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15 dezembro, 2019

O turnaround (volta por cima) da Taurus Armas






O turnaround da Taurus Armas


Compilação e análise: LRCA Consulting (lrcaconsulting@gmail.com) - 15/12/2019 (atualizado em 27/12/2019)

São poucas as empresas que, após um período tumultuado em sua existência empresarial, conseguem dar a volta por cima (turnaround), reerguendo-se e reconquistando a confiança do mercado.

Com 80 anos de existência, a Taurus Armas S.A. é um dos mais recentes exemplos desse processo, onde uma reengenharia radical está transformando a outrora problemática indústria gaúcha de armamentos em uma poderosa, qualificada e conceituada multinacional do setor.

O presente estudo atualiza e complementa o relatório divulgado em julho por esta consultoria, procurando demonstrar os principais fatores que estão transformando a empresa e as excelentes possibilidades que tem para o futuro.


1. Entrada de um parceiro estratégico: CBC Companhia Brasileira de Cartuchos
O primeiro fator diz respeito aos seus atuais acionistas controladores, que estão promovendo transformações radicais na empresa desde 2016.
Em fevereiro de 2015, após a aprovação do CADE, a CBC – Companhia Brasileira de Cartuchos – passou a exercer seus direitos como controladora da Forjas Taurus, resultado de um movimento que teve início em 2014 com a compra de ações da companhia e, posteriormente, com um processo de aumento de capital.
Com este fato, a Taurus começou a contar com o suporte de uma poderosa e experiente parceira, além de ter acesso direto e privilegiado à imensa rede de países e organizações que são clientes dessa empresa global. A gama abrangente de produtos da CBC é exportada para mais de 130 países, atendendo às necessidades dos mercados militar, policial e comercial.
A empresa é hoje uma das maiores fornecedoras de munição para a OTAN e forças aliadas em todo o mundo, tendo sua sede e três unidades de produção no Brasil (onde são feitos os produtos Magtech), duas fábricas na Europa - MEN na Alemanha e Sellier & Bellot na República Tcheca - e uma subsidiária em Minnesota - Magtech USA, que atua como distribuidor mestre para o mercado dos EUA.
A CBC é considerada uma das maiores corporações de munição do mundo, com uma experiência combinada de mais de 300 anos na fabricação de calibres pequenos e médios. Juntas, as operações da companhia empregam mais de 3.500 trabalhadores qualificados e produzem mais de 1,7 bilhão de cartuchos de munição a cada ano.
No ano de 2016, foi realizada uma cisão parcial da CBC e a transferência das ações de emissão da Taurus para a TaurusPar Participações S.A. (nova denominação da CBC Participações S.A.), que é a atual controladora com 52,67% do capital social da Taurus.

2. Uma nova, grande e conceituada multinacional do setor de armamentos
O segundo fator diz respeito à própria empresa. Exportando para mais de 100 países e empregando diretamente cerca de 2,8 mil pessoas, a companhia sediada em São Leopoldo-RS é hoje uma multinacional com fábricas no Brasil e nos Estados Unidos. Das 4,6 mil armas fabricadas por dia, 85% são vendidas no exterior.
Líder mundial na fabricação de revólveres e uma das maiores produtoras de pistolas do mundo, a Taurus é também a quarta marca mais vendida no exigente mercado dos EUA. A pistola G2C, produzida em São Leopoldo, é a mais vendida nos Estados Unidos; no mundo, são mais de 2 milhões de unidades comercializadas. Além de armas curtas (revólveres e pistolas), fabrica submetralhadoras, fuzis, carabinas, rifles e espingardas para os mercados militar, policial e civil, representando um mix completo onde a qualidade está em primeiro plano.
A empresa já recebeu mais de 30 prêmios internacionais em reconhecimento pelo seu elevado padrão de qualidade e inovação, como o "American Hunter Handgun of the Year 2019", considerado uma das premiações mais importantes da indústria de armas dos Estados Unidos. Além disso, possui 54 patentes, incluindo aquelas depositadas fora do Brasil.
Em edição online de 16 de novembro, a revista "The National Interest" publicou que a pistola Taurus TX-22 foi escolhida como uma das quatro melhores armas dos Estados Unidos em 2019. As quatro armas serão destaque na National Shooting Sports Federation’s annual Shooting, Hunting, Outdoor Trade Show - SHOT Show, evento número um da indústria de armas de fogo nos EUA. Realizada todo mês de janeiro em Las Vegas, Nevada, a SHOT é um local onde a indústria de armas exibe suas novidades e projetos mais inovadores. 
Em 19 de novembro, a Taurus TX-22 foi escolhida pela conceitua revista Guns&Ammo como "Guns & Ammo 2019 Handgun of the Year".
Já a edição de dezembro dessa revista traz na capa a Taurus G3, escolhida pela publicação como "Full Size Best Buy".
Nas Filipinas, a Taurus TS9 Striker é anunciada na mídia como "Tested by Philippine National Police with zero malfunctions". A publicação ainda cita que a arma foi submetida a diversos testes durante 20 mil disparos. A TS9 é uma arma especialmente desenvolvida para os mercados policial e militar.

