SÃO PAULO - (Atualizada às 11h43) - O presidente da Taurus Armas, Salesio Nuhs, defendeu que a companhia se concentrará, cada vez mais, na divisão de armamentos, durante reunião com analistas realizada nesta sexta-feira na Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), em São Paulo.
"Antigamente, tivemos dificuldades por não nos concentrarmos no que sabemos fazer", disse Nuhs, destacando que a empresa está vendendo sua unidade de produção de capacetes. Outra justificativa para tal estratégia é a de que mais de 50% do faturamento da Taurus vem da venda das armas desenvolvidas nos últimos dois anos. Foram 37 lançamentos nesse período.
Com a estratégia, a empresa espera reduzir custos para produzir armas mais baratas.
"Nós produzimos a pistola mais barata do mundo. Agora, vamos retomar nossas origens e estamos com projeto de produzir o revólver mais barato do mundo. Queremos um revólver de cinco tiros por US$ 85", disse Nuhs.
Ele afirmou também ter boas perspectivas para o Brasil com o decretos do presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, a expectativa do mercado é de que as portarias relacionadas aos decretos sejam publicadas na quarta-feira ou na quinta-feira da semana que vem.
"Novos decretos vão liberar uma demanda por armas reprimida. O sonho de todo brasileiro é ter uma 9 milímetros", disse Nuhs. Para ele, as novas regras deverão encontrar resistência no Congresso, por abrirem muito o leque de categorias que terão direito ao porte. Mas esse não é um fator crítico para a empresa, segundo ele. "Para o nosso segmento, porte não é vital, a posse é que muda nossa vida. Acabou com a discricionalidade do delegado, isso foi importante", diz Nuhs.
De acordo com ele, a Taurus tem trabalhado com a frente parlamentar armamentista no projeto de um instituto que promova a cultura de armas no Brasil. "Queremos qualificar instrutores e garantir que o comprador saiba evitar acidentes. Vamos patrocinar esse possível instituto", afirma o presidente da Taurus.
"Além da abertura permitida pelos novos decretos, Nuhs afirma que é preciso que o governo pense na questão tributária específica desse segmento.
Segundo ele, é absurda a possibilidade de abertura do mercado à importação sem que tributos sejam aplicados enquanto a empresa tem seus produtos tributados em até 70%. "Mas eles vão ter que resolver isso, porque, caso contrário, é simples: eu vou embora e passo a produzir lá na Geórgia."
Desalavancagem
Todas as mudanças de melhora da marca e expansão de mercado estão se refletindo nos números da Taurus Armas, diz Sérgio Sgrillo, diretor de relações com investidores da companhia. "A estratégia de desalavancagem da empresa está funcionando", acrescentou.
O executivo argumenta que os resultados de 2018 foram surpreendentes, mas 2019 está conseguindo ser melhor. "Melhoramos indicadores de vendas em todos os mercados. A receita subiu 12,5% de 2018 para 2019, mas sem pressionar a margem", diz. Sgrillo destaca que o semestre de 2019 foi o melhor em lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de toda história da Taurus, de R$ 94,9 milhões.
O executivo reconhece que, apesar da melhora em todos os indicadores financeiros, a dívida ainda é alta, mas diz que a situação é muito mais confortável do que parece. Dos R$ 839 milhões de dívida bruta registrados no primeiro semestre de 2019, apenas 27,6% tem vencimento no curto prazo, sendo que, desse percentual, R$ 112,7 milhões podem ter pagamentos postergados. "Mesmo com alta do dólar, a dívida bruta caiu", acrescenta Sgrillo.
O pagamento de R$ 58,7 milhões correspondente à primeira parcela da dívida com os bancos é visto como um dos passos mais importantes dessa estratégia de desalavancagem estabelecida pela empresa. "Ainda nem precisamos nos desfazer dos dois ativos disponíveis para venda."
Os dois ativos citados por Sgrillo são o terreno da antiga sede em Porto Alegre e sua operação de capacetes, que já não integra os números operacionais da empresa desde 2017. O terreno em Porto Alegre é avaliado em R$ 50 milhões e já esteve bem próximo da venda no primeiro trimestre deste ano, segundo ele, que diz haver ainda dois ou três interessados pela área. "O preço médio do metro quadrado em Porto Alegre caiu pelo terceiro ou quarto mês seguido. Como nosso próximo pagamento da dívida é apenas em junho de 2020, não vemos necessidade em uma venda forçada agora". A operação de capacetes é avaliada entre R$ 90 milhões e R$ 100 milhões. "Estamos em conversas para a venda", diz.
Pressão cambial
A valorização do dólar diante do real não é grande preocupação da Taurus. Embora boa parte da dívida esteja em dólar, Sgrillo explica que fatia proporcional da receita também é em dólar. "A Taurus é uma empresa majoritariamente exportadora e somente 10% de nossos insumos são em dólar".
