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06 novembro, 2024

EDGE Group expande parceria com a Marinha do Brasil para desenvolver e implantar sistemas antidrones


*LRCA Defense Consulting - 06/11/2024

O EDGE, um dos principais grupos de defesa e tecnologia avançada do mundo, assinou um Memorando de Entendimento (MoU) estratégico com a Marinha do Brasil na EURONAVAL, uma das maiores exibições navais do mundo, atualmente realizada em Paris. O MoU estabelece uma base colaborativa para o desenvolvimento de sistemas autônomos de defesa de superfície e aérea, reforçando capacidades estratégicas compartilhadas.

A parceria marca um passo significativo no envolvimento contínuo do EDGE com a Marinha do Brasil, com foco no aprofundamento da cooperação técnica, operacional e logística para desenvolver e implantar conjuntamente sistemas antidrone sofisticados para aplicações navais.

O acordo preliminar foi formalizado pelo Almirante Edgar Luiz Siqueira Barbosa, Diretor Geral de Material da Marinha do Brasil, e Hamad Al Marar, Diretor Executivo e CEO da EDGE.  

O Almirante Edgar Luiz Siqueira Barbosa disse: "O EDGE Group provou ser um parceiro valioso e confiável para a Marinha do Brasil a longo prazo, como demonstrado por nossa colaboração próxima na série MANSUP de sistemas antinavio. Este acordo preliminar para buscar o desenvolvimento e a entrega conjuntos de tecnologias e soluções antidrones sofisticadas não apenas garantirá que ambas as partes se beneficiem do compartilhamento de conhecimento e inovação, mas também nos permitirá, como parceiros, nos tornarmos líderes no campo, atendendo às necessidades soberanas e, eventualmente, às de outros mercados de exportação diante das ameaças navais e aéreas modernas."

Os sistemas antidrones não são apenas eficazes, mas estrategicamente essenciais, incorporando tecnologias avançadas e integradas vitais para a defesa naval. Esses sistemas combinam sensores de alto valor, como radares e eletro-ópticos, com capacidades de interferência de sinal para neutralizar ameaças de drones interrompendo sinais de controle.

Hamad Al Marar acrescentou: “A tecnologia antidrone é uma solução vital necessária em todo o mundo, abordando a crescente presença de veículos não tripulados em cenários de defesa modernos. Esses sistemas trazem capacidades avançadas na detecção, rastreamento e neutralização de ameaças em evolução, e estamos focados em promover esse desenvolvimento para entregar um sistema verdadeiramente de ponta ao mercado. O EDGE já fez avanços significativos neste campo e continuamos comprometidos em impulsionar continuamente a inovação. A Marinha do Brasil é uma parceira extremamente importante e, juntos, estamos moldando o futuro dessas tecnologias essenciais de defesa.”

O MoU formaliza uma estrutura para desenvolver essas capacidades sofisticadas para atender às necessidades operacionais da Marinha do Brasil. No cenário complexo da defesa marítima, a tecnologia antidrone integrada é essencial para fornecer respostas coordenadas e multicamadas em toda a frota.

Ministério da Defesa promove diálogo entre indústria de defesa Brasil-Turquia


*The Guide - 04/11/2024

De 30 de outubro a 1º de novembro, o Ministério da Defesa, por meio do Departamento de Produtos de Defesa (Seprod), sediou o Diálogo da Indústria de Defesa (DID) Brasil-Turquia 2024. Este evento foi organizado como uma continuação das discussões que vêm ocorrendo desde 2019, visando o fortalecimento das Bases Industriais de Defesa (DIB) do Brasil e da Turquia. O diálogo ocorreu online por videoconferência.

O Departamento de Promoção Comercial (Depcom) da Seprod facilitou a reunião, com foco na exposição de produtos de defesa brasileiros e na criação de oportunidades para as Forças Armadas Brasileiras e a Base Industrial de Defesa Turca (DIB).

Para o Secretário da Seprod, Heraldo Luiz Rodrigues, o evento foi um momento valioso para a integração entre os dois países. “Reunimos 14 empresas turcas e 13 brasileiras, que tiveram a oportunidade de expor seus produtos, demonstrar suas capacidades e explorar o potencial de cooperação e parcerias entre as empresas, para transferência tecnológica e conhecimento de produtos. No geral, foi um diálogo muito proveitoso e que certamente renderá resultados positivos para nossa Base Industrial de Defesa”, disse.

O encontro ofereceu uma oportunidade de exposição internacional às Forças Armadas Brasileiras e à DIB turca. Os benefícios econômicos para as empresas da DIB podem incluir criação de empregos, desenvolvimento tecnológico, produção e exportação de produtos e componentes de alto valor agregado. Para as Forças Armadas, o evento expandiu o conjunto de fornecedores qualificados capazes de atender às necessidades de equipamentos militares de ambas as nações. 

Leitura complementar:
- CEO da Taurus tem reuniões estratégicas na Turquia

Almeida's é a empresa responsável por desenvolver a rampa de lançamento do Microlançador Brasileiro (MLBR)

 

*LRCA Defense Consulting - 06/11/2024

A Almeida's Serviços Mecânicos - empresa responsável por desenvolver a rampa de lançamento do Microlançador Brasileiro (MLBR) - foi fundada no início da década de 90 e se destaca no cenário industrial ao oferecer soluções mecânicas diversificadas.

Inicialmente criada como um escritório de engenharia, a empresa rapidamente expandiu suas operações para a fabricação dos componentes que desenvolvia, atendendo às crescentes demandas do mercado.

Atualmente, a Almeida's se especializa no desenvolvimento de máquinas, ferramentas de montagem, dispositivos de içamento, gabaritos de inspeção e plataformas de acesso, atuando nas áreas de engenharia, fabricação e consultoria.

O fundador é o físico Paulo de Almeida, especialista em fabricação de peças de grande porte para usinas de geração de energia, hidráulica, siderúrgica e naval. Ele adaptou seu conhecimento às necessidades do setor, promovendo soluções inovadoras. Ao seu lado, o cofundador, engenheiro Paulo Henrique de Almeida, engenheiro projetista com expertise em máquinas e ferramentas.

Em colaboração com a CENIC, Plasmahub e outras empresas, a Almeida's está em fase final de desenvolvimento da rampa de lançamento do MLBR, com entrega prevista para 2025.

Bombas aéreas Mac Jee BTB-33 preparam para missões reais sem comprometer orçamento e segurança


*LRCA Defense Consulting - 06/11/2024

A bomba Mac Jee BTB-33, também conhecida como BDU-33, é uma bomba de treinamento aéreo desenvolvida especialmente para simulações em exercícios militares de ataque ao solo. Com segurança e economia, ela pode ser lançada a partir de aeronaves de pilones convencionais ou de dispositivos de lançamento, como o SUU-20 da Mac Jee.
 
Essas bombas inertes, preparam pilotos e operadores para missões reais sem o uso de armamento letal, simulando o Centro de Gravidade, aerodinâmica e trajetória das bombas de combate.
 
O modelo foi desenvolvido com as seguintes características:

- Inatividade Explosiva: sem componentes explosivos, elas eliminam o risco de detonação, podendo incluir cargas de fumaça e/ou luz para marcação do impacto.

- Centro de Gravidade e Trajetória: garantindo uma experiência autêntica.

- Compatibilidade com Sistemas de Armas: integra-se com lançadores e pilones reais, para um treino mais eficaz.

- Segurança e Economia: treinamento mais seguro e econômico, já que o uso de bombas reais tem valor elevado.

Com a BTB-33, a Mac Jee, proporciona uma formação de pilotos e operadores em condições seguras e controladas, otimizando a preparação para missões reais sem comprometer o orçamento e a segurança das equipes.

Indiana Star Air prevê 16 aeronaves extras em três anos


*ch-aviation, por Andrew Curran - 06/11/2024

A Star Air (Índia) aumentará sua frota de jatos Embraer de nove para 25 nos próximos três anos, de acordo com o CEO Simran Tiwana, que disse aos repórteres esta semana que a expansão "nos deixa mais perto de conectar mais da Índia Real".

A Star Air atualmente opera quatro E145 próprios e cinco E175 alugados a seco, oferecendo serviços programados para 21 aeroportos na Índia. Tiwana diz que mais dois E175 chegarão em 12 meses e outros quatro em 2026, mas ele não forneceu detalhes sobre as outras aeronaves também esperadas dentro do prazo declarado de três anos.

A ch-aviation entrou em contato com a Star Air para obter mais informações.

Tiwana disse que os E175s adicionais permitiriam à Star Air aumentar sua capacidade atual, aumentar as frequências em rotas existentes e abrir novas entre cidades de Nível 2 e 3 na Índia. "Reafirmamos nosso compromisso de atingir mercados mais carentes", declarou.

No final do mês passado, a Star Air começou a voar quatro viagens de ida e volta semanais entre Ahmedabad e Kolhapur . Ela se torna a 21ª rota da transportadora e é atendida por um E145.