3. A reengenharia promovida desde 2016
a. Principais medidas
A robusta reengenharia promovida na filosofia empresarial e nos processos tecnológicos, operacionais e administrativos, implementada desde 2016 pelos novos controladores, sob a orientação da Galeazzi & Associados (a partir do final de 2017), transformaram radicalmente a “velha” Taurus.
A empresa atuou de forma decisiva na redução de custos e desperdícios, realizando análises dos giros de estoques de matérias primas e maior frequência de inspeção para redução de perdas, bem como constantes auditorias e identificação de oportunidades com fornecedores e outros parceiros.
O moderno mix de armas, especialmente as desenvolvidas a partir de 2017, tem foco no tripé Inovação, Tecnologia e Qualidade. Neste último quesito, a empresa estabeleceu padrões superiores às normas técnicas exigidas pelo mercado internacional.
Em termos operacionais, as diversas mudanças focaram em oferecer produtos de qualidade, com tecnologia incorporada, competitivos no mercado mundial e que proporcionem maior rentabilidade para a operação. Foram adotados e desenvolvidos processos operacionais eficientes e robustos, proporcionando estabilidade na produção. Hoje, não há interferência de colaboradores no ajuste de peças na montagem das armas, de modo que o processo de produção garante a máxima qualidade.
Em 2018, a companhia realizou a requalificação dos fornecedores, desenvolveu mais de 74 novos produtos, promoveu mais de 100 demonstrações em feiras e eventos diretamente ao mercado policial e militar, e deu início à construção de uma nova unidade fabril na cidade de Bainbridge, localizada no estado americano da Georgia (EUA), para onde transferiu no final deste ano, com muitas vantagens, a fábrica situada em Miami, na Florida.
Em julho de 2018, a dívida bruta da empresa, de cerca de R$ 900 milhões, foi totalmente renegociada e reperfilada, possibilitando que o débito fosse parcelado em cinco anos, com um ano de carência e juros 50% menores, com impacto positivo para a Taurus de aproximadamente R$ 120 milhões em encargos no prazo de cinco anos. Para colaborar neste processo, a empresa colocou novas ações no mercado e pôs à venda um terreno em Porto Alegre e uma fábrica de capacetes no Paraná. O desinvestimento nos dois ativos (venda dos terrenos) pode abater cerca de R$ 150 milhões do endividamento; o aumento de capital através da emissão bônus de subscrição pode proporcionar um aumento de capital de até R$ 402 milhões. As captações (somente com as ações no mercado) até R$ 300 milhões serão utilizadas para redução de dívida. Acima deste valor, 50% poderá reforçar o caixa e 50% reduzirá a dívida da companhia.
Em junho de 2019, em um marco muito importante para a Taurus, ocorreu o pagamento da primeira da parcela do principal da dívida, após a renegociação firmada há cerca de um ano com o sindicato de bancos. O aumento da geração operacional de caixa obtida nos últimos trimestres e a estratégia de fazer um aumento de capital da companhia contribuíram para que fosse possível dar mais esse importante passo, deixando para trás o primeiro “muro” referente ao reperfilamento da dívida com o sindicato dos bancos, com o pagamento de R$ 58,7 milhões, sem com isso abalar de alguma forma os negócios e o fluxo de caixa da empresa.

