O turnaround da Taurus Armas
Compilação e análise:
LRCA Consulting (lrcaconsulting@gmail.com) - 15/12/2019 (atualizado em 27/12/2019)
São poucas as empresas que, após um período tumultuado em sua existência empresarial, conseguem dar a volta por cima (turnaround), reerguendo-se e reconquistando a confiança do mercado.
Com 80 anos de existência, a Taurus Armas S.A. é um dos mais recentes exemplos desse processo, onde uma reengenharia radical está transformando a outrora problemática indústria gaúcha de armamentos em uma poderosa, qualificada e conceituada multinacional do setor.
O presente estudo atualiza e complementa o relatório divulgado em julho por esta consultoria, procurando demonstrar os principais fatores que estão transformando a empresa e as excelentes possibilidades que tem para o futuro.
1. Entrada de um parceiro estratégico: CBC Companhia Brasileira de
Cartuchos
O
primeiro fator diz respeito aos seus atuais acionistas controladores, que estão
promovendo transformações radicais na empresa desde 2016.
Em
fevereiro de 2015, após a aprovação do CADE, a CBC – Companhia Brasileira de
Cartuchos – passou a exercer seus direitos como controladora da Forjas Taurus,
resultado de um movimento que teve início em 2014 com a compra de ações da
companhia e, posteriormente, com um processo de aumento de capital.
Com
este fato, a Taurus começou a contar com o suporte de uma poderosa e experiente
parceira, além de ter acesso direto e privilegiado à imensa rede de países e
organizações que são clientes dessa empresa global. A gama abrangente de
produtos da CBC é exportada para mais de 130 países, atendendo às necessidades
dos mercados militar, policial e comercial.
A
empresa é hoje uma das maiores fornecedoras de munição para a OTAN e forças
aliadas em todo o mundo, tendo sua sede e três unidades de produção no Brasil
(onde são feitos os produtos Magtech), duas fábricas na Europa - MEN na
Alemanha e Sellier & Bellot na República Tcheca - e uma subsidiária em Minnesota
- Magtech USA, que atua como distribuidor mestre para o mercado dos EUA.
A
CBC é considerada uma das maiores corporações de munição do mundo, com uma
experiência combinada de mais de 300 anos na fabricação de calibres pequenos e
médios. Juntas, as operações da companhia empregam mais de 3.500 trabalhadores
qualificados e produzem mais de 1,7 bilhão de cartuchos de munição a cada ano.
No
ano de 2016, foi realizada uma cisão parcial da CBC e a transferência das ações
de emissão da Taurus para a TaurusPar Participações S.A. (nova denominação da
CBC Participações S.A.), que é a atual controladora com 52,67% do capital
social da Taurus.
2. Uma nova, grande e conceituada multinacional do setor de armamentos
O
segundo fator diz respeito à própria empresa. Exportando para mais de 100
países e empregando diretamente cerca de 2,8 mil pessoas, a companhia sediada em São
Leopoldo-RS é hoje uma multinacional com fábricas no Brasil e nos Estados
Unidos. Das 4,6 mil armas
fabricadas por dia, 85% são vendidas no exterior.
Líder
mundial na fabricação de revólveres e uma das maiores produtoras de pistolas do
mundo, a Taurus é também a quarta marca mais vendida no exigente mercado dos
EUA. A pistola G2C, produzida em São Leopoldo, é a mais vendida nos Estados
Unidos; no mundo, são mais de 2 milhões de unidades comercializadas. Além de
armas curtas (revólveres e pistolas), fabrica submetralhadoras, fuzis,
carabinas, rifles e espingardas para os mercados militar, policial e civil,
representando um mix completo onde a qualidade está em primeiro plano.
A
empresa já recebeu mais de 30 prêmios internacionais em reconhecimento pelo seu
elevado padrão de qualidade e inovação, como o "American Hunter Handgun of the Year 2019", considerado uma das
premiações mais importantes da indústria de armas dos Estados Unidos. Além
disso, possui 54 patentes, incluindo aquelas depositadas fora do Brasil.
Em
edição online de 16 de novembro, a revista "The National Interest"
publicou que a pistola Taurus TX-22 foi escolhida como uma das quatro melhores
armas dos Estados Unidos em 2019. As quatro armas serão destaque na National
Shooting Sports Federation’s annual Shooting, Hunting, Outdoor Trade Show -
SHOT Show, evento número um da indústria de armas de fogo nos EUA.
Realizada todo mês de janeiro em Las Vegas, Nevada, a SHOT é um local onde a
indústria de armas exibe suas novidades e projetos mais inovadores.
Em
19 de novembro, a Taurus TX-22 foi escolhida pela conceitua revista Guns&Ammo
como "Guns & Ammo 2019 Handgun of the Year".
Já
a edição de dezembro dessa revista traz na capa a Taurus G3, escolhida pela
publicação como "Full Size Best Buy".
Nas
Filipinas, a Taurus TS9 Striker é anunciada na mídia como "Tested by
Philippine National Police with zero malfunctions". A publicação ainda
cita que a arma foi submetida a diversos testes durante 20 mil disparos. A TS9
é uma arma especialmente desenvolvida para os mercados policial e militar.
3. A reengenharia
promovida desde 2016
a. Principais medidas
A
robusta reengenharia promovida na filosofia empresarial e nos processos tecnológicos,
operacionais e administrativos, implementada desde 2016 pelos novos
controladores, sob a orientação da Galeazzi & Associados (a partir do final
de 2017), transformaram radicalmente a “velha” Taurus.