05 novembro, 2024

United Nigeria reforça frota com seis aeronaves Embraer E190 e assina acordo sobre MRO

 


*Daily Trust, por Abdullateef Aliyu - 05/11/2024

A United Nigeria Airlines vai reforçar sua frota com seis novas aeronaves Embraer (E190), com a primeira das aeronaves chegando no último fim de semana.

A primeira aeronave registrada, SX-PTM, chegou ao Aeroporto Internacional Murtala Muhammed, em Lagos, em 31 de outubro de 2024 e foi inspecionada pelo presidente da empresa, Professor Obiora Okonkwo.

De acordo com a companhia aérea, embora a segunda aeronave seja esperada em breve, a transportadora espera mais duas no primeiro trimestre e outras duas no segundo trimestre de 2025.

Para impulsionar a expansão da frota e dar suporte à manutenção dela, a companhia aérea também assinou um acordo de parceria de joint venture com a Cronos Aviation para estabelecer uma unidade de Manutenção, Reparo e Revisão (MRO) na Nigéria.

Além disso, o presidente assinou outro acordo de codeshare e parceria inter-line com a Cronos.

Falando na assinatura dos memorandos de entendimento no escritório corporativo da companhia aérea em Ikeja, Lagos, Okonkwo afirmou que o compartilhamento de código permitirá que a United Nigeria expanda suas operações na região, já que a Cronos Aviation já opera em algumas partes da área da África Ocidental.

“O Interline e o Codeshare Agreement nos ajudarão a integrar serviços e fornecer operações regionais fortes e também ajudar em atividades comerciais. O Interline nos ajudará na quinta liberdade que está acontecendo no ecossistema de aviação na Nigéria”, disse ele.

Sobre a MRO, ele explicou que a Cronos já tem uma MRO na África do Sul, no Aeroporto Internacional OR Tambo, que está em operação há mais de 13 anos.

ARES conclui mais uma etapa do processo de revitalização do Sistema de Armas Remotamente Controlado (SARC) UT30BR


*LRCA Defense Consulting - 05/11/2024

A ARES concluiu mais uma etapa do processo de revitalização do Sistema de Armas Remotamente Controlado (SARC) UT30BR, em parceria com a Diretoria de Fabricação (DF) do Exército Brasileiro. Entre os dias 28 e 30 de outubro, a empresa realizou, junto com militares da Diretoria de Fabricação e do Arsenal de Guerra do Rio (AGR), os Testes de Aceitação em Campo (TAC) no Centro de Avaliações do Exército (CAEx), no Rio de Janeiro-RJ.

As equipes trabalharam lado a lado, mais uma vez, para garantir que cada aspecto técnico e operacional das torres revitalizadas atendesse aos mais altos padrões de excelência.

A UT30BR é uma poderosa ferramenta de apoio de fogo. Equipada com canhão de 30 mm e metralhadora coaxial 7,62 mm, operados remotamente, proporciona segurança ao atirador e amplia a capacidade de resposta das tropas mecanizadas.

Com sistemas de visão noturna, sensores avançados e estabilização, os sistemas UT30BR revitalizados oferecem precisão no tiro em movimento, fortalecendo de forma significativa o poder de combate da Força Terrestre. 

Sobre a ARES
Empresa com mais de 50 anos de experiência comprovada no País, atendendo com excelência às Forças Armadas Brasileiras no desenvolvimento, na produção, no fornecimento e no suporte logístico de produtos que incrementam suas capacidades operacionais. Orientada para inovação, a ARES investe constantemente em qualificação e capacitação de seus colaboradores, acrescentando valor e produtividade à força de trabalho.

A empresa estruturou o primeiro Centro de Excelência, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, no desenvolvimento e fabricação de Estações de Armas e Torres no Brasil, mantendo sempre a cooperação no desenvolvimento de novas tecnologias e soluções em conjunto com as Forças Armadas e parceiros.

Desde 2011, a empresa é parte do grupo Elbit Systems – um dos líderes mundiais no fornecimento de sistemas de Defesa – garantindo assim fluxo de investimento e intercâmbio tecnológico para oferta permanente das mais avançadas tecnologias de uso militar, contribuindo para o desenvolvimento nacional. 

04 novembro, 2024

Avança o D328eco, parceria entre Deutsche Aircraft, Pratt & Whitney Canada e brasileira Akaer


*LRCA Defense Consulting - 04/10/2024

A Deutsche Aircraft e a Pratt & Whitney Canada anunciam a conclusão de uma série de cinco voos de medição de emissões e rastros em uma aeronave de pesquisa D328® UpLift usando um combustível Fischer-Tropsch totalmente sintético, preparando-se para o uso de futuros combustíveis de aviação sustentáveis ​​(SAF) produzidos usando a tecnologia Power-to-Liquid (PtL). Esta conquista significativa marca um novo marco nos 40 anos de colaboração entre as duas empresas e ajuda a pavimentar o caminho para garantir que o D328eco de 40 lugares de próxima geração da Deutsche Aircraft equipado com motores Pratt & Whitney Canada PW127XT-S esteja pronto para operar com especificações futuras para 100% SAF a partir da entrada em serviço (EIS) da aeronave em 2027. A Pratt & Whitney é uma empresa RTX.

O voo de teste com esse combustível sintético foi conduzido durante o projeto UpLift-CLIM0ART em colaboração com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR) e demonstra a capacidade do D328® UpLift, equipado com motores PW119B da Pratt & Whitney Canada, de fornecer o mesmo desempenho e eficiência de quando se utiliza combustível de querosene convencional. Devido a ter exatamente as mesmas propriedades químicas e técnicas, o querosene parafínico sintético Fischer-Tropsch (FT-SPK) serviu como um proxy para o futuro PtL SAF, que será produzido usando água, CO2 e energia renovável no futuro. Espera-se que o PtL seja um caminho de produção essencial para atender à demanda futura por SAF e ajudar a atingir a Meta Ambiciosa de Longo Prazo da ICAO de emissão líquida zero de CO2 até 2050, bem como reduzir as emissões não-CO2 devido à habilitação de baixo a zero teor de aromáticos e enxofre.

“Este voo de teste é uma prova do nosso compromisso compartilhado em permitir uma aviação mais sustentável por meio do desenvolvimento de aeronaves mais eficientes e da habilitação de combustíveis alternativos”, disse Dave Jackson, CEO da Deutsche Aircraft. “Para atingir nossas metas industriais, precisamos aprimorar a colaboração em pesquisa e tecnologia, ao mesmo tempo em que garantimos forte apoio do governo e de provedores de energia para aumentar a produção de Combustível de Aviação Sustentável (SAF) e Power-to-Liquid (PtL).

"O voo de teste bem-sucedido do D328® UpLift é uma grande conquista em direção à nossa meta de garantir que o D328eco esteja pronto para operar com futuras especificações 100% SAF do estágio EIS", disse Nico Neumann, COO da Deutsche Aircraft. "Esta nova capacidade, juntamente com o desempenho geral e a eficiência do D328eco e seus motores PW127XT-S, estabelecerão novos padrões na aviação regional. Além disso, os insights obtidos com os voos de teste do D328® UpLift usando combustível sintético sem aromáticos apoiarão o esforço geral para reduzir a pegada ambiental da indústria da aviação."

"O desenvolvimento do PW127XT-S para a próxima geração do Deutsche Aircraft D328eco reflete nossa meta compartilhada de mudar os padrões de eficiência e sustentabilidade na indústria da aviação e continua nosso relacionamento colaborativo de 40 anos", disse Maria Della Posta, presidente da Pratt & Whitney Canada. "Nossa série de motores PW127XT oferece desempenho inigualável em termos de queima de combustível, emissões e economia operacional, e impulsionará ainda mais a sustentabilidade ao operar com combustíveis de aviação mais sustentáveis, incluindo especificações futuras para 100% SAF."

O PW127XT é o membro mais avançado da série de motores PW100 da Pratt & Whitney Canada, que impulsionou aeronaves turboélice regionais por quarenta anos e acumulou mais de 220 milhões de horas de voo. Lançados em 2021, os motores PW127XT oferecem mais de 3% de eficiência de combustível melhor, 40% de tempo melhorado na asa e 20% de custos de manutenção reduzidos. Todos os motores Pratt & Whitney Canada são certificados para operar com SAF misturado até 50% com combustível de querosene Jet A/A1 convencional e a empresa está apoiando ativamente os esforços da indústria para desenvolver especificações futuras para 100% SAF. (Com informações da Deutsche Aircraft)

Cesar Silva (CEO da Akaer) e Maximilan Fahr (Vice-presidente de Supply Chain da Deutsche Aircraft)
 

Parceria com a Akaer
Em março deste ano, a Akaer, empresa de Engenharia Aeroespacial e líder em inovação, foi selecionada pela OEM alemã Deutsche Aircraft para fabricar a fuselagem dianteira do D328eco, a aeronave turboélice sustentável de 40 lugares para o mercado da aviação regional. A Akaer será responsável pela fabricação em série da fuselagem dianteira, incluindo industrialização, ferramental, protótipo e estudos relacionados.