b. Novo nome e novo ticker para uma nova empresa
Em janeiro último, a antiga Forjas Taurus passou a se chamar Taurus Armas. A mudança faz parte do processo de reestruturação que a empresa está vivendo, baseado no tripé estratégico “rentabilidade sustentável, qualidade dos produtos e melhora dos indicadores financeiros e operacionais”, e colabora para a nova fase da companhia. Além disso, está em linha com a estratégia da empresa de focar no seu core business - a produção e venda de armas, bem como com o desenvolvimento de novos produtos a fim de atender as necessidades do mercado, principalmente dos Estados Unidos – seu maior cliente, mas sem esquecer a abertura de novos mercados, tais como Ásia, Oriente Médio, África e América Latina.
A partir de 12 de novembro de 2019, os valores mobiliários de emissão da companhia passaram a ser negociados com o novo código “TASA” (ticker) e novo nome de pregão “TAURUS ARMAS” na B3 S.A.
O novo código e nome de pregão da Taurus na B3 está em linha com a alteração de sua denominação social, que exclui a expressão “Forjas” por se tratar de atividade que não exerce mais.
c. Resultados: lucros, satisfação e o melhor semestre dos últimos anos
Em consequência dessas e de outras medidas, após seis anos de prejuízos, a companhia chegou à metade do ano de 2019 com muito a comemorar pelos bons resultados conquistados pelo sexto trimestre consecutivo, o que a levou a acumular lucro líquido de R$ 47,6 milhões nesse semestre. No período, a venda de novos produtos foi responsável por 57,1% da receita com a venda de armas ou 56,5% da receita líquida total da empresa.
Com crescimento da receita, manutenção dos custos sob rígido controle e redução das despesas operacionais, no 2º trimestre a Taurus registrou geração operacional de caixa medida pelo Ebitda (sigla em inglês para receita antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 56,4 milhões, levando o indicador a totalizar R$ 94,9 milhões no 1S19, o melhor resultado para o indicador desde 2011.
Os resultados desses primeiros seis meses do ano validaram o trabalho que vem sendo empreendido para renovar e reinventar a Taurus, imprimindo novo padrão de desempenho. As mudanças realizadas se confirmam como sólidas e sustentáveis. Em termos de receita, lucro bruto, resultado operacional, Ebitda e resultado líquido, a empresa teve o melhor desempenho para um primeiro semestre dos últimos anos.
No terceiro trimestre, a companhia reverteu o lucro líquido de R$ 48 milhões e apresentou prejuízo de R$ 26,4 milhões. O resultado líquido negativo foi explicado pelo aumento das despesas financeiras líquidas devido à desvalorização de 8,2% da moeda brasileira em relação ao dólar, à menor lucratividade da operação americana e ao aumento das despesas operacionais.
Por outro lado, há vários indicadores positivos.
O resultado operacional cresceu 10%, para R$ 18,6 milhões. A receita operacional líquida teve alta de 26% no trimestre, passando de R$ 192,3 milhões para R$ 242,3 milhões. Na análise do acumulado do ano, a alta foi de 16,7%, chegando em R$ 727,4 milhões.
A produção de armas nas fábricas brasileira e americana subiu 16,4%, para 334 mil unidades, especialmente com avanço na produção no Brasil, que respondeu por 77% do total. As vendas cresceram 35% para 345 mil unidades. O principal crescimento foi na exportação, que passaram de 8 mil unidades para 22 mil unidades. No Brasil, as vendas cresceram 32% para 33 mil unidades e, nos Estados Unidos, passaram de 286 mil unidades para 291 mil unidades.
O Ebitda, que mede a geração de caixa da empresa, caiu 18,2% e atingiu R$ 19,9 milhões entre julho e setembro. A margem Ebitda caiu 5 pontos percentuais e fechou em 8,2%. Já entre janeiro e setembro, o Ebitda cresceu 18,2%, passando de R$ 97,1 milhões para R$ 114,8 milhões. A margem foi de 15,8%.
A companhia conseguiu reverter o prejuízo de R$ 44,6 milhões nos primeiros nove meses do ano passado e reportou lucro de R$ 21,3 milhões em 2019.
Os resultados dos nove meses de 2019 mostram evolução positiva em relação ao registrado no mesmo período de 2018, ano que tinha apresentado desempenho superior ao exercício anterior”, ressaltou Salesio Nuhs, CEO da Taurus. “O objetivo de melhorar os indicadores operacionais e financeiros vem sendo alcançado”.
Os problemas que aconteciam até 2017 já pertencem ao passado. Hoje, o padrão de qualidade é reconhecido em níveis internacionais, o corpo de funcionários está satisfeito porque recebe o salário em dia, o endividamento está totalmente equacionado e os clientes são atendidos prontamente.

d. Potencial que despertou o interesse de Luiz Barsi e do BTG Pactual tem o aval da Eleven
O potencial da empresa despertou o interesse de Luiz Barsi Filho, considerado o maior investidor pessoa física do Brasil, com mais de um bilhão de reais (2018) investidos na bolsa de valores, levando-o a adquirir mais uma parcela substancial de ações da empresa no final de 2018 e outra no final do primeiro semestre, totalizando 3.251.700 ações preferenciais, representando 8,37% das ações PN, além de 250 mil ordinárias. Essa posição foi aumentada entre julho e agosto para 4.133.000 ações PN (9,84% do total) e 301.200 ações ON (0,65% do total).
O megainvestidor costuma declarar que “Eu não invisto em ações como essência. Invisto em projetos empresariais com perspectivas de serem bem-sucedidos. Ação é uma maneira de participar desses projetos”. No link https://urlzs.com/qJAvy Barsi explica o porquê de estar investindo na Taurus Armas.
O BTG Pactual anunciou, em carta endereçada à empresa no dia 11 de novembro, que adquiriu 2.626.998 ações PN (TASA4) da Taurus Armas S.A., representando 5,24% do total de ações preferenciais da companhia. A operação foi realizada no dia 07 de novembro e o objetivo é "a mera realização de operações financeiras", sem pretender "alterar a composição do controle, da estrutura administrativa ou atingir qualquer participação acionária em particular". O BTG Pactual esclareceu ainda que a aquisição foi realizada pelos fundos geridos pela administradora de recursos.
Entre os meses de julho e agosto, o acionista pessoa jurídica Clube de Investimentos Etoile passou a deter 5,227% das ações PN (2.196.000) e 0,80% das ON (370.000), sem que este fato fosse comunicado ao mercado. O Etoile é um dos diversos clubes de investimentos administrados pela XP Investimentos.
A Eleven Financial Research divulgou um minucioso e detalhado relatório no dia 04 de novembro, onde os analistas Flávia Ozawa, Odilon Costa e Carlos Daltozo avaliam que a Taurus passa por uma profunda mudança operacional e financeira nos últimos anos, iniciado com a entrada da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) como controlador, em 2015.
Desde então, a companhia conseguiu melhorar seu processo produtivo. A automatização do processo produtivo na unidade de São Leopoldo (RS) resultou em maior uniformidade dos produtos e controle sobre a qualidade.
A mudança da localização da fábrica nos Estados Unidos, de Miami para Bainbridge, Georgia, é vista pelos analistas da Eleven como um catalisador para os papéis da Taurus.
A companhia está em um processo interessante, apresentando resultados sólidos que há muito tempo não se via”, disse o analista Carlos Daltozo ao Valor. “A piora já passou e vemos sinais de evolução consideráveis.”
A ênfase do relatório está no excepcional turnaround experimentado pela empresa a partir de 2017.

