Oficiais do Ministério da Defesa e CEOs de empresas brasileiras de armas acompanham a comitiva presidencial na Índia |
*UOL Notícias / BBC News Brasil - 25/01/2020
Distante dos holofotes, um pelotão de dez grandes empresas brasileiras de armas, munição, equipamentos de vigilância, aviação e inteligência militar acompanha a visita oficial do presidente Jair Bolsonaro à Índia, que acontece entre os dias 24 e 28 de janeiro.
Oficiais do Ministério da Defesa, junto a CEOs da Altave, Atech, Avibras, Companhia Brasileira de Cartuchos, Condor, Embraer, Iveco, Macjee, Omnisys e Taurus, estão na capital Nova Déli junto à comitiva presidencial para participarem de um seminário conjunto de indústrias de Defesa dos dois países.
O objetivo dos executivos brasileiros que viajaram ao país sul-asiático —entre os quais Salésio Nuhs, presidente da Taurus— é ampliar exportações e conseguir licenças do governo do primeiro-ministro Narendra Modi para a produção de armas e equipamentos de segurança em território indiano.
Segundo um oficial do governo próximo às negociações, esta é a primeira vez na história em que representantes dos governos e da indústria de defesa dos países se encontram em um evento bilateral do setor.
As compras na área da Defesa costumam ser exclusivamente governamentais e se destinam ao abastecimento de forças de segurança pública e militares.
A Índia é o segundo maior comprador de equipamentos de defesa do planeta, atrás apenas da Arábia Saudita, e tem o quarto maior orçamento militar do mundo.
Em 2019, o Brasil registrou aumento de 30% nas autorizações de exportações de produtos de Defesa, em relação a 2018 -um salto de US$ 915 milhões para US$ 1,3 bilhão (cerca de R$ 5,4 bilhões).
Seminário
Chamado 1º Brazil-India Defence Industry Dialogue, o seminário da indústria de defesa acontece na tarde do dia 27 e será aberto por Marcos Degaut, secretário de produtos de defesa do governo Bolsonaro, e por Ajay Kumar, secretário de defesa da Índia.
Apesar do ineditismo, o encontro não foi divulgado nos canais oficiais do Ministério de Defesa, nem aparece no calendário de eventos da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), co-organizadora do seminário. Até a publicação desta reportagem, não havia referência ao evento nos sites de nenhuma das empresas com participação confirmada.
Segundo a programação, o representante do governo brasileiro apresentará projetos estratégicos do Ministério da Defesa para empresários indianos.
Já os anfitriões vão mostrar o braço do "Make in India", um mega projeto bilionário lançado em 2014 pelo primeiro-ministro Narendra Modi para ampliar investimentos internos e estrangeiros na indústria Indiana em diversos setores.
Um dos principais objetivos do governo indiano é reduzir sua dependência de importações na área de Defesa —hoje, Rússia, Israel, França e os EUA são os principais fornecedores do país no setor.
Além de trocas comerciais, entre os resultados da viagem oficial é esperada a assinatura de um memorando de cooperação na área de segurança cibernética entre o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência e o Minstério de Tecnologia da Informação da Índia.
Taurus e CBC
O lobby da indústria bélica brasileira tenta aproveitar a abertura para a produção e venda de armas na Índia por meio da Taurus, que está na reta final de negociações para a criação de uma joint venture com a fabricante de aço indiana Jundal Group.
Principal acionista da Taurus, a CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos) recebeu em agosto de 2019 licença para produzir munição junto à indiana SSS Springs.
Até 2021, a joint venture deve inaugurar uma fábrica em Anantapur para a produção de munição para uso militar e de caça.
Uma das prioridades da visita, segundo a reportagem apurou, é tentar acelerar a aprovação pelo ministério do Interior da Índia das regras de transferência de tecnologia para a fabricação de cartuchos na nova fábrica.
Hoje, a brasileira CBC é a maior produtora de munição para armas portáteis do planeta e a segunda maior produtora em termos gerais do mundo.