O acordo da Akaer com a Deutsche Aircraft é uma conquista significativa que fortalece a sua posição na indústria aeroespacial global. Suas capacidades em todos os aspectos, desde atividades de engenharia do projeto até a montagem completa da fuselagem dianteira, foram consideradas diferenciais decisivos pela Deutsche Aircraft. A Akaer é capaz de projetar e fornecer grandes conjuntos estruturais para a indústria aeroespacial em todo o mundo e, neste ano, tornou-se a primeira empresa brasileira Fornecedora Global Nível 1 (Tier 1).

"O D328eco representa um marco significativo na aviação mundial, com voos mais sustentáveis e eficientes. Para a Akaer, é motivo de orgulho fazer parte deste relevante projeto, desempenhando um papel fundamental na produção da fuselagem dianteira e consolidando nossa posição como uma empresa Tier 1", afirmou o CEO da Akaer, Cesar Silva.

O Brasil possui o 5º maior espaço aéreo do mundo e atualmente está focado na expansão da aviação regional. Cerca de US$ 600 milhões foram investidos para conectar a vasta comunidade por via aérea e esta colaboração apoiará as iniciativas do Brasil para aprimorar sua experiência e capacidade tanto na aviação regional quanto na fabricação aeroespacial.

Com a 2ª maior frota de aviação geral do mundo, o Brasil tem potencial para se atualizar com a configuração multifuncional do D328eco, que pode atender às suas demandas de aviação executiva, aeromédica e agrícola. A participação de mercado de turboélices no Brasil cresceu 344% nos últimos 10 anos.

A notável versatilidade da configuração multifuncional do D328eco permite que ele seja adaptado para diversas operações, incluindo transporte de passageiros, missões de resgate, operações militares, combate a incêndios florestais e serviços aeromédicos. Suas excepcionais características de voo e adaptabilidade permitem acessar destinos com pistas curtas e não pavimentadas, mesmo nas condições climáticas mais desafiadoras.

O D328eco apresenta o menor consumo de combustível e emissões de poluentes do setor. Será totalmente compatível com 100% SAF-PtL e outras misturas de combustível, o que significa que a aeronave oferecerá aos clientes máxima flexibilidade no que diz respeito às opções de fornecimento de energia.

A primeira entrega da fuselagem dianteira D328eco está prevista para o final de 2025 e será produzida inicialmente no Brasil nas instalações de São José dos Campos.
 

Eve Holding, Inc., empresa da Embraer e pré-receita, relata resultados do terceiro trimestre de 2024


 

*LRCA Defense Consulting - 04/11/2024

Eve Holding, Inc., uma empresa da Embraer, divulgou hoje seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2024.

A Eve Air Mobility é uma empresa aeroespacial dedicada ao desenvolvimento de uma aeronave eVTOL (decolagem e pouso vertical elétrico) e ao ecossistema de Mobilidade Aérea Urbana (UAM) que inclui desenvolvimento de aeronaves, Atendimento ao Cliente e Vector, um sistema de Gerenciamento de Tráfego Aéreo Urbano (Urban ATM).

A Eve é pré-receita; não esperamos receitas significativas, se houver, durante a fase de desenvolvimento de nossa aeronave, e esperamos que os resultados financeiros sejam principalmente relacionados aos custos associados ao desenvolvimento do programa durante este período.

A Eve relatou um prejuízo líquido de US$ 35,8 milhões no 3T24 contra US$ 31,2 milhões no 3T23. O prejuízo líquido aumentou devido a maiores Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) – esses são custos e atividades necessárias para avançar no desenvolvimento de nosso conjunto de produtos e soluções para o mercado de Mobilidade Aérea Urbana (UAM), bem como despesas com Vendas, Gerais e Administrativas (SG&A). 

As despesas com P&D foram de US$ 32,4 milhões no 3T24, contra US$ 28,6 milhões no 3T23 e foram impulsionadas principalmente pelo Master Services Agreement (MSA) com a Embraer, que realiza diversas atividades de desenvolvimento para a Eve. Esses esforços continuam a se intensificar com o aumento da maturidade do desenvolvimento do nosso eVTOL. Além disso, o engajamento de nossa equipe de engenharia continua alto – após o lançamento de nosso protótipo de engenharia em julho, que agora está realizando uma série de testes de solo de sistema e integração na aeronave antes de seu voo de estreia.

Enquanto isso, o SG&A aumentou para US$ 8,4 milhões no 3T24, de US$ 5,0 milhões no 3T23, principalmente devido a uma combinação de maiores serviços terceirizados, custos de folha de pagamento e custos de industrialização pré-operacionais associados à nossa primeira planta eVTOL, na cidade de Taubaté, no Brasil. Esses aumentos foram parcialmente compensados ​​por economias em despesas de seguro de Diretores e Executivos após renegociação e alongamento de termos com nosso fornecedor e uma depreciação de c.8% do Real Brasileiro (BRL) vs. o USD no último ano. A maioria das despesas de SG&A são incorridas em moeda brasileira. O crescimento nas despesas de folha de pagamento reflete principalmente um aumento no quadro de funcionários da Eve.

O aumento em P&D e SG&A foi parcialmente compensado por um ganho de US$ 4,0 milhões no 3T24 relacionado ao valor justo de derivativos (já que os warrants privados foram marcados a mercado), contra uma perda de US$ 0,9 milhão no 3T23. O caixa total da Eve usado por operações e despesas de capital no 3T24 foi de US$ 34,0 milhões, contra US$ 22,4 milhões no 3T23. As despesas com P&D associadas ao desenvolvimento da Eve foram os principais contribuintes para o maior consumo de caixa durante o trimestre.

O Caixa, Equivalentes de Caixa e Investimentos Financeiros da Eve totalizaram US$ 279,8 milhões no final do 3T24, e a liquidez atingiu US$ 305 milhões, incluindo US$ 25 milhões da linha de crédito standby de P&D do BNDES disponível. Após o 3T24, a Eve garantiu uma nova linha de crédito de ~US$ 90 milhões com o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil, para dar suporte aos investimentos necessários em nosso site em Taubaté, e um novo empréstimo de US$ 50 milhões com o Citibank para dar suporte ao financiamento de P&D. O financiamento adicional fortalecerá nosso Balanço Patrimonial e dará suporte às nossas operações e investimentos em programas nos próximos anos.

Eve, OHI e Revo colaboram para desenvolver ecossistema de mobilidade aérea urbana e concluem simulação de gerenciamento de tráfego aéreo no Brasil


*LRCA Defense Consulting - 04/11/2024

A Eve Air Mobility, a Revo, uma plataforma brasileira focada em Mobilidade Aérea Avançada (AAM), e sua empresa controladora, Omni Helicopters International Group (OHI), concluíram recentemente uma simulação de tráfego aéreo urbano em São Paulo. A iniciativa faz parte de uma parceria estratégica para impulsionar o desenvolvimento do ecossistema de AAM na metrópole. 

A simulação ocorreu no centro de controle de operações da Revo em São Paulo, utilizando os helicópteros da Revo e o Vector da Eve, software destinado ao Gerenciamento de Tráfego Aéreo Urbano. Durante a semana de 21 de outubro, o Vector simulou o gerenciamento e monitoramento de operações de veículos elétricos de decolagem e pouso vertical (eVTOL) em ambiente urbano. Foram considerados diferentes cenários, como atrasos na partida e no destino, restrições de espaço aéreo e clima, além de desvios de rota para locais alternativos de pouso. O objetivo principal da iniciativa foi validar novos serviços de gerenciamento de tráfego, essenciais para garantir a segurança e confiabilidade das operações de eVTOLs, tanto no início das operações quanto em casos de uso intensivo em larga escala. 

Além disso, a Eve e a Revo têm trabalhado em conjunto para incentivar a colaboração entre os principais envolvidos no ecosistema de AAM, visando desenvolver práticas exemplares para operações de eVTOL, protocolos de gerenciamento aéreo e manuseio em solo. A cidade de São Paulo, conhecida por ter o maior número de operações de helicóptero do mundo, surge como um campo fértil para a revolução dos eVTOLs no transporte de uma das cidades mais populosas e congestionadas do planeta. 

"Essa simulação reforça nosso compromisso em trazer os voos de eVTOL para áreas metropolitanas, oferecendo às comunidades uma alternativa de transporte segura, sustentável e eficiente", afirma Johann Bordais, CEO da Eve. "Estamos satisfeitos em contar com a Revo nessa iniciativa para estimular o mercado de mobilidade aérea urbana na maior cidade da América Latina." 

"Nos vemos como um provedor de soluções de mobilidade aérea, com inovação em nosso DNA. Como líderes na América Latina em transporte offshore, pretendemos ser pioneiros na adoção de novas tecnologias e modelos de helicópteros", diz Jeremy Akel, CEO da OHI. "Recentemente, contribuímos para a história da aviação no Brasil com o primeiro e mais longo voo civil não tripulado para uma plataforma offshore, coexistindo no espaço aéreo com outras aeronaves. Isso demonstra que temos a experiência e a visão para ajudar a moldar o futuro da mobilidade aérea." 

