionaria a transferência de tecnologia. Além disso, oficiais do Exército também exploraram opções para comprar uma quantidade menor de cerca de 25.000 carabinas do fabricante dos Emirados Árabes Unidos, mas essas opções foram abandonadas em favor de um novo contrato.
O tamanho desse negócio ainda não é conhecido, mas em uma estimativa feita a partir da oferta de 2018 da Caracal, provavelmente seria mais de $ 110 milhões, ou 1.100 dólares por unidade, aproximadamente, uma valor considerado alto para uma arma desse tipo.
O porte dessa licitação internacional, o potencial de negócios futuros que embute e a participação dos maiores fabricantes de armamento leve do mundo, podem fazer com que ela se transforme no mais disputado e importante certame semelhante dos últimos tempos.
Jawans do exército indiano patrulhando perto da fronteira coberta de neve em Kupwara, portando ultrapassados fuzis Kalashnikov - Foto ANI |
Taurus Armas
Além da licitação emergencial de 93.895 carabinas CQB divulgada no dia 10, recentemente a Índia solicitou 10 unidades do Fuzil T4 para submetê-los a testes, haja vista que pretende fazer, em data ainda não definida, uma megalicitação ainda maior, que poderá variar entre 350.000 e 500.000 fuzis/carabinas CQB para suas unidades de Infantaria, especialmente as que atuam nas regiões de fronteira, onde há a possibilidade de serem travados combates aproximados.
Como comprovou a licitação para o Exército Filipino, vencida recentemente pelo Fuzil T4, a Taurus tem nele uma arma moderna, de altíssima qualidade e com a melhor relação custo/benefício do mercado, sendo perfeitamente adequada às necessidades e exigências do Exército Indiano.
Para além dos quesitos técnicos e financeiros, que são fundamentais num primeiro momento do certame, há também outros fatores importantes a considerar, pois podem ser decisivos no desenrolar das negociações.
O primeiro deles é o pioneirismo da Taurus e da CBC, sendo parceiras de primeira hora do Primeiro-ministro indiano Narendra Modi em seu Programa Make in India, concretizado por meio das joint ventures (JV) já firmadas com a Jindal Defence e com a SSS Defence, respectivamente.
Junto a este fato, está o de que Grupo CBC/Taurus passará a fabricar munições e armas na Índia, criando um ecossistema facilitador completo para o Exército Indiano e para as demais forças militares, paramilitares e de segurança do país.
A poderosa parceria com o Jindal Group, maior fabricante de aço da Índia e um dos dez maiores do mundo, também é um fator muito positivo, pois fornece a segurança política e o respaldo financeiro necessários para as operações da JV da Taurus nesse país.
Além desses fatores, poderão também pesar no negócio a afinidade ideológica e os interesses comerciais mútuos entre o Primeiro-ministro Narendra Modi e o Presidente Jair Bolsonaro, bem como a ambição geopolítica da Índia de firmar sua presença nas Américas, tendo o Brasil como centro irradiador.
Correndo por fora, há ainda o fato (noticiado pela imprensa indiana) de o governo desse país asiático ter grande interesse em firmar uma parceria com a Embraer, visando sua divisão de jatos comerciais que havia sido vendida à Boeing e teve o negócio desfeito por esta.
Como novidade mais recente e possível handcap, o Fuzil T4 foi testado, aprovado e adquirido pelo Exército das Filipinas, após testes considerados dos mais exigentes do mundo. Esta aquisição totalizou 12.412 fuzis, sendo a primeira vez que o Exército Filipino adquiriu fuzis de um país diferente dos Estados Unidos. Após a entrega, será também a estreia do Fuzil T4 na dotação regular de um exército.
Fuzil T4
O fuzil Taurus T4 é baseado na consagrada plataforma M4/M16, amplamente empregada pelas forças militares em todo o mundo e principalmente pelos países membros da OTAN, por ser considerada uma arma extremamente confiável, leve, de fácil emprego e manutenção.
Além disso, tem alta performance, confiabilidade, segurança e é fabricado com materiais de última geração, sendo adaptado para permitir o uso de uma vasta gama de acessórios. O modelo possui trilho para acessórios integrado ao upper receiver para o acoplamento de aparatos de mira. A coronha telescópica do fuzil permite ao usuário mais conforto e facilidade de manuseio.
Podendo ser ajustada em até seis posições, ajusta-se perfeitamente a qualquer usuário. Possui, também, um quebra-chamas seguindo os rigorosos padrões STANAG, e apresenta empunhadura ergonômica para assegurar melhor grip no momento do disparo, promovendo assim maior precisão e segurança.