A
empresa atuou de forma decisiva na redução de custos e desperdícios, realizando
análises dos giros de estoques de matérias primas e maior frequência de
inspeção para redução de perdas, bem como constantes auditorias e identificação
de oportunidades com fornecedores e outros parceiros.
O moderno mix de armas,
especialmente as desenvolvidas a partir de 2017, tem foco no tripé Inovação,
Tecnologia e Qualidade. Neste último quesito, a empresa estabeleceu padrões
superiores às normas técnicas exigidas pelo mercado internacional.
Em
termos operacionais, as diversas mudanças focaram em oferecer produtos de
qualidade, com tecnologia incorporada, competitivos no mercado mundial e que
proporcionem maior rentabilidade para a operação. Foram adotados e
desenvolvidos processos operacionais eficientes e robustos, proporcionando
estabilidade na produção. Hoje, não há interferência de colaboradores no ajuste
de peças na montagem das armas, de modo que o processo de produção garante a máxima
qualidade.
Em
2018, a companhia realizou a requalificação dos fornecedores, desenvolveu mais
de 74 novos produtos, promoveu mais de 100 demonstrações em feiras e eventos
diretamente ao mercado policial e militar, e deu início à construção de uma
nova unidade fabril na cidade de Bainbridge,
localizada no estado americano da Georgia
(EUA), para onde transferiu no final deste ano, com muitas vantagens, a fábrica
situada em Miami, na Florida.
Em
julho de 2018, a dívida bruta da empresa, de cerca de R$ 900 milhões, foi
totalmente renegociada e reperfilada, possibilitando que o débito fosse parcelado
em cinco anos, com um ano de carência e juros 50% menores, com impacto positivo
para a Taurus de aproximadamente R$ 120 milhões em encargos no prazo de cinco
anos. Para colaborar neste processo, a empresa colocou novas ações no mercado e
pôs à venda um terreno em Porto Alegre e uma fábrica de capacetes no Paraná. O
desinvestimento nos dois ativos (venda dos terrenos) pode abater cerca de R$
150 milhões do endividamento; o aumento de capital através da emissão bônus de
subscrição pode proporcionar um aumento de capital de até R$ 402 milhões. As
captações (somente com as ações no mercado) até R$ 300 milhões serão utilizadas
para redução de dívida. Acima deste valor, 50% poderá reforçar o caixa e 50%
reduzirá a dívida da companhia.
Em
junho de 2019, em um marco muito importante para a Taurus, ocorreu o pagamento
da primeira da parcela do principal da dívida, após a renegociação firmada há
cerca de um ano com o sindicato de bancos. O aumento da geração operacional de
caixa obtida nos últimos trimestres e a estratégia de fazer um aumento de
capital da companhia contribuíram para que fosse possível dar mais esse
importante passo, deixando para trás o primeiro “muro” referente ao
reperfilamento da dívida com o sindicato dos bancos, com o pagamento de R$ 58,7
milhões, sem com isso abalar de alguma forma os negócios e o fluxo de caixa da
empresa.
b. Novo nome e novo ticker para
uma nova empresa
Em
janeiro último, a antiga Forjas Taurus passou a se chamar Taurus Armas. A
mudança faz parte do processo de reestruturação que a empresa está vivendo,
baseado no tripé estratégico “rentabilidade sustentável, qualidade dos produtos
e melhora dos indicadores financeiros e operacionais”, e colabora para a nova
fase da companhia. Além disso, está em linha com a estratégia da empresa de
focar no seu core business - a
produção e venda de armas, bem como com o desenvolvimento de novos produtos a
fim de atender as necessidades do mercado, principalmente dos Estados Unidos –
seu maior cliente, mas sem esquecer a abertura de novos mercados, tais como
Ásia, Oriente Médio, África e América Latina.
A partir de 12 de novembro de 2019, os valores mobiliários de emissão da companhia passaram a ser negociados com o novo código “TASA” (ticker) e novo nome de pregão “TAURUS ARMAS” na B3 S.A.
O novo código e nome de pregão da Taurus na B3 está em linha com a alteração de sua denominação social, que exclui a expressão “Forjas” por se tratar de atividade que não exerce mais.
c. Resultados: lucros,
satisfação e o melhor semestre dos últimos anos
Em
consequência dessas e de outras medidas, após seis anos de prejuízos, a companhia
chegou à metade do ano de 2019 com muito a comemorar pelos bons resultados
conquistados pelo sexto trimestre consecutivo, o que a levou a acumular lucro
líquido de R$ 47,6 milhões nesse semestre. No período, a venda de novos
produtos foi responsável por 57,1% da receita com a venda de armas ou 56,5% da
receita líquida total da empresa.
Com
crescimento da receita, manutenção dos custos sob rígido controle e redução das
despesas operacionais, no 2º trimestre a Taurus registrou geração operacional
de caixa medida pelo Ebitda (sigla em inglês para receita antes dos juros,
impostos, depreciação e amortização) de R$ 56,4 milhões, levando o indicador a
totalizar R$ 94,9 milhões no 1S19, o melhor resultado para o indicador desde
2011.
Os
resultados desses primeiros seis meses do ano validaram o trabalho que vem
sendo empreendido para renovar e reinventar a Taurus, imprimindo novo padrão de
desempenho. As mudanças realizadas se confirmam como sólidas e sustentáveis. Em
termos de receita, lucro bruto, resultado operacional, Ebitda e resultado
líquido, a empresa teve o melhor desempenho para um primeiro semestre dos
últimos anos.