"Os eVTOLs são o futuro da mobilidade aérea. Eles tornarão os voos mais sustentáveis e facilmente disponíveis. Para tornar isso realidade, devemos desenvolver o ecossistema e a infraestrutura necessária", comenta João Welsh, CEO da Revo. "Demos o primeiro passo há pouco mais de um ano, iniciando um processo acelerado de aprendizado com helicópteros para liderar essa transição. A colaboração precoce entre líderes do setor, reguladores, urbanistas, desenvolvedores de infraestrutura e comunidades locais ajudará a garantir que os principais desafios sejam abordados de maneira holística, e continuaremos a desenvolver o ecossistema nos próximos meses. Estamos comprometidos em criar um futuro onde os voos urbanos serão seguros, mais democráticos e neutros em carbono." 

A simulação e o desenvolvimento do ecossistema de AAM em São Paulo complementam a carta de inteção de compra da Revo para até 50 eVTOLs da Eve. Além disso, a Revo terá acesso ao Eve TechCare, um portfólio completo de serviços para eVTOLs, e ao software Vector. 

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‘GPS dos ares’ que será utilizado em carros voadores deve chegar ao mercado em 2025
O software de gestão de tráfego aéreo, desenvolvido em uma parceria entre a Eve e a Revo, está em fase de simulações

*Exame, por Roberta Crepaldi - 04/11/2024

 indústria de mobilidade aérea urbana deu mais um passo em direção à criação dos evTOLS, veículos elétricos popularmente chamados de ‘carros voadores’. A Eve, da Embraer, em parceria com a Revo, da Omni Helicopters International Group (OHI), está desenvolvendo o Vector, um software de gestão de tráfego aéreo, que será primordial para um melhor funcionamento dos evTOLS.

A previsão, segundo Alice Altíssimo, vice-presidente de Programas, Estratégia Corporativa e Tecnologia de Informação da Eve, é que o produto chegue ao mercado na segunda metade de 2025.

Espera-se, em um futuro não tão distante, que a demanda por helicópteros cresça e o espaço aéreo fique limitado. Analogamente a um sistema de GPS (mas dos céus), o Vector chega para automatizar e interligar rotas de aeronaves, oferecendo uma solução para os desafios atuais de coordenação no espaço aéreo urbano, que ainda depende em grande parte de comunicação manual entre operadores e helicópteros.

“Para mais helicópteros nos ares é preciso existir todo um ecossistema. E uma parte muito importante é o tráfego aéreo. Hoje, já é super difícil. Agora imagina em um mundo com muito mais ativos aéreos como os eVTOLs? O Vector será crucial”, comenta João Welsh, CEO da Revo, em encontro com jornalistas.

O desenvolvimento do Vector está em andamento desde 2017 e contou com parcerias internacionais, como a Civil Aviation Safety Authority (CASA), da Austrália, e a CAA (Civil Aviation Authority), de Londres, onde a Eve começou a testar os conceitos operacionais. Agora, no Brasil, os testes operacionais do Vector já estão em curso no Brasil - mas ainda em forma de simulação.

Hoje, há sistemas de radar e tecnologia ADS-B (Automatic Dependent Surveillance-Broadcast), que permitem que as aeronaves "vejam" umas às outras no ar e transmitam suas posições e altitudes em tempo real. No entanto, essa tecnologia ainda depende da comunicação ativa e muitas vezes exige intervenção manual, tanto dos pilotos quanto dos controladores.

Então quando um avião irá cruzar o caminho de um helicóptero, é necessário que um operador de uma torre, de forma manual, se comunique com o piloto solicitando um estado de espera para retornar ao voo. Esse movimento gera custos e emissões de gás carbônico. Com o Vector, será possível uma economia de até 50% em combustível em rotas curtas com o Vector.

“Em um voo de 8 minutos, se há quatro paradas, 50% do combustível é jogado fora. Isso tudo é custo, é CO2 que está sendo emitido nesse tempo de espera. O Vector vai entrar para termos ganhos de produtividade e de escalabilidade”, diz Altíssimo.

Durante a semana do dia 21 de outubro, até 10 voos de dois helicópteros foram monitorados por dia no centro de controle de operações da Revo em São Paulo (conhecida por ter o maior número de operações de helicóptero do mundo) para validar a capacidade do Vector em analisar atrasos nas partidas, restrições do espaço aéreo e clima.

O objetivo final é que ele consiga sugerir rotas alternativas que otimizem as viagens das aeronaves. E, de acordo com Altíssimo, a ideia é que o Vector também seja compatível com outros veículos aéreos para além dos eVTOLs.

“O software vai poder ser usado em outros lugares do mundo. Estamos, inclusive, colaborando com a Federal Aviation Administration (FAA) e a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (AESA) para que possamos trazer todos os regulamentos necessários”, afirma a vice-presidente.

Isso porque, para poder ser comercializado, será necessário um avanço na regulamentação. “Embora o que já desenvolvemos (no caso, a simulação) não precise de autorização regulatória, as próximas fases do Vector vão envolver essa regulação” destacou a equipe técnica. No Brasil, tudo irá depender da aprovação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).

E quando estiver em campo, a Revo deseja sair na frente. “Queremos ser a primeira companhia aérea com eVTOLs e o Vector do mercado”, enfatiza o CEO. Além de promover a sinergia com o DNA brasileiro da Eve, o software, ao tornar as operações escaláveis, contribui diretamente para a meta da Revo de democratizar o preço do transporte aéreo urbano.

“Em termos de economia, é muito cedo para falar disso. Mas a longo prazo, a equação faz sentido, e vai existir redução de custo nesta operação, o que vai permitir um serviço aberto a mais pessoas”, comenta Welsh.

A média de uma viagem em São Paulo, atualmente, é de US$ 450 por pessoa incluindo o serviço completo com concierge. “Analisamos diminuir em quatro vezes. Lá fora, custa US$ 100, mas isso exige um processo, ainda não dá para dizer que seria factível”, diz o CEO da Revo.

Dentre as 2.900 mil cartas de intenção de compra de eVTOLs de 30 clientes em 13 países, o que representa um potencial de US$ 14,5 bilhões em receita, a Revo possui 50 pedidos. E a ideia, segundo Wesh, é operar de forma mista a frota de helicópteros da Revo, com os ‘carros voadores’.

Recentemente, a Eve obteve um financiamento de US$ 50 milhões do Citibank para o desenvolvimento dos eVTOLs. Este montante incorporou o também aporte de US$ 95,6 milhões, proveniente de um conjunto de empresas industriais globais e investidores financeiros, anunciado em julho de 2024.

A Eve também firmou um contrato de R$ 500 milhões para uma linha de crédito com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dando continuidade à parceria iniciada em 2022, quando o órgão aprovou uma também linha de crédito de R$ 490 milhões para o desenvolvimento do programa eVTOL.

Agora, os novos recursos visam financiar a construção de uma fábrica em Taubaté (SP), cidade em que a Embraer já está instalada, para a produção de até 480 aeronaves por ano.

03 novembro, 2024

Companhia Brasileira de Cartuchos realiza 1º Encontro de Armerias


*LRCA Defense Consulting - 03/11/2024

A Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), Empresa Estratégica de Defesa, líder mundial em munições e tradicional fabricante de armas longas, realizou o 1º Encontro de ARMERIAS CBC, em sua sede no município de Ribeirão Pires (SP). 

O evento, que faz parte do programa “MEET CBC”, projeto estratégico de visitação à indústria voltado aos principais clientes da Companhia, de diferentes perfis e segmentos, com o objetivo de reforçar a marca CBC e apresentar o amplo portfólio de produtos, novidades, processos e controles de qualidade, além da promoção de um espaço para ouvir as demandas e expectativas de seus parceiros, aconteceu no dia 24 de outubro de 2024 e reuniu mais de 30 assistências técnicas homologadas da empresa, apresentando diversas melhorias para a rede credenciada. 

Na ocasião também foi realizado o lançamento oficial do Sistema de Gestão para Assistências Técnicas, denominado ARMERIA CBC, que visa agilizar a prestação de manutenção aos consumidores, além de garantir mais centralização de todas as etapas, desde a abertura da ordem de serviço de manutenção até a entrega do produto ao cliente. 

Os convidados participaram de visita ao complexo industrial da CBC, do plantão de dúvidas com a equipe de Pós-Venda e experimentação de produtos.

O encontro reforçou o compromisso da Companhia Brasileira de Cartuchos com sua rede de armeiros credenciada, promovendo uma relação mais próxima e eficiente.

Case de sucesso
Com o crescimento do mercado, uma tendência no setor de armas e munições, assim como em outros, são estabelecimentos que oferecem aos consumidores uma experiência completa. Neste sentido, um case de sucesso, é a loja Guerreros Armas e Munições de Maringá (PR). 

A loja atua há menos de um ano no setor e, com imensa paixão, se estruturou para atender os clientes com o maior número de serviços possível, oferecendo assistência técnica credenciada CBC, estande de tiro, uma equipe treinada e boa área de vendas. O estabelecimento não apenas comercializa produtos, mas presta uma assessoria ao cliente. Desta forma, o valor de faturamento pode chegar a quase o dobro das outras lojas que não possuem uma estrutura completa. 