O T4 está atualmente disponível em três versões, todas no calibre 5,56 x 45mm (padrão OTAN). Uma de 11,5” de cano com guarda-mão com quad-rail (quatro trilhos para acessórios) e duas versões com guarda-mão em polímero de alta resistência com canos de 11,5” e 14,5”.
As diferenças estão, principalmente, no comprimento de cano, peso e modos de disparo disponíveis em cada um. As versões com 11,5” de comprimento de cano possuem modos de disparo semiautomático, auto e safe. Estes modelos possuem um comprimento total de, no máximo, 811mm (com coronha completamente estendida) e, no mínimo, 716mm (com coronha completamente retraída).
Já o modelo com cano de 14,5” possui somente o modo de disparo semiautomático e safe. Esta versão é ligeiramente mais pesada que o modelo de 11,5”, tendo comprimento total de, no máximo, 870mm (com coronha completamente estendida) e, no mínimo, 787mm (com coronha completamente retraída).
Fuzil T4 em novos calibre e tamanhos
A Taurus também está desenvolvendo um fuzil T4 no calibre 7,62 x 39mm, calibre este que é usado pelos países do Leste Europeu (antigo Pacto de Varsóvia) e outros situados na Ásia, Oriente Médio e África, entre os quais a Índia. Será produzido com protocolo militar e com cano nos cumprimentos de 20, 16 e 11,5 polegadas, podendo assim, de acordo com o tamanho, ser empregado como fuzil de assalto (16 e 20 polegadas) ou como carabina (11,54 polegadas).
T4 com cano de 11,5 polegadas |
Além desse, estão sendo desenvolvidos fuzis T4 no calibre .300 AAC Blackout e canos de 9 (este também no calibre 5,56), 11,5 e 14 polegadas.
O calibre .300, também conhecido como 7.62×35mm, é um cartucho intermediário desenvolvido nos Estados Unidos pela Advanced Armament Corporation (AAC) para uso na carabina M4. Seu objetivo é atingir balística semelhante ao cartucho de 7.62x39mm, ou ainda mais similarmente ao cartucho 7,92×33mm Kurz em um AR-15.
O Blackout foi feito para resolver alguns dos problemas da munição OTAN. O principal deles era que o calibre 5,56 mm é muito barulhento para a quantidade de energia que carrega. O .300 funciona com todas os carregadores AR atuais, ferrolhos, conjuntos de ferrolhos, e supera o 5.56 em distâncias curtas e uso em cano curto, ao mesmo tempo em que é muito mais silencioso.
É o calibre favorito particular de forças especiais europeias, devido a seus benefícios em situações táticas, sendo padrão nessas unidades do Reino Unido, Holanda e Alemanha, além dos EUA. Mas não é reservado apenas para uso em combate. Os caçadores também usam essa munição com grande efeito, embora não para tiros de longo alcance. Em situações de curta distância, esta munição pode substituir uma espingarda, devido ao forte impacto que tem.
T4 com calibre .300 |
Fuzil T10
Além dos T4 em diversos calibres e tamanhos de cano, a multinacional gaúcha também está desenvolvendo o
Taurus T10, um fuzil no calibre 7,62 x 51mm padrão OTAN baseado na conceituada
plataforma AR-10, o que lhe permite se beneficiar de um eventual
intercâmbio de peças e acessórios com outros modelos desenvolvidos na
mesma plataforma.
Fabricado com reforçado protocolo militar, o
T10 é um típico fuzil de assalto com cano de 20 polegadas, mas que
também poderá ser fabricado com um de 16 polegadas. Esta arma está sendo
planejada para disputar os mercados militar e de segurança com outros
fuzis similares existentes no mundo.
No caso da Índia, poderia disputar o mercado de fuzis de assalto no calibre 7,62 x 51mm, pois ainda não há nenhuma joint venture estabelecida dentro do Programa Make in Índia que esteja em condições de fabricar um fuzil com esse calibre.
A nova gama de fuzis em vários calibres e tamanhos de cano se traduz por uma flexibilidade que possibilitará à empresa dispor de um portfólio capaz de atender as mais diversas necessidades das forças armadas e de segurança mundiais.
Outras licitações
Em que pese a importância das licitações na Índia, a Taurus está participando também de outros importantes certames, seguindo
firme com a estratégia de avançar no mercado internacional,
principalmente em países com expressivo crescimento, ampliando assim a diversificação geográfica de suas vendas e passando a ter uma
posição de proeminência em mercados com grande potencial, onde seu
diferencial é oferecer soluções completas de alta tecnologia.
Saiba mais:
- Parceria Índia & Brasil será "uma das definidoras deste século", afirma embaixador indiano
- Mirando o futuro, Taurus está conquistando alguns dos países que mais crescem no mundo
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