Em seus balanços, a empresa informa que produz mais de 1,7 bilhão de cartuchos por ano, boa parte deles vendidos para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Distante dos holofotes, um pelotão de dez grandes empresas brasileiras de armas, munição, equipamentos de vigilância, aviação e inteligência militar acompanha a visita oficial do presidente Jair Bolsonaro à Índia, que acontece entre os dias 24 e 28 de janeiro.
Oficiais do Ministério da Defesa, junto a CEOs da Altave, Atech, Avibras, Companhia Brasileira de Cartuchos, Condor, Embraer, Iveco, Macjee, Omnisys e Taurus, estão na capital Nova Déli junto à comitiva presidencial para participarem de um seminário conjunto de indústrias de Defesa dos dois países.
O objetivo dos executivos brasileiros que viajaram ao país sul-asiático —entre os quais Salésio Nuhs, presidente da Taurus— é ampliar exportações e conseguir licenças do governo do primeiro-ministro Narendra Modi para a produção de armas e equipamentos de segurança em território indiano.
Segundo um oficial do governo próximo às negociações, esta é a primeira vez na história em que representantes dos governos e da indústria de defesa dos países se encontram em um evento bilateral do setor.
As compras na área da Defesa costumam ser exclusivamente governamentais e se destinam ao abastecimento de forças de segurança pública e militares.
A Índia é o segundo maior comprador de equipamentos de defesa do planeta, atrás apenas da Arábia Saudita, e tem o quarto maior orçamento militar do mundo.
Em 2019, o Brasil registrou aumento de 30% nas autorizações de exportações de produtos de Defesa, em relação a 2018 -um salto de US$ 915 milhões para US$ 1,3 bilhão (cerca de R$ 5,4 bilhões).
Seminário
Chamado 1º Brazil-India Defence Industry Dialogue, o seminário da indústria de defesa acontece na tarde do dia 27 e será aberto por Marcos Degaut, secretário de produtos de defesa do governo Bolsonaro, e por Ajay Kumar, secretário de defesa da Índia.
Apesar do ineditismo, o encontro não foi divulgado nos canais oficiais do Ministério de Defesa, nem aparece no calendário de eventos da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), co-organizadora do seminário. Até a publicação desta reportagem, não havia referência ao evento nos sites de nenhuma das empresas com participação confirmada.
Segundo a programação, o representante do governo brasileiro apresentará projetos estratégicos do Ministério da Defesa para empresários indianos.
Já os anfitriões vão mostrar o braço do "Make in India", um mega projeto bilionário lançado em 2014 pelo primeiro-ministro Narendra Modi para ampliar investimentos internos e estrangeiros na indústria Indiana em diversos setores.
Um dos principais objetivos do governo indiano é reduzir sua dependência de importações na área de Defesa —hoje, Rússia, Israel, França e os EUA são os principais fornecedores do país no setor.
Além de trocas comerciais, entre os resultados da viagem oficial é esperada a assinatura de um memorando de cooperação na área de segurança cibernética entre o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência e o Minstério de Tecnologia da Informação da Índia.
Taurus e CBC
O lobby da indústria bélica brasileira tenta aproveitar a abertura para a produção e venda de armas na Índia por meio da Taurus, que está na reta final de negociações para a criação de uma joint venture com a fabricante de aço indiana Jundal Group.
Principal acionista da Taurus, a CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos) recebeu em agosto de 2019 licença para produzir munição junto à indiana SSS Springs.
Até 2021, a joint venture deve inaugurar uma fábrica em Anantapur para a produção de munição para uso militar e de caça.
Uma das prioridades da visita, segundo a reportagem apurou, é tentar acelerar a aprovação pelo ministério do Interior da Índia das regras de transferência de tecnologia para a fabricação de cartuchos na nova fábrica.
Hoje, a brasileira CBC é a maior produtora de munição para armas portáteis do planeta e a segunda maior produtora em termos gerais do mundo.
Em seus balanços, a empresa informa que produz mais de 1,7 bilhão de cartuchos por ano, boa parte deles vendidos para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
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