A Polícia Civil do Distrito Federal comprou da Glock 5 mil kits de armas, incluindo pistolas. O custo, de acordo com publicação do Diário Oficial do DF dessa quinta-feira (04/06), é de R$ 12, 2 milhões, segundo cotação do dólar feito pelo Banco Central no dia da assinatura do acordo.
As armas vão substituir as da marca Forjas Taurus. Em maio de 2018, o Ministério Público do DF e Territórios ajuizou ações civil pública e criminal contra a empresa. O material comprado pela PCDF, segundo denúncias, apresentava risco de disparos acidentais no caso de queda ao chão. Por conta dos problemas, o MPDFT pediu pagamento de indenização de R$ 11.656.223,90 por dano moral e recomendou à corporação que recolhesse o armamento adquirido pela corporação em 2014.
Os casos de disparos acidentais são recorrentes em delegacias e batalhões. Técnicos penitenciários, agentes de polícia e militares colecionam histórias e cicatrizes decorrentes do mau funcionamento dos equipamentos da marca brasileira.
A Taurus rebateu: “Os laudos técnicos, juntados à ação civil pública, evidenciam que as armas fornecidas à PCDF são dotadas dos sistemas de segurança que funcionam de modo adequado, de acordo com as normas técnicas aplicáveis. Além disso, como a própria matéria informa, essa ação civil pública ainda está pendente de julgamento”, destacou no texto.
Histórico
Em 2005, um agente de polícia deixou a arma cair em casa. A pistola disparou e atingiu a orelha direita dele. Em depoimento, alertou que o tio estava ao seu lado no momento do incidente e que algo pior poderia ter ocorrido.
Outro incidente registrado em 2008 mostrou o quão vulnerável é o equipamento. Um agente da Divisão de Operações Especiais (DOE) estava em frente a um restaurante, na 707 Norte, quando a arma caiu e disparou ao ter contato com o chão. Por sorte, o projétil foi em direção ao céu e não atingiu ninguém.
O agente Luciano Vieira não teve a mesma sorte. Após sua pistola .40 disparar, ele foi atingido na região da barriga e a bala se alojou no ombro. Segundo o servidor público, há evidências concretas de que a pane é recorrente. “É muito importante o policial registrar ocorrência se houver qualquer problema. A ocorrência também é mais uma prova que teremos sobre as constantes falhas”, frisa.
Em abril de 2015, um agente penitenciário foi alvejado na panturrilha enquanto se preparava, colocando o cinto tático, para um curso de intervenção. “Em momento algum houve contato manual com a arma. Foi prestado os primeiros socorros. O agente foi encaminhado ao Hospital de Base em estado grave”, consta na ocorrência.
No mesmo ano, a pistola passou por perícia, que constatou falha no dispositivo de segurança. A arma disparou nos dois testes de queda. Os exames apontaram que a trava interna de segurança estava mal conservada. Em junho de 2015, o Instituto de Criminalística também verificou falha na pistola usada por outra agente de polícia. Ao cair, o projétil foi detonado e atingiu o teto do alojamento feminino de uma delegacia do Guará.
PMDF também recolhe pistolas
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) também determinou, em 29 de julho do ano passado, o recolhimento imediato de 12.438 pistolas da marca Forjas Taurus. De acordo com relatórios técnicos, as armas apresentam graves falhas e são inadequadas para uso.
Na ocasião, em nota, a Taurus declarou não existir “penalidade de declaração de inidoneidade aplicada contra a empresa”. “Publicações incorretas ou falsas ensejarão a tomada das medidas legais cabíveis. A Taurus cumpriu todos os contratos de aquisição de armamentos celebrados com a PMDF, entre os anos 2006 e 2011, e com a PCDF em 2014”.
A Taurus destacou, ainda, que todas as perícias técnicas realizadas de acordo com as normas vigentes comprovaram não haver falha ou defeito nos mecanismos de funcionamento e segurança das armas da companhia.
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