No
terceiro trimestre, a companhia reverteu o lucro líquido de R$ 48 milhões e
apresentou prejuízo de R$ 26,4 milhões. O resultado líquido negativo foi
explicado pelo aumento das despesas financeiras líquidas devido à
desvalorização de 8,2% da moeda brasileira em relação ao dólar, à menor
lucratividade da operação americana e ao aumento das despesas operacionais.
Por
outro lado, há vários indicadores positivos.
O
resultado operacional cresceu 10%, para R$ 18,6 milhões. A receita operacional
líquida teve alta de 26% no trimestre, passando de R$ 192,3 milhões para R$
242,3 milhões. Na análise do acumulado do ano, a alta foi de 16,7%, chegando em
R$ 727,4 milhões.
A
produção de armas nas fábricas brasileira e americana subiu 16,4%, para 334 mil
unidades, especialmente com avanço na produção no Brasil, que respondeu por 77%
do total. As vendas cresceram 35% para 345 mil unidades. O principal
crescimento foi na exportação, que passaram de 8 mil unidades para 22 mil
unidades. No Brasil, as vendas cresceram 32% para 33 mil unidades e, nos
Estados Unidos, passaram de 286 mil unidades para 291 mil unidades.
O
Ebitda, que mede a geração de caixa da empresa, caiu 18,2% e atingiu R$ 19,9
milhões entre julho e setembro. A margem Ebitda caiu 5 pontos percentuais e
fechou em 8,2%. Já entre janeiro e setembro, o Ebitda cresceu 18,2%, passando
de R$ 97,1 milhões para R$ 114,8 milhões. A margem foi de 15,8%.
A
companhia conseguiu reverter o prejuízo de R$ 44,6 milhões nos primeiros nove
meses do ano passado e reportou lucro de R$ 21,3 milhões em 2019.
“Os
resultados dos nove meses de 2019 mostram evolução positiva em relação ao
registrado no mesmo período de 2018, ano que tinha apresentado desempenho
superior ao exercício anterior”, ressaltou Salesio Nuhs, CEO da Taurus. “O
objetivo de melhorar os indicadores operacionais e financeiros vem sendo
alcançado”.
Os
problemas que aconteciam até 2017 já pertencem ao passado. Hoje, o padrão de
qualidade é reconhecido em níveis internacionais, o corpo de funcionários está satisfeito
porque recebe o salário em dia, o endividamento está totalmente equacionado e os
clientes são atendidos prontamente.
d. Potencial que despertou
o interesse de Luiz Barsi e do BTG Pactual tem o aval da Eleven
O
potencial da empresa despertou o interesse de Luiz Barsi Filho, considerado o
maior investidor pessoa física do Brasil, com mais de um bilhão de reais (2018)
investidos na bolsa de valores, levando-o a adquirir mais uma parcela
substancial de ações da empresa no final de 2018 e outra no final do primeiro
semestre, totalizando 3.251.700 ações preferenciais, representando 8,37% das
ações PN, além de 250 mil ordinárias. Essa posição foi aumentada entre julho e agosto para 4.133.000 ações PN (9,84% do total) e 301.200 ações ON (0,65% do total).
O megainvestidor costuma declarar que “Eu
não invisto em ações como essência. Invisto em projetos empresariais com
perspectivas de serem bem-sucedidos. Ação é uma maneira de participar desses
projetos”. No link https://urlzs.com/qJAvy Barsi explica o porquê de estar
investindo na Taurus Armas.
O
BTG Pactual anunciou, em carta endereçada à empresa no dia 11 de novembro, que
adquiriu 2.626.998 ações PN (TASA4) da Taurus Armas S.A., representando 5,24%
do total de ações preferenciais da companhia. A operação foi realizada no dia
07 de novembro e o objetivo é "a mera realização de operações
financeiras", sem pretender "alterar a composição do controle, da
estrutura administrativa ou atingir qualquer participação acionária em
particular". O BTG Pactual esclareceu ainda que a aquisição foi realizada
pelos fundos geridos pela administradora de recursos.
Entre os meses de julho e agosto, o acionista pessoa jurídica Clube de Investimentos Etoile passou a deter 5,227% das ações PN (2.196.000) e 0,80% das ON (370.000), sem que este fato fosse comunicado ao mercado. O Etoile é um dos diversos clubes de investimentos administrados pela XP Investimentos.
A
Eleven Financial Research divulgou um minucioso e detalhado relatório no dia 04
de novembro, onde os analistas Flávia Ozawa, Odilon Costa e Carlos Daltozo
avaliam que a Taurus passa por uma profunda mudança operacional e financeira
nos últimos anos, iniciado com a entrada da Companhia Brasileira de Cartuchos
(CBC) como controlador, em 2015.
Desde
então, a companhia conseguiu melhorar seu processo produtivo. A automatização
do processo produtivo na unidade de São Leopoldo (RS) resultou em maior
uniformidade dos produtos e controle sobre a qualidade.
A
mudança da localização da fábrica nos Estados Unidos, de Miami para Bainbridge,
Georgia, é vista pelos analistas da Eleven como um catalisador para os
papéis da Taurus.
“A
companhia está em um processo interessante, apresentando resultados sólidos que
há muito tempo não se via”, disse o analista Carlos Daltozo ao Valor. “A
piora já passou e vemos sinais de evolução consideráveis.”