e. Nome e sobrenome
Um dos maiores responsáveis pelos novos e promissores rumos da Taurus tem nome e sobrenome de peso no mercado de armamento: Salesio Nuhs (Vice-Presidente Comercial e de Relações Institucionais da CBC, que ocupava também o cargo de Vice-Presidente de Vendas e Marketing da Taurus desde que a CBC adquiriu o seu controle), promovido ao cargo de Presidente Global em janeiro de 2018. Experiente, dinâmico e proativo, o executivo atua há 29 anos no segmento de armas e munições e é importante referência nesse mercado, possuindo um amplo e profundo conhecimento de sua operação e dos mercados brasileiro e internacional, tendo assim sólida preparação e credibilidade para conduzir a reestruturação e o crescimento sustentável da Taurus. É também Presidente da Taurus Holdings, Inc. (“Taurus USA”), da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições – ANIAM desde 2012 e membro do Conselho Consultivo do Sistema de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército Brasileiro.

f. Orgulho de ser uma empresa brasileira
Fundada em 1939 e sediada em São Leopoldo-RS, a Taurus é uma das empresas brasileiras que mais exportou em 2018 no Estado. Foram mais de 715 mil armas, entre revólveres, pistolas, fuzis, submetralhadoras e espingardas exportados pela Taurus Brasil, totalizando mais de U$ 132 milhões de dólares. A empresa contribuiu com a economia nacional arrecadando R$ 155,2 milhões em impostos e gerando mais de 2.800 empregos diretos nas unidades produtivas e cerca de 20.000 indiretos. 

4. O Brasil pós flexibilização das normas para armas – um mercado de R$ 12 bilhões
a. Potencial explosivo de R$ 12 bilhões
As novas normas que flexibilizam as regras para o registro, aquisição e porte de armas, poderão se constituir em um divisor de águas para a Taurus, pois possibilitarão à empresa expandir exponencialmente as vendas no Brasil. Vale lembrar que, atualmente, apenas 15% de toda a produção de armas da companhia é destinada ao mercado nacional e que a demanda reprimida é enorme.
Se as vendas no Brasil crescerem conforme se espera, poderão ser atendidas com tranquilidade, pois a empresa possui capacidade de produção para suprir plenamente a nova demanda. Uma ampla e ágil rede de distribuidores, pontos de venda e assistência técnica treinada em todo o território nacional, além de uma equipe de instrutores credenciados e de peças de reposição rapidamente acessíveis, fazem com que, no médio prazo, a Taurus tenha vantagens difíceis de superar por qualquer futura concorrência que venha a se estabelecer no Brasil.
Estudos feitos por especialistas do setor indicam que até 6 milhões de brasileiros - caçadores, atiradores, colecionadores e cidadãos de bem (para a legítima defesa pessoal, da família e da propriedade) - estariam dispostos a adquirir uma ou mais armas.
É um mercado com potencial explosivo que pode render R$ 12 bilhões e representa aumento de 10 vezes em relação ao total de armas oficialmente legalizadas por cidadãos no Brasil.

b. Cenário político atual
Os sucessos e insucessos políticos, acontecidos desde a publicação da primeira edição do "Decreto das Armas" em janeiro, tornam possível verificar que a resistência de diversos senadores e deputados às novas normas estão mais na forma com que estas foram "impostas" e em alegadas irregularidades legais, do que na maior parte do conteúdo em si.
Tais resistências estão sendo contornadas mediante a ação política coordenada e abrangente por parte do Governo e dos congressistas aliados, transformando a matéria em Projetos de Lei (PL) que, após submetidos ao crivo dos congressistas, perderão o viés impositivo e serão devidamente adequados legalmente.
A firme intenção do Governo é manter as linhas básicas dos Decretos relativas à posse e ao porte de armas, embora seja esperado que, durante os trâmites políticos, tenha que fazer algumas concessões para poder aprovar a matéria.
A questão dos CACs (caçadores, atiradores esportivos e colecionadores) e o ingresso de indústrias estrangeiras tende a ser consenso para a maioria dos congressistas não engajados ideologicamente com partidos de esquerda, já que tais partidos, em princípio, são contrários a qualquer proposta de flexibilização.
Os principais óbices que poderão ser motivo de supressões, emendas e discussões estão relacionados às categorias que teriam direito ao porte, aos calibres e tipos de armas permitidos e à quantidade máxima de munição anual possível de ser adquirida.
Além de as principais normas continuarem em vigor hoje, a primeira grande vitória já foi obtida com a aprovação no Congresso da Lei nº 13.870/19, que libera o porte de armas para quem tem domicílio rural, e em toda a extensão da propriedade. Somente este fato já tem potencial suficiente para causar um significativo aumento de demanda no mercado interno, haja vista o Brasil possuir mais de 5,9 milhões de propriedades rurais (CAR 2019) e mais de 32,5 milhões de pessoas vivendo no campo.
Seja qual for o projeto final aprovado pelo Congresso, acredita-se que o Presidente Bolsonaro deva imprimir sua marca pessoal na matéria, determinando ao Ministro da Justiça que a Polícia Federal seja mais flexível e rápida na apreciação das solicitações legais que lhe forem feitas, agilizando registros e portes. Bolsonaro foi enfático ao afirmar, após a votação no Senado em 18 de junho, que "... Eu, como presidente, isso vai ser atenuado, porque vou determinar junto ao ministro Sergio Moro, que tem a PF abaixo dele, para a gente não driblar, e não dificultar quem quer, porventura, ter arma em casa”.
Por fim, satisfeitos os egos políticos dos congressistas e atendido o que eventualmente possa ser levantado pelo STF, acredita-se que as normas sejam definitivamente flexibilizadas, em consonância com vontade da maioria dos brasileiros, expressa através do Referendo de 2005 e da eleição de Bolsonaro/Mourão em 2018. Tal fato, realmente, tenderá a se constituir em um divisor de águas para a Taurus no Brasil, possibilitando à empresa expandir sua as vendas para muito além dos 15% de hoje.