“A CBC e a TAURUS criaram o Programa de Relacionamento com Lojistas (PRLO) há uns seis anos com o objetivo de ranquear as lojas: as com experiências completas ao consumidor final, as com boa experiência e as que são básicas. A CBC e a TAURUS têm uma rede de assistências técnicas espalhadas em todo o Brasil, oferecem cursos e programas de qualificação para um melhor atendimento. Nos últimos anos, as assistências técnicas se profissionalizaram, inicialmente pela solicitação da indústria, depois pelo crescimento do mercado e profissionalismo dos donos das assistências técnicas que começaram a perceber a necessidade de se transformar. E hoje temos uma rede que atende adequadamente”, afirma Paulo Ricardo Gomes, diretor Comercial & Marketing da CBC. 

“Quando a pessoa monta um negócio nesse setor, que é extremamente controlado, formal e regulado, o empresário se sente bem por estar em um mercado assim e porque tem toda uma história relacionada ao segmento. Realmente a paixão existe. A pessoa quando entra no tiro esportivo ou mesmo no negócio dos produtos de defesa fica normalmente dez, vinte, trinta, quarenta anos, fica uma vida toda”, ressalta.

Implantada em tempo recorde, plataforma revoluciona a competitividade da Akaer


*LRCA Defense Consulting - 03/11/2024

Em 53 dias, a Akaer implementou a experiência da solução industrial Engineered to Fly na plataforma 3D EXPERIENCE. Agora que todos trabalham no mesmo ambiente, acessando uma única fonte de informação, a Akaer diminuiu o tempo de desenvolvimento do produto, melhorou a produtividade e reduziu os custos.

Instalação de software de alta velocidade
Instalações de software podem levar meses, e às vezes até anos, para serem implementadas. Então, quando a Akaer – uma empresa brasileira de engenharia que atende grandes clientes que operam nos mercados aeroespacial e de defesa – disse que queria implementar a plataforma 3D EXPERIENCE® da Dassault Systèmes em apenas dois meses, foi informada de que isso simplesmente não seria possível.

“Muitas pessoas diferentes me disseram que eu era louco – que não havia como eu conseguir concluir isso em 60 dias”, disse  Joselito Henriques ,  vice-presidente de P&D e inovação da Akaer. “Na verdade, pessoas que fizeram implementações semelhantes disseram que seis meses podem ser uma luta.”

No entanto, uma implementação rápida era crítica para a Akaer: havia um projeto enorme em jogo. “Tínhamos acabado de ganhar um projeto significativo com o Exército Brasileiro que começaria em dois meses”, disse Henriques. “As equipes internas de design e engenharia precisavam de um ambiente de software melhor para trabalhar. Eu estava sentindo a pressão de entregar algo a elas.”

Desde que migrou para o mesmo ambiente na plataforma 3DEXPERIENCE, a Akaer pode fazer a transição para a engenharia simultânea – um processo em que o design e o desenvolvimento de produtos acontecem simultaneamente, em vez de consecutivamente.

A necessidade de mudança
A Akaer é conhecida por entregas bem-sucedidas. “Nossas capacidades de engenharia nos diferenciam da concorrência”, disse Cesar Silva, presidente e CEO da Akaer . “ Temos orgulho de nossa capacidade de nos aproximar de nossos clientes e resolver seus maiores problemas – problemas que podem ser incrivelmente complexos – por meio da entrega de soluções completas.”

Nas últimas três décadas, a empresa forneceu serviços de engenharia de alto nível para muitos OEMs em todo o mundo, trabalhando em projetos que abrangem terra, mar e ar. Ela emprega cerca de 620 funcionários espalhados por sites no Brasil, juntamente com algumas equipes localizadas nas instalações do cliente durante as fases iniciais.

Silva acredita que a expertise da Akaer é única. “Fomos reconhecidos por nossa maneira original de pensar, tendo sido premiados como 'empresa mais inovadora' no National Innovation Awards por três anos consecutivos”, disse ele.

Trabalhar com algumas das maiores empresas aeroespaciais e de defesa do mundo significa que a Akaer geralmente está vinculada aos ambientes de software de seus clientes.

“Trabalhamos em uma grande variedade de projetos diferentes para muitos clientes diferentes”, disse Fernando Ferraz, diretor de operações da Akaer. “É muito difícil estabelecer uma maneira consistente de trabalhar porque precisamos usar as ferramentas ou soluções dos nossos clientes. No entanto, quando ganhamos este projeto com o Exército Brasileiro, nos foi dada a liberdade de escolher nossas próprias ferramentas.”

Naquele ponto, Akaer usou as ferramentas de design CATIA V5 da Dassault Systèmes em um ambiente baseado em arquivo. “Durante o trabalho inicial neste projeto, estávamos tentando gerenciar sem nenhum tipo de solução de gerenciamento do ciclo de vida do produto (PLM), mas era incrivelmente difícil operar dessa forma”, disse Henriques. “Havia muitos processos manuais e arquivos armazenados localmente. O gerenciamento de mudanças e o controle de versões eram impossíveis — e, portanto, havia muitas imprecisões.”

A plataforma 3D EXPERIENCE , incluindo ENOVIA para gerenciamento de projetos, resolveria esses problemas. "Sabíamos que a plataforma era a escolha certa para nós", disse Henriques. "Trabalhamos com as ferramentas de design da Dassault Systèmes desde a concepção da Akaer e não queríamos que isso mudasse. A plataforma 3D EXPERIENCE significaria que poderíamos continuar a usar as ferramentas de design CATIA com as quais estávamos familiarizados, mas em um único ambiente unificado. ENOVIA nos daria uma lista de materiais, gerenciamento de requisitos e gerenciamento de alterações aprimorado."

Henriques precisava encontrar uma maneira de implementar a solução em tempo recorde. Com isso em mente, ele começou a criar uma equipe para ajudar.

“Tivemos mais de 70 pessoas envolvidas”, disse ele. “Dez da Dassault Systèmes, seis do nosso parceiro de implementação local LWT Systems e o restante da Akaer, incluindo nossa equipe de ICT e usuários-chave da equipe administrativa, do departamento jurídico, da equipe da cadeia de suprimentos e da equipe de engenharia. Foi uma experiência intensa.”

Mas garantir que todos trabalhassem juntos efetivamente começou como um grande desafio. “Começamos a implementação com todas as partes trabalhando em locais diferentes – a Dassault Systèmes e a LWT Systems eram externas, e nossas equipes internas também estavam geograficamente dispersas”, disse Henriques. “Depois de uma semana, percebemos que isso não iria funcionar. Havia muitas áreas cinzentas em termos de responsabilidades. Algumas atividades estavam sendo replicadas, enquanto outras estavam sendo perdidas.”

Ao projetar produtos simultaneamente na plataforma 3DEXPERIENCE, a Akaer diminuiu o tempo de desenvolvimento do produto e o tempo de colocação no mercado, melhorou a produtividade e também reduziu os custos.

Trabalhando como uma equipe
Reconhecendo que algo precisava mudar, Henriques encontrou um grande espaço de escritório onde todos da equipe de implementação pudessem trabalhar juntos no mesmo local. “Eu o chamei de minha 'sala de guerra'”, disse Henriques. “Isso significava que todos eram capazes de ver o que cada um estava fazendo. Podíamos trabalhar juntos e resolver problemas como uma equipe. Isso foi uma virada de jogo total.”

Ao reunir todos em um só lugar, os indivíduos das várias organizações começaram a trabalhar como um. “Você não saberia quem era da Dassault Systèmes, quem era da LWT e quem era da Akaer”, disse Henriques. “Se tínhamos um problema, era problema da equipe. De repente, vimos a implementação correr em uma nova velocidade. Na verdade, a implementação foi concluída uma semana antes do previsto – em apenas 53 dias.”

E não foi só a implementação que foi rápida – o treinamento também aconteceu em ritmo acelerado. Como a equipe já era usuária pesada do CATIA V5, eles estavam familiarizados com a interface e muitos dos aspectos operacionais da plataforma. Isso significava que eles não precisavam começar do zero quando se tratava do programa de treinamento – eles só precisavam aprender os elementos que eram exclusivos da plataforma 3D EXPERIENCE.

“Inicialmente, o programa de treinamento da LWT era bem abrangente – era um processo de duas semanas e meia”, disse Henriques. “Conseguimos reduzir isso significativamente e, no final, todos os usuários foram treinados em questão de dias.”

Para se preparar para a plataforma entrar no ar, Henriques garantiu que uma equipe de pessoas da Dassault Systèmes estivesse disponível para resolver quaisquer problemas iniciais. “Acontece que não precisávamos realmente desse suporte”, disse Henriques. “Na primeira tarde, estávamos todos usando o sistema. Foi estranho porque houve silêncio total – todos estavam trabalhando.”

Uma abordagem moderna para engenharia
Akaer nunca olhou para trás. “A plataforma 3D EXPERIENCE transformou a maneira como trabalhamos”, disse Henriques. “Agora temos integração. Todos falam a mesma língua. É como nosso cenário de sala de guerra, mas em um ambiente virtual.”