A
ênfase do relatório está no excepcional turnaround experimentado pela
empresa a partir de 2017.
e. Nome e sobrenome
Um
dos maiores responsáveis pelos novos e promissores rumos da Taurus tem nome e
sobrenome de peso no mercado de armamento: Salesio Nuhs (Vice-Presidente Comercial
e de Relações Institucionais da CBC, que ocupava também o cargo de Vice-Presidente
de Vendas e Marketing da Taurus desde que a CBC adquiriu o seu controle), promovido
ao cargo de Presidente Global em janeiro de 2018. Experiente, dinâmico e proativo,
o executivo atua há 29 anos no segmento de armas e munições e é importante
referência nesse mercado, possuindo um amplo e profundo conhecimento de sua
operação e dos mercados brasileiro e internacional, tendo assim sólida
preparação e credibilidade para conduzir a reestruturação e o crescimento
sustentável da Taurus. É também Presidente da Taurus Holdings, Inc. (“Taurus USA”), da Associação Nacional da
Indústria de Armas e Munições – ANIAM desde 2012 e membro do Conselho
Consultivo do Sistema de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército
Brasileiro.
f. Orgulho
de ser uma empresa brasileira
Fundada em 1939 e sediada em São
Leopoldo-RS, a Taurus é uma das empresas brasileiras que mais exportou em 2018
no Estado. Foram mais de 715 mil armas, entre revólveres, pistolas, fuzis,
submetralhadoras e espingardas exportados pela Taurus Brasil, totalizando mais
de U$ 132 milhões de dólares. A empresa contribuiu com a economia nacional
arrecadando R$ 155,2 milhões em impostos e gerando mais de 2.800 empregos
diretos nas unidades produtivas e cerca de 20.000 indiretos.
4. O Brasil pós flexibilização
das normas para armas – um mercado de R$ 12 bilhões
a. Potencial explosivo
de R$ 12 bilhões
As
novas normas que flexibilizam as regras para o registro, aquisição e porte de
armas, poderão se constituir em um divisor de águas para a Taurus, pois possibilitarão
à empresa expandir exponencialmente as vendas no Brasil. Vale lembrar que,
atualmente, apenas 15% de toda a produção de armas da companhia é destinada ao
mercado nacional e que a demanda reprimida é enorme.
Se
as vendas no Brasil crescerem conforme se espera, poderão ser atendidas com
tranquilidade, pois a empresa possui capacidade de produção para suprir
plenamente a nova demanda. Uma ampla e ágil rede de distribuidores, pontos de
venda e assistência técnica treinada em todo o território nacional, além de uma
equipe de instrutores credenciados e de peças de reposição rapidamente
acessíveis, fazem com que, no médio prazo, a Taurus tenha vantagens difíceis de
superar por qualquer futura concorrência que venha a se estabelecer no Brasil.
Estudos
feitos por especialistas do setor indicam que até 6 milhões de brasileiros - caçadores,
atiradores, colecionadores e cidadãos de bem (para a legítima defesa pessoal,
da família e da propriedade) - estariam dispostos a adquirir uma ou mais armas.
É
um mercado com potencial explosivo que pode render R$ 12 bilhões e representa
aumento de 10 vezes em relação ao total de armas oficialmente legalizadas por
cidadãos no Brasil.
b. Cenário político
atual
Os
sucessos e insucessos políticos, acontecidos desde a publicação da primeira
edição do "Decreto das Armas" em janeiro, tornam possível verificar
que a resistência de diversos senadores e deputados às novas normas estão mais
na forma com que estas foram "impostas" e em alegadas irregularidades
legais, do que na maior parte do conteúdo em si.
Tais
resistências estão sendo contornadas mediante a ação política coordenada e
abrangente por parte do Governo e dos congressistas aliados, transformando a
matéria em Projetos de Lei (PL) que, após submetidos ao crivo dos
congressistas, perderão o viés impositivo e serão devidamente adequados
legalmente.
A
firme intenção do Governo é manter as linhas básicas dos Decretos relativas à
posse e ao porte de armas, embora seja esperado que, durante os trâmites
políticos, tenha que fazer algumas concessões para poder aprovar a matéria.
A
questão dos CACs (caçadores, atiradores esportivos e colecionadores) e o
ingresso de indústrias estrangeiras tende a ser consenso para a maioria dos congressistas
não engajados ideologicamente com partidos de esquerda, já que tais partidos,
em princípio, são contrários a qualquer proposta de flexibilização.
Os
principais óbices que poderão ser motivo de supressões, emendas e discussões
estão relacionados às categorias que teriam direito ao porte, aos calibres e
tipos de armas permitidos e à quantidade máxima de munição anual possível de
ser adquirida.
Além
de as principais normas continuarem em vigor hoje, a primeira grande vitória já
foi obtida com a aprovação no Congresso da Lei nº 13.870/19, que libera o porte de armas para
quem tem domicílio rural, e em toda a extensão da propriedade. Somente este
fato já tem potencial suficiente para causar um significativo aumento de
demanda no mercado interno, haja vista o Brasil possuir mais de 5,9 milhões de
propriedades rurais (CAR 2019) e mais de 32,5 milhões de pessoas vivendo no
campo.
Seja
qual for o projeto final aprovado pelo Congresso, acredita-se que o Presidente
Bolsonaro deva imprimir sua marca pessoal na matéria, determinando ao Ministro
da Justiça que a Polícia Federal seja mais flexível e rápida na apreciação das
solicitações legais que lhe forem feitas, agilizando registros e portes.
