*LRCA Consulting - 25/11/2019
Em Fato Relevante divulgado hoje ao mercado, a Taurus Armas
publicou que "foi assinado um adendo ao Memorando de Entendimentos (MoU)
prorrogando seu prazo de validade por mais seis (06) meses, a fim de permitir
as finalizações do estudo de viabilidade e da constituição de uma joint venture
na Índia".
Segundo a Taurus, "Esta extensão representa um
importante avanço nas negociações já que ambas empresas concordaram com a
divulgação das partes envolvidas neste acordo".
A empresa também revelou uma informação que era secreta até
hoje: "a parceira indiana da companhia é a Jindal Group, maior fabricante
de aço da índia e uma das dez maiores do mundo, com faturamento superior a US$
24 bilhões, EBITDA (sigla em inglês para receita antes dos juros, impostos,
depreciação e amortização) de U$ 5 bilhões e com 200 mil funcionários no mundo,
sendo 45 mil profissionais somente na divisão de aço. A Jindal Group atua em
diversos segmentos, tais como: energia, aço, minério, óleo, gás e
infraestrutura. Fundada em 1952, é considerado um dos maiores grupos
industriais indiano".
Por fim, a Taurus afirma que "A continuidade nas
negociações para celebração desse Acordo é mais um passo importante na
estratégia global da Taurus no processo de reestruturação baseado em
rentabilidade sustentável, qualidade e melhora dos indicadores financeiros e
operacionais, além do forte investimento no desenvolvimento de novos produtos e
tecnologias".
Fuzis CQB e pistolas são os objetivos maiores
1. Fuzis CQB
O governo da Índia está realizando uma grande e milionária licitação
internacional para adquirir cerca de 360 mil fuzis CQB (close-quarter-battle)
para equipar suas forças policiais e militares. Estas armas nada mais são do que
fuzis de assalto menores e com um cano mais curto, comparativamente mais leves
e fáceis de manusear do que o fuzil de assalto, sendo adequados para operações
policiais ou militares que requeiram combates à curta distância.
O fuzil Taurus T4, em suas três versões, é a grande aposta
da empresa para essa licitação.
Adotado, desde o segundo semestre de 2017, como arma padrão
pela Polícia Real de Omã, que importou 10 mil unidades, o Fuzil T4 produzido
pela Taurus Armas S.A. em São Leopoldo-RS é um dos atuais carros-chefes da
empresa para os mercados policial e militar do Brasil e do exterior.
No Brasil, o T4 é utilizado com sucesso pelas polícias
militares e civis de diversos Estados. Recentemente, venceu uma licitação
internacional para equipar a Polícia Civil do Estado de São Paulo.
É baseado na consagrada plataforma M4/M16, amplamente
empregada pelas forças militares em todo o mundo e, principalmente, pelos países
membros da OTAN, por ser considerada uma arma extremamente confiável, leve, de
fácil emprego e manutenção.
Além disso, tem alta performance, confiabilidade, segurança
e é fabricado com materiais de última geração, sendo adaptado para permitir o
uso de uma vasta gama de acessórios.
2. Pistolas
A pistola padrão das forças armadas, paramilitares e policiais indianas é a Pistol Auto 9mm 1A, uma antiga e obsoleta pistola semiautomática de ação simples, cópia licenciada da pistola Inglis 9mm (Browning Hi-Power), fabricada sob licença na Índia pela empresa estatal Rifle Factory Ishapore desde 1981. A Hi-Power foi descontinuada em 2017 pela Browning Arms, mas permanece em produção sob licença e ainda é utilizada como pistola padrão pelas forças armadas e policiais de diversos países.
Em virtude dessa obsolescência, a joint venture
entre a Taurus Armas S.A. e o Jindal Group pode ter como
objetivo também fabricar a nova pistola padrão militar, paramilitar e policial. Para estas áreas, a Taurus disponibiliza pistolas de última geração, como a TH9, TS9 e
PT57SC.
A Taurus Striker TS9, no calibre 9mm, foi adotada pela Polícia Nacional da Filipinas - uma das mais exigentes do mundo - como resultado de uma licitação internacional no final de 2018. A aquisição de um grande lote inicial de 10 mil pistolas Striker TS9 foi realizada após as armas passarem por um dos mais rigorosos processos de avaliação, incluindo teste de resistência de 20.000 disparos, onde as amostras foram aprovadas sem nenhum incidente, atendendo plenamente os requisitos da Norma NATO AC-225.
Legislação nova e cultura estatal antiga tornam mais
demorada a decisão
A fabricação de armas e munições na Índia é regulada por um
sistema de licenciamento estabelecido pela Lei de Indústrias (Desenvolvimento e
Regulamentação) de 1951 e pela Lei de Armas de 1959 / Regras de Armas de 2016,
sob domínio completo do Governo. Até 2001, a fabricação de armas de pequeno
porte para as forças armadas, paramilitares e policiais estava restrita à
produção de empresas pertencentes ao Departamento de Defesa. Em 2001, o governo
permitiu a participação de 100% do setor privado indiano na fabricação de
armas, sujeita a licenciamento, mas foi só a partir de 2015, através do Arms
Act Amendment Bill, que o setor privado começou efetivamente a poder participar
da indústria de defesa indiana.
Um mercado que impressiona pelo tamanho
O segundo país mais populoso do mundo (1,37 bilhão de
pessoas) é considerado também uma das maiores potências militares do planeta,
atrás apenas dos EUA, Rússia e China. Com mais de 1,3 milhão de homens e
mulheres a serviço da nação, a Índia possui a quarta maior força militar do
mundo em termos de efetivo, segundo levantamento da Global Firepower. Seu
orçamento de defesa para 2018 foi de 45 bilhões de dólares, embora haja fontes
que situem os gastos militares do país nesse ano entre 62 e 65,5 bilhões de
dólares.
Na área de Segurança Pública, a Índia possui 1,4 milhão de
policiais e cerca de 7 milhões de agentes de segurança particulares, sendo um
dos países do mundo em que o efetivo de agentes de segurança pertencentes às
empresas particulares do setor supera em muito o efetivo policial. Seja como
for, o número de agentes e policiais armados impressiona.
Um joint venture bilionária
Caso vença a licitação internacional, o objetivo final da joint venture com o poderoso
Jindal Group, dentro do conceito “Make in India”, é montar uma grande fábrica
nesse país e passar a fornecer fuzis e pistolas para abastecer o seu imenso
mercado militar, paramilitar, policial e de segurança privada.
Com foco no
mercado local e também no internacional, a joint venture poderá estabelecer uma nova e poderosa empresa de armamentos, o que irá representar uma era auspiciosa para a
empresa gaúcha que, desde 2017, realiza uma completa reengenharia em seus
processos e, num verdadeiro turnaround, oferece agora somente produtos de alta qualidade e com inovações tecnológicas, voltando a ser lucrativa e a ter
excelentes perspectivas.
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