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20 setembro, 2020

Para onde irá a IMBEL?

 


 *LRCA Defense Consulting - 20/09/2020

A Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL) - considerada a mais estratégica empresa de defesa do País e vital para a sua sobrevivência em caso de conflito externo - atravessa uma fase delicada em sua longa vida empresarial, cuja origem se deu em 1808, por ocasião da criação da Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro (RJ), razão pela qual conquistou a primazia como Empresa Estratégica de Defesa e Segurança do Brasil. 

Atualmente, a empresa tem sua sede instalada em Brasília (DF) e suas Unidades de Produção localizadas nas cidades de Piquete (SP), Rio de Janeiro (RJ), Magé (RJ), Juiz de Fora (MG) e Itajubá (MG).

Os principais produtos fabricados e comercializados pela
IMBEL são fuzis, pistolas e carabinas; munições de artilharia, de morteiros e de carros de combate; pólvora, explosivos e acessórios; equipamentos de comunicações e eletrônica; e sistemas de abrigos temporários de campanha, humanitários e de defesa civil.

 
Conheça a IMBEL- vídeo institucional

Apesar de suas características únicas para o Setor de Defesa nacional, a empresa se encontra em uma grande encruzilhada, onde precisa produzir, suprir as necessidades das Forças Armadas e ter lucro para reinvestir, mas, como empresa estatal ligada ao Exército e dependente do Tesouro Nacional, está totalmente amarrada pela lei que a criou, não tendo autonomia e nem espaço orçamentário sequer para adquirir insumos e pagar impostos. Com isso, embora tenha alta demanda para seus produtos, quase não consegue produzir.

Assim, quais seriam suas opções ou, melhor colocando: quais seriam as opções do Brasil para a IMBEL? Fechar suas portas? Privatizá-la? Fazer parcerias com o setor privado nacional e internacional? Permitir-lhe maior autonomia, alterando sua natureza?

Nas linhas abaixo, é comentada, inicialmente, uma parceria da IMBEL com a Companhia Brasileira de Cartuchos - CBC. A seguir, é comentado o revelador discurso do Presidente do seu Conselho de Administração proferido em 14 de agosto, que foi base para esta matéria, as palavras do Presidente da empresa gravadas em podcast do Exército e divulgadas em 03 de setembro, e a live realizada pelo portal DefesaNet com o Presidente da IMBEL e com seus chefes de unidades fabris.

Logo após, é comentada também a possibilidade de a IMBEL firmar uma parceria com a empresa SIG Sauer, fato este já especulado pela imprensa e confirmado pelo Exército Brasileiro. Por fim, serão apresentadas algumas breves conclusões.

Imbel e CBC firmam acordo para distribuição de pólvoras
No dia 21 de agosto, na cidade de Piquete (MG), a IMBEL e a CBC – Companhia Brasileira de Cartuchos firmaram um acordo para distribuição de pólvoras IMBEL pela rede de revendedores da CBC.

Tal acordo permitirá maior flexibilização e economia à IMBEL, pois poderá utilizar, a baixo custo, a grande rede de distribuição da CBC, capilarizada por todo o País. Por sua vez, a CBC passará a agregar mais um produto complementar ao seu extenso portfólio, beneficiando seus clientes.

Paulo Ricardo Gomes (Diretor Comercial & Marketing CBC) e General Aderico Visconde Pardi Matiolli (Presidente da IMBEL) assinam o acordo de parceria entre CBC e IMBEL.

A IMBEL e a CBC são parceiras de longa data. Até abril de 2004, a IMBEL detinha  28,12% (correspondente a 306.128 ações ordinárias) do capital votante da CBC, então uma companhia com capital aberto. Em 24 de abril daquele ano, a PCDI (Participações em Negócios e Administração), sediada em Ilha de Guaratiba (RJ), adquiriu a maior parte dessas ações, ficando a IMBEL apenas com uma ínfima participação residual.

Além da parceria na distribuição da pólvora fabricada pela IMBEL, as duas empresas têm uma relação empresarial bastante profícua, e é natural que assim seja, pois há muitos interesses comuns entre ambas.

Alta Direção da IMBEL anuncia grandes mudanças na empresa


No dia 14 de agosto, o  General de Exército Décio Luís Schons, atual Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do EB, integrante do Alto Comando do Exército e Presidente do Conselho de Administração (CA) da IMBEL, proferiu um discurso intitulado "IMBEL: Indústria de Defesa e Soberania Nacional".
 