Bolsonaro foi enfático ao afirmar, após a votação no Senado em 18 de junho, que
"... Eu, como presidente, isso vai ser atenuado, porque vou determinar
junto ao ministro Sergio Moro, que tem a PF abaixo dele, para a gente não
driblar, e não dificultar quem quer, porventura, ter arma em casa”.
Por
fim, satisfeitos os egos políticos dos congressistas e atendido o que
eventualmente possa ser levantado pelo STF, acredita-se que as normas sejam definitivamente
flexibilizadas, em consonância com vontade da maioria dos brasileiros, expressa
através do Referendo de 2005 e da eleição de Bolsonaro/Mourão em 2018. Tal
fato, realmente, tenderá a se constituir em um divisor de águas para a Taurus
no Brasil, possibilitando à empresa expandir sua as vendas para muito além dos
15% de hoje.
c. Cenário político
adverso também beneficiaria a Taurus
Mesmo
que o cenário político se torne adverso e o Projeto de Lei 3723/2019 seja
modificado para beneficiar somente os CACs (colecionadores, atiradores e
caçadores), é importante considerar que o mercado nacional da Taurus - que representa
hoje apenas cerca de 15% de sua produção - ainda assim seria beneficiado. A
seguir, são analisados os cinco fatores que embasam essa afirmativa.
1) Discussão pública
Com
a grande discussão pública sobre o tema, havida a partir da intensificação da
campanha de Bolsonaro em 2018, uma grande parte da população passou a tomar
conhecimento de que poderia adquirir uma arma, mesmo dentro das regras
anteriores às novas normas legais, coisa que pensava ser vetada pelo Estatuto
do Desarmamento (Lei 10.826/03).
2) "Porte
rural"
A
Lei nº 13.870/19, recentemente aprovada pelo Congresso, liberou o porte de
armas em toda a extensão da propriedade para quem tem domicílio rural. Este
fato tem potencial suficiente para causar um significativo aumento de demanda
no mercado interno, haja vista o Brasil possuir mais de 5,9 milhões de
propriedades rurais (CAR 2019) e mais de 32,5 milhões de pessoas vivendo no
campo.
3) Aumento no número
de CACs e de armas por eles registradas
Outro
fato a considerar é o expressivo incremento da quantidade de pessoas
registradas como CAC e de armas por elas registradas no Brasil. Segundo dados
publicados recentemente, em dezembro de 2018 havia 255 mil registros, número
que saltou para mais de 464 mil até agosto de 2019, quantidade que impressiona,
mesmo se sabendo que metade destas armas
estão com o CRAF (Certificado de Registro de Arma de Fogo) inativo por
expiração da validade. O número de clubes de tiro também teve um crescimento
expressivo em 2018/2019. Assim, a aprovação de uma flexibilização nos calibres
e quantidade de armas permitidas por CAC também tende a impulsionar o mercado
interno.
4) Guardas Municipais
Com
as dificuldades financeiras enfrentadas pelos Estados e a consequente
impossibilidade de um acréscimo significativo no efetivo das respectivas
Polícias Militares, a solução encontrada pelos municípios com mais de 50.000
habitantes foi investir na criação, no aumento de efetivo e no treinamento das
Guardas Municipais para suprir a deficiência de pessoal e poder fazer frente ao
alarmante crescimento da criminalidade. Em diversas dessas cidades já foi
autorizado que a Guarda passasse a portar armamento leve para melhor cumprir
sua missão de "polícia ostensiva", sendo este mais um fator a
impactar no mercado interno da Taurus.
5) Marca pessoal do
Presidente
Além
disso, como já escrito anteriormente, é de se esperar que o Presidente
Bolsonaro deva imprimir sua marca pessoal na matéria, determinando ao Ministro
da Justiça que a Polícia Federal seja mais flexível e rápida na apreciação das
solicitações legais que lhe forem feitas, agilizando registros e portes.
6) Novas fábricas de
armas leves?
Na
hipótese extrema de só serem modificadas as normas relativas aos CACs e os
decretos presidenciais de 2019 terem seus efeitos totalmente sustados,
continuariam a valer as regras anteriores previstas no Estatuto do
Desarmamento. Tal como ficou evidenciado até este ano, tais normas praticamente
inviabilizam o estabelecimento das grandes fábricas de armas no Brasil, haja
vista o peso da carga tributária e os entraves regulatórios que recaem sobre a
Taurus e que desestimulam a implantação de qualquer nova indústria estrangeira.
De
igual forma, o Estatuto do Desarmamento e suas normas conexas também dificultam
a importação de armamento com similar
nacional.
7) Conclusão
Embora
seja esperado que o governo ainda deva mobilizar sua base de apoio no Congresso
para aprovar uma das mais icônicas promessas de campanha do Presidente
Bolsonaro, mesmo o cenário político mais adverso esboçado acima ainda traria
consequências e reflexos positivos para a Taurus Armas S.A., levando-a a
continuar aumentando o número de armas vendidas no mercado interno e, até
mesmo, a ultrapassar o percentual de 15% de suas vendas totais.
d. Megalicitação de 160
mil pistolas
O
padrão de qualidade hoje reconhecido internacionalmente, a produção em
território nacional por empresa brasileira credenciada como EED (Empresa
Estratégica de Defesa) e um suporte completo proporcionado pela imensa e
capilarizada rede de apoio já estabelecida, podem ser fatores decisivos para o
resultado da megalicitação que está sendo realizada pelo Ministério da Justiça
e Segurança Pública para a aquisição de 160 mil pistolas calibre 9mm para serem
distribuídas à Força Nacional e às polícias civil e militar dos estados.
