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05 janeiro, 2020

O mercado de armas leves e a crise no Oriente Médio




*LRCA Consulting - 05-01-2020

O agravamento da tensão entre os Estados Unidos e o Irã após a ação americana que culminou na morte do principal general iraniano e de alguns de seus milicianos, tende a trazer consequências para a indústria mundial de armamentos, principalmente para os países direta ou marginalmente envolvidos.
O Presidente Bolsonaro, após criticar o regime iraniano e afirmar que o ataque norte-americano se justifica num contexto de combate ao terrorismo, alinhou o Brasil aos Estados Unidos e, queira-se ou não, colocou o País na condição de alvo potencial para uma ação de guerra assimétrica.

A influência muçulmana radical no Brasil tem sua base na Tríplice Fronteira, onde é monitorada pelos serviços secretos do País, dos Estados Unidos e de Israel. No restante do território nacional, a presença conhecida é apenas pontual, quase sempre como passagem ou como base sigilosa de apoio a elementos em trânsito. No entanto, o forte alinhamento da Venezuela com o Irã e a presença de muitos iranianos (legais ou “legalizados”) naquele país poderá gerar algum desdobramento estratégico que traga consequências para o Brasil, especialmente para os estados situados mais ao Norte do País.
Há também razões para se acreditar que muçulmanos radicais da Tríplice Fronteira ou da Venezuela estejam contatando organizações criminosas brasileiras (PCC, Comando Vermelho, etc.) a fim de estabelecer uma espécie de "joint venture do crime" em troca de dinheiro e armas, a fim de conduzir ou estimular ações futuras em território nacional.
Clima de insegurança
Segundo analistas militares, a possibilidade de uma guerra convencional entre Estados Unidos e Irã é bastante reduzida, pois não interessa às grandes potências. No entanto, há consenso sobre o estabelecimento de um conflito assimétrico de longa duração, com ações pontuais de ambos os lados, revestindo-se de maior ou menor intensidade.
Tal fato tende a gerar um clima de insegurança global não só entre os países envolvidos direta ou indiretamente, mas também entre a população destes países, haja vista que a guerra assimétrica desencadeada pelos muçulmanos radicais pode resultar em ações contra pessoas e interesses americanos, israelenses ou de seus aliados localizados em qualquer país do mundo, como ocorreu em Buenos Aires (Argentina) em 1994, com o ataque planejado pelo mesmo general iraniano Qasem Soleimani (agora morto pelos EUA) contra o centro judaico Amia, quando morreram 85 pessoas.
Este clima de insegurança será potencializado a cada eventual ação que for executada, já que a repercussão pela mídia é imediata, levando a população a temer pela segurança pessoal, de seus familiares e de seus bens.
Consequências para as empresas de armamento leve
a. Estados Unidos e seus aliados
Nos EUA, a perspectiva de uma tensão prolongada com países muçulmanos radicais pode levar a população a adquirir mais armas leves, como forma de defesa contra eventuais atentados em solo americano. O mesmo fato pode ocorrer em outros países ocidentais, especialmente naqueles em que a imigração muçulmana foi mais acentuada ou onde o islamismo se propagou com mais rapidez, como em muitos países europeus no primeiro caso, ou em países africanos no segundo.

É possível também que alguns países resolvam antecipar ou reforçar aquisições de armamentos para suas forças policiais e militares, prevendo o incremento de conflitos (internos ou externos) e a necessidade de uma defesa mais bem equipada da população, do território e das instituições nacionais. 

b. Brasil
Apesar de o País não ter sofrido ainda uma ameaça mais concreta, o clima de insegurança poderá aumentar na medida em que ocorram ações no restante do mundo e, principalmente, em países fronteiriços, o que pode levar a aquisições preventivas por parte da população.

Em qualquer cenário de agravamento de tensões, as empresas brasileiras mais bem posicionadas para atender essa demanda são a Taurus Armas e a IMBEL, com predomínio da primeira, haja vista que detém a maior fatia do mercado nacional e que exporta para mais de 100 países.
 
A empresa gaúcha Taurus Armas S.A. é a principal expoente do setor brasileiro de armas leves (revólveres, pistolas, espingardas, carabinas, fuzis CQB¹ e submetralhadoras), produzindo mais de cinco mil armas diariamente (entre as fábricas brasileira e americana), com direcionamento prioritário de 85% para o mercado externo, principalmente para os Estados Unidos, ficando no Brasil somente 15% das armas produzidas na fábrica de São Leopoldo-RS.
 
NR*1. Fuzis CQB (Close Quarter Battle): fuzis de assalto menores e com um cano mais curto, comparativamente mais leves e fáceis de manusear do que o fuzil de assalto tradicional, sendo adequados para operações policiais ou militares que requeiram combates a curta distância. O fuzil T4 da Taurus, em suas três versões, baseado na consagrada plataforma M4-M16, é empregado no Brasil e também é exportado, sendo o fuzil padrão da Polícia Real do Sultanato de Omã, no Oriente Médio. O governo da Índia está realizando uma grande e bilionária licitação internacional para adquirir cerca de 360 mil fuzis CQB para equipar suas forças policiais e militares. O sistema previsto é o de joint venture, com o estabelecimento de uma fábrica na Índia. O fuzil Taurus T4 é a grande aposta da empresa para essa licitação, que deve ter seu resultado divulgado em breve.

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