*Exame - 25/04/2020
A Boeing acaba de comunicar que encerrou mesmo o acordo com a Embraer para compra da operação de aviação comercial da empresa brasileira – um negócio de 5,2 bilhões de dólares. O prazo para que o acordo fosse selado terminou ontem.
Na prática, o que estava acordado era a compra dos principais negócios da Embraer pela Boeing, com a manutenção de uma fatia minoritária do negócio resultante pela empresa brasileira. Sem o negócio, a Embraer “volta” a ser uma fabricante brasileira de aviões.
Para o acordo, celebrado em julho de 2018 e mais tarde revisado, havia sido estabelecido que a Boeing pagaria 4,2 bilhões à Embraer, ou o equivalente a 80% do total dos ativos, e os 20% restantes seriam a participação minoritária mantida pela companhia brasileira. Além disso, haveria a formação de uma joint-venture para produção do avião de uso militar KC-390.
“A Boeing trabalhou diligentemente por mais de dois para a finalizar a transação com a Embraer. Durante os últimos meses, nós tivemos produtivas mas frustradas negociações sobre condições materiais precedentes não concluídas. Nós todos desejávamos concluir isso até a data final, mas não aconteceu”, afirma Marc Allen, presidente da Embraer Partnership & Group Operations. “Estamos profundamente desapontados.”
Na sexta-feira, diante da expectativa de fim da transação, os papéis das duas companhias despencaram em seus respectivos mercados. As ações da Boeing caíram quase 6,5% e as ordinárias da Embraer, na B3, registraram perda superior a 10,5%.
Analistas mundo afora apontam que a pandemia do coronavírus e o consequente impacto sobre as companhias aéreas foi a pá de cal para a operação. Trata-se da segunda grande crise para a Boeing em dois anos.
No ano passado, a companhia foi atingida por toda polêmica em torno da segurança do modelo Max, sua próxima fronteira de crescimento – crise até agora não resolvida por completo. A empresa ainda tem muito dinheiro a ressarcir para as áreas que encomendaram e não receberam o modelo.
Mesmo com todos os desafios, o tamanho das companhias continua incomparável. A Boeing encerrou a sexta-feira avaliada na Bolsa de Nova York (Nyse) em 72,6 bilhões de dólares, enquanto a Embraer fechou o dia em 1 bilhão de dólares, conforme a cotação dos recibos americanos de ações (ADRs). O valor em bolsa, portanto, está muito abaixo dos preços usados para o acordo.
Importante ressaltar que a Embraer listada na B3 continuaria existindo, como dona do caixa gerado pelo pagamento da Boeing mais 20% do negócio combinado de aviação comercial e 51% da sociedade para o KC-390. Os investidores brasileiros receberiam, em razão da venda, um dividendo especial de 1,6 bilhão de dólares. Descontados os impostos, restaria no caixa da empresa 1,4 bilhão de dólares.
Agora, a Embraer fica com a operação comercial, sem o caixa e sem a joint-venture para o KC-390.
Desde fevereiro do ano passado, os acionistas da Embraer deixaram o negócio pré-aprovado, no aguardo das condições precedentes para ser executado plenamente. A assembleia que avaliou o assunto contou com presença de 67% do capital e aval de 97% dos participantes. O governo brasileiro, dono de uma golden-share (uma ação com super-poder de veto, chamada de ação de ação de ouro) na Embraer, também já havia dado a benção ao acordo.
Em janeiro deste ano, como parte desse esforço, a Embraer anunciou a conclusão da separação, em uma nova empresa, das atividades de aviação comercial – para que pudesse ser absorvida pela Boeing. Um esforço nada pequeno que será desperdiçado. Sabia-se que era parte importante das condições. Mas, além dessa segregação e do aval dos reguladores setoriais e da concorrência, as companhias nunca tornaram público quais seriam as tais condições precedentes. Neste momento, não se sabe o que exatamente deu errado. A autoridade europeia de análise da concorrência havia esticado seu prazo de análise para 7 de agosto – mais uma condicionante.