No momento, a licitação está suspensa, haja vista o grande número de
impugnações que foram impetradas, inclusive pela Taurus, já que sua principal
arma destinada ao mercado policial e militar - a TS9 Striker – não se adequava
aos critérios até então exigidos. A Taurus espera que a SENASP mude os termos
do edital para que possa participar do certame.
5. A nova fábrica nos EUA
– maior presença onde está o maior consumo
A
Taurus inaugurou no dia 05 de dezembro a nova e moderna planta fabril da sua
subsidiária Taurus Holdings, Inc. (“Taurus USA”), localizada na cidade de
Bainbridge, no estado americano da Georgia.
A
produção plena possibilitará dobrar a capacidade produtiva da empresa nesse
país, pois a unidade poderá fabricar até 800 mil armas/ano. Além disso, a
empresa se beneficiará das facilidades operacionais, comerciais, fiscais e
logísticas que esse estado americano oferece, reduzindo custos e aumentando a
rentabilidade da operação.
A
estratégia da empresa em investir nos EUA, representa reforçar a presença onde
está o grande consumo, pois esse é o maior mercado mundial para armas leves,
com demanda maior do que a oferta local. A Taurus Armas é a maior fabricante de
revólveres do mundo e a quarta marca de armas mais vendida nos Estados Unidos.
Focando
no crescimento de longo prazo, a capacidade de expandir as operações é
fundamental para os negócios da companhia nos EUA, pois poderá aumentar a
produção contando com a força de trabalho qualificada e com os incentivos que a
Geórgia tem a oferecer.
A
nova planta mereceu um investimento de mais de US$ 42 milhões em infraestrutura
e operações, gerando cerca de 300 novos empregos. A instalação tem cerca de
18.580 metros quadrados, sendo 16.722 de espaço fabril e 1.858 de espaço
administrativo.
a. Market share
tem forte ganho no mercado americano
Nos
EUA, a receita de armas apresentou um aumento acima dos 21% nos primeiros nove
meses de 2019 em comparação ao mesmo período de 2018, devido aos maiores volumes
e a apreciação do dólar médio em relação ao real de quase 8%.
O
NICS (índice de intenções de compra de armas no mercado norte-americano) nos
primeiros nove meses de 2019 ficou praticamente estável, com aumento de 0,2%,
enquanto o volume de vendas da empresa nos EUA aumentou acima dos 17%, o que
demonstra o ganho de market share que a Taurus vem consolidando nesse
mercado altamente competitivo.
b. Reengenharia também
na Taurus USA
A
empresa segue com a reestruturação operacional da unidade nos EUA, a exemplo do
que foi feito na operação brasileira. Com apoio da consultoria da Galeazzi
& Associados, está adotando novos processos administrativos e operacionais
na subsidiária norte-americana.
A
nova infraestrutura, acompanhada da forte reestruturação administrativa e
operacional que está em curso, proporcionará maior eficiência industrial e,
portanto, redução do custo operacional, possibilitando oportunidades para a
empresa ampliar sua posição nos EUA.
6. Ásia, África,
Oriente Médio, Europa e América Latina – um potencial de milhões de
consumidores
a. “Make in India”
- o limiar de uma nova era
Em
fevereiro deste ano, a Taurus assinou um memorando de entendimentos, não
vinculante, para permitir o estudo de viabilidade da constituição de uma joint venture na Índia, com uma grande
empresa do ramo siderúrgico local. O objetivo, se obtidas todas as autorizações
estatutárias e legais, será a fabricação e a comercialização de armas no
território indiano, de acordo com programa denominado "Make in India", que visa
desenvolver a indústria local, gerando empregos, divisas e tecnologia para o
país.
A
partir da assinatura do memorando do documento, as partes teriam até 180 dias
para concluir os estudos de criação da joint
venture e o plano de negócios a ser desenvolvido. Durante este período, a
empresa local participaria das licitações com os produtos Taurus para as Forças
Armadas e Policiais e seria estabelecida a participação de cada uma das partes
envolvidas, bem como as demais condições para efetivação da joint venture.
Através
de um Fato Relevante enviado à B3 (Bolsa de Valores) após o fechamento do
pregão de 22 de agosto, a empresa comunicou ao mercado que "foi
assinado um adendo ao Memorando de Entendimentos (MoU), prorrogando seu prazo
de validade por mais três (03) meses, a fim de permitir as finalizações do
estudo de viabilidade e da constituição de uma joint venture na Índia, com
uma grande empresa do ramo siderúrgico local. A continuidade nas negociações
para celebração desse Acordo é mais um passo importante na estratégia global da
Taurus no processo de reestruturação baseado em rentabilidade sustentável,
qualidade e melhora dos indicadores financeiros e operacionais, além do forte
investimento no desenvolvimento de novos produtos e tecnologias". [grifos do editor]
Segundo a publicação (RFI) do
Ministério da Defesa da Índia, essa licitação internacional, a ser efetivada
nos termos do programa "Make in India", visa fornecer às forças armadas
indianas uma quantidade de 360 mil fuzis apropriados para o combate aproximado
(CQB - close quarter battle) no
calibre 5.56×45 mm.
Após nove meses de expectativas e de
um segredo muito bem guardado, a Taurus Armas, em Fato Relevante divulgado ao
mercado no dia 25 de novembro, revelou o parceiro com quem está negociando uma
joint venture na Índia. Tal parceiro é nada menos do que um dos maiores grupos
industriais indianos, o Jindal Group, maior fabricante de aço da Índia e
um dos dez maiores do mundo, detentor de um faturamento superior a US$ 24
bilhões e com 200 mil funcionários no mundo, sendo 45 mil deles somente na
divisão de aço.