Em suas palavras, o Gen Schons fez uma análise da empresa e anunciou grandes mudanças para ela. Destaque para  os seguintes pontos:

- A IMBEL é vital para a sobrevivência do País em caso de conflito externo.

-  A IMBEL vinha trilhando a passos firmes o caminho para passar à situação de não dependência, com o planejamento ajustado para atingir tal situação, de forma não traumática, em 2026. Para isso, as dívidas foram quitadas, as pendências em grande parte sanadas...

- Na situação atual, a empresa não consegue produzir, apesar de ter demanda e a despeito de ter numerário na conta única do Tesouro Nacional, pois lhe falta espaço orçamentário para adquirir insumos e pagar impostos.

- Como não há produção, não há faturamento. Em consequência, não há lucro.

- ...por vermos a IMBEL ir aos poucos perdendo a capacidade estratégica, incluindo as competências para produzir materiais e sistemas de emprego militar.

- A meta principal do Conselho de Administração da empresa neste momento é passá-la à situação de não dependência. Mais que isso, a empresa precisa ter autonomia para gerar recursos próprios e ter a liberdade de ação para empregá-los na modernização...

- A alternativa por vezes aventada seria a pura e simples privatização da empresa, algo absolutamente impensável. 

- Um aspecto muitas vezes não tomado em consideração é a ação da IMBEL como núcleo do cluster de material de defesa, gerador e indutor de empregos, exportações, pesquisa, desenvolvimento e inovação no âmbito do Exército e da iniciativa privada.

- Além disso, mantendo a condição de empresa estatal, a IMBEL pode, em curto prazo, passar a facilitar as exportações de produtos de defesa, exercendo o papel de interveniente em transações governo a governo.

- Confiamos que as decisões a serem proximamente tomadas pelas autoridades das áreas política e econômica permitam conduzir a empresa no rumo da não dependência.

Pelos pontos ressaltados do discurso, não há como inferir quais são as intenções do Gen Schons (leia-se: do Exército) para com a empresa, exceto as de que pretende mantê-la como estatal e torná-la produtiva.

O fato de o Presidente do CA divulgar que as dívidas da empresa foram quitadas e que grande parte das pendências foram sanadas é positivo, mas contrabalanceado negativamente pela impossibilidade atual de conseguir produzir tudo o que poderia e o que é dela demandado, não podendo, assim, cumprir sua missão precípua em boas condições e também gerar lucro e capacidade de reinvestimento.

Ao afirmar que há "decisões a serem proximamente tomadas pelas áreas política e econômica", sinalizou que estudos e planejamentos já foram feitos e estão próximos de serem submetidos às autoridades competentes.

Em 02 de setembro, o discurso do Gen Schons foi reproduzido no EBlog do Exército Brasileiro. Este fato, além de ampliar exponencialmente o alcance público das palavras do Presidente do CA/IMBEL, traz implícito o apoio do Exército a elas, haja vista o Gen Schons ser também o Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) da Força Terrestre e integrante do seu Alto Comando.

Leia aqui a íntegra do discurso do Gen Schons.

No dia 03 de setembro, coube ao Presidente da empresa, General de Divisão R/1 Aderico Visconte Pardi Mattioli, fazer um pronunciamento através de um podcast gravado e publicado pelo Exército Brasileiro.

 
Ouça o podcast com o Gen Matiolli
 
Além de reforçar muitos dos argumentos esgrimidos pelo Gen Schons, o Gen Mattioli enfatizou os seguintes pontos:

-
Anteriormente, a IMBEL tinha uma matriz que lhe permitia, ano a ano, reduzir o nível de dependência econômica. Com o advento da Lei do Teto isso se tornou mais difícil, porque nenhum recurso pode ser aportado para a área produtiva e isso faz com que a empresa esteja perdendo a capacidade de produção ano após ano.

- O Plano Nova IMBEL, preparado pela empresa, previa a não dependência em 2026. Agora, em virtude da nova situação, a previsão foi adiantada para 2021.

- O Exército e o Ministério da Defesa são favoráveis ao Plano. Falta a área econômica estabelecer como fazer essa transição.