“Vimos o benefício de migrar do CATIA V5 para o CATIA na plataforma 3D EXPERIENCE imediatamente”, acrescenta Mucio Melo, que lidera a equipe de engenharia na Akaer. “Temos maior controle sobre o desenvolvimento de desenhos, especialmente em relação ao controle de versão. Anteriormente, gerenciávamos versões usando uma planilha do Excel, o que estava longe de ser o ideal – isso levava a muitos erros. Agora, graças ao ENOVIA na plataforma, temos rastreabilidade total de nossos projetos.”

Agora que todos trabalham no mesmo ambiente, acessando uma única fonte de informação, a Akaer pode fazer a transição para a engenharia simultânea – um processo em que o design e o desenvolvimento de produtos acontecem simultaneamente, em vez de consecutivamente.

“Não é nem um caso de reduzir os tempos de ciclo como era no passado, é um caso de fazer tudo simultaneamente”, disse Ferraz. “Isso traz enormes desafios. Você deve aprender a pensar em sequência e trabalhar em paralelo. Isso só pode ser feito se tivermos as ferramentas que colocam diferentes equipes no mesmo ambiente para que possam gerar informações juntas. Os requisitos precisam ser definidos desde o primeiro dia.”

Ferraz oferece um exemplo: “No mundo aeroespacial, normalmente o estágio de revisão crítica de projeto (CDR) precede a produção de peças. Nós fazemos um projeto, decidimos que ele está maduro o suficiente e então começamos a produzir. Mas o que está acontecendo hoje é que estamos produzindo produtos com montagens e robôs complexos. E, na verdade, o ciclo para gerar o robô é mais longo do que o ciclo para os produtos. Então agora precisamos gerar informações para o processo de montagem dos robôs antes de terminarmos o projeto do produto. Então, precisamos inverter a ordem da sequência.”

Ao projetar produtos simultaneamente na  plataforma 3D EXPERIENCE, a Akaer diminuiu o tempo de desenvolvimento do produto e o tempo de colocação no mercado, melhorou a produtividade e também reduziu os custos.

Além disso, o primeiro projeto na plataforma progrediu sem problemas. “Conseguimos concluir a primeira etapa do projeto para o Exército Brasileiro – da concepção ao design e testes – em menos de 18 meses”, disse Ferraz.

Isso envolveu atender a mais de 500 requisitos. “A maioria desses requisitos passa por várias disciplinas – seja mecânica, elétrica, fluidos ou eletrônica – e cada disciplina é gerenciada por uma equipe separada que reside em um local diferente”, disse Melo. “A plataforma foi essencial para gerenciar essa complexidade e garantir que todas as equipes pudessem cooperar efetivamente.”

O projeto também exigiu que a Akaer gerenciasse milhares de peças para diversas variantes de produtos diferentes. “Ter uma lista de materiais precisa é essencial para isso”, disse Melo. “À medida que avançamos para o próximo estágio do projeto, teremos ainda mais variantes para gerenciar. A única maneira sensata de fazer isso é com uma plataforma como a 3D EXPERIENCE.”

Pensando no futuro
Desde seu primeiro projeto, a Akaer trabalhou em três projetos adicionais na plataforma. “Adotar a plataforma 3D EXPERIENCE está se mostrando um diferencial competitivo para nós – ter a tecnologia mais recente está nos ajudando a atrair novos clientes”, disse Ferraz.

Não é de se espantar, então, que a equipe não hesitaria em recomendá-lo a organizações semelhantes. “Se você quer trabalhar em projetos complexos, com equipes multidisciplinares, você precisa ter integração”, disse Ferraz. “Simplesmente não é possível trabalhar neste ambiente complexo sem ela. A plataforma 3D EXPERIENCE fornece essa integração – é inestimável para nós.”

Silva concorda: “À medida que olhamos para o futuro, queremos elevar a maneira como trabalhamos”, disse ele. “Graças à nossa parceria com a Dassault Systèmes, estou confiante de que podemos fazer isso. Estou ansioso pelo que nos espera.”



 

O grafeno chega ao mercado

Corpos de prova aditivados com grafeno em ensaio de corrosão - Léo Ramos Chaves / Revista Pesquisa FAPESP

*Revista Pesquisa FAPESP, por Frances Jones - 30/10/2024

O grafeno, agora transformado em produto, está entre nós. Vinte anos depois de ter sido isolado pela primeira vez, o nanomaterial formado por átomos de carbono já pode ser encontrado em artigos à venda no país. Também figura em uma série de inovações tecnológicas em fase avançada de testes. Em um mercado ainda em formação, importadoras ou companhias locais o vendem para ser usado como matéria-prima ou já inserido em soluções desenhadas para produtos diversos, indo de aditivos para tintas e embalagens plásticas a lubrificantes. Principalmente em torno de instituições de ciência e tecnologia, surgem ecossistemas de inovação, fomentando a produção e novas aplicações para o grafeno. Grandes empresas do país nas áreas de petróleo e gás e de mineração testam em campo dispositivos com o cristal bidimensional para usá-los em seu processo produtivo.

Em São Paulo, um dos principais centros de pesquisa e desenvolvimento do material orientado para demandas de mercado é o Instituto Mackenzie de Pesquisas em Grafeno e Nanotecnologias (MackGraphe). A unidade iniciou suas atividades em 2013 no campus de São Paulo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, com apoio da FAPESP. Um dos idealizadores do MackGraphe, o físico Eunezio Antonio Thoroh de Souza fundou em 2018 uma startup, a DreamTech Nanotechnology, com o objetivo de converter o conhecimento científico do grafeno em tecnologias aplicáveis ao dia a dia. A iniciativa teve a parceria da multinacional chinesa DT Nanotech, responsável pela produção do grafeno comercializado (ver Pesquisa FAPESP nos 284 e 291). Com a distribuidora local MCassab, a startup vem introduzindo o uso do grafeno e de outros materiais bidimensionais no mercado brasileiro. Agora, sua intenção é produzir grafeno em território nacional.

“Estamos em processo de implantação de uma fábrica em Araras, no interior de São Paulo, com capacidade para produzir 200 toneladas de grafeno por ano”, informa Thoroh. “As projeções de crescimento de demanda por grafeno justificam a implantação da nossa fábrica local, que terá como sócios executivos da DT Nanotech. Nossa expectativa é iniciar a fabricação até o final de 2025.” A empresa adotará a tecnologia de produção baseada no método de esfoliação mecânica líquida e irá focar em produtos como tintas anticorrosivas, compósitos, tintas asfálticas, lubrificantes e materiais de construção.

Também em São Paulo, a Gerdau Graphene, uma startup da Gerdau Next, braço de novos negócios da produtora de aço Gerdau, já colocou no mercado sete produtos incorporando o nanomaterial e prevê o lançamento de pelo menos outros três ainda neste ano. No portfólio da empresa, criada em 2021, há aditivos com grafeno para serem usados na produção de filmes poliméricos, matrizes cimentícias, tintas e revestimentos.

Esfoliação de grafite com fita adesiva (à esq.) e solução com grafeno manipulada por pesquisador da UFMG - Léo Ramos Chaves / Revista Pesquisa FAPESP | Bárbara Cal

“O grafeno é hoje uma realidade comercial”, destaca a química Valdirene Peressinotto, diretora-executiva e de Inovação da Gerdau Graphene. “O nanomaterial confere ganho de propriedades aos materiais em que é incorporado, tornando-os mais resistentes e duráveis”, afirma a pesquisadora. “Nossos aditivos já são fabricados em escala industrial, na casa de toneladas ou milhares de litros. Não se trata mais de algo experimental, restrito a estudos em laboratórios.”

Um Nobel para o grafeno
O primeiro estudo teórico sobre as propriedades elétricas do grafeno é de 1947, mas a história do material no campo da física experimental é bem mais recente. Remonta ao início do século, mais precisamente 2004, quando os físicos Andre Geim – um dos sócios da DreamTech Nanotechnology e da DT Nanotech – e Konstantin Novoselov isolaram na Universidade de Manchester, na Inglaterra, uma única folha de átomos de carbono a partir da esfoliação de uma placa de grafite com uma fita adesiva. Também conhecido por grafita, a grafite é um mineral extraído de jazidas.

Os dois pesquisadores depositaram aquela finíssima camada plana de átomos em um substrato que facilitava a visualização em um microscópio óptico, construíram um pequeno dispositivo e fizeram medições elétricas e magnéticas do material bidimensional. Apesar de ter a existência prevista décadas antes, os cientistas de modo geral achavam que tal material não teria estabilidade suficiente para se manter cristalizado em apenas uma camada. Pelo trabalho, Geim e Novoselov receberam o Nobel de Física em 2010.

Com os átomos organizados em forma de treliça hexagonal, como favos de mel, em um mesmo plano, o grafeno é um material extremamente leve, bastante transparente, flexível e impermeável (ver infográfico abaixo). Tem boa condutividade elétrica e térmica e alta resistência mecânica. Suas propriedades eletrônicas e magnéticas peculiares deram origem a novas áreas da física, como a valetrônica, o estudo das alterações do comportamento dos elétrons do grafeno, e a twistrônica, a investigação dos efeitos produzidos pelo ato de girar uma das folhas de um sistema constituído por duas ou mais camadas de grafeno ou de outros materiais com apenas duas dimensões.