c. Cenário político adverso também beneficiaria a Taurus
Mesmo que o cenário político se torne adverso e o Projeto de Lei 3723/2019 seja modificado para beneficiar somente os CACs (colecionadores, atiradores e caçadores), é importante considerar que o mercado nacional da Taurus - que representa hoje apenas cerca de 15% de sua produção - ainda assim seria beneficiado. A seguir, são analisados os cinco fatores que embasam essa afirmativa.

1) Discussão pública
Com a grande discussão pública sobre o tema, havida a partir da intensificação da campanha de Bolsonaro em 2018, uma grande parte da população passou a tomar conhecimento de que poderia adquirir uma arma, mesmo dentro das regras anteriores às novas normas legais, coisa que pensava ser vetada pelo Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03).

2) "Porte rural"
A Lei nº 13.870/19, recentemente aprovada pelo Congresso, liberou o porte de armas em toda a extensão da propriedade para quem tem domicílio rural. Este fato tem potencial suficiente para causar um significativo aumento de demanda no mercado interno, haja vista o Brasil possuir mais de 5,9 milhões de propriedades rurais (CAR 2019) e mais de 32,5 milhões de pessoas vivendo no campo.

3) Aumento no número de CACs e de armas por eles registradas
Outro fato a considerar é o expressivo incremento da quantidade de pessoas registradas como CAC e de armas por elas registradas no Brasil. Segundo dados publicados recentemente, em dezembro de 2018 havia 255 mil registros, número que saltou para mais de 464 mil até agosto de 2019, quantidade que impressiona, mesmo se sabendo que metade  destas armas estão com o CRAF (Certificado de Registro de Arma de Fogo) inativo por expiração da validade. O número de clubes de tiro também teve um crescimento expressivo em 2018/2019. Assim, a aprovação de uma flexibilização nos calibres e quantidade de armas permitidas por CAC também tende a impulsionar o mercado interno.

4) Guardas Municipais
Com as dificuldades financeiras enfrentadas pelos Estados e a consequente impossibilidade de um acréscimo significativo no efetivo das respectivas Polícias Militares, a solução encontrada pelos municípios com mais de 50.000 habitantes foi investir na criação, no aumento de efetivo e no treinamento das Guardas Municipais para suprir a deficiência de pessoal e poder fazer frente ao alarmante crescimento da criminalidade. Em diversas dessas cidades já foi autorizado que a Guarda passasse a portar armamento leve para melhor cumprir sua missão de "polícia ostensiva", sendo este mais um fator a impactar no mercado interno da Taurus.

5) Marca pessoal do Presidente
Além disso, como já escrito anteriormente, é de se esperar que o Presidente Bolsonaro deva imprimir sua marca pessoal na matéria, determinando ao Ministro da Justiça que a Polícia Federal seja mais flexível e rápida na apreciação das solicitações legais que lhe forem feitas, agilizando registros e portes. 

6) Novas fábricas de armas leves?
Na hipótese extrema de só serem modificadas as normas relativas aos CACs e os decretos presidenciais de 2019 terem seus efeitos totalmente sustados, continuariam a valer as regras anteriores previstas no Estatuto do Desarmamento. Tal como ficou evidenciado até este ano, tais normas praticamente inviabilizam o estabelecimento das grandes fábricas de armas no Brasil, haja vista o peso da carga tributária e os entraves regulatórios que recaem sobre a Taurus e que desestimulam a implantação de qualquer nova indústria estrangeira.
De igual forma, o Estatuto do Desarmamento e suas normas conexas também dificultam  a importação de armamento com similar nacional.

7) Conclusão
Embora seja esperado que o governo ainda deva mobilizar sua base de apoio no Congresso para aprovar uma das mais icônicas promessas de campanha do Presidente Bolsonaro, mesmo o cenário político mais adverso esboçado acima ainda traria consequências e reflexos positivos para a Taurus Armas S.A., levando-a a continuar aumentando o número de armas vendidas no mercado interno e, até mesmo, a ultrapassar o percentual de 15% de suas vendas totais.

d. Megalicitação de 160 mil pistolas
O padrão de qualidade hoje reconhecido internacionalmente, a produção em território nacional por empresa brasileira credenciada como EED (Empresa Estratégica de Defesa) e um suporte completo proporcionado pela imensa e capilarizada rede de apoio já estabelecida, podem ser fatores decisivos para o resultado da megalicitação que está sendo realizada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para a aquisição de 160 mil pistolas calibre 9mm para serem distribuídas à Força Nacional e às polícias civil e militar dos estados.
No momento, a licitação está suspensa, haja vista o grande número de impugnações que foram impetradas, inclusive pela Taurus, já que sua principal arma destinada ao mercado policial e militar - a TS9 Striker – não se adequava aos critérios até então exigidos. A Taurus espera que a SENASP mude os termos do edital para que possa participar do certame.