- O Plano prevê que, ao invés de o Estado bancar a folha de pagamento e os custos fixos, a empresa compensaria essa manutenção de capacidade estratégica com as encomendas do Exército. Hoje, a empresa recebe para ficar de "braços cruzados". No futuro, quer receber com que o que estará entregando, ou seja, a ativação das encomendas viria em substituição ao aporte de recursos para os custos fixos.

- A não dependência abriria o escantilhão [as possibilidades], pois:
  • passaria a trabalhar com interveniência técnica, ou seja, como viabilizadora de exportação governo para governo. Esses países demandam soluções, não apenas produtos, e a IMBEL poderá explorar o arranjo produtivo brasileiro, organizá-lo e oferecê-las;
  • passaria a trabalhar como Instituto de Ciência e Tecnologia, e a empresa está se habilitando para isso;
  • como empresa gerencial, trabalhando o arranjo produtivo nacional, poderia melhor atender as demandas da Força Terrestre nas áreas de alimentação, uniformes, equipamentos de campanha, produtos e soluções de Saúde, que hoje não fazem parte da área fabril; 
  • passaria a atuar como órgão de avaliação e de certificação de produtos controlados (armamento, munição e explosivos) e comunicações.
- Tudo com o objetivo de fomentar a Base Industrial de Defesa, que é o propósito da empresa. É um novo viés gerencial muito forte: explorando o arranjo produtivo, contribuindo com a exportação de produtos e soluções e certificando esses produtos.
 
 
 
 

No dia 11 de setembro, em uma interessante e esclarecedora live do portal DefesaNet sob o título "Inovação e Tecnologia em Sistemas de Defesa e Segurança", conduzida por Nelson Düring, especialista em assuntos de Defesa, foi entrevistado o Gen Mattioli e seus chefes de unidades fabris: Cel R/1 Clevis Pedro Cruz Melo - Chefe da Fábrica de Juiz de Fora; Cel R/1 Alex Vander Lima Costa - Chefe da Fábrica de Material de Comunicações e Eletrônica; Cel R/1 Délcio Monteiro Sapper - Chefe da Fábrica de Itajubá; Cel R/1 Ronaldo Cesar Brasil de Souza - Chefe da Fábrica Presidente Vargas.

Durante o evento, o Gen Mattioli e seus subordinados se mostraram muito entusiasmados com o nível técnico, com a motivação dos funcionários da "família IMBEL" e com as possibilidades futuras da empresa. Além de comentar e reforçar pontos já citados anteriormente pelo primeiro e pelo Gen Schons, trouxeram à luz informações importantes sobre a empresa, com destaque para as seguintes:

