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14 junho, 2020

Taurus avança nos EUA, para onde o Brasil já é o 2º maior exportador de armas pequenas



*LRCA Defense Consulting, com a colaboração de Christian Lima - 14/06/2020

Uma das características que tornaram os Estados Unidos a maior potência econômica do planeta é sua capacidade de transformar tudo em números e, com eles, gerar os dados estatísticos mais diversos, capazes de amparar e orientar todos os elos da cadeia de consumo. Tanto no setor governamental como no privado, diariamente são produzidos milhares de relatórios que orientam as políticas do governo e as relações de produção e consumo.

No Setor de Armamento e Munição não é diferente. Os dados são públicos e podem ser encontrados em diversas fontes.

No governo, são disponibilizados pelo United States Department of Justice - Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives, com seus Annual Report of Firearms Commerce in the United States; Firearms Commerce in the United States - Annual Statistical, Firearms and Explosives Import Branch e Annual Firearms Manufacturing and Export Reports; pela U.S. International Trade Commission (USITC); e pelo The Annual Survey of Manufacturers (ASM).

No setor privado, alguns dos mais importantes dados são disponibilizados pela NSSF - The Firearm Industry Trade Association e pela Small Arms Analytics & Forecasting.

Já no Brasil a situação é bastante diferente, com o governo e as poucas indústrias existentes dificultando o acesso a dados de produção, exportação e importação, o que impede a confecção de relatórios detalhados para o setor.

Brasil - o 2º maior exportador de armas pequenas para os EUA
Comparando e cruzando dados disponíveis nas fontes americanas acima citadas, esta Consultoria chegou à conclusão que o Brasil se tornou o segundo maior exportador de armas pequenas (Handguns - pistolas e revóveres) para os EUA, atrás apenas da Áustria, como pode ser visto na tabela e gráficos abaixo.

Principais fabricantes em cada país:
- Brasil: Taurus Armas;
- Áustria: Glock;
- Alemanha: Sig Sauer;
- Itália: Beretta.



No ano de 2015, em que a CBC (através da Tauruspar) assumiu o controle da Taurus Armas, as exportações de handguns do Brasil para os EUA cresceram 128,58% em relação a 2014 (com a gestão anterior). Da mesma forma, comparando-se o total exportado em 2018 com o total exportado em 2014, o crescimento foi de 212,86%, contra uma média de 10,20% das principais concorrentes do setor, indicando uma mudança de postura da empresa e um crescimento vertiginoso nas exportações para os EUA.

Os dados deste levantamento não levaram em conta os números de 2019, pois o relatório anual ainda não foi publicado pelo Departamento de Justiça Americano. Deixaram também de constar as exportações de pistolas da Imbel, dado ao pequeno volume (CBC e Boito só exportam espingardas).

Nas exportações, Taurus avança na terra do Tio Sam
De acordo com os dados americanos disponíveis e divulgados acima, o Brasil, representado pela Taurus Armas (sua principal fabricante), apesar de ser hoje o segundo maior exportador de handguns para os EUA, apresenta uma taxa de crescimento muito superior à Áustria (primeira colocada), representada por sua principal fabricante Glock.

É importante ressaltar que tanto a Taurus Armas quanto a Glock possuem unidades fabris nos Estados Unidos, fato este que pode distorcer uma análise simplista dos dados, haja vista que a unidade americana da Glock, por ter capital fechado, protege seus números mais sensíveis, não se podendo tabulá-los.

Estados Unidos - o maior mercado mundial de armas pequenas é também o maior destino das armas Taurus
Além de tradicionalmente ser o maior mercado mundial para armas pequenas, os Estados Unidos vivem, em 2020, o maior boom de vendas de armas de sua história, motivado pela insegurança causada por três fatores: pandemia, eleições presidenciais e distúrbios civis.

Em 2019, a Taurus produziu cerca de 1,2 milhão de armas de fogo, sendo 889 mil em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, e 310 mil na unidade americana, o que corresponde a mais de 5 mil unidades diariamente. Do 1,3 milhão de armas da empresa vendidas no ano passado, 1,1 milhão (quase 85%) foi para os Estados Unidos.

Até o meio do ano, duas linhas de produção de pistolas (dos modelos G2C: a mais vendida no mundo e preferida dos americanos; e TS9) serão transferidas para os EUA a fim de aproveitar a alta demanda do mercado norte-americano, considerado o maior e mais exigente do setor de armas no mundo. Outro fator determinante para essa decisão, segundo o presidente e CEO global da Taurus, Salesio Nuhs, é a limitação de investimentos para aumento da capacidade produtiva no Brasil, em razão de dois pressupostos fundamentais: falta de incentivos nacionais e falta de isonomia tributária e regulatória frente às fabricantes estrangeiras que só exportam para o país, sem gerar empregos e renda.

Ao discorrer sobre a possibilidade de expansão da unidade americana, Salesio afirmou que "O mercado está aquecido e a fábrica da Taurus na Geórgia, inaugurada no ano passado, está preparada para mais do que dobrar a capacidade de produção", completando que "Mesmo assim, não excluímos quaisquer outras alternativas que podem ser levadas em conta para aumento de produção nos EUA".

Aumento sem precedentes nas vendas de armas
Estima-se que, nos Estados Unidos, seis milhões de armas foram vendidas desde o início do surto de coronavírus em março, já que maio marcou o terceiro mês consecutivo de recorde de vendas. Dentro desse número sem precedentes de vendas de armas de fogo na primeira parte do ano, mais de dois milhões de americanos se tornaram proprietários de armas pela primeira vez.

Só em maio de 2020, mais de 1,7 milhão de armas foram vendidas, de acordo com uma análise da Small Arms Analytics & Forecasting. Esse é o recorde de todos os tempos no mês e um aumento de 80% em relação a 2019. Jurgen Brauer, economista-chefe do grupo, declarou em comunicado que "As vendas de armas de fogo aumentaram de maneiras sem precedentes. O boom nas vendas de armas de fogo tem sido particularmente notável nos últimos meses".

A análise das vendas de armas é baseada em dados do Sistema Nacional de Verificação de Antecedentes Penais do FBI (NICS), mas não captura todas as vendas no país. Embora as verificações do NICS sejam necessárias em quase todas as vendas de armas realizadas por revendedores licenciados, a maioria dos estados não as exige na venda de armas usadas por cidadãos particulares, e várias vendas podem ser  realizadas  durante uma única verificação.














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