5. A nova fábrica nos EUA – maior presença onde está o maior consumo
A Taurus inaugurou no dia 05 de dezembro a nova e moderna planta fabril da sua subsidiária Taurus Holdings, Inc. (“Taurus USA”), localizada na cidade de Bainbridge, no estado americano da Georgia.
A produção plena possibilitará dobrar a capacidade produtiva da empresa nesse país, pois a unidade poderá fabricar até 800 mil armas/ano. Além disso, a empresa se beneficiará das facilidades operacionais, comerciais, fiscais e logísticas que esse estado americano oferece, reduzindo custos e aumentando a rentabilidade da operação.
A estratégia da empresa em investir nos EUA, representa reforçar a presença onde está o grande consumo, pois esse é o maior mercado mundial para armas leves, com demanda maior do que a oferta local. A Taurus Armas é a maior fabricante de revólveres do mundo e a quarta marca de armas mais vendida nos Estados Unidos.
Focando no crescimento de longo prazo, a capacidade de expandir as operações é fundamental para os negócios da companhia nos EUA, pois poderá aumentar a produção contando com a força de trabalho qualificada e com os incentivos que a Geórgia tem a oferecer.
A nova planta mereceu um investimento de mais de US$ 42 milhões em infraestrutura e operações, gerando cerca de 300 novos empregos. A instalação tem cerca de 18.580 metros quadrados, sendo 16.722 de espaço fabril e 1.858 de espaço administrativo.

a. Market share tem forte ganho no mercado americano
Nos EUA, a receita de armas apresentou um aumento acima dos 21% nos primeiros nove meses de 2019 em comparação ao mesmo período de 2018, devido aos maiores volumes e a apreciação do dólar médio em relação ao real de quase 8%.
O NICS (índice de intenções de compra de armas no mercado norte-americano) nos primeiros nove meses de 2019 ficou praticamente estável, com aumento de 0,2%, enquanto o volume de vendas da empresa nos EUA aumentou acima dos 17%, o que demonstra o ganho de market share que a Taurus vem consolidando nesse mercado altamente competitivo.

b. Reengenharia também na Taurus USA
A empresa segue com a reestruturação operacional da unidade nos EUA, a exemplo do que foi feito na operação brasileira. Com apoio da consultoria da Galeazzi & Associados, está adotando novos processos administrativos e operacionais na subsidiária norte-americana.
A nova infraestrutura, acompanhada da forte reestruturação administrativa e operacional que está em curso, proporcionará maior eficiência industrial e, portanto, redução do custo operacional, possibilitando oportunidades para a empresa ampliar sua posição nos EUA.

6. Ásia, África, Oriente Médio, Europa e América Latina – um potencial de milhões de consumidores

a. “Make in India” - o limiar de uma nova era
Em fevereiro deste ano, a Taurus assinou um memorando de entendimentos, não vinculante, para permitir o estudo de viabilidade da constituição de uma joint venture na Índia, com uma grande empresa do ramo siderúrgico local. O objetivo, se obtidas todas as autorizações estatutárias e legais, será a fabricação e a comercialização de armas no território indiano, de acordo com programa denominado "Make in India", que visa desenvolver a indústria local, gerando empregos, divisas e tecnologia para o país.
A partir da assinatura do memorando do documento, as partes teriam até 180 dias para concluir os estudos de criação da joint venture e o plano de negócios a ser desenvolvido. Durante este período, a empresa local participaria das licitações com os produtos Taurus para as Forças Armadas e Policiais e seria estabelecida a participação de cada uma das partes envolvidas, bem como as demais condições para efetivação da joint venture.
Através de um Fato Relevante enviado à B3 (Bolsa de Valores) após o fechamento do pregão de 22 de agosto, a empresa comunicou ao mercado que "foi assinado um adendo ao Memorando de Entendimentos (MoU), prorrogando seu prazo de validade por mais três (03) meses, a fim de permitir as finalizações do estudo de viabilidade e da constituição de uma joint venture na Índia, com uma grande empresa do ramo siderúrgico local. A continuidade nas negociações para celebração desse Acordo é mais um passo importante na estratégia global da Taurus no processo de reestruturação baseado em rentabilidade sustentável, qualidade e melhora dos indicadores financeiros e operacionais, além do forte investimento no desenvolvimento de novos produtos e tecnologias". [grifos do editor]
Segundo a publicação (RFI) do Ministério da Defesa da Índia, essa licitação internacional, a ser efetivada nos termos do programa "Make in India", visa fornecer às forças armadas indianas uma quantidade de 360 mil fuzis apropriados para o combate aproximado (CQB  - close quarter battle) no calibre 5.56×45 mm.
Após nove meses de expectativas e de um segredo muito bem guardado, a Taurus Armas, em Fato Relevante divulgado ao mercado no dia 25 de novembro, revelou o parceiro com quem está negociando uma joint venture na Índia. Tal parceiro é nada menos do que um dos maiores grupos industriais indianos, o Jindal Group, maior fabricante de aço da Índia e um dos dez maiores do mundo, detentor de um faturamento superior a US$ 24 bilhões e com 200 mil funcionários no mundo, sendo 45 mil deles somente na divisão de aço.
No mesmo Fato Relevante, a Taurus informou que foi assinado um adendo ao Memorando de Entendimentos (MoU) firmado em fevereiro e prorrogado em agosto, dilatando seu prazo de validade por mais seis meses, a fim de permitir as finalizações do estudo de viabilidade e da constituição de uma joint venture na Índia.