  • Na área de Comunicações, é única na América Latina e, talvez, ao Sul do Equador. Em determinados campos, está entre as cinco ou seis do mundo, com produtos de fronteira tecnológica, como o rádio definido por software (Rádio Rondon), o osteofone, rádios em forma de onda e equipamentos para telemedicina, mas ainda depende de insumos internacionais. Fez parcerias com diversos grupos nacionais e internacionais do setor das áreas de defesa e segurança que procuram a empresa por conta da capacidade adquirida.
  • Fornece toda a gama de rádios para os combatentes do EB, além do Rádio Mallet. 
  • Fabrica o Sistema de Controle de Tiro Gênesis para a Artilharia, totalmente nacional, que está dando a esta Arma uma nova dimensão. 
  • Infraestrutura química de 1ª linha para produzir explosivos e propelentes. Tudo 100% nacional. 
  • Na área de munições pesadas, produz quase tudo o que o EB precisa. O que não produz, tem condições e conhecimento para fazê-lo. 
  • Quadro de trabalho conta com os engenheiros formados no IME. 
  • A montagem de algumas munições já está sendo robotizada. Insumos serão todos nacionalizados até o final do ano. 
  • Está trabalhando a munição 105mm M795 para os obuseiros autopropulsados M109A5 Plus. 
  • Está desenvolvendo munição insensível a choque. 
  • Está automatizando grande parte dos processos perigosos da área química, sem afastar colaboradores. 
  • Prioridade em armamentos é completar a família de fuzis e carabinas IA2 nos calibres 5,56 e 7,62mm. 
  • Está trabalhando em um novo fuzil de precisão, que deve estar pronto em 2021. 
  • Como as polícias procuram uma pistola "striker", está trabalhando na parceria com a SIG Sauer, que deve ser oferecida em muito pouco tempo. 
  • Automatização de processos na fabricação de armamentos, passando a fábrica para a versão 4.0. 
  • Possibilidade de produzir armamentos coligados com instrumentos de mira e com instrumentos de designação de alvos. 
  • Está trabalhando um sistema de Internet por ondas curtas. 
  • Salários são baixos, mas trabalhadores são entusiasmados e motivados, permanecendo por amor à IMBEL.
  • Há boas tratativas com a Taurus Armas, parcerias com a CBC e SIG, e bom diálogo com a Delfire Arms; Springfield (que está vindo para o Brasil) já foi parceira. Não tem exclusividade com ninguém, todos são parceiros. 
  • A parceria com a SIG Sauer para a produção de suas pistolas no Brasil se deveu ao fato de estas armas serem usadas pelo exército americano.
  • O Brasil está buscando quebrar a assimetria tributária e regulatória no Setor de Defesa, tanto que a empresa está se credenciando para ser órgão de avaliação e de certificação. Essa certificação será terceirizada e controlada pelo Inmetro e pelo EB de uma maneira muito mais ágil e ampla. 
  • Exportação é muito pequena, mas não pelo potencial, e sim pela limitação orçamentária. Há boa demanda, mas não há teto orçamentário para produzir. 
  • Quando um cliente nacional paga por um produto, o dinheiro vai para a União e não para a empresa. Daí a demora para entregar, pois tem que aguardar ter o recurso para poder produzir. Esse é o ciclo que deverá ser quebrado quando for uma empresa não dependente. 
  • As propostas da empresa foram ouvidas pelo EB, que criou um grupo de trabalho no seu Estado-Maior para estudá-las. Após este GT concluir pela viabilidade, foram submetidas ao Comandante do Exército e ao Ministro da Defesa, que as aprovaram. Agora, estão em tratativas com outros órgãos da área governamental. 
  • Fatura cerca de 120 milhões de reais por ano, com efeito multiplicador mínimo de 400 milhões de reais, fora os empregos gerados. 
  • Espera que esse faturamento, com a não dependência, passe para 340 milhões já em 2021, com um teto conservador estimado de 420 milhões em 2023, essencialmente com as demandas nacionais reprimidas (EB, Segurança e mercado privado). Não incluiu nesse valor as possibilidades de exportação por não poder estimá-las. 
  • IMBEL é herdeira da marca ENGESA e quer ativar o cluster ENGESA, que englobará uma gama extensa de produtos. 
  • Com explosivos que compõem mísseis e foguetes, participou da exportação de uma quantidade expressiva de foguetes terra-ar vendidos a um país asiático recentemente.

 
Live com o portal DefesaNet

Parceria entre a IMBEL e a multinacional suíço-alemã SIG Sauer
O jornal Folha de São Paulo, em edição de 08 de junho, afirmou que, "segundo Centro de Comunicação Social do Exército, está sendo negociada uma parceria entre a sucursal americana da marca, de origem suíço-alemã, e a brasileira Imbel", divulgando ainda que "O Exército informa que as duas empresas só precisam agora do aval dos respectivos governos para firmar um acordo de produção conjunta no Brasil. Ainda não há detalhes sobre metas e investimento". 

Consultado sobre o assunto por esta editoria, o Centro de Comunicação Social do Exército respondeu, em 02 de setembro, que "confirma as tratativas entre a Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL) e a sucursal americana da SIG-SAUER. As duas empresas aguardam as anuências dos governos brasileiro e estadunidense para a nacionalização de produtos do portfólio da empresa americana. Sobre os detalhes da fabricação dos produtos no Brasil, tudo dependerá do procedimento da negociação do processo de nacionalização e dos acordos finais entre as Empresas, bem como as anuências dos Países envolvidos".

A atual SIG Sauer, Inc. com sede nos EUA, é o maior membro de um grupo empresarial mundial de fabricantes de armas de fogo que nasceu na Suíça (onde se localiza a SIG Sauer AG, holding do grupo) e passou por expansões para outros países, vendas e transformações, incluindo hoje a JP Sauer & Sohn e Blaser, Gmbh., com sede na Alemanha. Como este país tem severas restrições à exportação de armas para o Brasil (tanto que a Heckler & Koch GmbH - HK anunciou recentemente que não mais exportará para o País), uma eventual parceria com a IMBEL só poderia mesmo ser planejada com a unidade americana, que, em princípio, tem liberdade para escolher seus clientes e parceiros, ao contrário das europeias.