Alexandre Affonso / Revista Pesquisa FAPESP

O grafeno também abriu o caminho para a física dos sistemas bidimensionais e para o estudo de outros materiais formados por camadas atômicas (layered materials), como a grafite. Assim, a descoberta de Geim e Novoselov teve forte impacto na pesquisa fundamental no campo da ciência dos materiais.

Mercado em expansão
As características singulares do grafeno e dos materiais feitos com ele trouxeram consigo a promessa de ampla aplicação tecnológica em diversos campos da indústria. A consultoria de mercado Fortune Business Insights calcula que o mercado global do material valia US$ 432,7 milhões no ano passado. Até 2032, a estimativa é de que chegue a US$ 5,2 bilhões, um crescimento projetado espantoso em menos de 10 anos.

As aplicações do grafeno e seus derivados se multiplicam no mundo. Ele é empregado na fabricação de eletrônicos, materiais compósitos e baterias. O segmento de nanoplaquetas ou nanoplacas de grafeno (NPG), constituídas por várias camadas de grafeno, foi responsável pela maior parcela do mercado em 2023, segundo a Fortune Business Insights. As indústrias eletroeletrônica, aeroespacial, automotiva, de defesa e de energia encabeçam o consumo do nanomaterial, de acordo com o relatório. A região da Ásia-Pacífico respondeu por 34,4% do mercado, a maior do globo.

“O grafeno tem propriedades que fazem com que ele possa ser utilizado em uma vasta gama de aplicações. Do meu centro de pesquisa já saíram seis companhias e ainda temos outras cinco para desovar”, diz o físico teórico brasileiro Antonio Hélio de Castro Neto, diretor do Centro para Materiais Avançados 2D e do Centro de Pesquisa em Grafeno da Universidade Nacional de Singapura (NUS), um dos principais polos globais de pesquisa sobre grafeno. O físico Novoselov, laureado com o Nobel, integra o quadro de pesquisadores da NUS.

Recipientes com diferentes tipos de grafite e do nanomaterial - Eugênio Sávio

Entre as spin-offs geradas na universidade, destacam-se a NanoMolar, especializada no desenvolvimento de sensores médicos, e a UrbaX, com foco no setor de artigos para a construção civil. Mais de 200 patentes associadas ao grafeno e suas aplicações, resultantes de estudos feitos na NUS, já foram registradas, informa Castro Neto, que fez graduação em física na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e há mais de três décadas está fora do Brasil.

Apesar da demanda crescente em diversas áreas, ainda há desafios a serem superados para que o grafeno se estabeleça de modo mais intenso comercialmente. Um artigo publicado no início do ano por cientistas alemães no periódico 2D Materials indica que boa parte dos fabricantes permanece em um estágio comercial inicial, tendo que enfrentar o duplo desafio de consolidar sua base de consumidores e de garantir o financiamento para escalar a produção. Também há nichos que crescem sem visibilidade pública em razão dos termos de sigilo impostos pelos clientes, que preferem não dar publicidade aos experimentos com grafeno para não chamar a atenção da concorrência e manter o segredo da fórmula na produção.

“O tamanho relativamente pequeno [do mercado] caminha com a perspectiva de forte evolução nos próximos anos, com taxas de crescimento previstas entre 20% e 50% por ano. […] O grafeno não consegue converter imediatamente todas as suas promessas iniciais para um sucesso de mercado estrondoso. A difusão dessa nova classe de materiais bidimensionais leva tempo”, escreveram os autores do artigo na 2D Materials. O estudo foi realizado no âmbito da Graphene Flagship, iniciativa europeia que reúne 118 parceiros industriais e acadêmicos.

O mercado, não só no Brasil, mas no mundo todo, segundo Peressinotto, está em fase de abertura e de consolidação. A diretora da Gerdau Graphene investiga nanomateriais de carbono, como o grafeno, desde 2004, quando ainda trabalhava como pesquisadora no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), em Belo Horizonte, com um grupo ligado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Grafeno em pó (atrás) e composto aditivado à base de termoplástico e do nanomaterial; preparo de pasta de cimento com material contendo grafeno (à dir.) - Léo Ramos Chaves / Revista Pesquisa FAPESP

O primeiro caso de sucesso da startup que dirige hoje beneficiou a própria Gerdau. Deu-se após um teste industrial executado com o fornecedor de filmes poliméricos usados para empacotar pregos, vendidos pela siderúrgica gaúcha. “Reduzimos a espessura da embalagem em 25%, aumentamos a resistência ao furo e ao rasgo em 30% e diminuímos as perdas do processo em mais de 40%”, ressalta Peressinotto. Com a incorporação do aditivo na linha de empacotamento dos pregos, a Gerdau pôde economizar cerca de 72 toneladas de plástico ao longo de um ano.

A Gerdau Graphene, que desenvolve seus produtos em parceria com o Centro de Inovação em Engenharia de Grafeno (Geic), ligado à Universidade de Manchester, compra o grafeno usado em seus aditivos de produtores do Brasil, do Canadá, dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Espanha, da Austrália, entre outros países. A importação, explica Peressinotto, é necessária porque o país ainda não tem quem produza o insumo nos formatos exigidos pela companhia, na quantidade suficiente e com o custo competitivo.

No Brasil, o novo material tem sido usado principalmente em aplicações que exploram suas propriedades mecânicas. “As grandes aplicações do grafeno no país ainda são em tintas, elastômeros [polímeros com propriedades elásticas], compósitos, embalagens e cimento. São usos ligados a materiais mais pesados, incluindo os da construção civil e os do setor automotivo”, afirma o físico Luiz Gustavo Cançado, da UFMG. Ex-coordenador do Projeto MGgrafeno, criado em 2016, o pesquisador e sua equipe desenvolveram um processo-piloto de produção em ampla escala do material e testaram mais de 20 aplicações.

“O grafeno é muito resistente mecanicamente. É preciso imprimir muita força para que ele se rompa. Ao misturá-lo com polímeros, borrachas, cimento ou cerâmicas, ocorre uma melhoria geral das propriedades mecânicas do material resultante”, sustenta o físico Marcos Pimenta, também professor da UFMG. “Mas não é fácil desenvolver e produzir esse material.”

Laboratório da Gerdau Graphene voltado a criar soluções com grafeno para construção civil - Léo Ramos Chaves / Revista Pesquisa FAPESP

Pioneiro nos estudos de nanomateriais de carbono no país, Pimenta criou e dirigiu por 10 anos o Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno (CTNano) da UFMG, onde hoje, em um espaço de 3 mil metros quadrados, cerca de 100 pessoas trabalham em 10 laboratórios para desenvolver soluções e tecnologias sob demanda. “No começo, eram principalmente projetos para duas empresas. Hoje temos várias iniciativas em andamento com companhias de diferentes setores”, conta o pesquisador.

De acordo com o físico Rodrigo Gribel Lacerda, atual coordenador-geral do CTNano, que se tornou uma unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o centro firmou até agora parcerias com 15 empresas. Entre os projetos mais avançados está um nanossensor feito com nanotubos de carbono (camadas de grafeno enroladas em forma de cilindro) para monitorar a concentração de dióxido de carbono no gás natural extraído dos poços de petróleo do pré-sal.

“Estamos na fase de homologação do dispositivo, criado em parceria com a Petrobras. Falta realizar os testes em ambiente real para virar um produto comercial”, ressalta Lacerda. Também nessa etapa de desenvolvimento há outro sensor de deformação para maquinários usados na atividade mineradora. Em um terceiro projeto, o objetivo é empregar o grafeno como filtro para purificação da água.

O Rio Grande do Sul sedia uma das primeiras fábricas de grafeno em operação no país. Fruto de um projeto da Universidade de Caxias do Sul (UCS), a UCSGraphene, em Caxias do Sul, está em operação desde março de 2020. A unidade, vinculada à Embrapii, utiliza a rota de esfoliação em fase líquida para desenvolvimento e produção do grafeno e de outros materiais ricos em carbono. Sua capacidade de produção supera 1 tonelada por ano.

Chip com nanossensor de grafeno para detecção de gases, feito na UFMG - Bárbara Cal

“Além de desenvolver grafeno a partir da grafite e de outras fontes de carbono, nós nos dedicamos à criação de soluções tecnológicas contendo o nanomaterial e seus derivados, e a rotas produtivas focadas em outras nanoestruturas à base de carbono, como óxido de grafeno e grafenos modificados”, conta o engenheiro de materiais Diego Piazza, coordenador da UCSGraphene, que atua em parceria com outras empresas e institutos de ciência e tecnologia.

“Entre os diversos desenvolvimentos tecnológicos e estudos do uso do grafeno e derivados realizados por nossa equipe, está a sua utilização em materiais compósitos [polímeros, cerâmicas e metais], equipamentos de proteção, lubrificantes, tintas e revestimento, sistemas de filtração, medicina regenerativa e peças técnicas”, diz Piazza, que também é professor na UCS. “Várias de nossas soluções já estão sendo comercializadas nos setores de moda, mobilidade, logística, entre outros.”