1) Possibilidades para a Taurus podem ir muito além da licitação dos fuzis CQB
No Memorando de Entendimentos, assinado em fevereiro e prorrogado por duas vezes, foi estabelecido que durante sua vigência, a empresa local participará das licitações com os produtos Taurus para as Forças Armadas e Policiais da Índia, o que continua plenamente em vigor.
Em consequência, agora que a parceria foi tornada pública, o Jindal Group, além da licitação para aquisição dos 360.000 fuzis CQB, está apto a participar de todo e qualquer processo licitatório realizado pelo governo indiano, oferecendo as pistolas, revólveres, carabinas, fuzis e submetralhadoras que a empresa gaúcha produz.
É relevante notar que as negociações que resultaram na parceria entre a Taurus Armas e o Jindal Group já se estendem por mais de nove meses. Nesse período, executivos do grupo indiano vieram à sede da companhia, em São Leopoldo-RS, para conhecer e analisar minuciosamente a fabricante gaúcha. Por outro lado, executivos da Taurus foram à Índia conhecer o Jindal Group.
Assim, na visão de uma análise prospectiva, a aproximação entre as duas empresas pode gerar mais frutos do que somente a participação na licitação dos fuzis CQB e, independente do resultado deste processo, evoluir para uma joint venture que resulte no estabelecimento de uma grande fábrica de armas na Índia, aproveitando a recente abertura do mercado de defesa desse país a iniciativas abrigadas no programa "Make in India".
Seja participando de licitações governamentais por meio do Jindal Group, seja por meio da montagem de uma grande fábrica na Índia em joint venture com esse grupo, o fato importante a ser considerado é que a empresa gaúcha conquistou um poderoso ponta de lança que poderá abrir o imenso mercado indiano aos produtos da Taurus.

   2) Fabricação de armas na Índia
A fabricação de armas e munições na Índia é regulada por um sistema de licenciamento estabelecido pela  Lei de Indústrias (Desenvolvimento e Regulamentação) de 1951 e pela Lei de Armas de 1959 / Regras de Armas de 2016, sob domínio completo do Governo. Até 2001, a fabricação de armas de pequeno porte para as forças armadas, paramilitares e policiais estava restrita à produção de empresas pertencentes ao Departamento de Defesa. Em 2001, o governo permitiu a participação de 100% do setor privado indiano na fabricação de armas, sujeita a licenciamento, mas foi só a partir de 2015, através do Arms Act Amendment Bill, que o setor privado começou efetivamente a poder participar da indústria de defesa indiana.
Em março de 2016, o Kalyani Group e a Fabbrica D'armi Pietro Beretta SpA, da Itália, iniciaram discussões para uma joint venture com a finalidade de fabricar armas leves para as forças armadas e policiais. Ao que tudo indica, o projeto não foi adiante.

a) Fuzis e metralhadoras
Em julho de 2018, foi estabelecida a primeira fábrica privada indiana de armas leves, localizada em Malanpur / Madhya Pradesh, em uma joint venture entre o conglomerado de defesa indiano Punj Lloyd com a Israel Weapons Industries (IWI), a fim de fabricar o fuzil de assalto X95, o fuzil sniper Galil, o fuzil de assalto Tavor, a metralhadora Negev e o fuzil de assalto Ace. As armas serão fabricadas na Índia e exportadas, inclusive para Israel. Algumas dessas armas já são utilizadas pelas forças e grupos especiais indianos.
Em abril de 2018, Índia e Rússia começaram a discutir a formação de uma joint venture para fabricar o fuzil russo AK-203, última versão do famoso AK-47 Kalashnikov, a fim de dotar as forças armadas, paramilitares e policiais do país, substituindo o obsoleto e problemático fuzis de assalto INSAS utilizado desde a década de 90 e produzido por uma estatal indiana. Após diversas tratativas, a parceria evoluiu bem, mas só foi efetivada quase um ano depois, com a "pedra fundamental" da nova empresa sendo lançada somente em março de 2019.
Ambas as iniciativas estão dentro do programa "Make in India", destinado a estabelecer e fomentar a produção dentro do país.

b) Pistolas
A pistola padrão das forças armadas e policiais é a Pistol Auto 9mm 1A, uma antiga e obsoleta pistola semiautomática de ação simples, cópia licenciada da pistola Inglis 9mm (Browning Hi-Power), fabricada sob licença na Índia pela empresa estatal Rifle Factory Ishapore desde 1981. A Hi-Power foi descontinuada em 2017 pela Browning Arms, mas permanece em produção sob licença e ainda é utilizada como pistola padrão pelas forças armadas e policiais de diversos países.
As pistolas em uso pelas forças e grupos especiais indianos são, predominantemente, a Glock 17 (forças especiais), a Beretta 92 (forças especiais), a FN Five-seven (Grupo de Proteção Especial) e a SIG Sauer P226 (Guarda de Segurança Nacional), importadas da Áustria, da Itália, da Bélgica e da Alemanha, respectivamente. 