A IMBEL foi constituída nos termos da Lei nº 6.227, de 14 de julho de 1975. É uma empresa estatal dependente e controlada pelo Exército Brasileiro, além de ser uma empresa estratégica para as Forças Armadas.

Por essa Lei e pelo seu Estatuto Social, "a IMBEL poderá criar subsidiárias e participar do capital de outras empresas que exerçam atividades relacionadas com os seus objetivos". No entanto, somente "poderá admitir, como participantes no capital social da Empresa, pessoas jurídicas de direito público interno e entidades da administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma da legislação em vigor". 

Para a constituição dessa parceria, afora o fato de ser fornecedora do exército americano, não foi esclarecido o motivo de a SIG Sauer ser a escolhida, bem como se houve contato com/de outras fabricantes de pistolas, nacional ou estrangeiras, que pudessem ter interesse.

Conclusões
O Gen Mattioli foi muito feliz ao trazer a público a alta capacitação técnico-produtiva da IMBEL e as inovações (algumas de ponta no mundo) em suas unidades fabris, especialmente nas áreas de Comunicações, de Explosivos/Propelentes/Munições e de Armamentos. De igual forma, deixou claro seu entusiasmo com as possibilidades futuras da empresa, as quais, mais uma vez neste mês, trouxe ao conhecimento dos brasileiros. 

Dessa forma, quanto mais for divulgada a empresa, especialmente suas características de ponta, seus produtos, seu corpo de funcionários e suas possibilidades, mais brasileiros poderão entender sua decisiva importância para a soberania e para a defesa do Brasil.

Caso a IMBEL venha se tornar órgão de avaliação e de certificação, poderá resolver parte da assimetria tributária e regulatória que emperra os fabricantes nacionais de armamento e munição, fazendo-os ter severas perdas em relação à concorrência internacional, a qual não é sujeita a esses entraves técnico-burocráticos.

A meta do alto escalão da IMBEL é claramente passá-la à situação de não dependência em curto prazo e, assim, ter autonomia para gerar recursos próprios, aumentando significativamente seu potencial de produção e de desenvolvimento de novos produtos e serviços. 

Para a empresa, essa parece ser uma alternativa de sobrevivência, já que, no dizer de seus dirigentes, não está conseguindo adquirir insumos, produzir ou, até mesmo, pagar seus impostos, pela limitação financeira que lhe é imposta pelas normas legais atualmente vigentes.

Com relação à parceria que está sendo montada com a SIG Sauer, os dirigentes da IMBEL não forneceram maiores informações sobre os motivos da escolha dessa empresa em relação a outras grandes e reconhecidas fabricantes mundiais de pistolas, como a brasileira Taurus Armas, por exemplo. Faltou ainda um maior detalhamento sobre as ações que foram planejadas para que essa parceria possa contornar as limitações impostas pela Lei que rege a empresa ou nelas se enquadrar.

Em suas respectivas palavras, esclareceram o alto nível técnico da companhia, o potencial de sua capacidade produtiva, a relevância que representa para a soberania e para a defesa do Brasil, e a difícil situação atual no que tange à autonomia financeira e produtiva, além de pautar nitidamente os seus objetivos futuros. No entanto, não deixaram clara a forma específica como a transformação está sendo planejada para que tais objetivos sejam atingidos, provavelmente devido ao fato de o assunto ainda estar em tratativas no Governo.

Portanto, acredita-se que a solução que esteja sendo gestada passe por uma mudança de cunho legal que, após devidamente costurada nas áreas militar e econômica do governo, possa ser referendada pela área política.

Seja como for,  com base na inegável competência, visão de futuro e capacidade dos atuais dirigentes da empresa, bem como nas ações que têm realizado e no entusiasmo que demonstram, é possível acreditar que a Indústria de Material Bélico do Brasil realmente esteja no rumo certo, podendo, em curto ou médio prazo, transformar-se na "Nova Imbel", exatamente como prevê o seu plano.

 

 

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