Na capital mineira, outra instalação com condições de produção industrial prepara-se para lançar uma oferta pública de tecnologias. O CDTN abriga uma planta construída no âmbito do Projeto MGgrafeno, da UFMG, em parceria com a estatal Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), com capacidade para fabricar cerca de 1 tonelada por ano. “Com o edital, pretendemos transferir a tecnologia que criamos para interessados em produzir grafeno para exploração comercial e industrial”, diz Cançado, da UFMG. A ideia é de que o parceiro privado utilize as instalações do CDTN.

A universidade detém, com o CDTN, a cotitularidade da propriedade intelectual gerada no projeto, relacionada à rota desenvolvida para a produção de grafeno, baseada na esfoliação em fase líquida da grafite. O pesquisador explica que um dos grandes desafios para expandir as aplicações e o uso do material comercialmente é conseguir fabricá-lo em grande escala por um processo reprodutível.

Biossensor com o nanomaterial para exame de glicemia, criado pela NanoMolar, de Singapura - NanoMolar

Outra dificuldade é estabelecer normas para produção, controle de qualidade e segurança do insumo. Por fim, é necessário ter informações confiáveis sobre o material, que garantam que se trata realmente de grafeno e não de outra forma alotrópica do carbono, como grafite. Alótropos são substâncias simples formadas pelo mesmo elemento químico, com variação do número de átomos ou de sua estrutura cristalina.

A demanda por controlar a qualidade do grafeno que circula no país, seja ele nacional ou importado, chegou ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Desde o ano passado, a entidade trabalha no desenvolvimento de um selo de conformidade por meio de um programa de certificação para o grafeno, programa conhecido informalmente como PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) do grafeno. A previsão é de que ambos sejam lançados em meados de 2025.

“Quando o grafeno superou o estágio da pesquisa acadêmica e virou um produto comercial, o Inmetro percebeu que devia criar métodos de medição [para verificar o número de camadas de grafeno e a pureza do material contido no produto] e elaborar um conteúdo de referência para orientar a realização de testes visando a conformidade do material a determinadas normas de ensaio. Com a ABNT [Associação Brasileira de Normas Técnicas], elaboramos as normas para identificar e classificar esse nanomaterial”, relata a química Joyce Rodrigues de Araújo, responsável pelo Laboratório de Fenômenos de Superfície e Filmes Finos (Lafes) da Divisão de Metrologia de Materiais e Superfícies do Inmetro. Ela ganhou em 2024 o prêmio 25 Mulheres na Ciência, promovido pela empresa 3M, pelo trabalho no desenvolvimento de um biografeno, produzido a partir do processamento de biomassas, como casca de arroz e bagaço de cana-de-açúcar.

Araújo explica que raramente o que se tem em produtos comerciais é a monocamada de grafeno, como a produzida na Universidade de Manchester em 2004. “O grafeno engloba uma família de compostos que diferem entre si pelo número de camadas que os constitui e o formato com os quais se apresentam”, afirma a pesquisadora. Inclui, por exemplo, o grafeno original, de uma só camada, o de múltiplas camadas e as nanoplacas de grafeno (ver infográfico abaixo).

Alexandre Affonso / Revista Pesquisa FAPESP

“Nosso trabalho no Inmetro é definir a família, o modelo, se é grafeno em pó ou em suspensão líquida. Também estabelecemos as técnicas de ensaio que serão utilizadas pelos laboratórios que vão ser acreditados para certificar o material”, pondera a pesquisadora.

Em meio às dúvidas sobre o que pode ser chamado de grafeno, a Organização Internacional de Normalização (ISO) publicou normas sobre o tema, que foram traduzidas para o português. Elas indicam que se considera grafeno um material de carbono com até 10 camadas atômicas –ou seja, até 10 folhas de átomos de carbono empilhadas uma sobre a outra. Quando há duas camadas, chama-se bicamada de grafeno. Entre três e 10 camadas, fala-se em grafeno de poucas camadas. “Acima de 10, ainda não há um consenso sobre a nomenclatura a ser adotada. No momento, utiliza-se a definição de nanoplacas de grafeno, desde que o material tenha pelo menos uma dimensão na nanoescala, até 100 nm [nanômetros]”, explica Araújo.

“Há uma grande discussão sobre até onde é grafeno. Quando se passa de uma para duas camadas e de duas para três, a estrutura eletrônica do material muda muito. Com mais de 10 camadas fica mais parecido com grafite. A monocamada, o grafeno original, entretanto, nem sempre é o mais interessante para as aplicações tecnológicas”, ressalta Cançado. “Pode acontecer que o de mais camadas se adéque melhor à finalidade desejada. É possível afirmar que, para a maioria das aplicações atuais, o grafeno de pouquíssimas camadas, entre uma e três, não é o mais indicado.”

O método de produção do material, explica Cançado, interfere no tipo de grafeno que se obtém, e cada um deles tem propriedades diferentes, que podem ser adequadas aos diferentes usos. Além disso, por vezes outros materiais bidimensionais são incluídos na família dos materiais relacionados ao grafeno. A esfoliação mecânica foi o primeiro método usado para isolar o grafeno, mas ele também pode ser obtido a partir da deposição química em fase vapor (CVD) ou esfoliação em fase líquida (ver infográfico abaixo).

Alexandre Affonso / Revista Pesquisa FAPESP

O preço do nanomaterial, afirmam os especialistas, varia muito no mercado global. Segundo Thoroh, da DreamTech Nanotechnology, o quilo do grafeno monocamada com alta pureza pode custar US$ 2 mil. “Já os grafenos com poucas camadas que comercializamos custam aproximadamente US$ 300 a US$ 350 o quilograma”, diz.

O Brasil tem tradição e contribuições expressivas no trabalho de caracterização do material. Pesquisadores do país vêm desenvolvendo o campo científico dos nanomateriais de carbono desde a década de 1990. Em artigo publicado em 2019 no Brazilian Journal of Physics, Pimenta e colegas descrevem o papel da colaboração entre grupos brasileiros e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, para o estabelecimento dessa ciência no país.

A física norte-americana Mildred Dresselhaus (1930-2017), então professora emérita do MIT e considerada a “rainha da ciência do carbono”, visitou o Brasil 12 vezes entre 2001 e 2013. “Antes mesmo do estudo pioneiro com grafeno de Novoselov e Geim em 2004, os cientistas brasileiros deram contribuições importantes para a ciência da grafite e os sistemas grafíticos”, afirmam os autores no artigo.

“Trabalho com isso desde 1999, antes que meus antigos compatriotas fizessem a extração do grafeno”, conta o físico experimental russo Yakov Kopelevich, do Instituto de Física da Unicamp e autor de artigos com centenas de citações sobre o tema, entre eles um publicado em abril de 2003 na Physical Review Letters sobre o comportamento da grafite no limite quântico.

Ilustração mostra vários materiais bidimensionais, entre eles o grafeno, empilhados - Jing Li (School of Chemistry, Beihang University, China)

Castro Neto, da NUS, afirma que o seu primeiro artigo sobre grafeno foi rejeitado em todos os periódicos aos quais foi submetido com a explicação de que “não existe tal coisa como o grafeno”. “Por muito tempo, ninguém acreditava na existência de materiais bidimensionais, pois não se achava que eles seriam estáveis o suficiente para se manter”, lembra o pesquisador.

Em 99% dos materiais, diz o professor da NUS, os elétrons se propagam dentro do material como uma partícula livre, que tem massa e inércia. “No grafeno, em razão de a rede cristalina ser hexagonal, os elétrons se propagam com velocidade como se fossem objetos sem massa. Do ponto de vista teórico, isso era interessante. Um novo tipo de partícula se propagando no material.” Em 2009, o pesquisador brasileiro publicou na Reviews of Modern Physics um estudo detalhando as propriedades eletrônicas do grafeno.

Além de abrir a área das investigações de materiais com apenas duas dimensões, o grafeno também inaugurou a chamada twistrônica. Em 2018, pesquisadores do MIT descobriram um “ângulo mágico” no grafeno, ao desalinhar em exatamente 1,1 grau duas folhas do material (ver Pesquisa FAPESP nº 302). Com esse desalinhamento, o grafeno vira um supercondutor. Isso, contudo, precisa ocorrer em temperaturas extremamente baixas, o que acaba por dificultar sua aplicação prática. Na UFMG, os pesquisadores investigam outros ângulos de rotação, de até 30 graus. Um artigo do grupo da universidade mineira com esse tema foi capa da revista Nature em 2021.

Em 2024, a mesma equipe, coordenada por Cançado, da UFMG, e pelo físico Ado Jório, da mesma universidade, publicou um artigo de capa da revista Carbon sobre o estudo dos defeitos do grafeno usando a técnica de espectroscopia de Raman. O paper, que descreve a história da pesquisa para o aprimoramento da metrologia de nanomateriais, indica que o Brasil é referência na área, segundo publicação da Sociedade Brasileira de Física. O controle das propriedades do grafeno é crucial para a fabricação de dispositivos e para o processamento de informações, concluíram os autores do estudo.


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