3) Um mercado bilionário
Em virtude de a pistola padrão das forças armadas, paramilitares e policiais ser a obsoleta Pistol Auto 9mm 1A, a joint venture entre a Taurus Armas S.A. e o Jindal Group pode representar um negócio bilionário para a empresa brasileira, pois sua produção na Índia pode ter também como objetivo fabricar a nova pistola padrão para o mercado militar, paramilitar e policial desse país.
O segundo país mais populoso do mundo (1,37 bilhão de pessoas) é considerado também uma das maiores potências militares do planeta, atrás apenas dos EUA, Rússia e China. Com mais de 1,3 milhão de homens e mulheres a serviço da nação, a Índia possui a quarta maior força militar do mundo em termos de efetivo, segundo levantamento da Global Firepower. Seu orçamento de defesa para 2018 foi de 45 bilhões de dólares, embora haja fontes que situem os gastos militares do país nesse ano entre 62 e 65,5 bilhões de dólares.
No entanto, as forças armadas da Índia se encontram em um estado alarmante. Se combates intensos tivessem início amanhã, a Índia só poderia manter suas tropas abastecidas de munição por 10 dias, de acordo com estimativas do governo. E 68% do equipamento do exército são tão velhos que recebem oficialmente a designação de “antiguidades”.
Na área de Segurança Pública, a Índia possui 1,4 milhão de policiais e cerca de 7 milhões de agentes de segurança particulares, sendo um dos países do mundo em que o efetivo de agentes de segurança pertencentes às empresas particulares do setor supera em muito o efetivo policial. Seja como for, o número de agentes e policiais armados impressiona.
Como consequência da obsolescência de grande parte do material bélico nacional, a Taurus poderá se tornar uma grande fornecedora de pistolas de última geração  (como a TH9 e TS9 ),  do fuzil T4 e também de outras armas de seu moderno mix de produtos, como a submetralhadora SMT, armas especialmente desenvolvidas para o mercado militar e policial. 
Caso a joint venture se concretize, o padrão indiano estabelecido com Israel e com a Rússia determinou, em linhas gerais, um controle de 51% para o país e 49% para a empresa internacional, podendo se repetir com a empresa brasileira.
Além de poder suprir parte do vasto mercado interno desse país, os produtos da Taurus passariam a dispor de uma “vitrine” mundial inédita, devido à magnitude do empreendimento e às possibilidades de exportação que se abririam.
Assim, é de se esperar que, se tudo der certo, a Taurus possa dar o maior salto produtivo de todos os tempos, ingressando em uma inédita e próspera era.

b. Filipinas
Ainda no mercado asiático, através da empresa importadora Trust Trade (braço da multinacional paquistanesa Gigi Industries Inc.), a Taurus firmou contrato com a polícia das Filipinas para a venda inicial de 10.000 pistolas TS9, modelo desenvolvido para uso policial e militar, que atende aos mais exigentes padrões de qualidade e segurança do mundo. As armas passaram por rígidos testes de aprovação, incluindo teste de resistência de 20.000 disparos sem apresentar nenhuma falha. A polícia das Filipinas é composta por cerca de 200 mil policiais, o que pressupõe um contrato grande e de longa duração.

c. Bangladesh
Em maio último, a Taurus ofereceu treinamento aos integrantes da Bangladesh Air Force - BAF. A ação ocorreu junto à entrega de pistolas PT57SC e submetralhadoras SMT 9mm, no primeiro negócio fechado junto à Instituição, através da Direção-Geral da Defesa (DGDP) daquele país. A BAF possui um efetivo de 22 mil militares.

d. África, Oriente Médio, Europa e América Latina
Além do impressionante mercado asiático, a Taurus investe também na ampliação dos mercados do Oriente Médio e da África, para onde já exporta regularmente seus produtos, com ênfase para os setores de defesa e policial de países como África do Sul, Omã, Marrocos, Argélia, Tunísia, Bahrein e Emirados Árabes. Em 2018, dentro desse foco especial, a companhia fez importantes vendas para países situados nesses continentes e ampliou a receita das exportações – sem considerar as vendas nos EUA - em 44% ante o ano anterior.
Na América Latina, em maio último, a Taurus venceu uma concorrência internacional para fornecimento de 4 mil armas a um país vizinho. A disputa envolveu grandes fabricantes internacionais de armas.
Recentemente, a Taurus, avançando com sua estratégia de negócios no mercado internacional, efetuou a venda de 1.500 pistolas G2C a um grande distribuidor da África do Sul. A empresa também ampliou os negócios na Ucrânia, com a venda de 1 mil pistolas Taurus modelo PT58 para um distribuidor do país. No momento, estão sendo desenvolvidos contatos para a abertura de novos mercados no continente africano.

7. Conclusão: a Era Taurus?
A reengenharia radical que está possibilitando um verdadeiro turnaround na empresa, o novo cenário brasileiro, a entrada em operação da nova fábrica nos Estados Unidos, a real possibilidade do estabelecimento de uma fábrica na Índia e a agressiva conquista de importantes mercados internacionais têm tudo para tornar a próxima década uma era de ouro na história da companhia.
Nesse cenário, não seria exagero afirmar que, para a empresa, essa poderá ser uma verdadeira Era Taurus.



Compilação e análise: LRCA Consulting (lrcaconsulting@gmail.com) - 15/12/2019 (atualizado em 27/12/2019)

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