Na prática, o que estava acordado era a compra dos principais negócios da Embraer pela Boeing, com a manutenção de uma fatia minoritária do negócio resultante pela empresa brasileira. Sem o negócio, a Embraer “volta” a ser uma fabricante brasileira de aviões.
Para o acordo, celebrado em julho de 2018 e mais tarde revisado, havia sido estabelecido que a Boeing pagaria 4,2 bilhões à Embraer, ou o equivalente a 80% do total dos ativos, e os 20% restantes seriam a participação minoritária mantida pela companhia brasileira. Além disso, haveria a formação de uma joint-venture para produção do avião de uso militar KC-390.
“A Boeing trabalhou diligentemente por mais de dois para a finalizar a transação com a Embraer. Durante os últimos meses, nós tivemos produtivas mas frustradas negociações sobre condições materiais precedentes não concluídas. Nós todos desejávamos concluir isso até a data final, mas não aconteceu”, afirma Marc Allen, presidente da Embraer Partnership & Group Operations. “Estamos profundamente desapontados.”
Na sexta-feira, diante da expectativa de fim da transação, os papéis das duas companhias despencaram em seus respectivos mercados. As ações da Boeing caíram quase 6,5% e as ordinárias da Embraer, na B3, registraram perda superior a 10,5%.
Analistas mundo afora apontam que a pandemia do coronavírus e o consequente impacto sobre as companhias aéreas foi a pá de cal para a operação. Trata-se da segunda grande crise para a Boeing em dois anos.
No ano passado, a companhia foi atingida por toda polêmica em torno da segurança do modelo Max, sua próxima fronteira de crescimento – crise até agora não resolvida por completo. A empresa ainda tem muito dinheiro a ressarcir para as áreas que encomendaram e não receberam o modelo.
Mesmo com todos os desafios, o tamanho das companhias continua incomparável. A Boeing encerrou a sexta-feira avaliada na Bolsa de Nova York (Nyse) em 72,6 bilhões de dólares, enquanto a Embraer fechou o dia em 1 bilhão de dólares, conforme a cotação dos recibos americanos de ações (ADRs). O valor em bolsa, portanto, está muito abaixo dos preços usados para o acordo.
Importante ressaltar que a Embraer listada na B3 continuaria existindo, como dona do caixa gerado pelo pagamento da Boeing mais 20% do negócio combinado de aviação comercial e 51% da sociedade para o KC-390. Os investidores brasileiros receberiam, em razão da venda, um dividendo especial de 1,6 bilhão de dólares. Descontados os impostos, restaria no caixa da empresa 1,4 bilhão de dólares.
Agora, a Embraer fica com a operação comercial, sem o caixa e sem a joint-venture para o KC-390.
Desde fevereiro do ano passado, os acionistas da Embraer deixaram o negócio pré-aprovado, no aguardo das condições precedentes para ser executado plenamente. A assembleia que avaliou o assunto contou com presença de 67% do capital e aval de 97% dos participantes. O governo brasileiro, dono de uma golden-share (uma ação com super-poder de veto, chamada de ação de ação de ouro) na Embraer, também já havia dado a benção ao acordo.
Em janeiro deste ano, como parte desse esforço, a Embraer anunciou a conclusão da separação, em uma nova empresa, das atividades de aviação comercial – para que pudesse ser absorvida pela Boeing. Um esforço nada pequeno que será desperdiçado. Sabia-se que era parte importante das condições. Mas, além dessa segregação e do aval dos reguladores setoriais e da concorrência, as companhias nunca tornaram público quais seriam as tais condições precedentes. Neste momento, não se sabe o que exatamente deu errado. A autoridade europeia de análise da concorrência havia esticado seu prazo de análise para 7 de agosto – mais uma condicionante.
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