Por Raquel Brandão | Valor
"Antigamente, tivemos dificuldades por não nos concentrarmos no que sabemos fazer", disse Nuhs, destacando que a empresa está vendendo sua unidade de produção de capacetes. Outra justificativa para tal estratégia é a de que mais de 50% do faturamento da Taurus vem da venda das armas desenvolvidas nos últimos dois anos. Foram 37 lançamentos nesse período.
Com a estratégia, a empresa espera reduzir custos para produzir armas mais baratas.
"Nós produzimos a pistola mais barata do mundo. Agora, vamos retomar nossas origens e estamos com projeto de produzir o revólver mais barato do mundo. Queremos um revólver de cinco tiros por US$ 85", disse Nuhs.
Ele afirmou também ter boas perspectivas para o Brasil com o decretos do presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, a expectativa do mercado é de que as portarias relacionadas aos decretos sejam publicadas na quarta-feira ou na quinta-feira da semana que vem.
"Novos decretos vão liberar uma demanda por armas reprimida. O sonho de todo brasileiro é ter uma 9 milímetros", disse Nuhs. Para ele, as novas regras deverão encontrar resistência no Congresso, por abrirem muito o leque de categorias que terão direito ao porte. Mas esse não é um fator crítico para a empresa, segundo ele. "Para o nosso segmento, porte não é vital, a posse é que muda nossa vida. Acabou com a discricionalidade do delegado, isso foi importante", diz Nuhs.
De acordo com ele, a Taurus tem trabalhado com a frente parlamentar armamentista no projeto de um instituto que promova a cultura de armas no Brasil. "Queremos qualificar instrutores e garantir que o comprador saiba evitar acidentes. Vamos patrocinar esse possível instituto", afirma o presidente da Taurus.
"Além da abertura permitida pelos novos decretos, Nuhs afirma que é preciso que o governo pense na questão tributária específica desse segmento.
Segundo ele, é absurda a possibilidade de abertura do mercado à importação sem que tributos sejam aplicados enquanto a empresa tem seus produtos tributados em até 70%. "Mas eles vão ter que resolver isso, porque, caso contrário, é simples: eu vou embora e passo a produzir lá na Geórgia."
Desalavancagem
Todas as mudanças de melhora da marca e expansão de mercado estão se refletindo nos números da Taurus Armas, diz Sérgio Sgrillo, diretor de relações com investidores da companhia. "A estratégia de desalavancagem da empresa está funcionando", acrescentou.
O executivo argumenta que os resultados de 2018 foram surpreendentes, mas 2019 está conseguindo ser melhor. "Melhoramos indicadores de vendas em todos os mercados. A receita subiu 12,5% de 2018 para 2019, mas sem pressionar a margem", diz. Sgrillo destaca que o semestre de 2019 foi o melhor em lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de toda história da Taurus, de R$ 94,9 milhões.
O executivo reconhece que, apesar da melhora em todos os indicadores financeiros, a dívida ainda é alta, mas diz que a situação é muito mais confortável do que parece. Dos R$ 839 milhões de dívida bruta registrados no primeiro semestre de 2019, apenas 27,6% tem vencimento no curto prazo, sendo que, desse percentual, R$ 112,7 milhões podem ter pagamentos postergados. "Mesmo com alta do dólar, a dívida bruta caiu", acrescenta Sgrillo.
O pagamento de R$ 58,7 milhões correspondente à primeira parcela da dívida com os bancos é visto como um dos passos mais importantes dessa estratégia de desalavancagem estabelecida pela empresa. "Ainda nem precisamos nos desfazer dos dois ativos disponíveis para venda."
Os dois ativos citados por Sgrillo são o terreno da antiga sede em Porto Alegre e sua operação de capacetes, que já não integra os números operacionais da empresa desde 2017. O terreno em Porto Alegre é avaliado em R$ 50 milhões e já esteve bem próximo da venda no primeiro trimestre deste ano, segundo ele, que diz haver ainda dois ou três interessados pela área. "O preço médio do metro quadrado em Porto Alegre caiu pelo terceiro ou quarto mês seguido. Como nosso próximo pagamento da dívida é apenas em junho de 2020, não vemos necessidade em uma venda forçada agora". A operação de capacetes é avaliada entre R$ 90 milhões e R$ 100 milhões. "Estamos em conversas para a venda", diz.
Pressão cambial
A valorização do dólar diante do real não é grande preocupação da Taurus. Embora boa parte da dívida esteja em dólar, Sgrillo explica que fatia proporcional da receita também é em dólar. "A Taurus é uma empresa majoritariamente exportadora e somente 10% de nossos insumos são em dólar".
Por Raquel Brandão | Valor
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