Embraer EMB-145 AEWACS da Força Aérea Indiana (IAF) |
*LRCA Defense Consulting - 25/09/2020
O jornal indiano Business Standard, em sua edição online de hoje (25) divulgou que "o governo indiano deseja comprar a divisão de aeronaves comerciais da Embraer", atribuindo a declaração a um alto funcionário do governo. “Estamos muito interessados. Estamos explorando alternativas ”, disse o funcionário, confirmando um desenvolvimento relatado anteriormente pela Reuters sobre os planos do Brasil de alcançar a Índia e a China como possíveis novos parceiros. Um dos arranjos que o governo está considerando é um acordo com um fundo soberano para financiar o negócio.
Segundo o jornal, esta é a primeira vez que o governo indiano expressou clara disposição de entrar no negócio.
No início de junho, a Reuters divulgou que a Embraer havia afirmado que China e Índia poderiam ser novos parceiros em potencial, já que estavam interessados na divisão de jatos comerciais da fabricante de aviões. A Reuters também cogitou o interesse da Rússia no negócio.
Na época, o presidente-executivo da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse, em teleconferência, que "ainda é cedo para discutir em detalhes as novas oportunidades, já que a empresa está estudando um novo plano de cinco anos". Ele acrescentou que "as parcerias podem envolver produtos, engenharia e produção".
No entanto, a Embraer havia afirmado, na oportunidade, que não estava negociando "atualmente" com a estatal chinesa COMAC, com a russa Irkut ou com a Índia em qualquer negócio potencial para substituir o da Boeing, acrescentando que avalia regularmente potenciais parcerias.
A visão de analistas indianos sobre o negócio
Analistas indianos discutem essa possibilidade desde o mês de maio, considerando o eventual negócio como de alto valor estratégico para o país, pois poderia alavancar sua indústria de aviação, fomentar a conectividade regional em curso e gerar milhares de empregos, além de negar o negócio à China, especialmente nesse momento de tensão elevada entre os dois países.
Segundo eles, o valor de mercado de Embraer caiu para US $ 1,1 bilhão, ante os anteriores US $ 4,2 bilhões, que seria preço de venda de 80% da companhia para a Boeing. Se o Primeiro Ministro da Índia trabalhar rapidamente para usar sua aproximação com o Presidente brasileiro, a aquisição de uma participação de 70% na empresa poderia dar à Índia um impulso importante na fabricação de aviões civis.
A consideração principal é a de que o mercado de aviação pode estar em baixa agora, mas começará a se recuperar com a imunidade coletiva e com as vacinas. Assim, a aquisição da Embraer poderia proporcionar à Índia um fabricante nacional para o projeto UDAN. Além disso, o KC390 seria um MTA (aeronave de transporte multimissão) pronto para a Força Aérea Indiana (IAF).
UDAN é um projeto regional de desenvolvimento ou "Esquema de Conectividade Regional" do Governo da Índia, com o objetivo de "deixar o cidadão comum do país voar", visando tornar as viagens aéreas acessíveis e generalizadas, a fim de impulsionar o desenvolvimento econômico nacional, o crescimento do emprego e o desenvolvimento da infraestrutura de transporte aéreo de todas as regiões e estados da Índia.
Existem previsões de mercado que indicam que o país asiático precisará de mais de 1.000 aviões de curto alcance para atender a uma crescente necessidade de aeroportos em cidades menores, do Nível 2 e Nível 3, até 2035. A um preço médio de US $ 50 milhões hoje, seriam quase US $ 50 bilhões se esses jatos fossem importados. Nesta ótica, a aquisição da Embraer é considerada "uma oportunidade de ouro".
A Força Aérea Indiana (IAF) irá aposentar aproximadamente 100 aeronaves Antonov An-32 em 2035. Essas aeronaves deveriam ser substituídas por um outro MTA russo, mas o projeto foi arquivado. O Embraer KC-390 seria uma solução perfeita. Custando cerca de $ 55 milhões cada, seriam outros $ 5.5 bilhões que o país poderia economizar em custos de importação.
Os analistas indianos argumentam que é preciso agir rapidamente, quebrar algumas regras se necessário. Assim, a Embraer poderia ser transformado em uma subsidiária da HAL (Hindustan Aeronautics Limited, estatal indiana do ramo aeroespacial e de defesa com sede na cidade de Bangalore, Karnataka), dando essa empresa a força substancial de marketing e vendas da Embraer.
Segundo seus argumentos, esta joint venture, se acontecer, será um negócio benéfico para o Brasil e para a
Índia. A Embraer ganharia um mercado doméstico muitos múltiplos acima do tamanho
do Brasil, aumentando imediatamente suas receitas e viabilidade. A
Índia obteria alta tecnologia de construção de aeronaves e acesso ao
mercado latino-americano.
A consideração final é a de que a Índia não pode continuar vendo oportunidades como essas e deixá-las ser entregues de bandeja para a China, pois seria um negócio que mudaria a indústria de aviação indiana e poderia gerar milhares de empregos.
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