No mesmo Fato Relevante, a Taurus
informou que foi assinado um adendo ao Memorando de Entendimentos (MoU) firmado
em fevereiro e prorrogado em agosto, dilatando seu prazo de validade por mais
seis meses, a fim de permitir as finalizações do estudo de viabilidade e da
constituição de uma joint venture na Índia.
1) Possibilidades para a Taurus podem ir muito além da
licitação dos fuzis CQB
No Memorando de Entendimentos,
assinado em fevereiro e prorrogado por duas vezes, foi estabelecido que durante
sua vigência, a empresa local participará das licitações com os produtos Taurus
para as Forças Armadas e Policiais da Índia, o que continua plenamente em
vigor.
Em consequência, agora que a
parceria foi tornada pública, o Jindal Group, além da licitação para
aquisição dos 360.000 fuzis CQB, está apto a participar de todo e qualquer
processo licitatório realizado pelo governo indiano, oferecendo as pistolas,
revólveres, carabinas, fuzis e submetralhadoras que a empresa gaúcha produz.
É relevante notar que as negociações
que resultaram na parceria entre a Taurus Armas e o Jindal Group já se
estendem por mais de nove meses. Nesse período, executivos do grupo indiano
vieram à sede da companhia, em São Leopoldo-RS, para conhecer e analisar
minuciosamente a fabricante gaúcha. Por outro lado, executivos da Taurus foram
à Índia conhecer o Jindal Group.
Assim, na visão de uma análise
prospectiva, a aproximação entre as duas empresas pode gerar mais frutos do que
somente a participação na licitação dos fuzis CQB e, independente do resultado
deste processo, evoluir para uma joint venture que resulte no
estabelecimento de uma grande fábrica de armas na Índia, aproveitando a recente
abertura do mercado de defesa desse país a iniciativas abrigadas no programa
"Make in India".
Seja participando de licitações
governamentais por meio do Jindal Group, seja por meio da montagem de
uma grande fábrica na Índia em joint venture com esse grupo, o fato
importante a ser considerado é que a empresa gaúcha conquistou um poderoso
ponta de lança que poderá abrir o imenso mercado indiano aos produtos da
Taurus.
2) Fabricação de armas na Índia
A
fabricação de armas e munições na Índia é regulada por um sistema de licenciamento
estabelecido pela Lei de Indústrias
(Desenvolvimento e Regulamentação) de 1951 e pela Lei de Armas de 1959 / Regras
de Armas de 2016, sob domínio completo do Governo. Até 2001, a fabricação de armas
de pequeno porte para as forças armadas, paramilitares e policiais estava
restrita à produção de empresas pertencentes ao Departamento de Defesa. Em
2001, o governo permitiu a participação de 100% do setor privado indiano na
fabricação de armas, sujeita a licenciamento, mas foi só a partir de 2015,
através do Arms Act Amendment Bill, que o setor privado começou
efetivamente a poder participar da indústria de defesa indiana.
Em
março de 2016, o Kalyani Group e a Fabbrica D'armi Pietro Beretta SpA,
da Itália, iniciaram discussões para uma joint venture com a finalidade
de fabricar armas leves para as forças armadas e policiais. Ao que tudo indica,
o projeto não foi adiante.
a) Fuzis e
metralhadoras
Em
julho de 2018, foi estabelecida a primeira fábrica privada indiana de armas
leves, localizada em Malanpur / Madhya Pradesh, em uma joint venture
entre o conglomerado de defesa indiano Punj Lloyd com a Israel
Weapons Industries (IWI), a fim de fabricar o fuzil de assalto X95,
o fuzil sniper Galil, o fuzil de assalto Tavor, a metralhadora Negev e o
fuzil de assalto Ace. As armas serão fabricadas na Índia e exportadas,
inclusive para Israel. Algumas dessas armas já são utilizadas pelas forças e
grupos especiais indianos.
Em
abril de 2018, Índia e Rússia começaram a discutir a formação de uma joint
venture para fabricar o fuzil russo AK-203, última versão do famoso AK-47
Kalashnikov, a fim de dotar as forças armadas, paramilitares e policiais do
país, substituindo o obsoleto e problemático fuzis de assalto INSAS utilizado
desde a década de 90 e produzido por uma estatal indiana. Após diversas
tratativas, a parceria evoluiu bem, mas só foi efetivada quase um ano depois,
com a "pedra fundamental" da nova empresa sendo lançada somente em
março de 2019.
Ambas
as iniciativas estão dentro do programa "Make in India",
destinado a estabelecer e fomentar a produção dentro do país.
b) Pistolas
A
pistola padrão das forças armadas e policiais é a Pistol Auto 9mm 1A, uma
antiga e obsoleta pistola semiautomática de ação simples, cópia licenciada da
pistola Inglis 9mm (Browning Hi-Power), fabricada sob licença na Índia pela
empresa estatal Rifle Factory Ishapore desde 1981. A Hi-Power foi
descontinuada em 2017 pela Browning Arms, mas permanece em produção sob
licença e ainda é utilizada como pistola padrão pelas forças armadas e
policiais de diversos países.
As
pistolas em uso pelas forças e grupos especiais indianos são,
predominantemente, a Glock 17 (forças especiais), a Beretta 92 (forças
especiais), a FN Five-seven (Grupo de Proteção Especial) e a SIG Sauer P226
(Guarda de Segurança Nacional), importadas da Áustria, da Itália, da Bélgica e
da Alemanha, respectivamente.
