*LRCA Consulting - 21/01/020
Partindo de Lisboa em 08 de julho de 1497, o navegador
português Vasco da Gama chegou a Calicut
(hoje Kozikhode), na Índia, em 20 de
maio de 1498, inaugurando uma nova e pujante época comercial para a pátria de
Camões.
Mais de 500 anos após o feito, o Brasil se volta
para Índia, hoje o segundo maior mercado consumidor do mundo e uma das maiores
potências militares do planeta, atrás apenas dos EUA, Rússia e China. Com mais
de 1,3 milhão de homens e mulheres a serviço da nação, a Índia possui a quarta
maior força militar do mundo em termos de efetivo, segundo levantamento da Global Firepower. Na área de Segurança
Pública, a Índia possui 1,4 milhão de policiais e cerca de sete milhões de agentes
de segurança particulares.
Junto ao Presidente da República e a uma poderosa
comitiva do primeiro escalão governamental, viajam também para a Índia, no dia 23 de janeiro, lideranças de 10
grandes empresas ligadas ao Setor de Defesa brasileiro.
CBC e Taurus Armas
Entre estas lideranças, estarão os CEOs da CBC e da
Taurus Armas, expoentes mundiais das áreas de munições e armas portáteis.
Motivos não faltam, pois além da grandiosidade do
mercado militar, policial e civil indiano, só recentemente o setor privado desse
país começou efetivamente a poder participar de sua indústria de defesa.
Até então sob o domínio completo do governo, a
produção de munições e de armas portáteis (fuzis, metralhadoras de mão e
pistolas) era feita por empresas pertencentes ao Departamento de Defesa, o que
gerou uma grande defasagem tecnológica em relação aos modernos produtos
existentes no mundo.
Segundo fontes do próprio governo indiano, suas
forças armadas se encontram em um estado alarmante. Se combates intensos
tivessem início amanhã, a Índia só poderia manter suas tropas abastecidas de
munição por 10 dias. A maior parte dos equipamentos do exército é tão velha que
recebe a designação de “antiguidade”.
Duas joint ventures para
conquistar o mercado indiano
1. CBC – Companhia Brasileira de
Cartuchos
A CBC estabeleceu, em 2018, uma joint venture com a empresa indiana Stumpp Schuele & Somappa Springs (SSS
Springs) - maior produtora de molas de alta qualidade para o mercado
automotivo e de defesa, dentro da iniciativa "Make in India". A nova empresa se chama Stumpp Schuele & Somappa Defense (SSS Defense) e sua futura
fábrica será instalada na cidade de Anantapur,
no estado de Andhra Pradesh, em área
com mais de 100.000m2 já adquirida pela sociedade. A estimativa é iniciar a
produção no final de 2021.
Assim, a SSS
Defense poderá se tornar a grande fornecedora de munições para armas portáteis
de todos os principais calibres em uso pelas forças armadas e policiais do
país, bem como para o mercado civil.
Embora fora do escopo da joint venture com a CBC, a SSS Defense também planeja
produzir fuzis de precisão, fuzis de assalto, instrumentos óticos bélicos e
acessórios.
2. Taurus Armas
A empresa gaúcha Taurus Armas S.A. está em
entendimentos finais com o Jindal Group
visando à formação de uma joint venture
na Índia. Os objetivos são a fabricação e a comercialização de armas portáteis em
território indiano, no âmbito do programa "Make in India". O Jindal
Group é o maior fabricante de aço da Índia e um dos dez maiores do mundo,
detentor de um faturamento superior a US$ 24 bilhões e com 200 mil funcionários
no mundo, sendo 45 mil deles somente na divisão de aço.
Cenário prospectivo: soluções
completas e com alta tecnologia
O fato de a SSS Defense vir a produzir munições
(por meio da JV com a CBC), fuzis de
precisão, fuzis de assalto, instrumentos óticos bélicos e acessórios, poderá
ser potencializado caso seja concretizada a joint
venture entre a Taurus Armas e o Jindal Group, pois esta última
passaria a produzir fuzis CQB (para uso a curta distância), pistolas,
submetralhadoras, carabinas, espingardas e revólveres, fechando um inédito círculo
produtivo de alta tecnologia.
Se tudo correr conforme o planejado, CBC e Taurus
Armas poderão participar de um novo e promissor cenário no país asiático, com
suas respectivas joint ventures
passando a ter uma posição de proeminência no mercado indiano do setor e
oferecendo soluções completas de alta tecnologia em termos de munições e armas
portáteis, já que, apesar de as parcerias serem formadas com empresas
distintas, o fato de a CBC ser a controladora da Taurus Armas tende a facilitar
e potencializar os entendimentos entre as duas JV.
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