*Carlos José Marques - diretor editorial da Editora Três, publicado na revista IstoÉ Dinheiro, em 15/05/2020
Pode parecer por demais dramático, mas os números não deixam muita margem a dúvidas. Quando da noite para o dia uma indústria inteira como a dos fabricantes de automóveis leva uma trombada de quase 100% nos seus negócios, quando de uma hora para outra a quase totalidade da frota de aviões do planeta deixa de voar e serviços de turismo cessam, quando shoppings não operam, fábricas não produzem e investimentos deixam de existir, a economia parou.
Os indicadores demonstram que, em abril último, primeiro mês completo sob os efeitos da pandemia, quase todos os setores acumularam estoques e o recuo do consumo levou a deflação – que é o pior dos mundos, uma queda constante e generalizada dos preços dos produtos por conta da não procura. A produção de carros, para ficar em um exemplo eloquente e emblemático, caiu nada menos do que 99,3% no mês, em comparação com igual período do ano passado, registrando o pior nível desde 1957, quando essa indústria chegou ao País. Regredimos assim mais de meio século em 30 dias.
O IPCA também conta o pior recuo desde 1998. É tão assombroso o cenário que alguns analistas já o estão comparando ao dos piores momentos de guerra. Há um diagnóstico constante e crescente de que para conter a ruína e reativar a atividade até os padrões pré-pandemia será necessária ao menos uma década de crescimento sustentável. E no horizonte não há qualquer sinal de que o sonhado crescimento voltará a acontecer tão cedo.
Assim, a depressão é a realidade crua que se apresenta. Em que termos? Difícil prever. Estimativas existem ao gosto do freguês. O Banco Central, com base em análises dos seus players, fala em 4% de queda no PIB. Costumeiramente é conservador nos cálculos. Desde janeiro até aqui, já fez 13 revisões na estimativa e, certamente, fará mais. Tem, no próprio governo, no eixo da equipe econômica, quem sinalize um índice próximo de 7% negativo. Seria demolidor. De todo modo, o ano já estará perdido. E o próximo? Lamentavelmente, também.
A crise de governabilidade aliada às quedas históricas do movimento de atividades-chaves se projetam também para 2021 como fatores a empurrar a conta para baixo. No meio desse “circuit breaker”, a fuga de capitais vem ocorrendo de maneira acelerada e no lombo desse movimento o câmbio entrou em parafuso. Espantoso e extraordinário, o valor do dólar está beirando os seis reais, sem indicar que vai parar por aí. E o juro real negativo ruma para ser uma realidade em diversos cantos da América Latina – Chile e Peru, inicialmente – podendo alcançar em breve o próprio Brasil.
Seria excelente, caso não estivesse caindo artificialmente como medida de desespero para gerar algum alento na combalida economia. Se ela não morrer por inanição, vai demorar bastante até recuperar a velha forma.
Os indicadores demonstram que, em abril último, primeiro mês completo sob os efeitos da pandemia, quase todos os setores acumularam estoques e o recuo do consumo levou a deflação – que é o pior dos mundos, uma queda constante e generalizada dos preços dos produtos por conta da não procura. A produção de carros, para ficar em um exemplo eloquente e emblemático, caiu nada menos do que 99,3% no mês, em comparação com igual período do ano passado, registrando o pior nível desde 1957, quando essa indústria chegou ao País. Regredimos assim mais de meio século em 30 dias.
O IPCA também conta o pior recuo desde 1998. É tão assombroso o cenário que alguns analistas já o estão comparando ao dos piores momentos de guerra. Há um diagnóstico constante e crescente de que para conter a ruína e reativar a atividade até os padrões pré-pandemia será necessária ao menos uma década de crescimento sustentável. E no horizonte não há qualquer sinal de que o sonhado crescimento voltará a acontecer tão cedo.
Assim, a depressão é a realidade crua que se apresenta. Em que termos? Difícil prever. Estimativas existem ao gosto do freguês. O Banco Central, com base em análises dos seus players, fala em 4% de queda no PIB. Costumeiramente é conservador nos cálculos. Desde janeiro até aqui, já fez 13 revisões na estimativa e, certamente, fará mais. Tem, no próprio governo, no eixo da equipe econômica, quem sinalize um índice próximo de 7% negativo. Seria demolidor. De todo modo, o ano já estará perdido. E o próximo? Lamentavelmente, também.
A crise de governabilidade aliada às quedas históricas do movimento de atividades-chaves se projetam também para 2021 como fatores a empurrar a conta para baixo. No meio desse “circuit breaker”, a fuga de capitais vem ocorrendo de maneira acelerada e no lombo desse movimento o câmbio entrou em parafuso. Espantoso e extraordinário, o valor do dólar está beirando os seis reais, sem indicar que vai parar por aí. E o juro real negativo ruma para ser uma realidade em diversos cantos da América Latina – Chile e Peru, inicialmente – podendo alcançar em breve o próprio Brasil.
Seria excelente, caso não estivesse caindo artificialmente como medida de desespero para gerar algum alento na combalida economia. Se ela não morrer por inanição, vai demorar bastante até recuperar a velha forma.
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