3) Um mercado
bilionário
Em
virtude de a pistola padrão das forças armadas, paramilitares e policiais ser a
obsoleta Pistol Auto 9mm 1A, a joint venture entre a Taurus Armas S.A. e
o Jindal Group pode representar um negócio bilionário para a empresa
brasileira, pois sua produção na Índia pode ter também como objetivo fabricar a nova
pistola padrão para o mercado militar, paramilitar e policial desse país.
O
segundo país mais populoso do mundo (1,37 bilhão de pessoas) é considerado
também uma das maiores potências militares do planeta, atrás apenas dos EUA,
Rússia e China. Com mais de 1,3 milhão de homens e mulheres a serviço da nação,
a Índia possui a quarta maior força militar do mundo em termos de efetivo,
segundo levantamento da Global Firepower. Seu orçamento de defesa para
2018 foi de 45 bilhões de dólares, embora haja fontes que situem os gastos
militares do país nesse ano entre 62 e 65,5 bilhões de dólares.
No
entanto, as forças armadas da Índia se encontram em um estado alarmante. Se
combates intensos tivessem início amanhã, a Índia só poderia manter suas tropas
abastecidas de munição por 10 dias, de acordo com estimativas do governo. E 68%
do equipamento do exército são tão velhos que recebem oficialmente a designação
de “antiguidades”.
Na
área de Segurança Pública, a Índia possui 1,4 milhão de policiais e cerca de 7
milhões de agentes de segurança particulares, sendo um dos países do mundo em
que o efetivo de agentes de segurança pertencentes às empresas particulares do
setor supera em muito o efetivo policial. Seja como for, o número de agentes e
policiais armados impressiona.
Como
consequência da obsolescência de grande parte do material bélico nacional, a
Taurus poderá se tornar uma grande fornecedora de pistolas de última geração (como a TH9 e TS9 ), do fuzil T4 e também de outras armas de seu
moderno mix de produtos, como a submetralhadora SMT, armas especialmente
desenvolvidas para o mercado militar e policial.
Caso
a joint venture se concretize, o padrão indiano estabelecido com Israel
e com a Rússia determinou, em linhas gerais, um controle de 51% para o país e
49% para a empresa internacional, podendo se repetir com a empresa brasileira.
Além
de poder suprir parte do vasto mercado interno desse país, os produtos da
Taurus passariam a dispor de uma “vitrine” mundial inédita, devido à magnitude
do empreendimento e às possibilidades de exportação que se abririam.
Assim,
é de se esperar que, se tudo der certo, a Taurus possa dar o maior salto
produtivo de todos os tempos, ingressando em uma inédita e próspera era.
b. Filipinas
Ainda
no mercado asiático, através da empresa importadora Trust Trade (braço da multinacional paquistanesa Gigi Industries Inc.), a Taurus firmou
contrato com a polícia das Filipinas para a venda inicial de 10.000 pistolas
TS9, modelo desenvolvido para uso policial e militar, que atende aos mais
exigentes padrões de qualidade e segurança do mundo. As armas passaram por
rígidos testes de aprovação, incluindo teste de resistência de 20.000 disparos
sem apresentar nenhuma falha. A polícia das Filipinas é composta por cerca de
200 mil policiais, o que pressupõe um contrato grande e de longa duração.
c. Bangladesh
Em
maio último, a Taurus ofereceu treinamento aos integrantes da Bangladesh Air
Force - BAF. A ação ocorreu junto à entrega de pistolas PT57SC e submetralhadoras
SMT 9mm, no primeiro negócio fechado junto à Instituição, através da Direção-Geral
da Defesa (DGDP) daquele país. A BAF possui um efetivo de 22 mil militares.
d. África, Oriente
Médio, Europa e América Latina
Além
do impressionante mercado asiático, a Taurus investe também na ampliação dos mercados
do Oriente Médio e da África, para onde já exporta regularmente seus produtos,
com ênfase para os setores de defesa e policial de países como África do Sul, Omã,
Marrocos, Argélia, Tunísia, Bahrein e Emirados Árabes. Em 2018, dentro desse
foco especial, a companhia fez importantes vendas para países situados nesses
continentes e ampliou a receita das exportações – sem considerar as vendas nos
EUA - em 44% ante o ano anterior.
Na
América Latina, em maio último, a Taurus venceu uma concorrência internacional
para fornecimento de 4 mil armas a um país vizinho. A disputa envolveu grandes
fabricantes internacionais de armas.
Recentemente,
a Taurus, avançando com sua estratégia de negócios no mercado internacional,
efetuou a venda de 1.500 pistolas G2C a um grande distribuidor da África do
Sul. A empresa também ampliou os negócios na Ucrânia, com a venda de 1 mil
pistolas Taurus modelo PT58 para um distribuidor do país. No momento, estão
sendo desenvolvidos contatos para a abertura de novos mercados no continente
africano.
7. Conclusão: a Era Taurus?
A
reengenharia radical que está possibilitando um verdadeiro turnaround na
empresa, o novo cenário brasileiro, a entrada em operação da nova fábrica nos
Estados Unidos, a real possibilidade do estabelecimento de uma fábrica na Índia
e a agressiva conquista de importantes mercados internacionais têm tudo para
tornar a próxima década uma era de ouro na história da companhia.
Nesse
cenário, não seria exagero afirmar que, para a empresa, essa poderá ser uma
verdadeira Era Taurus.